Caindo Em Sua Atmosfera escrita por Leelan


Capítulo 3
O santuário dos bolinhas


Notas iniciais do capítulo

Alguém à espera? :)



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“Então, preferia ter evitado isso”, pensou Daniel, ainda olhando para seu pai. Este, por sua vez, parecia ter escolhido ignorá-lo. Colocou a maleta no sofá e passou por ele, indo falar com o pessoal. Ele podia sentir a mãe o olhando, preocupada, mas saiu dali não podendo ficar nem mais um segundo na presença daquele cara.

Às vezes se sentia cansado, sentindo aquilo tudo o que sentia, mas não seria ele o primeiro a ceder. Foi até sua moto, colocou o capacete, e com toda a velocidade foi para a república, não querendo pensar naquilo nunca mais, se fosse possível.

Chegando, estacionou no passeio em frente ao cercado da casa. Na verdade não “casa” ou “república”. Por favor, cuidado, pense duas vezes em como irá chamar aquela moradia se um dia você se bater com o Douglas. Ele batizou aquele lugar com todo o carinho de “O santuário dos bolinhas”.

Não ria.

Antes mesmo do Dani abrir a porta podia escutar o barulho.

- Que inferno, Marcus, pare de trazer a porra da areia do mundo para dentro de casa. – Esse era o Fred com uma vassoura na mão. Não pense que foi fácil atribuir tarefas para cada um, mas foi preciso, necessário, obrigatório. Os caras podiam fazer tanto drama quanto as garotas.

Marcus era surfista, então está explicado.

O Fred varria, o Marcus sujava, o Douglas cozinhava. A especialidade da casa: macarrão com queijo. Tentou alternar, mas foi um fracasso tão grande que voltaram implorando a pedir o tal do macarrão, mesmo com o Marcus dizendo:

- Mas que droga de tanto macarrão, já está tudo saindo amarelo.

- O quê que tá saindo amarelo? - Perguntou Fred.

- Saindo, cara, pelo buraco.

-Aaaaaah, cara, para de ser a porra de um nojento.

Fred era o sensível da boca suja, o mais inteligente e, “coincidentemente”, o mais fresco. A Holly não diria isso, invés, ela diria que era o mais fofo. “Fred, quero te colocar num potinho e te guardar em casa”, foi tudo o que ela precisou dizer para ele ficar vermelho como um pimentão.

- Pô, até que enfim, cara. Só tava faltando você. – Douglas disse quando viu o outro D, se jogando no sofá e ligando a TV. – Vamos sair a qualquer momento.

- Pra quê? - Daniel jogou o capacete na poltrona e tirou a camisa, indo até a cozinha beber alguma coisa. Se esforçava pra não ficar revoltado por causa do velho, mas sempre que parava de pensar nisso, a única outra coisa que vinha era a tal da Olie. Que merda de apelido era Olie?

- Vai ter um movimento lá no parque. Já até falei com as garotas.

- As garotas de sempre. – Daniel debochou dele, sentando na escada que dava para o andar dos quartos.

- O que quer dizer com isso?

- Que tal isso: Você sai se vangloriando de ser o maior pegador, mas nem conseguimos nos lembrar da última vez que você ficou com alguém além da Christina. – Disse o Fred, recolhendo o lixo na pá. Marcus já cantava a plenos pulmões no banheiro que ficava de frente para o quarto da pressa no corredor depois da sala. O que é esse “quarto da pressa”? Coisa de garoto.

Tsc – Douglas sibilou, fazendo um careta. – Parece até que vocês não lembram da Carolina.

- Ah, é mesmo! – Daniel bateu a mão na testa, se recordando. – Poxa, Fred, vacilo nosso, como podemos nos esquecer da Carolina?

- Porra, cara, a Carolina! – Fred balançou a cabeça, desapontado consigo mesmo. – A da festa do Samuel, certo?

- Essa mesmo, seus canalhas, é disso que eu tô falando. – Douglas deu um sorrisinho convencido.

- Hm, é. Aquela com a bota marrom que você deixou numa cor assim, meio nude– Ao pronunciar o “nude”, Fred fez um biquinho de zoação. – quando você vomitou nos pés dela? E então, quem te socorreu e cuidou do zé ruela aí?

- Hm... – Daniel pensou bem – Não seria a Christina?

- Isso! Christina! Porque você vomita nas outras garotas e só fica com ela. – Antes de poder desviar, Fred foi acertado com uma almofada. Rindo, Daniel nem percebeu a que já vinha na sua direção.

- Otários. – Douglas resmungou.

Marcus saiu do banheiro com a toalha amarrada abaixo do umbigo, pingava água dos cachos ruivos e, assoviando, pegou a almofada dos pés do Fred e jogou certeiro na cara do Douglas. – Namoradinho da Christina! – Zombou ele, cantarolando. Então teve que correr para o quarto para o Douglas não o pegar.

- Podem parar todos vocês com isso. – D falou bem alto para que até o Marcus que tinha se trancado lá em cima ouvisse. – Eu e a Christina só estamos curtindo, e não em um relacionamento, e muito menos quero isso. Fico com quem quiser, quando quiser. Muito melhor, aliás, que a situação de vocês.

- Não que a do Marcus. – Responderam Dan e Fred ao mesmo tempo.

- Cara de sorte. – Fred completou.

- Tá, mas você, Frederico, ainda é o intocadinho da mamãe e o Daniel é melhor amigo da ex.

Daniel arqueou a sobrancelha.

- O quê que tem isso?

- Ah, por favor, né, melhor amigo da ex é foda!

- O quê que tem isso? - D2 repetiu, achando graça.

-Tsc, fracassado. – Douglas desdenhou.

#

Os meninos chegaram ao som de “Party Rock Anthem”, por algum motivo o carro de alguém estava estacionado ali perto com o som ligado e o porta malas aberto e não foi ainda multado nem detido.

- Licença. É o que se consegue quando o pai é promotor numa cidade pequena. – Vanessa disse quando chegou até eles. – E então, os garotos vieram prontos para curtir? - Disse, mudando de assunto e depois de dar um abraço em cada um.

- Para o Douglas, só se a Christina já tiver chegado. – Brincou Daniel.

- Que porra, Daniel, vai dar um beijinho na bochecha da sua amiguinha, vá, e me deixa em paz! – Douglas deu um empurrão nele. – Sabe, Van, onde está a BFF do Dani boy aqui?

Vanessa riu.

- As meninas estão no sorvete, vem, ainda tem gente nova no pedaço! – Ela já ia para a barraca de sorvete azul do Jerry, eles a seguiu.

- Uma gatinha, eu espero. – Marcus comentou.

- Oh, Mark, quando é que você vai me dar uma chance? - Ela brincou, piscando freneticamente e fazendo biquinho.

- Pra já, gata. – Ele a segurou pela cintura, mas ela correu, rindo. – Tá vendo aí, é você que fere esse meu coraçãozinho. – Gritou, ela já estava bem à frente deles.

Quando chegaram à mesa das garotas, Daniel achou que não podia ser verdade, e sua sobrancelha arqueou já no automático.

- Até aqui você está... – Disse ele para a garota dos cabelos negros, olhos azuis e óculos redondos.

- Daniel – Ela disse também surpresa, apesar de achar que tinha grande probabilidade de se bater com ele por ali. Tinha vindo sozinha, mas encontrara a Tâmara e rapidamente já estava no seu grupinho de amigas falando de tudo e nada ao mesmo tempo.

- Então você conhece a Olivia? - Tâmara disse com um sorriso perspicaz de quem detecta as coisas de longe.

- Você também. – Ele lhe disse, mas olhava para Olie.

- É, do mercado. – Quando ele a olhou, ela lhe deu uma piscadinha e um sorriso discreto. A primeira coisa que Daniel pensou era que ela era muito bonita. Com os cachos acobreados emoldurando seu rosto até o queixo, os olhos cinza de cílios longos e espertos demais para o seu gosto. A covinha que aparecia sempre que ela continha um sorriso maior. A segunda coisa é que ele conhecia bem demais a sua “BFF”, como Douglas colocou, para desconfiar daquela piscadela.

- Uau, se eu soubesse que encontraria uma beleza dessas no mercado, não sairia mais de lá.

Olivia riu com o comentário de Marcus. Então, não eram todos os garotos daquela cidade tão desagradáveis, hein.


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Notas finais do capítulo

Olha só a minha surpresa quando descubro que "intocadinho" não existe... :O Então, para quem não entendeu, é só o Douglas gastando com o Fred. "Intocadinho" ele disse como diminuitivo de intocado, "intocado" vocês entendem o sentido, certo? ;P

Hm, leitores, por enquanto os textos estão saindo rápido, mas não posso garantir. A questão é que meu colégio é meio louco (como tudo na minha vida, parece) e estou de recesso, que dura até a terça. Dito isso, fica claro que as postagens não terão regularidade.

Mas me esforçarei, não me abandonem.

Espero que tenham gostado do capítulo, já já sai outro :)
Mil beijos,
Leelan.