POV America

Eu sabia que era um sonho, não um sonho, mas sim um pesadelo, um daqueles que a agonia te consome e corrói a sua alma, e mesmo que você tente escapar dele, te persegue; te persegue naquele túnel escuro e frio, no qual não olhar para trás é uma tentação assombrosa e mortal.

Eu andava pelo castelo, o silêncio estava preenchido pelos barulhos dos meus passos subindo as escadas, eu subia cada vez mais, pude ouvir gritos, mas não gritos de dor; gemidos, mas não de raiva; pessoas arfando; mas não de correr.

Uma enorme porta surgia na minha frente, era uma tentação tão grande que não pude deixá-la de abrir. Por uma mínima abertura, vi uma imagem que jamais gostaria de ver na minha vida; uma imagem que me fez gelar até o fio de cabelo; que me fez me perguntar se minha ausência estivera sendo tão insignificante assim; que me fez quase provocar de tanto nojo. Maxon estava transando com Celeste.

Eu fechei a porta enfurecida e corri para o outro quarto ao lado, para ver se o que eu via era verdade. Quando abri, pude ver o rei e a rainha ensanguentados, mortos em cima da cama, com a frase na parede, escrita com sangue: "Você é uma perdedora insignificante" Ao ver aquela cena, eu quase desmaio de desespero.

Saí daquele quarto e entrei no outro ao lado, com os olhos carregados de lágrimas: era o meu quarto- todo destroçado e revirado, com papéis amassados, móveis quebrados, meu piano desmontado, e na minha cama um bilhete. Eu entrei no quarto vazio, abri o bilhete e era um convite de casamento:

Maxon Schreave e Celeste Newsome comemoram sua união.

Srta. América Singer está DESconvidada para este casamento real.

De acordo com a data, já havia passado. Eu não terminei de ler, eu queria esmurrar a Celeste. Voltei ao quarto da safadeza e dei um grito alto, o que fez a vaca olhar para mim na brecha da porta e a imagem ficar turva:

–Meri! Meri!-Chamava alguém.

Eu acordei, suada e sem fôlego, chorando que nem um bezerro desmamado:

–Ela o matou! Ela o matou! Eu preciso dele! Eu não posso deixar que se casem!-Gritei acordando em choque.

–Calma América, eu tô aqui!-Mahi me abraçou.

Eu chorava tanto que era difícil distinguir minhas palavras:

–Eu o amo, Mahi, eu o amo, eu não posso deixar aquela vaca ficar com ele, eu não posso!

–Ei, ei...Ela não vai ficar com ele; a não ser que ele sofra de problemas psicológicos pra escolher aquela vadia em vez de você...-Tentou me acalmar.

–Mas isso vai acontecer, Mahi, se eu não sair daqui...-Abracei mais forte.

Ela ficou calada, sem dizer uma palavra, ouvindo meu choro desesperado:

–Ele te ama, Meri...

–Como você pode saber?

–Todos sabem, é notável o jeito como ele olha pra você.

–Isso não me ajuda em nada...Se me amasse eu estaria lá com ele...-Derramei litros de lágrima.

–O que foi, gente?-Chegou Ananda.

–Vai buscar um copo d'água pra ela. Ela tá quase desidratando de tanto choro.

Em menos de 1 minuto, Ananda me deu a água, o que me fez me acalmar mais, mas não parar de chorar, mas sim de berrar, como eu estava fazendo:

–Não cabe a nós, Meri. A realeza não colabora. Quanto mais rápido ela nos der o que queremos, mais rápido ela te terá- Explicou Mahi.

–Mas e se...Já que a realeza está demorando tanto para fazer essa negociação, por que não incentivar ela a realizar o fato mais rápido?-Perguntei.

–Como assim?

–Se eu aparecer com vocês lá no palácio, se ele fosse invadido por nós e Maxon me visse, mas não pudesse falar comigo ou me ter perto dele, talvez ele fique desesperado ou então...-Comecei.

–Tomasse decisões mais rápido...-Completou Ananda.

–É tipo um truque...Assim que ele me ver, a gente foge, e fica um grupo de negociantes lá para negociar, ele vai se roer de desespero- Refleti, triste- Mas pode ser que funcione.

–É uma pressão que usaremos nele!-Exclamou Mahi.

–Ele vai ficar desesperado quanto ver a Meri, mas não vai poder ter ela, o que vai fazer com que ele tome decisões precipitadas...-Disse Ananda.

–Temos que informar essa ideia ao chefe mas acho melhor esperarmos para pôr o plano em prática...-Falou Mahi- Afinal, ele tem que ter confiança em você primeiro, agora volte a dormir, ainda é madrugada.

–----XX------XX-----

Ainda detonada da noite anterior, fui procurar Mahi, mas acabei (NA- Hum... NM: ????) esbarrando num garoto, que me fez ter um enorme calafrio. Ao olhar aquele rosto e aqueles olhos, fiquei paralisada:

–Oi...Você tá bem?-Sorriu.

–Hm...É...-Eu estava passada.

–Eu sou Jonatan.

Ele é a cara do Maxon! Cada feição, tão parecido! Parece até irmão gêmeo! (NA: Você nem imagina... NM: O quê!? NA: Nada não...)

–Eu sou América...

–Eu sei, todos sabem...

–Você parece...Parece com...- Olhei vidrada naquele ser que se opusera na minha frente, era tão parecido com ele, tão perto do meu desejo(voltar para o Maxon), mas tão perto da realidade, não era ele, eu sabia, mas de certo modo me fazia matar a saudade de ver aquele rosto que tanto me fez chorar de ciúme, gritar com ele no primeiro dia, dar uma joelhada nas jóias reais; aquele rosto que me fez mexer na orelha toda vez que tínhamos algo para conversar; aquele homem que me acolheu e me defendeu por cima de tudo; que levou chicoteadas por minha causa; que se meteu em encrenca por mim várias vezes; aquele homem que me fez ficar intensamente apaixonada por ele. Aquele homem, com certeza, É e SEMPRE será Maxon, não importa quantos clones ele tenha!