Colombo-2035 escrita por Goldfield


Capítulo 2
Capítulo Segundo




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Capítulo Segundo

Parada em Globônia.

A viagem continuou. Estavam no centro da Via Láctea, perto de Zamuria. Na sala de comando, Ismael, que cuidava dos comandos de emergência, disse a Patrick, que pilotava a nave há três horas:

–         Vá descansar! Coloque no piloto automático!

–         É isso o que farei!

Patrick foi até a sala de descanso, onde Jennifer dormia. A olhando, murmurou:

–         É tão bela quando dorme...

Patrick deitou-se numa das pequenas camas, enquanto Jennifer se levantava, dizendo:

–         Você também é...

No laboratório, Taioko e Garrison examinavam um exemplar de planta zamuriana. Garrison perguntou:

–         Qual a diferença desta planta com as da Terra?

–         As da Terra fazem fotossíntese. Estas fazem o processo contrário!

–         Como assim?

–         Os zamurianos produzem oxigênio, pois não necessitam dele para viver. As plantas o absorvem e produzem gás carbônico, de que os zamurianos necessitam para respirar!

–         Que louco!

–         É mesmo interessante! E olha que nem sou bióloga! Você é, não?

–         Sim! Mas minha área é, em nome científico “Cerebelus Alienus Reinerus”.

–         Isso não é latim!

–         Você entendeu!

Nisso, Jacob entrou na sala e, observando a planta, disse:

–         Que belo exemplar de “Plantius Zamurianus”.

–         Boiei! – disse Garrison.

Todos riram. Na sala de estratégia, Burton e Braveson conversavam:

–         Acho que a viagem será tranqüila! – disse o major, observando o mapa da rota.

–         Pararemos em Zamuria? – perguntou Braveson.

–         Não será necessário. Não estamos desprovidos de nada.

Nisso, Flávio e Mônica entraram na sala, abraçados. Burton perguntou:

–         E então? De onde são do Brasil? Palmas? Corumbá?

–         Não. Não somos de nenhuma cidade que cresceu com o Stelix! – respondeu Flávio. – Somos da cidade de São Paulo, hoje já abandonada!

–         Colapso dos sistemas de sobrevivência? – perguntou Braveson.

–         Isso mesmo! Como sabe?

–         O mesmo ocorreu em Manchester... Como meu avô dizia, a humanidade é um supérfluo!

–         Que ideologia ruim! – disse Mônica.

–         Fazer o quê? É a verdade...

Nisso, Jennifer entrou na sala, perguntando:

–         Alguém viu Patrick?

–         Acho que ele está descansando!

–         Já procurei na sala de repouso e ele não está lá!

–         Tente a sala do capitão! É só intuição! – disse Burton.

–         Obrigada!

Jennifer seguiu até a sala do capitão, onde estava Patrick. Ela disse:

–         Descansou pouco!

–         Eu sei! Estava sem sono! Penso em muitas coisas...

–         O que, por exemplo?

–         Se esta viagem dará mesmo certo!

–         Não se preocupe! Se Deus quiser e a nave não falhar, chegaremos lá!

–         É...

–         Ouvi o que disse na sala de descanso!

–         Ouviu?

–         Ouvi. Obrigada!

–         Você é linda, sinceramente. Tem namorado?

–         Não.

–         Está interessada num futuro herói da humanidade, após esta missão?

–         Posso pensar... Max...

–         Chame-me de MP! Assim me chamam no Exército!

–         Está bem, MP! Tem algo relacionado com Polícia Militar?

–         Não! São minhas iniciais! Nunca havia pensado nisso...

–         Ah, bom!

–         Tem planos para quando voltar à Terra?

–         Não! Você poderia me mostrar o caminho...

–         Beije-me!

Os dois se beijaram, enquanto Xin entrava na sala:

–         Senhor!

–         O que houve?

–         Uma nave zamuriana nos parou! Querem vê-lo!

–         Ver-me?

–         Sim!

–         Vamos lá!

Patrick atravessou alguns corredores e entrou na sala onde estavam alguns zamurianos, que já haviam entrado na nave:

–         Saudações da Terra, nobres aliados zamurianos! – saudou Patrick.

–         Saudações do glorioso Imperador de Zamuria, ó terráqueo!

–         O que querem?

–         Sabemos que a Terra mandou uma expedição para Éden! Queremos lhes desejar boa sorte!

–         Oh! Muito obrigado!

–         Precisam de ajuda?

–         Não, obrigado. Estamos com os tanques quase cheios e com a nave OK!

–         Se precisarem de algo, comuniquem-se na linha aliada. Nós os ajudaremos.

–         Obrigado novamente!

Os zamurianos saíram, enquanto Patrick voltava para o comando da nave.

–         Onde nós estamos exatamente? – perguntou Patrick a Burton.

–         Próximos de Zamuria, no meio do caminho para os limites da Aliança!

–         Ótimo! De acordo com os anos espaciais, já devem ter se passados três dias na Terra, equivalente a três horas! Vamos prosseguir!

–         Sim senhor!

Todos voltaram para suas funções, enquanto a nave zamuriana se distanciava.

                                                                    

Passou-se uma hora. Na sala de entretenimento, Jennifer assistia a uma novela da Terra na TV.

–         Gosta dessas novelas? – perguntou Patrick, aproximando-se.

–         Esta é mexicana! É um belo romance!

–         Hum... Prefiro filmes de guerra!

–         Que gosto...

–         Ora, não fale assim! – disse Patrick, a abraçando.

–         Você é tão romântico...

–         Não viu nada!

Nisso, David entrou na sala:

–         Senhor!

–         Por que sempre vem um mala para atrapalhar... O que foi?

–         Está havendo uma briga entre Jacob e Burton, na sala de jogos!

–         Aqueles dois idiotas... – murmurou, seguindo David até o local.

Na sala de jogos, Jacob apanhava feio de Burton. Patrick interveio, dizendo:

–         Parem já com isto!

–         É esse francesinho... – explicou Burton. – Perdeu no White Skull e não quer pagar! E ainda roubou, escondendo um rei na manga!

–         Quanto deve?

–         Mil e quinhentos! – respondeu Jacob.

–         Esqueça a dívida, Burton! Concentre-se na missão!

–         Está bem, mas, após a viagem, quero meu dinheiro em minha mão!

–         Está bem! – respondeu Jacob.

–         Já sei! Eu jogarei e pagarei o que deve, se perder e, se eu ganhar, ficaremos como se nada houvesse acontecido! Está bem?

–         OK!

–         Como é mesmo que se joga? – perguntou Patrick, sentando-se.

–         Era o jogo mais jogado nas barracas de Quebec! Você tem que formar pares de pares e pares de ímpares, do mesmo naipe. Quem tiver os pares maiores de cada tipo, ganha uma rodada. Os reis podem formar pares com ases e os cincos com valetes, pois valem o dobro! Se tirar a caveira branca, pode pedir qualquer par que eu tenha! Entendeu?

–         Vamos lá!

Burton distribuiu as cartas. Depois de algum tempo, Patrick colocou quatro pares de reis na mesa, um de cada naipe, dizendo:

–         Ganhei sem roubar! A dívida já era!

–         Droga... – murmurou o major.

Acalmaram-se os ânimos, enquanto Patrick voltava para a sala de comando. Burton era útil, mas seu gênio forte ainda poderia prejudicar a missão...

Algumas horas depois, Ismael, que pilotava a nave junto com Patrick informou:

–         Estamos nos aproximando de Globônia!

–         Ótimo! Vamos parar para reabastecer!

Patrick informou a tripulação:

–         Segurem-se! Vamos pousar em Globônia.

Patrick desligou os painéis solares e iniciou o processo de pouso. Não houve desestabilizações nem turbulências. A nave entrou na órbita do planeta, que era um grande deserto.

–         Que lugarzinho mais desolador! – murmurou Garrison.

–         Era um planeta fértil, mas a Aliança escravizou seu povo e o devastou! – explicou Jacob.

–         Trabalhou aqui? – perguntou Taioko.

–         Por três anos!

Nisso, a nave pousou no solo do planeta. Alguns megatopianos vieram recepcionar a tripulação, entrando na nave:

–         Saudações, terráqueos!

–         Saudações! De que parte de Megatópia vocês são? – perguntou Patrick.

–         Somos Ricks! Vamos até a nossa base! Mandaremos veículos de combustível para reabastecer a nave!

–         OK! Burton, Braveson e David tomarão conta dela!

Todos entraram num veículo de transporte flutuador e seguiram até a base da Aliança, enquanto os três escolhidos por Patrick ficaram na nave.

O veículo percorreu uma vasta região desértica até chegar na base da Aliança. Ganhando uma entrada subterrânea, chegaram ao complexo de segurança máxima.

–         Por que um abrigo subterrâneo? – perguntou Patrick.

–         Tempestades de areia violentas são freqüentes! – respondeu um megatopiano.

–         Chegamos! – disse o que os comandava, descendo do veículo.

No complexo, globônios acorrentados trabalhavam sem descanso, observados por capatazes armados com chicotes. Patrick e os outros passaram por alguns corredores, até entrarem numa sala, onde um homem os esperava:

–         Saudações! Sou o comandante Braveheart, chefe desta base!

–         Somos da expedição que chegará até Éden! – disse Patrick.

–         Eu sei! Os terráqueos fizeram um bom investimento! Nunca vimos nenhuma nave como aquela!

–         Já estão reabastecendo-a?

–         Sim. Só trouxe vocês aqui para desejar boa sorte e dizer que algumas das nossas naves os escoltarão até os limites da Aliança.

–         Ficaremos muito gratos!

–         Por que escravizam os pobres habitantes deste planeta? – perguntou Jacob.

–         Bem, já faz tempo desde que transformamos este planeta de uma selva para um deserto. Escravizamos muitos inocentes e nos arrependemos, mas o progresso tem seu preço.

–         Mas...

–         Cale-se! – murmurou Patrick.

–         Meus homens os levarão de volta para a nave! – disse o comandante. – Até logo!

Patrick e seus homens seguiram os megatopianos, que os levaram até o veículo de transporte. Passando por alguns globônios, Jacob balançou a cabeça.

–         Quase mandou nossa escolta por água abaixo! – murmurou Kin.

–         Você acha certo escravizar os globônios?

–         Não, mas eles acham!

O veículo fez o mesmo trajeto de antes até chegar à nave. Os megatopianos se despediram e a Colombo decolou.

Já fora da atmosfera do planeta, as naves megatopianas se posicionaram ao redor da Colombo, que prosseguiu com a escolta.

                                          

Depois de cinco horas, a Colombo e sua escolta chegaram aos limites da Aliança. Pelo rádio, Patrick disse aos megatopianos:

–         Podem ir, rapazes! Agora é com a gente!

–         OK! Boa sorte, terráqueos!

As naves se distanciaram, enquanto Patrick alertou:

–         Segurem-se! Vou ligar os jatos ao máximo!

Patrick ligou alguns painéis e começou a aumentar a potência dos jatos pelo computador central. Quando estavam na potência máxima, gritou:

–         Aí vamos nós!

Apertando um botão, fez a nave desaparecer como num passe de mágica, devido à sua hiper-velocidade.

–         Estamos saindo da Galáxia! – informou Patrick. – Próxima parada: Éden!

–         É isso aí! – gritou Ismael, que era o co-piloto.

–         Acho que vou descansar! Cuidará de tudo para mim?

–         Sim senhor!

Patrick saiu, indo para a sala de descanso. Lá se encontrou com Jennifer, que se levantava.

–         Já vai? – perguntou Patrick.

–         Tenho que ir para o laboratório!

–         Que pena...

–         Depois a gente se vê!

–         OK.

Jennifer saiu, enquanto Patrick começava a cochilar. Na sala de comunicações, Burton comunicou-se com a Terra:

–         General! Você está aí?

–         Estou aqui Burton! Como vai a viagem?

–         Bem! Como vão as coisas aí?

–         A Rússia está fazendo manobras militares na Polônia e na Sibéria. Não temos idéia do que estão tramando!

–         Cuidem-se! Não quero que estoure outra guerra sem eu estar aí!

–         OK!

–         Até logo!

–         Até!

Burton desligou, enquanto observava as estrelas passarem numa velocidade incalculável pela janela.

Nisso, Braveson entrou na sala, perguntando:

–         Posso usar o comunicador?

–         Pode! Para quê?

–         Quero falar com minha namorada! É urgente!

–         Pode ir! Eu saio!

Burton saiu da sala, murmurando:

–         Não confio nesse sujeitinho...

Braveson começou a comunicar-se:

–         Alô! Kremlin! Responda!

–         Kremlin falando!

–         Já estamos fora dos limites da Aliança! Sabotarei a expedição quando chegarmos a Éden!

–         Ótimo! Mantenha o disfarce! Kremlin desligando!

–         Desligo!

Braveson saiu da sala, enquanto o major Burton entrava, lhe observando com um estranho olhar.

No laboratório, Taioko observava uma planta de Globônia. Jennifer, se aproximando, murmurou:

–         Você gosta mesmo de plantas...

–         Sim! Estou acostumada a estudar plantas perdidas nas profundezas das cidades submersas do Japão!

–         Nem gosto de me lembrar da cor verde!

–         Por quê?

–         Testei por muito tempo as conseqüências do vírus “Z” nos humanos!

–         O que concluiu?

–         O vírus cria um processo de mutação que transforma qualquer ser infectado num ser equivalente de Zamuria. Os humanos, por exemplo, ficam iguais aos zamurianos: perdem o nariz, ganham um dedo novo em cada mão e em cada pé, ficam verdes, seus órgãos mudam de lugar atrofiando-se e ficam mais agressivos!

–         Que horror... Testemunhou essas mudanças?

–         Infelizmente!

–         Ouvi falar que os governos da Terra estão procurando vírus extraterrestres para construírem armas biológicas!

–         Sim! São uns malucos! Ainda vamos acabar como a população de Marte e provavelmente também a de Éden!

–         É...

Nisso, Garrison, Xin e David entraram.

–         Vocês não desconfiam de Braveson? – perguntou David.

–         Só porque ele tem um passado ruim não quer dizer que seja um espião! – disse Jennifer.

–         Mas ele é fechado, esquisito e parece fazer tudo em segredo! – disse Xin.

–         Isso é só impressão...

–         Será?

–         E Flávio e Mônica? Onde estão? – perguntou Taioko.

–         Estão na sala de descanso! – respondeu Garrison.

–         Eles merecem um descanso! Ajudaram-me bastante agora há pouco!

–         Patrick também está lá! – disse Jennifer.

–         Então você estuda a cuca dos aliens, Garrison? – riu Xin.

–         Sim! Um cérebro alienígena é muito complexo, por sinal!

–         Como assim? – perguntou Taioko.

–         Os zamurianos, por exemplo, podem ler a mente um dos outros. Isso é possível graças a uma expansão da parte cerebral que dá a inteligência e os reflexos!

–         Eles só conseguem ler a mente de outros zamurianos?

–         Só de quem tem o mesmo dom! Nós, os humanos, estamos seguros!

–         Ufa! – aliviou-se David.

Nisso, Burton entrou:

–         Braveson está muito esquisito! – disse ele.

–         Como assim?

–         Chequei suas comunicações e vi que se comunicou com a Rússia!

–         E o que disse?

–         Não sei!

–         Vai ver ele tem algum parente por lá! – disse Jennifer.

–         Pare de defendê-lo! – murmurou Garrison. – Está na cara que ele é um traidor e que trabalha para os russos!

–         O que faremos?

–         Vamos informar Patrick! – sugeriu David.

Todos foram até a sala de descanso e informaram Patrick do ocorrido. Este se levantou e foi até a sala de comando, para pensar.

Surpresa fora a sua quando viu que Braveson estava lá, lhe apontando uma pistola laser, com Ismael já rendido.

–         Parado! – gritou Braveson. – Sei que descobriram!

–         Traidor nojento! – disse Patrick, ajoelhando-se com as mãos para o alto.

–         Agora eu estou no comando!

–         Nem sabe pilotar!

–         Não? Veja só!

–         Inútil!

Braveson começou a apertar vários botões do painel de controle, sem saber nada. Nisso, uma sirene começou a soar. Ele havia quebrado o sistema de jatos, que agora estavam com tanta força que começaram a pegar fogo. Todos na nave caíram com o efeito da velocidade. Braveson gritou:

–         Pare essa droga!

–         Não consigo! – gritou Patrick, que tentava em vão rastejar até os controles, devido à velocidade da nave. – Aperte aquele botão, na parede!

–         Este? – perguntou Braveson, apontando para um botão.

–         Sim!

Braveson o apertou e a nave aumentou de velocidade.

–         Droga! Os freios quebraram! – disse Patrick.

–         Vamos morrer! – gritava Ismael.

Nisso, ouviu-se uma explosão. Ela havia sido no laboratório, onde Kin havia voado sobre alguns frascos de nitroglicerina, explodindo em chamas.

–         Estamos entrando na órbita de Éden! A nave está pegando fogo! – gritou Ismael. – Vamos morrer!

A nave transformou-se numa bola de fogo que se aproximava do solo do planeta cada vez mais. De repente, uma explosão... E não se viu ou ouviu mais nada...

Continua... 


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