–Vocês estão atrasados. – a voz de Margareth me fez estremecer quando entramos no camarim.

–Trânsito – Daniel justificou

–Tudo bem, agora vão logo que já está quase lotado. – ela me empurrava para um trocador de roupas em um canto.

Vesti um muito vestido curto com botas de cano auto e sai sendo levada para fazer o cabelo e maquiagem. Me sentei em uma cadeira e fui atacada por varias pessoas ao mesmo tempo, enquanto alguns estavam fazendo minha maquiagem outros faziam penteado. Já disse que isso aqui é uma loucura? Quando enfim terminaram já estava na hora de começar o desfile, me olhei rapidamente em um espelho e tinha gostado do que vi o vestido era vermelho super curto e as botas subiam até acima do meu joelho de salto e fivelas preto. Me cabelo estava solto em cachos grandes e meus olhos estavam com minha amada e favorita sombra preta o diferencial era que em meus lábios tinha batom vermelho, nunca tinha pensado em usa-lo, depois dessa experiência iria repensar no caso dele.

As musicas de Metric começaram a tocar dando inicio a nossa noite o que me desesperou mais, enquanto as modelos entravam uma por uma eu estava desesperada a procura de Daniel, não tinha o encontrado até a hora de entrar.

–Viollet sua vez vai menina – o mesmo carinha que tinha me irritado no ensaio fotográfico estava ali com fones de ouvido e uma prancheta na mão sempre anotando alguma coisa nas folhas bege.

Respirei fundo procurando concentração e me acalmando quando uma mão pousou na minha cintura, não precisava virar para saber que era Daniel estava sorridente ao meu lado com um conjunto de calça jeans branca e blusa de manga comprida e gola V também branca, seu cabelo bagunçado dava um charme a mais no estilo playboy.

Peguei em sua mão e subimos as escadas para o palco. As luzes em minha direção me fez fechar os olhos, mas mesmo assim queria ver quantas pessoas tinha ali, me arrependi me deu um frio na barriga parecia que estava em um show de rock só que no palco tendo visão privilegiada das pessoas, acho que umas oitocentas pessoas era pouco.

O aperto de Daniel na minha cintura foi mais forte dessa vez fazendo com que fosse para frente, era a hora. Andar em linha reta nunca foi tão difícil, tirando a vez que estava bêbada, olhei rapidamente para o lado e Daniel sorria feito criança, ele parecia se divertido enquanto eu estava apavorada.

–Cadê a Viollet que não tem medo? A que sempre dizia foda-se pra todos? – eu me perguntava mentalmente, essa não era eu, eu não tinha medo.

Respirei fundo “invocando” a antiga Viollet e abri um enorme sorriso para Daniel, quando duas modelos voltavam eu sabia que era a hora, fechei os olhos e sai pelo arco que separava a passarela dos bastidores.

Era impressionante, a sensação de toda a atenção ser sua em um momento é ótima e apavorante. Desfilamos como Margareth tinha nos ensinado, fazendo pose parando em certos pontos da passarela e interagindo um com o outro como se fosse normal, Daniel ainda bateu em minha bunda quando viramos para voltar. Cachorro!

–Provador! – uma garota me puxou assim que chegamos de volta

Não deu tempo para pensar, as trocas de roupas tinham de ser rápidas por causa do tempo que era cronometrado, desfilamos mais três vezes antes de descansarmos para fechar o desfile.

–Viollet sua roupa aqui! – Ronny o carinha que me irritava, agora eu sabia seu nome.

–Ronny será que pode ser mais devagar? – entrei no provador novamente.

–Não querida, você nunca ouviu aquele ditado “Tempo é dinheiro”? , então aqui é “Tempo é glamour” – revirei os olhos e sorri debochada dele.

–Prontinho – abri as cortinas vermelhas saindo

–Ual, Ual, se eu fosse uma mulher certamente compraria essa lingerie, é M.A.R.A.V.I.L.H.O.S.A ! - disse olhando para meu corpo e seus olhos brilhavam.

–Viollet! – alguém me gritou – Seu sobretudo. – uma garota ruiva corria com um ”sobretudo” vermelho transparente.

Coloquei ele dando um UP na roupa, minha mãe tinha pensado em eu usar asas de anjo, mas seria plágio da Victoria´s Secrets.

Corri para arrumar meu cabelo que nunca foi preso quando estava ali, meus lábios ainda se mantinha vermelhos, mas agora a sombra era clara, como se não estivesse de maquiagem.

–Viollet... 1 minuto! – Ronny gritou para mim. –Daniel! Cadê Daniel meu deus! – ele gritava andando entre as modelos desesperado, e eu só sabia rir.

–Aqui, vocês dois não se desgrudem pelo amor... – ele saiu falando depois de trazer um Daniel só de cueca boxer preta e vermelho de vergonha.

–Ele vai me matar – ele disse rápido vendo Ronny passar por nós

–Por quê?- disse rindo

–Eu estou de cueca, CUECA! – ele gritou indignado

–Nada que eu não tenha visto – pisquei

–Viollet, o mundo inteiro vai nos ver assim – ele olhava de um lado para outro.

–E o que é que tem?- meu tom indiferente o fez segurar meu rosto pressionando suas mãos em minha bochecha fazendo biquinho.

–Você é muito sem vergonha – ele riu – Depois eu que sou o pervertido da família.

–Mas você é – falei com dificuldade por ele ainda estar segurando meu rosto naquela posição.

–Sem beijo casal, agora são vocês – Ronny apareceu do nada fazendo-nos se assustar.

–Ou esse cara é mágico ou tem pacto com o demônio, você viu como ele apareceu – Daniel olhava para traz enquanto caminhávamos novamente para o arco.

–Medo – disse rindo

Ele balançou a cabeça em negação e me fuzilou com seus olhos castanhos.

–Vai! – Ronny gritou aparecendo atrás de nós, sim também acho que ele deve ter feito algum pacto.

Diferentemente das vezes anteriores em que desfilamos a plateia e a passarela estava escura comente sendo iluminada por um caminho de luzes parecendo velas, seria fácil Daniel iria primeiro e eu depois.

Paramos entre o arco e a passarela onde já podiam nos ver, Daniel saiu na frente desfilando todo sexy, deu vontade de gritar um “Gostoso”, mas me segurei qualquer coisa que fizesse faria o desfile ir por água a baixo. Quando parou na outra ponta ele apontou para mim que até então estava no escuro e um fecho que luz focou em mim, quase me segando, com as mãos na cintura segurando o sobretudo aberto fui ao seu encontro. Caras e bocas eram impagáveis entre nós, ele me abraçava pela cintura igualmente a sessão de fotos fazendo assim um belo presente para os fotógrafos que não parava, um minuto sequer de tirar fotos.

A plateia aplaudia enquanto voltávamos para buscar minha mãe. Estava terminado, por dentro eu estava pulando de alegria, meus pés estavam doendo. Quando todas as modelos eu, Daniel e minha mãe voltaram à passarela recebemos a plateia de pé nos aplaudindo. Com a simpatia nunca vista em minha mãe ela agradeceu posando para algumas fotos e depois voltamos para os bastidores.

–Foi de mais – Minha gritou como nunca fazendo-nos rir – Agora vamos ao que interessa Coquetel lá vamos nós! – provavelmente as taças de vinho anteriormente já surgiam efeito nela.

Enquanto todos se desfaziam das roupas da grife eu procurava apenas uma, o vestido vermelho e as botas, eu queria sair com ele não com roupas minhas, o que é da minha mãe é meu certo? Certo!

Consegui encontrá-lo e o coloquei rapidamente antes que dessem por falta dele.

–Vamos Viollet – Daniel me chamava alegre

–Já vou – sai do provador o vendo arregalar os olhos

–O vestido da sua mãe – ele apontou para mim

–Eu sei é lindo não é – disse rindo indo pegar meu celular

Fomos para um salão especialmente decorado para a ocasião e que graças ao pai não fui eu que decorei. Vários jornalistas e empresários donos de revistas estavam presentes, somente os Vips da sociedade, logo me perdi em uma conversa com Elizabeth, sim ela estava lá e ainda me elogiou pelo desfile e a ousadia de sair de lingerie.

Senti algo vibrar na minha bolsa e logo peguei o celular, era Elliot.

–Com licença – disse a Elizabeth me afastando do barulho da música e das conversas. –Elliot! – disse empolgada

–Viollet meu anjo como você está? – ele parecia cansado.

–Bem e... – um grupo de modelos passaram por mim juntamente com Daniel gritando.

–A onde você está? E com homens?- ele pareceu despertar e escutei-o xingar baixo.

–Você não vai acreditar! – disse empolgada tentando contar tudo

–É acho que não – Elliot disse baixo

–Elliot! – gritei

–Ok me explique não vou mais te interromper.

–Eu estava em um desfile com minha mãe, e agora em um coquetel será que pode deixar o ciúme de lado e prestar atenção em mim. – disse irritada já

–Ok, mas ai tem homens e...

–E ai tem mulheres e não é por isso que tenho ciúmes de você, eu confio em você e acho que deveria confiar em mim. – sai andando para fora do salão em uma parte mais reservada onde tinha sofás e almofadas espalhados.

–Me desculpe... – ele sussurrou para mim – É que só de pensar você com outros homens eu fico... – imaginei que provavelmente ele estava de olhos fechado se controlando

–Eu sei meu amor, eu te amo e só pra constar eu ainda estou de aliança – seu uma risadinha fraca.

–Ainda bem... Mas me conta como você está bem? Eu estou morrendo de saudades sua. – o todo apaixonado Elliot tinha voltado me fazendo sorrir sozinha.

–Eu estou bem, tanta coisa aconteceu, mas não se preocupe, eu também estou morrendo de saudades. – Vi minha mãe me chamando para acompanhá-la.

–Volta logo – sua voz um pouco chorosa fez meu coração apertar.

–Sim se tudo der certo hoje, amanha já estarei indo embora. Não vejo a hora de te ver.

–Vou deixar você aproveitar essa festa sem mim – disse melancólico me fazendo rir – Você ri né!

–Claro! – não parava de rir – Agora tenho que ir Elliot. – meu tom de voz estava do triste para o choroso.

–Então até quando eu for te buscar no aeroporto – ele riu – Eu te amo!

–Também te amo, muito. – ouvi um sorriso e uma risadinha dele antes de desligar o telefone.

–Viollet tem algumas pessoas que quero te apresentar – minha mãe me puxou do sofá e me arrastou para perto de algumas mulheres altas e não tão velhas que eram colunistas ou donas de revistas de moda pelo mundo todo. Teríamos uma conversa de moda e depois sobre o desfile, minha vontade era de descansar e voltar logo para casa, em Manhattan.