Colombo-2035 escrita por Goldfield
Capítulo Terceiro
Bem-vindos a Éden.
Uma grande nuvem de fumaça tomou conta da Colombo. Metade dela havia sido destruída. Nem o Stelix resistia a um choque daqueles.
Na sala de comando, Patrick, que estava inconsciente, acordou, com a perna presa, sentindo muita dor, o corpo de Braveson à sua frente, num estado deprimente. Ismael agonizava, quase morto.
Patrick gritou por socorro, em vão. No laboratório, Kin e Taioko haviam morrido. Jacob, Jennifer, Garrison e David tentavam lhes animar em vão, quando apareceu Mônica, com o corpo do amado Flávio nos braços, chorando.
– Onde está Patrick? – perguntou Jennifer.
– Estou aqui! – respondeu Max, com um curativo na perna e o corpo de Ismael nos braços, já morto.
– Que droga! – gritou Garrison. – Tinham que morrer tantos?
– Onde estará Burton? – perguntou David.
Nisso, a parede do laboratório se abriu com uma explosão. Burton, machucado, mas aparentemente sem gravidade, do lado de fora, onde havia um bonito dia, gritou:
– Vamos cow-boys! Chegamos ao nosso destino!
– Perdemos todo o equipamento para montar o tele-transporte! – disse Mônica. – Nunca sairemos daqui!
– Mas podemos propagar a espécie! – gritou Burton. – Este planeta é completamente habitável, apesar de ser um deserto com alguns focos de selva!
– Não seja otimista demais! – murmurou Patrick. – Desta vez nos lascamos!
– Estranho... – murmurou Jacob. – Meu comunicador diz que estamos na Terra!
– Ora! Isso aí está quebrado! – gritou Burton. – Vamos explorar este lugar!
Burton, carregando seu canhão laser, foi andando, se distanciando da nave, sob o olhar dos seus companheiros.
Aos poucos, todos foram seguindo Burton, menos Patrick, que olhava tudo, sentado num escombro, fumando um cigarro.
– Você não vem? – perguntou Jennifer.
– Bem, não tenho nada a perder mesmo...
Sacando sua pistola laser, Patrick seguiu a marcha.
Andaram cerca de uma hora. Cruzavam um deserto aparentemente sem fim, sem nenhum sinal de civilização. Burton, vendo uma selva não muito grande à frente, gritou:
– Olhem! Vamos matar a fome e a sede!
– Acho bom mesmo, pois necessito de água imediatamente! – murmurou Jennifer.
No caminho, Jacob tropeçou num pedaço de metal, fincado no chão. Ele tentou retirá-lo, mas Patrick disse para parar de mexer com sucata, o fazendo voltar para a marcha.
Logo entraram selva adentro, por uma pequena estrada entre as densas árvores. Não havia nenhum sinal de vida.
De repente, caíram num buraco camuflado com folhas, onde Mônica torceu o tornozelo. Súbito, alguns estranhos seres apareceram na borda do buraco, ameaçando jogar lanças sobre eles. Pareciam lagartos, mas também pareciam humanos.
Nisso, uma flecha varou duas das três criaturas. A terceira fugiu, gruindo.
Um homem com um arco e uma flecha, vestido com uma tanga e um chapéu, apareceu na borda do buraco.
– Quem são vocês? – perguntou ele.
– Humanos!
– Impossível! Vestidos com essas roupas esquisitas... Quase foram o jantar daqueles répteis mutantes!
– Répteis mutantes? – estranhou Patrick.
– Sim! Eles se alimentavam de radiação, mas agora mudaram o cardápio! Subam por aqui! – disse, lhes esticando uma corda.
Todos subiram por ela, confusos. Patrick agradeceu:
– Obrigado... Como se chama?
– Chame-me de Togum!
– OK, Togum! Onde estamos exatamente?
– Neste planeta, onde mais? O chamamos de Arret, alienados!
– Então é como em Megatópia... Habitantes humanos... – murmurou Garrison.
– Quem é seu líder? – perguntou Burton.
– Venham comigo!
– Como fala nossa língua?
– Esta é a nossa língua! Vocês são estranhos...
Saíram da selva pelo mesmo caminho em que vieram, seguindo Togum. Ao passar pelo pedaço de metal, Jacob o puxou, retirando-o, revelando metade de uma placa cinza. Sem ver o que estava escrito nela, a mostrou para seus companheiros:
– Olhem só! Tem algo nela?
– Não acredito! – surpreendeu-se Jennifer.
De fato, na placa estava escrito “Limite da...”. O resto estava na outra parte, não encontrada.
– Isto é uma relíquia! – disse Togum, a pegando. – Vou guardá-la!
– Sim! – murmurou Patrick.
– O que foi? – perguntou Jennifer.
– É um planeta com as mesmas características e História parecida com a da Terra! Como Megatópia, mas já está devastado!
– Hei, Togum! – exclamou Mônica, que mancava. – Onde estamos?
– Perto da área de nossa comunidade!
– É longe?
– Não!
Continuaram a marcha, seguindo pelo deserto sem fim. Jennifer, aproximando-se de Patrick, perguntou:
– Burton disse para propagarmos a espécie... Está interessado?
– Pode ter certeza de que a população deste planeta vai triplicar!
Beijaram-se, enquanto Burton perguntava a Togum:
– Há uma grande fonte de energia aqui, não?
– Sim! É uma dádiva de Deus! Todos que vão para lá nunca voltam! É muito perigoso! Não fica muito longe! É bem no local do Apocalipse!
– Apocalipse?
– Sim! Foi o marco da nossa era, que transformou o planeta no deserto dos homens!
– Preciso saber mais sobre isso! Muito interessante...
– Pode saber mais com o meu avô! Um antepassado dele viveu na época do Apocalipse! Não falta muito para chegarmos!
Cruzaram algumas dunas e avistaram uma grande redoma de energia, atrás de algumas montanhas.
– Lá é o local do Apocalipse! – apontou Togum. – Ninguém vai lá!
– Onde fica a sua comunidade? – perguntou David.
– Ali! – mostrou Togum, apontando para algumas ruínas. – Fica debaixo delas!
Entrando nas ruínas, Togum ganhou um túnel subterrâneo. Todos o seguiram por um complexo de cavernas.
O complexo dava numa sala de metal, com um computador numa parede, intacto. Ao redor dele estavam alguns homens e mulheres.
– Encontrei mais alguns! – disse Togum.
– Quem é o líder? – perguntou o avô de Togum, um homem velho, de barba longa.
– Eu! – disse Patrick.
– Puxa! Vocês têm armas! Como se chama?
– Max Patrick!
Todos se ajoelharam na frente dele.
– O que houve? – perguntou Patrick.
– Tem o nome do Salvador!
– Como assim?
– Venha conosco!
Eles seguiram o velho até algumas ruínas subterrâneas, onde o velho mostrou uma placa, dizendo:
– Isto estava num velho monumento!
Na placa, estava escrito: “Em memória de Maximus Patrick e sua brava tripulação, que, em 2035, partiram sem volta em uma expedição para a salvação de toda a humanidade”.
– Acreditamos que um dia ele voltará para nos salvar! – disse o velho.
– Mas o quê? Isso não faz sentido! Como pode? Em que ano estamos? – perguntou Patrick.
– No ano duzentos de nossa era, após o Apocalipse!
– E se contarmos o total?
– 2235!
Patrick gelou, junto com a surpresa de seus companheiros. Recuperado, perguntou:
– O que há naquele computador lá em cima?
– Toda a nossa História!
– Mostre-me!
Todos voltaram para cima e o velho ligou o computador, onde Patrick começou a ler o que estava escrito na tela, em voz alta:
– Deixamos este breve resumo dos fatos que ocorreram no ano de 2035 para os membros da Aliança e futuros desbravadores ou habitantes deste planeta. Primeiro dia: perdemos contato total com a Colombo. Ela havia se perdido no espaço. No mesmo dia, os russos declararam guerra. A Europa é invadida e um tipo completamente novo de armas biológicas é usado. Segundo dia: Terror. Os russos matam todos em seu caminho. Armas nucleares secretas não entregadas à ONU em 2007 são usadas. A Europa se torna um campo de crateras. Terceiro dia: os russos ameaçam usar um novo tipo de arma se não nos rendermos, chamada por eles de “Bomba Apocalipse”. Pânico generalizado. Nós começamos a desconfiar que os russos sabotaram a expedição a Éden. Quarto dia: os russos usam a arma secreta em Nova York, devastando todo o planeta. Nós fomos alguns dos poucos sobreviventes. Pessoas morrem de câncer e hemorragia interna sem parar. Começamos a escrever este resumo. Uma grande redoma de energia cobre o mundo, oriunda da explosão. Depois, passa a cobrir apenas a área da cratera. Os mares secam. O dia se esconde e uma noite sem fim se alastra, possivelmente pelos próximos cinqüenta anos. Frio insuportável. Quinto dia: somos atacados por um bando de homens-lagarto, que cospem ácido. Possivelmente são répteis transformados pela radiação. Pouco antes de ser devorado, desligo o computador. General John Franklin J.R., comandante das Forças Armadas dos Estados Unidos do Norte, 2035.
– Que horror! – disse Jennifer, pasmada.
– Agora tudo faz sentido! – disse Patrick. – A redoma de energia foi oriunda da explosão, que colocou o planeta num universo paralelo, que é Éden, ou seja, a Terra no futuro! Como não sairemos daqui, os russos devem estar iniciando a ofensiva que destruirá o planeta!
– Meu Deus... – disse Mônica.
– Por isso este planeta se parece com a Terra! – concluiu Jacob.
– Temos que evitar este futuro, saindo daqui!
– Mas como? – perguntou Burton.
– Quem entra na redoma de energia desaparece? – perguntou Patrick.
– Sim! – respondeu o velho, confuso.
– É isso! É um portal do tempo! Quem entra nele possivelmente volta para o passado!
– Sim! – concordou David.
– Precisamos entrar na redoma!
– É muito perigoso! – disse Togum.
– Temos que arriscar!
– É preciso escalar as montanhas, cheias de lagartos que se alimentam de radiação!
– Vamos! – gritou Burton.
– Hei! Esperem!
Os tripulantes da Colombo voltaram para a superfície, indo na direção das montanhas. O destino da humanidade estava em suas mãos.
Patrick e seus companheiros chegaram aos pés das montanhas três horas depois. No caminho, Jacob encontrou um pedaço de uma placa de ferro no chão, virada para baixo. Pegando-a, leu o que estava escrito:
– Cidade de Nova York! É a continuação daquela placa! – surpreendeu-se. – Limite da cidade de Nova York!
– Então este lugar era Nova York? Meu Deus... – disse Jennifer.
– Este planeta é uma caixa de surpresas! – murmurou Burton.
Continuaram até ficarem de frente para a montanha. Por enquanto não era preciso escalar, pois era só seguir pelas trilhas da encosta.
Subiram algumas elevações e já estavam na metade do caminho, quando encontraram uma nave caída. Patrick parou, e, com uma voz forte, disse, carregando sua arma:
– Vamos entrar!
Seguido por seus comandados, Patrick entrou na nave.
Dentro dela estava escuro e só se ouvia o som da respiração. Com uma lanterna, David iluminava o caminho. De repente, tropeçou em algo, iluminando o objeto com a lanterna.
– Meu Deus... – murmurou ele.
Era um esqueleto, em avançado estado de decomposição. David iluminou o teto: esqueletos de zamurianos, todos podres.
Patrick já entrava na sala de comando. Todos haviam se separado. No meio de uma grande bagunça, ele encontrou um monitor. Ligando-o, viu um vídeo em que um megatopiano desesperado falava:
– Terça-feira, vinte de julho de 2158, ano megatopiano, expedição conjunta zamuriana e megatopiana. Estamos perdidos neste planeta. Escutem esses gritos! São lagartos! Vamos morrer! Isto aqui é o inferno! Tire-nos daqui! Tire-nos daqui...
Transmissão encerrada. Patrick murmurou:
– Então a Aliança já mandou uma expedição de resgate...
– Eu não entendo! – exclamou Jennifer, que estava atrás dele. – Quando chegamos a este planeta, ainda estava acontecendo o Apocalipse na Terra! Ele não deveria existir só desde então?
– É essa energia! O futuro já está traçado! Não há alternativa! Este é o nosso fim!
Nisso, ouviram gritos desesperados.
– Parece Garrison! – disse Jennifer.
– Vamos investigar! – disse Patrick.
Cruzando alguns corredores, encontraram o corpo de Garrison, mutilado.
– Meu Deus! – disse Jacob, que estava com eles.
– Há lagartos aqui! Temos que sair! – disse Patrick.
Nisso, mais gritos e disparos. Os três correram por um corredor, avistando David, que atirava em um lagarto, matando-o.
– Onde estão Mônica e Burton? – perguntou Patrick.
Nisso, gritos femininos. Patrick balançou a cabeça, fumando um cigarro.
Correram para fora da nave. No caminho, encontraram Burton, com uma lança lhe cortando de fora a fora, morto.
Saindo da nave, Patrick colocou um explosivo numa parede, correu e o acionou, fazendo a estrutura explodir, com tudo dentro.
– Vamos continuar! – disse Patrick, retomando o caminho.
Continuaram pela montanha, chocados com o que havia acontecido.
Chegaram no ponto de escalada uma hora depois, já com neve no rosto. Era uma neve estranha, esverdeada.
Patrick começou a escalar, subindo rapidamente, seguido por Jennifer, Jacob e David.
Foram subindo, iluminados pelo pôr-do-sol. Finalmente, chegaram ao topo, de onde podiam ver a cratera perfeitamente, envolvida pelo escudo de energia.
– Vamos descer por esta estrada! – disse Patrick.
Começaram a descida, que não foi muito demorada. No caminho encontraram um lagarto, morto, ao lado de uma pedra. Devia ter consumido muita radiação. Patrick disse:
– Tomara que consigamos voltar para a Terra, pois vou ter que ser completamente limpo desta radiação!
– É... – concordou Jennifer.
Chegaram no escudo de energia ao nascer do sol. Os quatro, de frente para ele, esperavam quem fosse entrar primeiro.
– Eu vou! – disse Patrick.
Súbito, ele entrou, desaparecendo. Jennifer o seguiu, depois foi David e por último Jacob.
No rápido momento que se passou, viu-se apenas uma grande e forte fonte de luz.
Depois, a luz desapareceu, e os quatro puderam ver onde estavam.
Surpresa teve Patrick quando viu que estava num grande deserto. Jennifer chorava:
– Nunca mais vamos sair deste lugar!
Nisso, um homem numa charrete parou perto deles, com uma aparência antiga.
– Vamos ver o que Ísis nos mandou hoje! – disse ele.
– O quê? – espantou-se David.
– Onde estamos? – perguntou Patrick.
– No império de Ramsés, ora essa! – respondeu o homem.
– Oh, não! Voltamos para antes de Cristo! – disse Jennifer.
– E agora? – perguntou Jacob.
– Agora vocês ajudarão os hebreus a construírem nosso templo! – disse o homem, os amarrando.
– Não poderemos mais salvar a Terra! – murmurou David.
– Meu Deus... – disse Jennifer, aos prantos.
– Ainda podemos nos casar! – disse Patrick.
– Vamos logo! – gritou o homem.
Amarrados, os quatro aventureiros seguiram o egípcio, mais perdidos do que nunca. Pelo menos, ainda tinham suas armas. Conseguiriam viajar novamente no tempo e salvar a Terra?
Continua...
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