Os Mistérios Do Doutor Jekyll (destino indefinido) escrita por Gogetareborn


Capítulo 4
IV. Ânsia


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem. ;)



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15:35, 25 minutos para a merecida volta a minha casa. Naquele momento, era apenas eu, minha maldita pilha de currículos e uma vitrola tocando The Platters. Eu ainda estava pensando na oportunidade que perdi de ter estabelecido talvez "algo" com Mônica, depois daquilo, suas expressões com minha pessoa eram tão apáticas como um pedaço de rocha, eu me senti mal. Acho que era apenas eu e Zola Taylor naquele momento.

Peço desculpas, caro leitor, mas prefiro não informar a real razão de todos aqueles papéis, meu chefe pediu que eu ficasse totalmente em silêncio neste assunto. Só o fato de ter ditado o assunto lá no início da leitura, já me coloca em maior perigo do que já enfrento. Mas agora, isso realmente não deve importar!

Estava tão ansioso para que aquele ponteiro andasse rápido, que parei tudo que fazia por alguns momentos, inutilmente esperando que acontecesse alguma mágica e o ponteiro andasse mais depressa, mas tudo aquilo era ilusão. Minha gravata estava roçando em meu pescoço magro tão violentamente que acho que a primeira coisa que faria quando chegasse em minha residência seria tira-la!

A luz refletida em meu rosto estava enfraquecida, olhei por baixo de meus joelhos, na abertura que existia entre dois escritórios, em que eu podia ver os pés de meus colegas. Ouvi aquela voz pesada e rouca do chefe ditando algo que era baixo, porém suficientemente compreensível. "Pode ir, Malcom!" - Era o que eu havia entendido, minhas mãos juntas se entrelaçavam, agitadas. Eu estava louco para que ele me dispensasse mais cedo, era muito raro que aquilo acontecesse, praticamente duas vezes por ano, as vezes somente uma.

Senti seus passos lentos e fundos rastejando sobre o chão escorregadio. O senhorio que dispensava os funcionários mais eficientes do dia se chamava Louis Myers, sua reputação era de alguém frio e calculista. Ranzinza, carrancudo, enfim. Aquilo não importava no momento, desde que ele fosse um homem justo o bastante para reconhecer meu esforço naquele dia, pois convenha, mesmo que eu não relate os motivos da pesquisa, tal como seu conteúdo, era evidente ser um tema muito pouco tratado e curioso.

–Cornelius! - Ele disse, em frente a minha porta, com aquele olhar enraizado em minha direção, quase que congelando minha espinha. Minha esperança era única e direta. - Fez um excelente trabalho hoje, "ele" mandou eu te dispensar... - É claro que todos nós sabemos quem era "ele", o soberano daquele prédio, o líder da matilha, nada mais nada menos que Ruy Perez, o chefe geral, ele era peregrino do México e tinha descendência turquesa, eu o conhecia como a palma da mão, mas com certeza não o suficiente para saber o que estava me aguardando naquela tarde.

Meu olhar brilhou de alegria, eu joguei a caneta que portava em mãos dentro da bolsa, sem mesmo olhar para ela, apenas com um sorriso besta estampado em meu rosto. Ele se virou, bufando de desprezo por minha tolice, e caminhara pelo corredor. Eu guardava meus instrumentos tão rapidamente que pensei "Oh, Deus, eu sou capaz disto?"

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–Droga! - Pensei, com o frio sucumbindo em minhas pernas. Tudo que eu pensava era como aquela viagem do centro até minha casa era cansativa, e nem sequer recompensava ter sido liberado mais cedo, sendo que chegaria mais tarde de qualquer forma. A vantagem de não receber liberação antes da hora era que nós tínhamos o direito de ir com uma van nos acompanhando. O que não ocorrera. E logo eu estava nas ruas de Quebec.

Me senti um estranho em meio aquela gente toda, somente eu, encolhido, com os olhos fechados, cambaleando sem direção aparente, minha pele era coberta por aquela camada fina de neve, eu esbarrava em pessoas a todo o tempo, e obviamente, pedia desculpas, com minha voz quase não saindo.

Porra, porque estava tão frio? Quero dizer, pela manhã não estava nem perto disso. Minhas mãos mal podiam se desgrudar uma da outra, e fiz isso para que não congelassem. Todas as pessoas ao meu redor foram prevenidos para fora de suas casas: Os homens, sorridentes, com ternos de cetim grosso, sapatos tão ásperos que pareciam ser recém usados em uma escalada, charutos caros comprados em um comércio de alta classe e barrigas rigidamente bem nutridas. Já as mulheres, todas com tanta maquiagem que pareciam bonecas de veludo, casacos de pele, em suma feitas de pele felina.

Quase que caindo de cansaço e frio, agarrei o corrimão da escadaria, que dava para a hospedaria que eu ficara por alguns dias. Quase não consegui mover minhas mãos para abri a porta, felizmente a senhora Riccon (dona da hospedaria) percebeu meu estorvo nos ombros e a abriu, me convidando a entrar e gentilmente me oferecendo um delicioso chocolate quente.

Dormi tanto que quase não mostrei vida naquele dia, mas acordei pontualmente ás 19:15, bom, eu era um homem relativamente apreciador de uma boa pestana, mas sabia quando tinha um compromisso e devia cumpri-lo, bocejei de júbilo por aquele sono dos deuses e fui tomar um bom banho. Ansioso para minha longa pauta com o Sr. Davinson.


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Notas finais do capítulo

Olá, leitor. Peço que se leu e gostou, adicione aos favoritos e recomende. Caso queira, obviamente.

E não se esqueça de acompanhar a viagem psicológica de Cornelius Marccone no próximo capítulo!

Grande abraço!



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