Os Mistérios Do Doutor Jekyll (destino indefinido) escrita por Gogetareborn


Capítulo 5
V. Revelações


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem. ;)



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Eu tossi brevemente, alisei por uma última vez meus cabelos loiros, e suspirei. Assim batendo em frente a porta. A porta que eu pensara ser minha passagem para descobrir um pouco mais sobre o homem misterioso que era Francis Hyde.

De início, pensei que o tempo havia parado, mas era apenas ilusão de minha parte, Mitch foi rápido inclusive para me atender, seu sorriso era simpático e hospitaleiro, do jeito que eu me lembrava. Minha mãe se estendeu ao ar, provocando um aperto de mão entre nós.

-Chegou bem na hora, não é, Sr. Marccone? - Disse ele, em tom risonho e gozador, ele se esquivou para a esquerda, permitindo que eu entrasse em sua pequena porém confortável casa. A primeira coisa que observei eram os quadros peculiares na parede do jovem, em sua maioria, retratos de famosos escritores, tais como Vladimir Nabokov, William Faulkner, e até mesmo Charles Dickens. A lareira ardia em brasa, criando um bom lugar para se ficar durante a noite, relaxando.

-Pode sentar, Sr. Marccone, vou buscar algo para você beber. Gostaria? - Ele bateu suas duas mãos, fazendo de tudo para que me sentisse confortável naquela noite lúgubre.

-Talvez um copo d'água. - Indaguei, gaguejando um pouco. - Suplico que pegue o copo mais desvalido que possua, Mitch!

Logo ele voltava com aquele copo achatado e com as bordas do bico dobradas. Eu nem sequer toquei a água em meus lábios, apenas observei o jovem sentando-se e olhando para mim, com expectativa.

-Sobre o que conversávamos hoje, pela manhã? - Perguntou, tive a intuição que ele já sabia do que se tratava, mas perguntou para que eu relembra-se e o assunto tivesse um foco mais preciso.

-Eu fiquei curioso por sua aparente descendência.. - Bebi um gole d'água, esperando que nesse intervalo ele declarasse algo, mas nem mesmo um estalar de dedos foi ouvido em meio aqueles sons de lenha queimando. -.. Hyde, não?

-Sim, meus pais são parte de uma família nobre da Inglaterra. Embora, nossa segunda linhagem tenha passagens na França, precisamente Marseille. - Ditava aquela imensa informação, como se estivesse desejando fala-la por dias, ou meses..

-Então, espero sinceramente que não compreenda esta nossa conversa como um interrogatório, mas.. você tem informações sobre alguma locomoção de sua família, digamos, pelo século 16? - A parte esquerda de meu lábio se dobrava, eu estava em dúvida.

Um silêncio se apossou da sala em que estávamos, não sabia o que diabos havia feito com que a lareira diminuísse abruptamente. Eu fiquei por alguns minutos esperando sua resposta, e quando ia me pronunciar, ouvi um murmúrio seguido da voz de Mitch.

-Não gosto de falar sobre este assunto, e nunca o fiz, nem com meu próprio irmão. - Fiquei confuso com as últimas palavras, mas logo recebi a explicação que queria. - Ele também tinha conhecimento disso, mas nunca falara comigo sobre a dita informação. Apenas meu pai falara, quando eu tinha cerca de 20 anos.

-Gostaria que o senhor dissertasse mais sobre... - O olhei, com ar de suspeita, desconfiança.

-O que vou lhe falar hoje, nesta cômoda humilde, deverá ser levado contigo até os últimos dias. Só senti obrigação de compartilhar isso com a vossa pessoa, pois tenho plena consciência de como é competente e responsável, e saberá guarda-lo com perspicácia.

Ele proclamou, mal eu sabia que o que estava reservado a mim após um simples "Compreendo." seria levado, de fato, comigo pelo resto de minha vida.

-Antes de mais nada, com certeza você conheces o livro de Robert Louis Stevenson, sobre um homem que numa tentativa de provar sua teoria que todas os humanos são formados por dois seres de distintas característica, acaba por transformar a si mesmo em um monstro horrendo e de aparência inimaginável, não? - Certamente usando das palavras para tomar fôlego.

-Não só conheço e li o livro, como vi o filme dirigido por Victor Fleming quando era criança, lembro de apoiar minha cabeça nos ombros de minha mãe, assustado por causa da fera. - Nós dois rimos, eu bebi mais um gole da água.

-O caso é que Robert recebeu uma carta de seu irmão, que era policial, morava no Reino Unido e achou restos de um caderno em uma antiga construção nos limites da cidade, baseada apenas no resumo desta carta, Robert escreveu o livro. Eu sei, porque meu pai teve uma curta conversa com seu neto, quando este estava no leito de morte! - Ele não parecia zombar de minha pessoa, parecia realmente crer naquela história.

-Então, seu pai conversou com o neto de Robert Louis Stevenson! - Me fazia de desafiador, não queria ceder a aquelas loucuras, temendo uma pegadinha, zombaria. Ri sarcásticamente.

-O que digo é mais sério do que a conversa que temos, e eu falo, com a prova que esses olhos impugnam quando eu via o queixo de meu pai tremer enquanto contava suas desventuras na Suécia. - Ele puxara um diário, fechado por fita, a puxou e abriu o livro, desgastado pelo pó.

-Este é o diário de Moses Tiberius Jekyll! - Ele colocou sobre a mesa, evitei toca-lo pois ainda tinha um pouco de receio da história. - Sua história inspirou a Stevenson! - Eu o olhava, desconfiado, suas expressões eram aflitas e ansiosas, movi minha mão até o livro, o peguei e coloquei sobre minhas pernas.

-Este livro, explica quem é diabos Francis Hyde? - Eu o encara, inclinado, com as mãos apoiadas na mesa de centro, ele recuou um pouco.

-Francis Hyde não é nada mais nada menos que Karl Jeauxen, o escritor! Ele se tornou obcecado pela pesquisa de Moses, e arriscou sua própria vida nesta experiência. Depois de 2 meses como Hyde ele descobrira que sua pesquisa havia sido um equivoco, e a criatura morreu de um vírus até hoje desconhecido. O corpo dele jamais foi encontrado!

-Quer dizer que há possíveis falhas no experimento? - Revirei algumas páginas do livro, grande parte dele era formado por relatos, citações, experiências, mas sempre ao final de 7 páginas, haviam cálculos e desenhos que eu conhecia, mas na hora não percebi o contexto, guardando ele em minha pasta.

-Mas é claro, em minha sincera opinião, a pesquisa em si é um erro! - Revoltado, parecia que aquele livro era amaldiçoado, de tanta facilidade que foi pega-lo e guarda-lo.

-Obrigado, Sr. Davinson, pelo livro, irei estuda-lo agora pela noite, mas no momento, preciso ir. Sabe, eu tenho negócios pra tratar com um corretor. - Levantei-me, com a pasta ao redor do ombro, sorridente. Ele fez o mesmo, mas não esboçava expressão, apenas balançou minha mão para cima e para baixo, eu pisquei para ele, em forma de agradecimento repetido pelo livro, e me dirigi até a porta, ele foi rápido e abriu ela para que minha pessoa saísse, retirei o chapéu para mostrar respeito a esta atitude lisonjeira e finalmente saí daquela casa, carregando os mais diversos pensamentos e teorias, temendo e ao mesmo tempo ansiando chegar em meu lar para ler o diário de Moses Jekyll.


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Notas finais do capítulo

Olá, leitor. Peço que se leu e gostou, adicione aos favoritos e recomende. Caso queira, obviamente.

E não se esqueça de acompanhar a viagem psicológica de Cornelius Marccone no próximo capítulo!

Grande abraço!



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