Liliam Stark ; O Começo De Uma Era escrita por LadyStormborn


Capítulo 12
Valley Of The Dolls


Notas iniciais do capítulo

Meu Deus, quanto tempo faz dês da ultima vez que postei? Algumas devem até se esquecido da historia. Mas aqui esta eu, renascendo das cinzas. Bem, queria me desculpar mesmo pela demora, não foi nada justo com vocês. Desculpe.
Agora devo anunciar que os capítulos serão postados duas vezes por mês, toda terça-feira. Anota ai!
Agora, espero que gostem do capitulo e por favor leiam ao som de: https://www.youtube.com/watch?v=mzcew5At6Ag&spfreload=10



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No vale das bonecas nós dormimos
Tem um buraco dentro de mim

Nascido com um vazio difícil de destruir
Com amor ou esperança
Construído com um coração, quebrado desde o início
E agora estou morrendo lentamente

A brisa fina de Malibu fazia com que os pequenos sinos em sua porta cintilassem um no outro, causando uma doce melodia. Liliam se concentrava em seus sinos, em formatos de lírios, preso na porta de seu quarto cor de rosa e ficava encantada com algo tão simples e bonito. As vezes ela queria ser tão leve quanto o vento, não se sentiria tão cheia de tudo o tempo todo.

A mãe da garota esticava seus cílios o máximo que podia, os deixando tão grandes que quando a filha piscava parecia uma boneca de porcelana. As vezes era dessa maneira que Maria tratava Liliam, como uma boneca; manipulável, bonita e que podia criar um mundo todo para ela que estaria perfeito.

Ela não sabia que Liliam tinha um buraco no coração que apenas crescia, um buraco que era alimentado a cada vez que Maria só ligava para sua aparência, crescia com o pai apenas se importando com suas habilidades de lutas, por saudade do irmão... Buraco que Liliam escondia muito bem quando colocava seu doce sorriso em seu rosto.

– Não podemos ficar? - Perguntou Liliam vendo que a mãe já tinha terminado a maquiagem. Olhando-se no espelho e viu que aquilo poderia ser considerado bonito... Porém não a deixava mais animada para ir. - Comeríamos uma pizza e assistiríamos a algum filme ruim.

– Não é você que reclama de sempre estar presa? - Perguntou a mãe consertando alguns cachos rebeldes.

– Odeio ir a essas festas. - Confessou a garota quase em um sussurro. - As pessoas só me veem como filha do Howard... Não é divertido ficar no meio de pessoas que não sabem seu nome.

– Por que não fica com a Clara e as outras garotas? - Perguntou Maria surpresa por Liliam não gostar dessas festas. A vida inteira o sonho de Maria tinha sido estar naquele mundo de ricos, onde tudo parecia melhor, sem problemas e lindo... Sua filha nasceu naquele meio, sendo uma das herdeiras mais rica do país. Porém estava mais do que estampado nos olhos de Liliam que ela rejeitaria toda a noite por uma pizza em casa.

– Eu as odeio! - Franziu Liliam. - Tudo que conseguem falar é sobre com quem se casarão, a vida perfeita que vão ter quando Tony bater na porta delas e pedi-las em casamento... Como se precisassem se casar para serem feliz.

– Não concorda? - Maria parou de mexer no cabelo da filha, esperando curiosa pela resposta.

– Não que eu não queira me casar... Mas não me importo com esses assuntos fúteis, principalmente quando tudo que sabem falar é sobre unhas, cabelo e Tony Stark! - Exclamou erguendo as suas sobrancelhas. - Tudo é sobre Tony.

Aquele baile era sobre Tony. Uma parte dela se sentia orgulhosa do irmão, graduou-se na faculdade, é um gênio da tecnologia. Ela ficava feliz por ele, afinal era seu irmão, tudo que o deixava feliz a deixaria também. Mas outra estava o mais triste possível. Tony tinha se tornado bem diferente da criança que Liliam confiou na infância. Sua conquista fez que despertasse a inveja na irmã, coisa que nunca teve quando se tratava dele. Liliam costumava acreditar que seria os dois contra o mundo. Então enfureceu-se ao perceber que ele se entregou para as bebidas, mulheres, dinheiro... Ele virou também parte do mundo.

– Não tenha raiva dele, Liliam. - Pediu a Sra. Stark entristecendo-se com as palavras da filha, ela nunca quis que os irmãos vivessem em pé de guerra.

– Sim, eu posso ter! - Exclamou irritada. - Ele voltou a Malibu e sabe quantas vezes veio me visitar? Ou se importou comigo? Parece que só atraio sua atenção quando estou com Mark e ainda ele nem me escuta! - Liliam bufou. - Tony costumava ser bem melhor antes de ir pra aquela escola especial.

Maria engoliu seco diante daquela acusação. A culpa começou a atingir Maria dês da volta de Tony, ele a fez lembrar os erros que estão cometendo com os filhos. Tony, foi para um internato e depois para a faculdade sem ter a mínima vontade de voltar para a casa, e ela o entendia. Por que iria querer voltar para um lar cuja os pais o mandaram para um internato sem necessidade?

Outro erro era Liliam. Como a garota pode continuar vivendo desse jeito? Ela não tem amigos, não sai de casa, tem aulas todos os dias da semana, sem nenhuma folga. E o pior; é completamente ignorada pelo pai. Howard se sentia culpado por alguma coisa, Maria percebia toda vez que ele a olhava. Mas o que era, bem, só sua mente brilhante sabe.

– Mãe! - Gritou Liliam agarrado a mão da monarca por cima de seu ombro. - Howard... - Fechou os olhos e se corrigiu. - Meu pai está nos chamando.

Maria piscou algumas vezes até finalmente despertar de seus pensamentos. Liliam se levantou e rodopiou na frente da mãe para que ela confirmasse que está tudo O.K.

– Você já está com corpo de mulher. - Comentou com seus olhos brilhando de orgulho.

Ela então olhou em volta, todas as bonecas que tinha colecionado para a filha e que nunca tinha brincado. Maria teve que entender que Liliam gostava de brincadeiras de garoto, sempre gostou.

– Acho que está na hora de trocar a decoração. - Comentou entortando o nariz.

Lily sorriu como resposta e o alivio a tomou por não ter que pedir isso a ela. As duas foram juntas até o primeiro andar, onde um Howard furioso as esperavas.

– Tanto atraso para que? - Perguntou olhando as mulheres dos pés à cabeça. - Não vi nenhuma diferença para terem demorado tanto.

Maria não se importou nenhum um pouco com a grosseria do marido, mas ela percebeu a reação da filha. Liliam ficou furiosa por Howard sequer a elogiar por estar indo a uma festa que não queria ir. Como sempre foi um completo grosseiro.

Ela então ficou emburrada a viagem toda, respondendo apenas a mãe quando insistia em uma pergunta. Até que aquilo irritou o pai.

– Pelo amor de Deus, Liliam! Será que é difícil colocar um sorriso nesse seu rosto?! - Pediu seu pai rudemente, envaidecido com a rebeldia da garota em continuar com aquela expressão de que iria ao um enterro.

– Sim, é. - Respondeu naquele tom debochado que só o enlouquecia mais. A morena parou de encarar o vidro para poder ter o prazer de desafiar o pai ao dizer - Por que não me deixou em casa já que está tão incomodado, Howard?

– Ora sua...

– Chega! - Ordenou Maria olhando para os dois repressiva. Toda vez, a mesma história... - Liliam entrará naquele baile com um sorriso nos lábios não porque está sendo obrigada, mas sim porque veio prestigiar seu irmão.

Liliam olhou os calmos olhos da mulher, e não teve como discordar da mãe. Admitindo ou não, Líliam orgulhava-se de Tony . Então prometeu que deixaria os sentimentos negativos de lado e só fingiria estar feliz por ele.

Quando chegaram as indústrias Stark ela se encantou com a decoração. Na Califórnia eles davam as melhores festas, usavam as melhores roupas e dirigiam os melhores carros. Mas tudo servia para criar um mundo de ostentação onde o vazio de suas vidas podia ser preenchido com seus dinheiros. Era por isso que faziam muitas festas.

– Howard! - Exclamou um dos amigos dele assim que avistou a família Stark entrar. O homem era corpulento e cheio de papa debaixo do queixo, ainda sim estava acompanhada de uma linda garota. - Deve estar tão orgulhoso - ele apertou a mão do companheiro. - Tony sempre foi uma promessa, ele será a estrela mais brilhante no reino das armas.

– Eu sei. - Stark respondeu enchendo o peito. - O garoto puxou ao pai.

– Essa é sua filha? - Perguntou a mulher que acompanhava o tal amigo. - Como ela é linda!

Liliam ruborizou com o elogio da mulher. Não era acostumada a ter algum destaque quando o assunto é Tony. Porém aquela mulher prestou bastante atenção na caçula. Aqueles traços de boneca em suas feições, grandes olhos castanhos e lábios finos, uma beleza inocente que chegava a ser infantil. Muitas garotas ali tinham belos rostos, mas a personalidade era uma perfeita golpistas, prontas para laçar os jovens solteiros ricos e viver a vida de seus sonhos. Assim como a mulher fez.

Só que quando a olhou, percebeu que Liliam não era como mais uma das garotas que conheceu.

– Ela é uma boneca. - Elogiou o homem pegando a mão da garota e beijando-a. - Terá trabalho com essa aqui, em Howard? Bonita do jeito que é aposto que já tem namorado.

O coração da Stark caçula batucou. Ela não tinha comentado sobre Mark com o pai, eles queriam assumir o namoro quando tivessem a certeza que queriam estar juntos. Liliam gostava dele, porém sabia que seu pai nunca aprovaria.

Maria não se conteve e teve que gargalhar um pouco, pois o semblante de Howard nunca tinha ficado tão vermelho.

– Ela é muito nova. - Howard a olhou com desconfiança, a filha pareceu tremula com o comentário.

– Eu vou beber alguma coisa. - Disse Lily querendo sair o mais depressa dali. Não precisava que seu pai se irritasse naquele dia.

Ela observou todos os rostos dali e percebeu que Anthony não havia chegado. Ótimo, atrasado pra própria festa! Pensou Liliam.

Ela foi até a mesa de bebidas e pegou um suco de goiaba, seu favorito. Enquanto bebia olhou para tudo aquilo e pensou no quanto sentia falta de Grace. Aquela ruiva louca era a única esperança que Lily sobrevivesse a noite como aquelas. Ela era tão boa em se divertir que fazia Liliam se divertir, principalmente quando falam mal das patricinhas do grupo de Clara.

Perto de Liliam, que se distraia com o canudo, um grupo de garotas ricas a observava. O tão odiado grupo de Clara, composto pelas herdeiras mais ricas do país.

– Então quer dizer que ela está sozinha hoje? - Perguntou Clara ao seu grupo.

Todos os olhares se direcionaram a Stark e suas blindadas mentes não imaginaram que ela estava escutando.

– Grace viajou com o pai e todas sabemos que ela é a boneca de porcelana da família.

– Do que adianta ser a mais ricas do que nós e viver trancada?

– Tenho pena dela.

– Eu não... - Respondeu Clara. - Ela se acha! Pensa que é melhor que a gente. Talvez a solidão a ensine que não dá para selecionar amizades, não se não quer viver sozinha.

O problema era a solidão, sempre foi a solidão. Esse medo começou a crescer em Liliam gradativamente, virou um fantasma que a assombra em todos os lugares. Não se concentra nas aulas, sempre mostra desinteresse tudo. Era fácil encontra-la na varanda, ou na escada, no seu quarto, chorando silenciosamente. Aquele seria o pior dos piores medos, mudaria Liliam de forma brutal. Era injusto que alguém tenha uma vida solitária quando o irmão tem a mais brilhantes das vidas.

Tony não era melhor do que ela, não deveria ser tão feliz enquanto ela e tão triste.

Naquele tempo Liliam ainda não podia controlar seu choro e seu desejo que tudo aquilo acabasse! Que ela morresse pra conhecer algo que não seja aquela vida.

Seus tristes olhos se levantaram e então visualizou alguém que a fez esquecer os comentários maldosos. Mark entrou no salão, acompanhado de seus pais, e seus olhares se encontraram. Ela se virou para que ninguém visse a troca de olhares, nunca assumiria o romance em público! Principalmente numa fábrica de armas.

– Você nem disfarça que está me olhando. - Aquela voz aveludada soprou em seu ouvido, fazendo-a esquecer por alguns instantes como se respira.

Também esqueceu o que pensou a instantes atrás que ele não podia toca-la naquela noite.

– Assim como você também não. - Respondeu tentando parecer confiante, mas ainda sim dedurou que estava feliz. Liliam tinha medo que ele passasse que está caindo de amores por ele muito fácil.

Mas quem está querendo enganar? Estava mais do que na cara que estava apaixonada. Seu corpo incendeia cada vez que o olha, uma chama que chega a ser sufocante, as vezes chega a duvidar que ainda possa falar quando ele sorri. O modo como olhava pra ela, escutando cada palavra idiota que saia da sua boca, como mexia em seu cabelo... A forma como mesmo quando não falam nada e compreendem o que o outro deseja.

Liliam abriu a porta do seu coração e não se lembra de como fechar.

– Venha... - Ele a rodou pelo braço e começou a conduzi-la até a pista de dança. - Sei que ama dançar.

O plano de não revelar a todos estava indo água abaixo. O modo como sorria pra ele, como conversavam, seus olhos brilhantes... Não tinha como esconder. Por mais que uma voz no interior da garota lhe sussurrasse que ela iria se machucar as emoções silenciavam sua razão, Mark poderia ser a liberdade que tanto sonhou. Ele poderia ser o príncipe que a libertaria de seu calabouço eterno de tristeza.

– Seu irmão chegou. - Comentou Mark apontando com a cabeça.

Anthony estava abraçando o pai, e Liliam percebeu que ele trouxera uma acompanhante platinada pra festa. Uma loira, provavelmente modelo, que fez com que Liliam desejasse ser ela. Odiava o modo como todos pensavam que era uma eterna boneca, uma coisa frágil, e aquela mulher representava totalmente o contrário. A elite poderia considerar suas roupas inadequadas, um vestido que chegava até a altura de suas coxas, porém Liliam ficou encantada. Aquilo poderia ser ousado e sexy, vulgar com toda certeza, mas era muito melhor do que ser olhada por todos como algo a ser comprado e manipulado; uma barbie. Liliam tinha certeza que a mulher não estava fingindo ser santa para conseguir se casar, muito menos estava afim de se preocupar com a finanças do seu companheiro. Ela poderia ser a prostituta que quisesse e ainda seria bem melhor do que fingir.

– Pronto, agora podem parar de olhar pra nós. - Liliam segurou a mão de Mark forte, querendo saber se ele quando a olhava conseguia deseja-la da mesma maneira como os homens dali desejavam a acompanhante de Anthony.

– Você não gosta muito dele, né? - Percebeu o namorado pelo estado raivoso da Stark.

– Não gosto da versão babaca que ele se tornou. - Explicou. - Ele costumava ser bem menos idiota.

Juntos os dois riram enquanto Mark a rodopiava.

– Quem é idiota? - Perguntou o próprio Anthony interrompendo a dança dos dois.

Liliam se calou e Mark teve que falar por ela:

– Um primo meu, senhor Stark.

Tony o fuzilou com o olhar, nada o faria gostar dele.

– Posso ter a honra de dançar com minha irmã? - Perguntou o Stark com um sorriso falso nos lábios.

– Claro! - Mark saiu da pista de dança, mas sem antes perceber Liliam matar o irmão com os olhos.

– Arranjou tempo pra mim, Anthony? - perguntou irônica.

– É o meu papel proteger irmãs de idiotas. - Tony a rodopiou e quando voltou um sorriso sarcástico estava em seu rosto.

– Não preciso de sua proteção. - Respondeu raivosa. - Não sou mais uma criança que ficará feliz porque fez algo por mim.

– Nossa! Fico fora a algum tempo e quando volto tenho uma imitação da Ravena. - Disse fazendo menção ao humor da personagem de Jovens Titãs.

– Por que não vai curtir sua festa e me deixa em paz? Já faz isso no normal.

– Enquanto estiver com esse garoto eu nunca a deixarei em paz. - Avisou sussurrando em seu ouvido, soando como uma ameaça.

– Peço que minha família suba ao palco para podemos brindar esse dia. - Declarou Howard em cima do palco no microfone.

Tony e Liliam se encaram de forma assassina, se pudessem brigariam ali mesmo. Mas só puderam dar um bom sorriso falso e subiram juntos ao palco onde Maria e Howard os esperava.

Tony recebeu um beijo da mãe antes de ir perto do pai onde Howard começou a discursar.

– Mesmo pequeno, Tony sempre foi um bisbilhoteiro. - Todos riram do comentário, inclusive Liliam que gostou do pai ter dito aquilo. - Vivia mexendo nas maquetes e nas minhas armas, sempre tinha que receber um puxão de orelha pra aprender.

– Acho que não aprendi até hoje. - Interrompeu Tony trazendo mais gargalhadas ao salão.

– Fique quieto, garoto! Como eu ia dizendo, Tony bisbilhotava tudo, mas desde criança tinha uma mente como ninguém, mente que nenhum Stark é capaz de ter.

Liliam começou a se sentir ofendida com a valorização que o pai dava a Anthony.

– Sempre soube que ele era o que orgulharia mais dentre meus filhos.

Tony olhou para a irmã com preocupação. Ele sabia que era mais que atuação a do pai, e não ligava fingir que era verdade. Mas dizer aquilo não afetaria só ele como também a outra Stark, e Tony sabia que as palavras do pai tinham efeito em Lily.

– Sei que ele é quem irá continuar o legado Stark, quem honrara nosso sobrenome e ajudará o mundo a ser um lugar melhor.

Liliam se sentia altamente humilhada, como nunca sentiu hoje. Mas continuou no palco, entorpecida e se sentindo como um saco de pancadas.

– Meu filho. - Howard bateu nas costas do filho. - Lembre-se que você sempre será meu único orgulho.

Howard não percebeu o quanto cada palavra machucou sua filha mais nova, de maneiras desastrosas. Como admitir a todos naquele salão que Liliam era um fracasso? Uma vergonha comparada ao grandioso Tony Stark!

Maria ficou estática no palco, não tinha reação. Ela não acreditou que aquelas palavras puderam sair de Howard, até os elogios ao filho. Ele conseguiu! Conseguiu magoar Liliam da maneira que queria! Todos olharam para Liliam, que estava catatônica e apenas sentindo as lagrimas molhar seu rosto.

– Liliam, venha! - Maria agarrou o braço da filha e começou a puxa-la para fora do salão.

Dane-se os paparazzi e os convidados, aquela seria a última vez que deixaria Howard machucar sua filha.

– Mãe! - Gritou Tony as acalcando no estacionamento, onde Maria já destravou seu carro para sair dali o mais depressa.

– Liliam entre no carro. - Mandou a mãe em um tom que nunca usou antes. Liliam nem se atreveu a questionar e entrou logo no carro.

– Me deixe falar com ela. - Pediu o irmão vendo sua irmã chorar no automóvel.

– Não perca tempo com isso. - Pediu a mãe um pouco mais emancipada. - Curte sua festa, eu cuido dela.

– Diga que não pedi para Howard fazer aquilo, ainda me importo com ela, assim como era quando crianças. – Liliam escutando dentro do carro sorriu, seu irmão ainda estava ali.

– Eu sei que não. E isso o torna bem diferente de seu pai. - A mãe sorriu pra ele e o beijou na testa. - Parabéns pela graduação, estou orgulhosa.

Maria deixou o parado lá e entrou no carro. Disposta a deixar toda a festa que sonhou quando adolescente pra trás.



[...]

Maria levou Liliam a uma praia bem calma e longe da indústria, naquela hora a lua já prendia no céu, mas o pôr do sol ainda ganhava cor e apenas o barulho do mar ecoava.

– Por que vamos parar aqui? – Lily perguntou receosa olhando estranhamente para a mãe. A família morou uma vida toda numa praia e nunca chegaram a ir à praia, nenhuma vez. A Stark gostava de escutar os barulhos das ondas e o som das aves de manhã, contanto a areia e a agua salgada nunca lhe parecia atraente.

– Sabe o que eu reparei? – Maria retirou os saltos e os arremessou na areia. – Que vivemos tanto tempo aqui e nunca chegamos a ir para a praia.

A mulher se sentou, respirando o ar fresco que o mar parecia trazer, a doce brisa de verão. Era diferente do ar do campo de Texas, que cheirava a terra e cavalos, cheiro que conviveu durante sua vida toda. Ela olhou para a filha, acanhada e sem saber direito como se sentar no chão da praia sem sujar seu vestido, Maria sorriu, pois foi exatamente uma regra que a mãe impôs a ela: nunca suje seu vestido. “Ele é o meu único orgulho”, disse Howard naquela tarde. Tão estupidamente, pois nunca soube valorizar o amor e respeito que Liliam tem por eles.

No fundo, Maria admitiu que nem ela também.

– Vem aqui. – A mãe chamou a filha, abrindo seus braços.

Liliam estranhou no começo, dês dos quatro anos que não se sentava no colo da mãe. Mas aquele momento ela não queria recusar um bom carinho, principalmente vindo de sua mãe. Ela fechou os olhos e pousou a cabeça no ombro da mulher, algumas lágrimas escaparam ao se lembrar de como o pai tinha sido, seu coração machucado apertava em seu peito dolorosamente.

– Minha menininha. – Sussurrou no ouvido de Liliam enquanto acariciava seu cabelo. – Eu sei exatamente como se sente, queria eu poder apagar tudo aquilo. Talvez a ideia da pizza não fosse tão má.

Liliam sorriu a contra gosto, a tarde seria bem mais aproveitava se tivessem seguido o plano de dela.

– Sabe o que toda a mãe quer fazer quando um filho chora? – Perguntou beijando a bochecha rosada e molhada dela. – Ela quer ter poderes de arrancar a dor do peito do filho e transferir todinha pra ela, não importa o quanto seja. Mas não dá, senão já teria feito isso a muito tempo. O que ele disse não é verdade, não para mim. Anthony e você são o maior orgulho que eu poderei ter na vida. São a felicidade que eu sempre busquei.

Ela se agarrou mais na mãe, com mais lágrimas rompendo daqueles doces olhos.

– Howard era assim antigamente? – Liliam perguntou olhando para o rosto da mãe. Sua mãe muitas vezes tinha sido um pouco distante com ela, pois a vida de mulher rica parecia lhe importar mais. Só que ainda sim quando nesses raros momentos em se mostrava uma mãe amorosa, Liliam não conseguia entender como se apaixonou pelo seu pai.

– Seu pai costumava ser o homem mais romântico que eu conhecia. - Maria sorriu, perdida nas memórias de outro tempo.

– Howard temos coisas bem mais importantes a resolver e você continua com essa feira idiota! - Ralhava Peggy ao telefone.

– Ainda preciso promover minha empresa, cara agente Carter. - Disse o Stark ajeitando seu terno. Seu olhar varreu a plateia e ele a encontrou na primeira fila, tão bela como das outras vezes, e o fazendo animar-se mais para a apresentação. - E tenho minhas razões para querer realizar o show está noite.

– Ela está ai? - Perguntou sorrindo do outro lado da linha. - A enfermeira?

Todos sabem o quão mulherengo Stark e, e depois da guerra às mulheres imploravam para estar ao seu lado. Dentre todas às mulheres que poderia ter, apenas uma o interessou verdadeiramente. A morena de olhos brilhantes, que descobriu ser enfermeira em New York, ia sempre que poderia a Expo Stark, e sempre sozinha. Ao contrário das milhares que suspiravam pelo Howard, ela observava às armas e às tecnologias com encantamento e admiração. O brilho de seus olhos fez com que o Stark apaixonasse pela tal morena misteriosa.

– Está mais deslumbrante do que qualquer uma que esteja aqui. - Respondeu de maneira devota e encantada. - Guarde minhas palavras, Peggy, eu irei me casar com essa mulher.

– Assim espero. - Comentou animada. - Então vá, Dom Juan, conquiste sua amada.

– E o que irei fazer, agente Carter, e o que irei fazer.

[...]

– Esse modelo é o mais raro de todo o mundo pelo simples fato de...

"Se não se importa eu quero prestar atenção!". Exclamou a enfermeira.

Havia um homem próximo a ela, que estava a irritando a apresentação inteira, tentando conquista-la a todo tempo. A morena parecia enfurecida e Howard enfureceu-se também.
Ele pegou uma peça de sua exposição e arremessou na cabeça de tal rapazote.

– Se não se importa, cavalheiro a moça está prestando atenção. – Howard deu um sorriso irônico ao homem e depois olhou carinhosamente a mulher. – Minha bela dama, não fique preocupada com certas inconveniências de tais companhias, exibirei meu show dez vezes a você se quiser.

Maria sorriu ao se lembrar, o homem por quem se apaixonou é bem diferente daquele que disse aquelas palavras dolorosas a filha. Maria pode se sentir como era ser usada como uma boneca no mundo manipulador da elite. Ela era uma menina cheia sonhos e desejos, sonhando que um dia o mundo do Texas não seria mais o dela e um belo príncipe iria lhe tirar de sua amargura. Do que adianta ser salva por um homem? De qualquer forma ele a fez se prender apenas num mundo diferente do dela.

– E você caiu nessa? – Perguntou Liliam com as sobrancelhas erguidas.

– Ninguém resiste a um charme Stark! – Respondeu como se fosse óbvio. – Dê esse sorriso que tem e aposto que nenhum resistira!

As duas gargalharam, para Liliam a ideia de ser irresistível para aguem parecia uma piada. Naquela época a possibilidade de ser sexy para alguém em sua mente parecia nula. Com seus olhos fixados na mãe, e compartilhando de um momento raro, a pequeno lírio achou que naquela hora era exata para dizer:

– Mamãe, eu te amo.

No vale das bonecas nós dormimos
Tem um buraco dentro de mim
Vivendo com identidades
Que não pertencem a mim
Em minha vida, cheguei aqui tão rápido
Agora estou pronto para o último hurra
Morrendo como uma estrela cadente
No vale
No vale
No vale


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Notas finais do capítulo

Queria dedicar esse capitulo a minha Maria Stark vulgo minha mãe ( Que eu chamo de Big Queen Red), que faz niver hoje! Se um dia chegar a ler isso, já que eu a proíbo, saiba que eu a amo demais. Maria Stark foi totalmente inspirada nesse capitulo por minha mãe, uma mulher que ama o filho acima de tudo e é uma ótima companheira para todos os momentos, por isso esse foi um dos capítulos mais emocionantes que eu já escrevi aqui. Mas eu sei que tem mais por vir então...

Comentem! Por favor! Isso me incentiva muito a escrever.