Isto não é mais um romance água-com-açúcar escrita por Vanessa Sakata


Capítulo 18
Nem sempre um bom presente é um bom presente




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O outono começava a mostrar as caras quando Tsukuyo saiu dali para procurar em algumas lojas algo para comprar para Gintoki. Tinha, em sua cabeça, o pensamento de que precisava dar a ele algo para demonstrar o quanto gostava dele e estava grata por ele corresponder o seu amor.

Queria dar algo a ele como prova de gratidão pela noite de amor que tiveram juntos. Fora uma noite perfeita, em todos os sentidos. E queria, numa próxima oportunidade, que isso se repetisse.

Foi quando viu em uma lojinha simples algo que lhe chamou a atenção. Um cordão de prata bastante simples, mas que achou que seria a cara do Yorozuya. Havia nela um pequeno pingente em forma de katana, que remetia ao passado do ex-samurai e às suas habilidades até com a sua fiel bokutou.

Pagou pelo cordãozinho e o embrulhou para presente. Antes de entregá-lo, iria fazer sua ronda habitual. A Vigilante de Yoshiwara não podia se dar ao luxo de matar serviço.

*

Assim que se trocou, foi andar um pouco por Kabuki. Só mesmo por andar, pois o serviço que tinha aquele dia já fora feito por Shinpachi e Kagura enquanto ele dormia ao lado de Tsukuyo após uma noite tão agitada e quente. Nem pareciam estar no outono.

Bem... Hora de parar com esses pensamentos pervertidos, não?

Sentou-se no banco da praça e viu que Hasegawa se aproximava e se sentava ao seu lado.

— Yo, Gin-san! Fazia tempo que eu não te via por estas bandas!

— Yo. – ele respondeu.

— Tá sem dinheiro pro pachinko?

— É. Tanto que sacrifiquei o dinheiro do aluguel pra um encontro.

— Encontro?

— Por que a surpresa?

— Porque todo mundo que te conhece sabe que você é um completo fracasso com as mulheres.

— Por que você tem que falar isso, hein, Hasegawa...? – Gintoki questionou com uma aura depressiva.

— Calma, cara... É que eu estou surpreso, apenas isso. Pensei que você ainda continuava sendo um fã ardoroso da Ketsuno Ana.

— Ainda sou.

— Então, quem é a mulher com quem você tá saindo? É bonita e gostosa?

— Pra mim, é.

— E como foi esse encontro?

— Um desastre total. – o albino respondeu enquanto limpava o nariz com o dedo mindinho.

— Ela deve ter te chutado o traseiro então.

— Aí é que você se engana. – Gintoki deu um sorriso.

— É mesmo? Então aconteceu algo a mais?

— Digamos que a temperatura subiu depois.

— E quem foi que te flechou, hein?

— A Tsukuyo.

— Parece que sua maré de azar com as mulheres acabou, hein?

— É, espero que sim. E vê se não ri da minha cara!

— Olha, acho difícil não rir da sua cara de bobão apaixonado. – o Madao sorriu debochado. – Porque isso é muito incomum em você.

*

Voltou para casa, completamente aborrecido. Será que era tão coisa de outro mundo ele, Sakata Gintoki, estar namorando uma mulher? Quando seus conhecidos descobriam isso, faziam cara de “Essa, não! O mundo vai acabar!”.

Isso era realmente muito aborrecedor. Ele era um homem, oras! O que tinha de mais querer uma mulher? Será que esse comportamento do pessoal era por conta do seu conhecido fracasso com o sexo oposto?

Isso o incomodava bastante, mas teria que procurar ignorar isso. O importante é que estava se sentindo bem com isso. Por que esquentar a cabeça com o que diziam dele?

Que se danassem os mexeriqueiros de plantão!

Abriu a porta corrediça e, ao entrar, anunciou:

— Cheguei!

— Gin-san – Shinpachi disse. – Te deixaram aqui um embrulho.

— Ué, não tem o remetente?

— Não.

O Yorozuya examinou o pacote. Na verdade, era uma caixinha bem embrulhada com um papel azul-claro e um laço branco a decorando. Realmente, só tinha o nome dele ali como destinatário e não havia o remetente. Meio desconfiado, sacudiu a caixinha e ouviu apenas o som de algo minúsculo se chocando com as paredes dela. Não parecia nada que lhe oferecesse algum perigo.

Sendo assim, abriu o embrulho, revelando a ele o seu conteúdo. Um cordãozinho de prata, com um pingente em forma de uma minúscula katana. Com ele, estava um bilhete.

“Gintoki,

Este é um presente em agradecimento pela noite maravilhosa que você me deu. Espero que goste.

Tsukuyo.”

— Nossa, que fofo a Tsuki te dar um presente, Gin-chan! – Kagura disse com os olhos brilhando. Ela estava amando ver Gintoki junto com Tsukuyo.

— Ela tá mesmo caidinha por você, hein, Gin-san? – o garoto de óculos comentou.

Gintoki fitou por mais alguns segundos aquele pingente. Achou-o interessante. Sem mais delongas, colocou-o no pescoço. Não era do seu feitio usar correntes ou cordões no pescoço, mas abriria uma exceção.

— Bem... Vou pegar ali um copo de iogurte.

Logo que se virou para ir à cozinha, Gintoki sentiu uma picada em sua nuca. Bateu com a mão no local da picada, julgando ter abatido algo.

— Mas que é isso...? Mosquitos em pleno outono?

*

Tsukuyo terminava sua ronda, quando ouviu uma conversa em um dos becos de Yoshiwara. Pelo teor, percebeu que seu serviço não tinha acabado ainda.

— E então? Onde está aquele pingente?

— Ele foi vendido para outra pessoa.

— Mas por que deixaram que isso acontecesse? Ou melhor, para quem foi vendido?

— Para uma mulher loira.

— Conseguiu segui-la?

— Sim.

— O que descobriu?

— Ela deu de presente para um homem de cabelos prateados.

— Precisamos desse pingente o quanto antes! Senão o Shinsengumi vai descobrir!

— Relaxa, chefe... Já neutralizamos o alvo.

— Ótimo.

“Gintoki...! Essa não...!”

Tsukuyo logo saiu dali correndo com toda a rapidez de que dispunha rumo ao Distrito Kabuki. O Yorozuya estava em perigo iminente. O que significaria um “Já neutralizamos o alvo”? Será que, de fato, ele fora neutralizado... Ou teria sido eliminado?

Distraída por esses pensamentos, ela acabou esbarrando em uma lata de lixo de um dos becos de Yoshiwara e provocando muito barulho, que chamou a atenção dos homens que falavam sobre o tal pingente. Tsukuyo abusou de suas habilidades ninjas pra despistá-los.

Logo que chegou à Yorozuya, tocou a campainha. Não foi preciso esperar muito para que a porta corrediça se abrisse e revelasse um pálido e abatido Gintoki. O que havia acontecido com ele?

Fosse lá o que tivesse ocorrido com ele, pelo menos ele estava vivo e inteiro. E estava usando o seu presente.

— Gintoki, que cara é essa?

— Acho que foi um mosquito que me fez isso... Por quê?

Tsukuyo viu alguma coisa caída logo atrás dele. Era uma espécie de dardo bem minúsculo, que poderia ser facilmente confundido com um mosquito.

— Não é muito esquisito mosquitos circularem em pleno outono? – ela questionou olhando para o pequenino artefato com uma agulha pontiaguda.

— Ela deu de presente para um homem de cabelos prateados.

— Precisamos desse pingente o quanto antes! Senão o Shinsengumi vai descobrir!

— Relaxa, chefe... Já neutralizamos o alvo.

— Ótimo.

Ele era o alvo. Ele seria neutralizado. Na verdade, ele já estava sendo neutralizado. Aquele era um dardo envenenado. Sabia pelo cheiro que não era facilmente sentido por qualquer pessoa. O Yorozuya estava pálido e parecia já febril.

Porém, passos eram ouvidos cada vez mais perto dali. Ela e o trio Yorozuya ouviram o som de katanas sendo desembainhadas e não pensaram duas vezes: saíram correndo dali. Antes que o trio a questionasse, ela adiantou:

— No caminho eu explico a vocês. Mas precisamos sair daqui!


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