Assim que a guerra acabou, todos os monstros foram derrotados e Gaia tinha conseguido apenas sua própria derrota, todos tinham um sentimento mútuo e duplo: felizes por estarem, por hora, salvos, e tristes por perderem tantos amigos e irmãos, pessoas que eram novatas no Acampamento, mas que já faziam uma falta enorme.

Annabeth estava sentada no chão, rodeada por seus amigos mais próximos e alguns irmãos e irmãs que a estavam consolando. Ela já perdera pessoas o suficiente em sua vida, e ainda assim nunca estava preparada para perder mais em batalhas.

Percy, seu namorado estava com um braço em seu ombros, puxando-a para perto. Mesmo depois de tantas discussões, mal-entendidos, diversos ferimentos em treinamento e, por fim, não menos importante, uma amizade forte, Annabeth e Percy lamentavam profundamente a morte de dois de seus amigos.

Clarisse jazia no chão destruído, seu corpo estava num ângulo estranho, na mesma aparência que Chris. Os rostos, por certo, estavam desfigurados. O veneno daquele monstro os atingira em cheio no local e a situação não era das melhores.

Pode até soar um pouco nojento, mas em uma parte do nariz dos dois podia-se ver a cartilagem, os cabelos estavam chamuscados, a pele nas bochechas, queixo, testa e olhos estava vermelhíssima e ocupada por bolhas levemente esbranquiçadas. As roupas estavam rasgadas onde os respingos de veneno atingiram. Realmente, depois de tantos sobreviventes ali, esses dois seriam particularmente difíceis de esquecer, tendo causado boa impressão ou não quando em vida.

Annabeth abraçou o corpo de Clarisse, assim como essa havia feito com Silena. Todos estavam calados, pois sofriam também, afinal de contas, todos ali eram parentes, de certa forma.

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De volta ao acampamento, todos os corpos tiveram uma mortalha para ser queimada. Muitos semideuses ofereceram oferendas aos pais dos que haviam passado para o submundo e para os que foram para os Campos, fossem os Asfódelos, os de Punição ou os Elísios.

Todos morreram dignamente. O filho de Poseidon e a filha de Atena se encaravam. Percy não tinha nenhum irmão semideus, mas mesmo assim fez oferendas a seu pai e aos outros. Os heróis do chalé 5 estavam serenos. Pela primeira vez, Annabeth viu, em todos esses anos no Acampamento, compaixão, naqueles rostos.

Clarisse foi um marco na vida de cada um. Uma líder. Uma guerreira.

Um baixinho ruivo, Sheldon, extremamente pacífico para Clarisse, fungava de cabeça baixa, parecia falar algo. Percy conseguiu entender algo como: 'Desculpe, Clarisse, eu não deixei você orgulhosa, que você esteja nos Elísios'. Depois disso, o filho do Mar decidiu não mais escutar a conversa do jovem.

No chalé 11, Connor e Travis estavam lado a lado. Os dois choravam, não só por causa de Chris, mas porque também lembravam de Luke Castellan, um de seus irmãos que havia se sacrificado para salvar o Olimpo nos últimos minutos de vida.

Travis tinha os olhos marejados e olhava diretamente para a filha de Deméter, Katie Gardner, que tinha um olhar de compaixão sobre o semideus, enquanto Connor cobria o rosto com as mãos, para que ninguém o visse chorando. 'Mais um', ele pensava.

Após o momento fúnebre, todos foram para seus respectivos chalés. Poucos ficaram na mesa de banquetes. A mesa mais 'cheia' era a de Ares, eles faziam de tudo para mostrar que não se importavam.

Mas aquelas refeições não teriam mais graça sem os gritos de Clarisse na mesa para animar ou debochar dos irmãos e irmãs.

De repente um deles tremeu o lábio e se engasgou enquanto o outro começou a chorar meio esganiçado, até que um outro fortão lhe desse um soco no ombro. Demonstrando três mensagens ao mesmo tempo, e isso era perceptível para qualquer um que passasse ali: (1) Não chore, (2) Só estou fazendo o que aquela Cabeça de Javali faria e (3) Lamento muito, também sinto falta dela.