Fix You. escrita por Autumn


Capítulo 3
Capítulo 3 – Horrível.


Notas iniciais do capítulo

Eu recebi dois comentário



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Estava frio quando nós saímos do elevador.

– Esse hospital deve ter sido construído por um louco... - eu disse, abraçando eu mesma.

– Esse é um hospital para loucos, acho que só um louco pode ter tido inspiração para construi-lo - Thalia respondeu, me fazendo pular de susto. - Sim, eu estou aqui, Annie.

O problema é que o elevador dava direto para a sacada, e o vento estava forte hoje. A estufa ficava a uns cem metros do elevador, então nós fomos correndo para lá. Quando entrei lá uma sensação boa me cercou, era quentinho e aconchegante.

– Olha! Ta cheirando a pinho aqui dentro. Viu, a Morna não te odeia - eu brinquei enquanto nós duas tentávamos nos secar inutilmente com as mãos.

– Annabeth, você está aqui! - Morna saiu de trás de algumas plantas e veio me abraçar. - Oh! Você trouxe ela com você... Bem - ela pegou um pano seco que estava ali do lado e me deu - se enxuguem. Ainda bem que eu liguei a fonte.

A estufa do hospital era um lugar grande cheio de paredes de vidro em que plantavam plantas medicinais e traziam escolas em passeio para visitar. Morna era tipo a dona de lá. Desde que a estufa tinha sido inaugurada ela tomava conta do lugar. O bom era que Morna tinha bom gosto e sabia decorar bem as coisas. Lá tinha até uma fonte pequenininha que soltava vapor da água quente e deixa o lugar mais quentinho, a qual Morna tinha citado.

– Então, o que vocês estão fazendo aqui? - ela perguntou enquanto limpava um vaso de flores e eu entregava o pano para Thalia se enxugar também. - Estão malucas? Como podem vir para cá com essa ventania?

– Nós já somos malucas, se não fôssemos não estaríamos aqui agora. - Thalia riu e entregou o pano para Morna, que deu um sorriso torto.

– Então... - eu tentei mudar de assunto. - Nós fomos expulsas da loja de presentes e então a gente resolveu vir aqui, tudo bem?

Eu enfatizei o nós, porque se eu falasse que a Thalia tinha me obrigado a vir com ela a Morna olharia brava e iria ficar um clima ruim, e aí nós teríamos que ir embora.

Morna sorriu. Ela devia ter uns trinta anos e o seu sorriso era sempre gentil. Tudo bem que ela tinha umas ruguinhas, mas o sorriso dela deixava-a com uma aparência mais jovem. Adorava me contar história e aos poucos eu fui descobrindo mais sobre ela. Era algo assim:

Morna tinha vindo da Rússia pois seu pai morrera de câncer no pulmão e então ela e a mãe tiveram que ir para outro país em busca de trabalho e sustento. Ela teve um padrasto muito mal que não gostava dela e que batia nas duas, mas a mãe dela nunca se separou dele... Até que ele a matou, quando Morna tinha uns quinze anos. Ela sabia sobre mas tinha medo de contar para alguém e sofria calada. Aí ela começou a ser abusada pelo pai e fugiu com o namorado que viera no Vietnã uns dois anos mais tarde, até que veio parar aqui e o namorado foi para a guerra defender o seu país. Ela nunca mais recebeu notícias dele e ainda achava que ele voltaria.

O amor de Morna era tão estranho. Eu acho que isso é muito coisa de filme e que ela só exagera em que o namorado do Vietnã era sua alma gêmea e que ele ainda estava vivo, lutando bravamente para voltar para ela. Na verdade eu acho que muita gente exagera dizendo que faria tudo por uma pessoa só porque gosta muito dela. Esse amor de que tantos falam é só miragem. Ninguém é perfeito, e deve ser por isso que muita gente caí nas garras do amor, porque ele mostra um lado bonito do ser humano. Ou o lado bonito que a pessoa quer ver, isso depende do que você quer ver. E isso trás esperança.

Nunca é bom ter esperança. Você acaba se machucando. E o amor e a esperança andam juntos. Eles são a pior combinação do mundo. Eles fazem as pessoas sorrirem, rirem, ficarem felizes e depois dão uma facada pelas costas e mostram tudo que estavam escondendo.

Sei lá, essa mistura de amor e esperança deve dar em vida, porque a vida não é nada mais do que esperança e amor cego, que um dia vai acabar. E quando acaba não é que nem quando você termina algo que deve terminar e se sente bem, é algo que você não quer que acabe, mas que quando acaba tira um pedaço de você, que se preenche de lembranças boas... Lembranças que você não quer lembrar.

– Tudo bem, vamos... Eu ainda vou ficar aqui por um bom tempo hoje... - Ela sentou no banquinho de madeira que ficava do lado da porta e deu espaço para nós duas.

Morna não parecia triste, mas no fundo eu sabia que ela não estava muito feliz... Ela não gostava de Thalia pois Thalia lembrava sua mãe. Era uma lembrança da mãe que ela tinha que ver sempre que eu trazia Thalia ali. Não era ruim, disso eu tinha certeza. Ela me dizia que lembrar da mãe a fazia sorrir, mas trazia de volta lembranças ruins do passado.

Mas lembranças boas são dez mil vez piores que lembranças ruins.

~*~

Nós ficámos meia hora com Morna, até que aquela ar quente começou a fazer Thalia passar mal. Ela ficou branca e tremia, então Morna me emprestou a sua sombrinha e eu levei Thalia para o elevador com a maior dificuldade do mundo! Ela era pesada e estava despencando em mim, toda mole.

Eu prometi levar o guarda chuva de volta para Morna antes dela acabar o turno dela, mas eu iria ficar com Thalia até saber se ela estava bem. Quer dizer, eu ia ficar com ela até ela ficar bem. Era apenas tontura mas o Carlos, o médico da central de emergência, pediu para que eu levasse ela para a enfermaria principal e para que eu pedisse para uma das enfermeiras deixar Thalia deitar um pouco e descansar. Eu obedeci e fiz tudo que o médico tinha recomendado. Aí eu me sentei na poltrona de acompanhante do lado de uma das macas e fiquei observando Thalia deitada. Aquela folgada dormiu e eu deitei a cabeça para o lado, observando as gotas de chuva caírem devagarzinho pela janela.

Aí adivinha quem chegou? Sim! O Luke passou correndo pela porta da enfermaria mas depois voltou devagar e envergonhado. Eu ri.

– Luke, aqui! - eu chamei. - Pode sentar aqui, eu vou dar uma volta.

– Annabeth? Meu Deus, por que você não me avisou? O meu pai teve que vir me dizer que a Thalia não tinha passado bem! Eu fiquei morto de preocupação!

– Luke, calma. Ela só não passou bem por causa que não tomou nem café ou almoçou. Calma.

– Só não passou bem, Annabeth?! E você é amiga dela! Devia perceber que ela estava sem almoçar! Você encontra com ela todo dia umas onze da manhã, como assim não sabia que ela não tinha almoçado?! - Ele me olhava bravo.

– Luke...

– Deixa que eu fico com ela, pode ir cuidar de coisas mais importante. - Ele passou por mim sem nenhuma delicadeza e sentou ao lado dela.

– Coisas mais importantes?! A Thalia é minha melhor amiga, ela é a coisa mais importante aqui, sabia? - Eu franzi a testa. - Por que você está me tratando assim?

– Por quê? Olha como você deixou ela! - Ele olhou bravo para mim e eu não acreditei que ele me culpou por essas coisas só porque eu estava com Thalia no momento em que ela começou a passar mal.

Eu enxaguei umas lágrimas que eu nem tinha percebido que haviam caído, levantei o rosto e saí da enfermaria confusa. Por que ele tinha dito aquilo? Luke nunca tinha me tratado daquela forma, mesmo quando eu fazia algo que ele não achava certo. Isso machucava. Eu nunca tinha tratado as pessoas assim, mesmo quando eu ficava irritada com elas na maioria das vezes. Era ruim que alguém fizesse pouco caso de você porque você apenas foi... você. Ninguém podia fazer isso, era horrível.

Luke era horrível.


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Notas finais do capítulo

Me desculpe por qualquer erro... ou por um monte de confusão que eu faço no texto, eu não percebo ;_;
De qualquer jeito, beijuuu e bye :3



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