Caindo Em Sua Atmosfera escrita por Leelan


Capítulo 2
Derretendo o gelo?


Notas iniciais do capítulo

Poooxa "/ Cadê os leitores?



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– Mel - Olivia dizia, mas não tinha seriedade suficiente na voz para impedi-la. - Mel, é sério, acho melhor não fazer isso. - As palavras saíam interrompidas pelo riso que tentava segurar.

– Xiu, Ollie, você vai “acodá-lo”. – Mel sussurrou, com as mãos sujas de lama já a postos. Mentalmente ela contou até 3, mas antes de dar o bote Olivia falou de novo.

– Sério, Mel, ele não tem cara de que gosta dessas brincadeiras.

– O quê¿ Você precisa conhecê-lo, Olie, ele é super legal.

Olivia meio que duvidava muito disso, do jeito que ele foi frio com ela. Nem um sorrisinho ele foi capaz de dar, nem para aparentar educação. Não que se importasse, de verdade. Ela simplesmente achava que ninguém era obrigado a gostar dela, então tanto faz, mas seria legal fazer amizade com alguém da sua idade, para mostrá-la como é que se diverte nesse lugar. Afinal isso é um intercâmbio, e apesar de adorar aquela casa e aquela família já nesse pouco tempo de convívio, precisava sair e conhecer e se divertir.

Então Melissa se jogou nele e atacou com tudo.

E foi hilário, ele fez uma cara tão louca de susto, aquela sobrancelha esquerda parecia ter vida própria, levantando sozinha, e a boca ficou toda torta. Ela não poderia ficar séria olhando aquilo, o rosto dele todo melado.

– Argh, Melissa! Volte aqui, nem fuja. – Daniel segurou a irmã pela cintura antes que ela entrasse na cozinha e levantou da cadeira, com ela se debatendo em seu braço.

– Não, Dani, Nããããão. – Mas ria muito, e com o esforço saía um som engraçado de porco.

– É mesmo, sua pestinha¿ Você vai ver só.

A terra regada, que continha sementes de alguma flor que a mãe deles cultivava era uma tentação muito grande.

– Vamos fazer uma pintura no seu rosto, Mel¿

– Não, não, mas você não pinta.

– Como não¿ E aquele quadro lá na sala¿

Mel uniu todas as forças para não rir, antes de dizer, parcialmente séria.

– Daniel, aquele “quadlo” me dá medo, eu tenho que fechar os “ólos“ quando passo.

Ele parou realmente surpreso, não achava que era tããão ruim assim. Claro, sabia que não pintava nada. Mas que dava medo¿

– O quadro atrás do sofá foi você que pintou¿ – Olivia se agachara ao lado dos dois.

– Sim, eu tinha 9 anos, estava botando pra fora. – Ele disse, na defensiva.

– Aquilo era o que estava no seu interior¿ Que tipo de menino de 9 anos você foi¿ - Ela disse bruscamente, mas assim que acabou de falar percebeu o tinha dito. Oh-oh. Se ele não gostava dela, imagina agora. Por que ela não podia pensar antes de falar¿

Daniel prendeu o sorriso, surpreso pela reação dela. Com qualquer outra garota teria dito algo como “fui um garotinho tão solitário, com a alma traumatizada” e faria charme, concluindo que ainda era e se a garota não queria cuidar dele. Mas não com ela, pois não sabia se era confiável, muito menos seria amigável tão rápido.

– Um garoto louco! – Respondeu Melissa por ele. – Ainda é, Olie, me ajuda, me ajuda!

Mel voltou a se debater e Daniel se concentrou na sua real missão, com toda a vontade pegou um punhado de terra, e já conformada de que iria mesmo acontecer, sua irmã só riu, esperando a punição. Daniel passou toda aquela lama nos bracinhos dela e depois cuidadosamente no rosto, para não cair nos olhos.

– Tenho que te dizer, Mel, ele melhorou muito depois de todos esses anos. – Quieta, era assim que ela tinha que ficar. Quieta. Mas não conseguia. Estava começando a não se importar, vai que dava certo.

– Então deixa ele te pintar, Olie, deixa. Pinta ela, Dani, pinta, pinta, pinta!

Ela não esperava por aquele dedo passando por sua bochecha, apesar de esperar a sobrancelha levantada, mas não esperar, também, aqueles lábios, que pareciam muito rosas agora, puxados beeem de levinho para os lados. Quase imperceptível.

– Oh! – Foi tudo o que conseguiu dizer, mas quando a mão dele veio com mais ela deu um pulo e correu. – Não, não, nem vem!

Todos estavam correndo agora. Na segunda volta se abasteceram rápido, para fugir antes que os pegassem, mas pararam, rindo, assim que ouviram a voz de Adelaide.

–Saiam já de perto das minhas mudas, seus garotos levados, eu não acredito! Xô, xô, todos vocês.

– Mas mamãe..

– Nem mais uma palavra, dona Melissa, se não você vai ver o que é bom! Vá logo lavar as mãos, na pia daqui de fora. Já vou servir o almoço. Todos vocês, quero que estejam brilhantes de tão limpos!

Depois de lavarem as mãos e uma rápida guerra de água mal contida, todos sentaram, morrendo de fome, e se serviram.

– Hum.. Dona Adelaide, isso aqui é bom demais, tem que me ensinar o segredo antes que eu vá.

– Eu não sei... O que você acha, filha, devo contar meu segredo¿

– Não mesmo! “Segledos” são “segledos”, ué. Só pode falar pra eu. – Mel colocou a mãozinhas na cintura, com uma lógica irrefutável que só ela entendia.

– Muito espertinha, você, dona moça. – Sua mãe disse com um sorriso carinhoso. – Mas, Olivia, duvido muito que você terá tempo para aprender comigo.

– Por que não¿

– Ora, você tá aqui pra se divertir, minha filha, tem muito é que sair e conhecer os... costumes locais, se é que me entende.

Olivia entendia, e rio com aquilo.

– Por que o Daniel, como um bom samaritano, não te apresenta à cidade¿ O que você acha, querido¿

– Me tira dessa, mãe.

Cadê o sorriso de antes¿ Puft... sumiu.

– Não precisa, dona Adelaide, não vou me perder se sair sozinha. – Ela sorriu para a anfitriã, não querendo passar a chateação pela reação causada pelo filho dela.

– Quando você faz essas coisas, Daniel, até fica parecendo que eu não lhe dei educação.

– Mas deu, só que o filtro é independente. – E sorriu, tão letal como uma faca. – Brincadeira, mas estou ocupado por esses tempos. – E bebeu todo o suco, levando os pratos para a pia e lavando-os. Quando terminou, continuou. – Tanto que, agora, tenho que ir.

Deu um beijo na testa da sua mãe e de sua irmã. Andou para a porta e ouviu Melissa dizer para ele ficar longe da lama, ele virou a cabeça e sorriu para ela, mas quando olhou para frente de novo, parou. Todo o seu corpo endureceu igual ao do homem à sua frente.


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Notas finais do capítulo

Ok, estou com um pouco de pressa, então essas interrogações de cabeça para baixo? Culpa do meu word.
Eu sinceramente não sei, eu penso: "Word, porque você é tão louco?". Mas acho que como eu, ele não consegue explicar sua loucura.
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