O Legado de Lily Potter escrita por O Coração Negro, Lana


Capítulo 20
Capítulo 19 – A visita do lendário Potter


Notas iniciais do capítulo

Oii

Peço desculpas pelo atraso, vamos tentar normalizar as postagens de agora em diante =)

Espero que gostem, deem sua opinião, é importante!

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/428781/chapter/20

Capítulo 19 – A visita do lendário Potter.

Eu já nem sabia ao certo o que sentia. Um misto de raiva pelas atitudes impensadas de meu primo, vergonha por ter sido agarrada á força na frente de quase todos os grifinórios e, sem dúvida, apreensão por Alexander Miller, oficial fugitivo de Hogwarts agora.

Eu não via outra possibilidade que não fosse sua captura. Um garoto sozinho, procurado por muitos aurores não demoraria muito para ser encontrado, mesmo dada sua notória esperteza com magia. Se fosse pego, estaria muito encrencado, e saber que ele é inocente não aliviava em nada minha angústia.

Tabitha percebeu meu desconforto enquanto estávamos na aula de História da Magia, uma das mais chatas segundo o meu pai, e eu concordava com ele. Sentei-me na extremidade da mesa, de modo que minha amiga sentou-se ao meio e Hugo na outra ponta. Neste ano, demos a sorte de termos os horários quase que totalmente compatíveis com a Corvinal. Balançava as pernas com frequência enquanto o professor, que ainda era o Sr. Binns, divagava sonolentamente sobre a matéria.

– Lily, por que está assim? Acalme-se! – Tabitha advertiu. Ela me conhecia demasiadamente bem para saber as palavras certas a usar comigo. Respirei fundo e larguei a pena acima do tinteiro, com a qual eu anteriormente batucava em minha perna trêmula.

– Realmente, não estou no meu melhor dia. Você sabe com o que estou preocupada... Preciso de notícias.

Ouvi Hugo bufar. Eu estava irada demais com ele, já que os últimos acontecimentos não foram os mais agradáveis. De onde ele tirou a ideia de que poderia me beijar, ainda mais depois de ter delatado o esconderijo do Alexander quando eu pedi que não o fizesse? Francamente, não seria fácil perdoá-lo.

Fingi não ter ouvido seu resmungo de insatisfação com o assunto que eu e Tabitha conversávamos, fato que o fez rolar os olhos e menear a cabeça. Ele parou por um instante e eu decidi prestar atenção na aula, por mais que isso fosse difícil, pois toda a aula eu cochilava.

Quando estava mais uma vez pegando no sono, escuto alguém me chamando:

– Ei, Lily! – Era a voz de Hugo. Ele sussurrava, desesperado por atenção. Tabitha voltou seu olhar para ele.

– Caso não tenha percebido, eu estou com raiva e não quero falar com você. – Minha resposta foi seca, como se falasse com alguém que nunca tivesse visto e não com o meu primo a quem conhecia desde antes de falar.

Hugo fez cara de descontentamento, e como uma criança birrenta, usou de sua insistência mais irritante. Ele já havia repetido isso pelo menos umas quarenta vezes.

– Fala pra ela que eu agi por impulso, não devia ter feito aquilo! – ele se dirigia à Tabitha, que confusa, olhou para mim.

– Você escutou. – Ela deu de ombros. Como não respondi, ela arqueou a sobrancelha e indagou ao seu amigo linguarudo.

– Com “aquilo” você se refere ao beijo ou á traição? – Era a mesma pergunta que eu me fazia. Fiquei com vontade de rir quando olhei para Hugo, que estava muito corado.

Antes de responder, ele escorregou um pouco nas palavras.

– É... Beeem, assim... Eu quero me desculpar pelos dois. Eu não pensei nas consequências, só achei que era o certo. – A cada vez que ele repetia esta última frase infame, eu ficava mais enraivecida. Ele pensava no que era o certo para ele, e para mim? Quer dizer que era certo descumprir a promessa que tinha feito e ainda por cima me beijar contra a minha vontade? Eu não podia acreditar que estava ouvindo aquilo.

Pedi á Tabitha que se aproximasse, e cochichei em seu ouvido, mas em um tom que o faria escutar perfeitamente devido à elasticidade de seu pescoço curioso.

– Avisa para ele que quanto mais ele fala essas asneiras, mais longe do perdão ele fica. Vai ter que se esforçar muito para que eu volte a confiar nele, mesmo que seja do meu sangue.

Por via das dúvidas, ela se ajeitou de volta no banco para transmitir o recado. O garoto suspirou, derrotado.

– Tudo bem, eu escutei.

Um instante depois, a mediadora Tabitha lançou meio olhar para cada um e soltou um aviso discreto. – Espero que essa picuinha entre vocês acabe logo, não temos tempo para ficarmos guerreando entre nós. Vocês sabem disso. Você sabe.

Sim, eu mais do que ninguém, sei que serão dias difíceis.

***

O corredor parece se alongar quando estamos com pressa. Eu estava correndo contra o tempo para não perder Giovanna Trelawney de vista, que seguia também a passos rápidos no fim do corredor do segundo andar.

Meus cabelos estavam completamente bagunçados e em frente ao meu rosto, o que me faria tropeçar e cair a qualquer hora no soalho. Acredite, não seria um tombo bonito.

Quando finalmente a alcancei, lembrei-me de que não era seguro falarmos assim tão abertamente, por ela ainda ser um membro do Foop. Fiz sinal para ela me seguir assim que passei por ela, que por sorte estava sozinha. Ela assentiu discretamente, pois não muito longe vinha Arika aos trôpegos, com sua face doentia e extremamente cansada.

Estava aí, alguém que me causava muitas dúvidas.

Hogwarts se abrira para mim como um sonho conhecido, porém habitado por alunos que eu nunca tinha visto, alguns tímidos e outros populares, mas ninguém me chamou tanto a atenção quanto Arika, a monitora exemplar que desfilava seus sedosos cabelos loiros pelo Salão Principal, junto com o namorado cujo o nome não me recordava.

Ela se revelou uma grande decepção quando descobri que fazia parte do Foop, mesmo assim, não nutri qualquer espécie de antipatia gratuita por ela. Até o grupo tentar me matar. Várias vezes.

Passei a observá-la muito pouco, pois estive ocupada entre os afazeres da escola, o quadribol e escapando das armadilhas mortais, e por isso não percebi o quanto a garota vinha definhando nos últimos meses... pode ter relação com o que James me contara há algum tempo atrás, sobre tê-la visto conversando sozinha, usando palavras desconexas. A única certeza é que algo estaria acontecendo, e isso não era nada bom.

Poderia muito bem ser algo relacionado com essa ameaça que paira sobre minha cabeça, um herdeiro destinado a seguir os passos destruidores de Voldemort espalhando as trevas novamente pelo mundo bruxo. E aí está o meu papel na história toda, uma espécie de vingança. Quem melhor para ser o alvo que a filha do algoz de seu mestre, cujo nome aparecera no famoso livro heroico? Sim, eu não estava em uma boa situação, ainda mais agora, sem alguém que se antecipasse aos ataques como Alexander fazia.

E mais uma vez, o pensamento voltou ao sombrio Alexander Miller. Já se passaram dois dias e não há notícias dele, nem de sua captura, nem do seu sucesso na fuga. Isso me aliviou de certa forma, pois enquanto não houvesse comunicados fáticos, significava que ele ainda estava brincando de esconde-esconde com os aurores, e imagino que não esteja muito longe daqui. Ele precisa estar perto para voltar para a escola quando eu conseguir provar sua inocência, embora eu ainda não tenha nenhum indício determinante.

Mas eu não tive nenhum sinal, e entendo. Alex está ocupado demais tentando manter-se livre.

Havia uma sala de aula vazia, três portas adiante do local onde havia cruzado com a vidente. Deixei que ela me visse entrar e então esperei que ela viesse até o local.

Giovanna entrou um tanto receosa, como se esperasse mais um de meus olhares de desprezo, que foram rotineiramente lançados nos últimos dias, desde quando eu imaginava que ela tivesse me traído e passado para o lado daqueles que sonhavam com o ressurgimento do Lorde das Trevas através de seu herdeiro. Desfiz a expressão séria e a recebi de uma forma que a surpreendeu.

– Desculpa. É o mínimo que posso dizer depois de tudo. – Sua boca escancarou-se em um “o” perfeito.

– Oh, Lily, como você sabe que não traí sua confiança? Você parecia estar muito certa disso nos últimos dias. – Ela ponderou, e não pude deixar de dar razão á sua última frase.

– Eu acreditava mesmo que você tivesse passado para o lado do Foop, até descobrir que as coisas não aconteceram por sua vontade. Você estava sob o domínio de uma maldição imperdoável, o que eu imagino ser horrível. – Ela assentiu. – Depois que foi liberta, continuou no meio de todas aquelas cobras, agora para espionar.

Seu rosto mudou de semblante. Agora mais ameno e relaxado, Giovanna se permitiu esboçar um breve sorriso de concordância com o que eu havia dito. Em um acordo visual decidimos não mencionar o nome de Alexander, afinal, ele estava foragido, e em Hogwarts as paredes infelizmente não eram mudas... Isso me lembra que temos que ter cuidado.

Caminhei até a porta e abri de supetão, observei demoradamente os dois lados do corredor antes de voltar para a sala e verificar atrás dos dois armários do local. Só então, podíamos voltar tranquilamente ao assunto.

A vidente da Lufa-Lufa era a única capaz de me ajudar agora, já que meu elo com Hugo está estremecido, Alexander desaparecido, James recuperando-se e Tabitha completamente dividida entre eu e meu primo paspalho.

– Pelo menos agora a probabilidade ter alguém escutando está menor. Chequei tudo antes de qualquer coisa. Mas não podemos demorar muito aqui. – Esclareci minha conduta antes que ela pensasse que eu fosse algum tipo de paranoica incorrigível, mesmo que ela não fosse uma pessoa muito normal para levar isso em conta. Ela simplesmente assentiu.

– Sim, há muitas coisas que eu preciso lhe contar. Pelo menos essa história da traição está esclarecida, não estava mais suportando seus olhares carrancudos em minha direção sendo que estava apenas tentando te ajudar. Tudo bem, você não sabia. Vamos para a parte prática da história: o Foop está aliviado e enraivecido. Você ainda está viva, e por outro lado Alexander demonstrou fraqueza ao atacar o seu irmão e eles tiveram que improvisar para poder incriminá-lo no acidente que matou a Srta. Lovegood. As memórias do seu irmão foram de fato alteradas, caso contrário a farsa do assassinato que pesa nos ombros do Miller não duraria.

Fiquei um pouco pensativa. A vidente continuou.

– Depois que me libertei do feitiço que me controlava, continuei no grupo, o que foi crucial para a situação de hoje, já que o garoto que fugir e passaram a menosprezar Escórpio depois disso. Mesmo que se prove sua inocência, acho que ele sempre será perseguido por lá. E o cerco está se apertando Lily, cada vez mais eles invocam e concentram magia negra para fortalecer o legado do Lorde das Trevas. Você já deve saber, Voldemort morreu sem um herdeiro legítimo, então elegeu um em meio ás sombras da sua morte, este que pretende assolar o mundo bruxo de forma mais excruciante que o próprio lendário bruxo. É algo de dar medo. Há alguns dias tivemos uma sessão com um quadro horripilante com a figura dele em sua pior forma, como se estivesse entrando em contato com sua seita em tempo real, e eu não sei como isso pode ser possível. De algum modo, eles conseguiram invocar o fantasma do bruxo.

Isso me fez sobressaltar. Então Giovanna presenciou as artimanhas mais confidenciais do Foop, e a experiência parece ter sido assustadora, pela expressão que ela fazia ao narrar o que tinha acontecido na tal reunião. Visivelmente a garota se esforçava para lembrar e falar com toda a perícia, mesmo que isso não fosse tão saudável para sua sanidade.

– Tive que esconder minha surpresa enquanto o quadro discursava, e não foi muito fácil. Ele não falava á ninguém especial, apenas inflamava o espírito malévolo do grupo em geral, que ficava mais extasiado a cada palavra dele, e por fim, prometeu uma preciosa ajuda.

– O que seria? – Perguntei assim que ela parou.

– Eu não sei, o Voldemort do quadro não disse nada a mais do que isso. Quando a moldura foi posta para dormir, pendurada na parede ao contrário e seu avesso mostrando uma foto do campo de quadribol durante uma partida, imediatamente Kirche virou-se para mim e exigiu que eu recitasse uma visão. – Ela engoliu seco. A sobrinha neta de Sibila Trelawney sempre pareceu gostar do dom de se antecipar aos acontecimentos por meio de visualizações proféticas, e dessa vez ela demonstrou que na verdade, esse era o grande fardo que ela carregava.

Fiquei em expectativa esperando que ela prosseguisse, mas Giovanna simplesmente não disse nada, parecia puxar de sua mente cada mínimo detalhe que poderia passar despercebido e que fizesse grande diferença depois. Ela estava um pouco pálida, notei por último.

– Você está bem? Poderíamos terminar essa conversa depois, mas acho que não teremos muitas oportunidades no futuro.

– Não, eu estou bem. Só estava me lembrando do que exatamente disse a eles, porque na verdade, eu não tive visão nenhuma sobre a tal ascensão do “Lorde das Trevas”. Até visões falsas consomem muita energia, tenho que me esforçar para inventar... Então, eu disse que em breve as trevas ressurgiriam e o Foop teria força para governar, primeiramente em Hogwarts. Disse ainda que a ajuda que Voldemort havia mencionado se referia a algo além dos portões da escola. E eles fizeram expressões satisfeitas, até porque eu estava confirmando o desejo insano deles, e decidi não falar nada mais.

Ela teve que mentir para continuar no grupo, isso para me ajudar. E pensar que cheguei a ter ódio da Srta. Trelawney, da Lufa-Lufa... Ela me ajudaria sempre, se não por mim, seria por James. Isso me fez lembrar que não havia o visto ainda hoje, e não teria tempo para vê-lo se não fosse agora.

– Obrigada por tudo. Preciso ver como meu irmão está... Ele não tem parecido muito com ele mesmo depois do incidente, está mais calado, pensativo, e com um semblante sempre confuso.

– São as memórias afetadas Lily, eu percebi isso também. Eu voltei mais tarde na enfermaria aquele dia em que nos confrontamos e tentei falar com ele, mas sua confusão mental estava imensa... Depois, não tive oportunidade. Cuide dele por mim.

Ela realmente gostava dele.

Bati as mãos nas minhas vestes e levantei de uma vez, o que me fez ficar um pouco tonta. Amparei ambas as mãos na mesa e um segundo depois estava recuperada do acesso de fraqueza, aquilo que eu não me permitia ter. Giovanna sorriu fracamente e levantou também, entendendo que eu estava bem.

– Hora de ir. Fico feliz que voltamos a ser amigas. – ela disse.

– Você nunca deixou de ser minha amiga, eu que te julguei sem antes saber o que estava acontecendo. – Eu suspirei, sentindo a culpa pesar por ter sido precipitada.

– Não, no seu lugar acho que eu faria muito pior. Eu entendo, mesmo. Dá aqui um abraço, cunhadinha! – Sim, ela voltou a ser a mesma de sempre, e isso me deixou feliz. Eu gargalhei, gostaria mesmo que ela fosse minha cunhada, um dia.

– Saia primeiro, eu espero. – E ela desapareceu pelo batente da porta.

Vesti minha capa da invisibilidade, que carregava sempre na mochila agora. Fui andando vagarosamente pelo corredor para não correr riscos de ser descoberta, há essa altura, o mínimo cuidado era extremamente necessário. Enquanto andava, tentava decifrar onde James estaria neste horário para que eu pudesse encontrá-lo, e por falta de palpite melhor, fui para a torre da Grifinória.

Nada.

Vasculhei a sala comunal a ala dos dormitórios masculinos e os banheiros sociais e nada de achar o garoto. Na verdade, a sala estava vazia, estando apenas o gatinho que eu pensei em adotar como mascote, já que não tinha dono. Seria como o Bichento de tia Hermione, em seus tempos de Hogwarts.

Não me demorei muito por lá. Sei que James ele não estava em aula, então talvez estivesse no lado exterior do castelo. Quadribol, era isso. Ele não deixou de ser capitão mesmo depois do assassinato, e o nosso time precisava de muitos ajustes. Era preciso trabalhar.

O avistei sentado em um dos bancos do jardim, olhando para o estádio que se estendia ao longe. Sem pedir permissão, sentei-me ao seu lado. James sequer olhou, quando normalmente ele ralharia comigo por estar invadindo seu “espaço vital”... Está muito mudado, nem brincadeiras idiotas o vi fazendo nos últimos dias.

– Estou com vontade de jogar. Demos uma parada nos treinos, sendo que precisamos treinar, muito. O pai era um exímio jogador, não podemos fazer feio.

– Como andamos fazendo? – eu disse em tom descontraído, mas ele não pareceu achar graça.

Ele abaixou a cabeça.

– A culpa é minha, sou um péssimo capitão. Você se sairia muito melhor do que eu...

– Para com isso James, onde foi parar sua autoestima? Você só precisa aprender a liderar de forma mais organizada, e sim, eu posso te ajudar com isso. Mas o posto ainda é seu.

– É, eu vou trabalhar nisso.

– Em outros tempos você nunca diria isso. Brigaria comigo dizendo que o cargo era seu e que faria o que bem entendesse. Logo depois inventaria uma piadinha idiota para me ridicularizar. O que você fez com meu irmão? – eu ri.

James sorriu discretamente enquanto a nuvem confusa tomava seus olhos de novo.

– Depois do que aconteceu eu me sinto estranho. Continuo o mesmo, mas tenho poupado a energia das minhas brincadeiras para tentar me concentrar em algo que eu não sei o que é. Na minha cabeça, parece que tem algo faltando, alguma coisa que eu devesse me lembrar mas por algum motivo não consigo. Eu me sinto culpado também pela Anna, eu provoquei a briga, ela não teria morrido caso eu tivesse ficado quieto. – Ele estava triste, a incapacidade de encaixar os acontecimentos o transtornava, além da morte da garota.

– Você já imaginou a possibilidade de suas memórias terem sido alteradas? – Só fui perceber o que tinha dito depois que falei. Nunca fui uma pessoa impulsiva, mas meus nervos estavam descontrolados nos últimos tempos.

– E quem e por que faria isso? Tudo bem, eu acho que tem algo importante nessa história toda que acabei esquecendo, e isso que você disse explicaria. Mas não sei se pode ser verdade.

Eu queria dizer: “Sim, foi isso que aconteceu. Já estou sabendo que alteraram sua memória, para incriminar o Alexander.” Mas eu não disse nada. Qualquer coisa poderia colocá-lo em perigo, ainda mais agora com essa memória lhe faltando... Meu irmão ficaria fora disso enquanto eu pudesse mantê-lo afastado.

Se ao menos eu pudesse descobrir algum contrafeitiço... Alexander provavelmente saberia algo que se pudesse fazer, vivia lendo livros de feitiço, em especial os da seção reservada, e ainda era um autodidata em matéria de magia. Isso provaria sua inocência, mas agora não se sabe onde ele está.

– Nós daremos um jeito nisso, você vai acabar se recordando. – Lembrei que tinha aula, e não poderia me atrasar. – Tenho que ir maninho. Não esqueça o caminho das suas aulas.

Ele rolou os olhos. – Se toca Lily! Infelizmente não me esqueci disso.

A cara de desgosto que James fez foi realmente verdadeira. Eu dei uma risada baixa e saí com minha pesada mochila pendendo nas costas, a atravessar o imenso castelo até a intragável aula de Defesa contra as artes das trevas.

Entrei seguida pelo insuportável Córmaco McLággen. Não importa quanto tempo passe, sempre irei odiar sua arrogância e falta de senso do ridículo, fora sua incrível inabilidade como professor, mas... Eu não tinha escolha a não ser assistir sua “aula”.

Keira Grove, da Corvinal, ergueu as mãos.

– Pensei que estivesse em busca do garoto assassino, professor.

Levantei a sobrancelha, isso estava ficando interessante. Córmaco endireitou-se e franziu o cenho, estreitando os olhos para a garota corajosa que ousou indagá-lo.

– Eu estava, mas fui convocado pelo diretor Longbottom para retomar meu posto, afinal, é injusto com vocês deixá-los sem a minha maravilhosa aula. Ainda há aurores procurando por ele, e mais foram requisitados para ajudar na busca. – Ele repreendeu-a com o olhar, e o mais legal, ela não se intimidou.

– Eu acho que o Senhor não teve sucesso em capturá-lo, até porque isso não era sua função, e então o Sr. Neville pediu que retornasse ao seu real posto. – Seu rosto foi ficando gradativamente vermelho ao ponto em que parecesse estar prendendo ar nos pulmões, tamanha era sua raiva.

– Menos cinco pontos para a Corvinal. - A garota não se importou, apenas deu de ombros e passou a ler seu livro despreocupadamente.

Eu sorri atrasada, baixinho, o que foi péssimo, já que o professor virou em minha direção no exato momento.

– Achou engraçada a insolência da Srta. Grove, Potter? – ela me olhava inquisitivamente, me desafiando a confrontá-lo.

A vontade de despejar todo o asco que sentia por ele era enorme. Eu pensei nas consequências e na satisfação que teria em ver o Sr. Mc Lággen fervendo de raiva, mas antes que pudesse me decidir, fui salva pelo gongo. Prima Victoire apareceu na porta, que por sinal estava aberta.

– Gostaria que a Srta. Potter viesse comigo. – Levantei-me para acompanha-la.

– Deve ter aprontado algo antes da aula, certamente. – Ele parecia muito satisfeito, enquanto eu estava absurdamente tranquila.

Fiquei surpresa e muito feliz quando, inesperadamente, atrás de Victoire apareceu ninguém menos que meu pai. Corri para junto dele enquanto escutava um rugido ás minhas costas.

– Harry Potter!

Ele estava descontente, e eu, satisfeita. Percebi naquele instante que o meu odiado professor nutria algum sentimento invejoso por meu pai, e talvez isso seja em causa de admiração em excesso... acontece ás vezes.

– Olá Córmaco. – Papai disse e me soltou no chão. Quando nos preparávamos para deixar que a aula transcorresse, o intragável voltou a falar, em seu tom de voz esganiçado.

– O que veio fazer a Hogwarts de novo? Esteve aqui esses dias. – Ele estava com os braços cruzados e com o queixo levantado, como se assim quisesse passar a figura de um ser superior.

Harry ajeitou os ombros e disse:

– Não que seja da sua conta, mas dias atrás eu vim para ver meu filho. Agora estou aqui á trabalho, já que o tal fugitivo não foi encontrado por sua equipe. – Sua voz parecia casual, mas o Sr. McLággen não achou isso. Demonstrou estar profundamente ofendido, pela cara que fez.

Engoliu algumas palavras baixas antes de dizer:

– Também, pudera, não sou mais um errante. Não é meu trabalho. – Ele mantinha o queixo levantado, aquela criatura não abaixaria a crista nunca.

– Sim, concordo. Só não sei porque insistiu em realizá-lo então. Adeus.

E em meio á gritos zombadores dos alunos que ficaram, nós deslizamos porta afora da balbúrdia. Andamos por um tempo até chegar á sala da diretoria, onde fui convidada a entrar junto com meu pai. Ele e Neville se abraçaram como os velhos amigos que eram, e eu desejei naquele momento tê-los visto enquanto ainda estudavam na escola.

– Muito bom te ver de novo! – Harry exclamou.

– Igualmente. Tive que te trazer de volta Harry, o garoto estava nas dependências da escola e escapou por entre nossos dedos. Não conseguirei manter o assassinato dentro dos muros de Hogwarts por muito tempo. – o Diretor Neville estava visivelmente cansado.

Sentei-me em desconforto na cadeira ao lado do meu pai, já que minha vontade era contar tudo o que sabia para inocentar Alexander, contudo, não podia provar, então não adiantaria muita coisa. Aliás, as provas estavam escassas demais, eu não tinha muitos meios de conseguir.

– Fique tranquilo, trouxe uma equipe que irá encontrá-lo, como toda a certeza. Não deve ter ido longe, e precisamos resolver a situação logo. Caso ele seja mesmo o culpado, deve ser punido por isso.

Impressão minha ou meu pai deu á Alex o benefício da dúvida? Fiquei feliz com isso, me fez admirar ainda mais a figura do justo Harry Potter. Sorri involuntariamente, o que o fez olhar desconfiado. Meneei a cabeça, como quem diz: “nada de importante”, mas antes de falarem mais alguma coisa, me vi dizendo sobre o estado de James.

– Meu irmão vem me dizendo que tem a impressão de que aconteceu algo naquela noite, uma coisa de que ele não consegue se lembrar. Isso me fez pensar que seria algo importante para desvendar o caso. Acham que há algo a fazer? Digo, para ajudá-lo a se recordar? – Eles pararam para pensar. O diretor olhou-me interrogativamente, e depois assentiu com qualquer pensamento que lhe houvesse tomado o cérebro.

– Podemos investigar isso. Se há informações desconhecidas, precisamos saber. Mas a primeira providência é encontrar Alexander Miller.

Meu pai olhou-me diretamente nos olhos.

– Cuide do seu irmão por mim, voltarei ao castelo dentro de, no máximo, três dias, tempo em que vasculharemos as redondezas de Hogsmeade. Agora preciso conversar com Neville a sós. – E então me abraçou.

Saí em direção aos corredores um tanto mais tranquila, como não me sentia há um tempo considerável. Andei desconsertadamente e sem nenhuma pressa, quando me deparo, no fim do corredor, com Hugo e Tabitha completamente suados e ofegantes.

Hugo gritou. – Eu achei!

Rolei os olhos em discordância a mais uma de suas maluquices, ainda com raiva por seus últimos comportamentos. Respirei fundo e não lhe dirigi o olhar, e voltei-me para Tabitha.

– O que foi dessa vez? Acho que não tem mais nada para ele delatar.

Antes que ela respondesse, Hugo se interpôs e me puxou para o canto, ao passo que fomos seguidos pela garota da Corvinal. Foi quando sussurrou num só fôlego:

– Descobri o contrafeitiço para fazer James se lembrar do ataque que matou a Anna Lovegood. Alexander será inocentado. Vai me perdoar agora?

Sorri de orelha á orelha, com certeza foi a melhor notícia do dia.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Legado de Lily Potter" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.