Born to Die escrita por Agatha, Amélia


Capítulo 43
Comemoração


Notas iniciais do capítulo

Quando lerem isso provavelmente estaremos viajando, mas nem por isso deixamos de postar.
No capítulo anterior deixamos algumas dicas do que vocês veriam nesse, teremos assuntos bastante esperados.
Gostaríamos de agradecer aos que nos deram sugestões de nomes e a todos os comentários que recebemos até agora, foram maravilhosos!!
Boa leitura!



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*Narrado por Sarah West

Eu estava na recepção do hotel, completamente enrolada em um cobertor grosso de lã. Já era noite e ventava com força. Depois de duas longas semanas apenas arrumando o hotel, o trabalho finalmente iria acabar. Como sempre eu estava cansada, mas dessa vez sentia muito frio, e eu começava a suspeitar de um princípio de febre. Rick entrou na sala com uma expressão cansada.

– Terminamos – ele falou com um sorriso cansado. – Eles estão até pensando em abrir uns vinhos pra comemorar.

– Não estou com cabeça pra comemorações. Na verdade, não estou a fim de fazer nada – disse com desânimo. – Acho que estou com febre.

– Acho que você está mesmo – Rick colocou o dorso da mão em minha testa. Depois disso, ele se sentou ao meu lado, afastou o cobertor e me abraçou. - Vou te esquentar. Sabe, tem uma coisa importante que eu nunca contei.

– O quê – virei meu rosto para ele.

– Bem... Quando eu machuquei a minha mão, no começo realmente não sabia como enfaixar, mas aprendi a fazer isso depois do segundo dia. Confesso que eu continuei indo lá só para te ver.

– Você mentiu pra mim! – disse rindo. Essa mentira boba havia nos levado ao ponto que estávamos hoje, e eu não me importava. Na verdade, eu estava até feliz por ouvir isso. – Rick, Scott me perguntou se já sabemos o nome do bebê. Nós nunca conversamos sobre isso.

– Não tem como saber se é menino ou menina.

– Eu sei, mas eu estava pensando em alguns nomes. Eu gosto de Christopher e Grace. Esse era o nome da minha avó.

– Christopher? Eu prefiro Benjamin ou Lucy.

– Benjamin?

– Podemos chamá-lo de Ben. Ninguém vai saber o nome de verdade.

– Estou atrapalhando? – Carl entrou na sala segurando o chapéu em suas mãos. Ele ficou parado na porta por alguns instantes antes de entrar. – Eu só queria conversar e pedir desculpas – ele ficou olhando para baixo e falou com um pouco de dificuldade – pelo comportamento que eu tive e na prisão e também na floresta. Eu estava com raiva porque ainda não tinha superado a morte da minha mãe, mas vocês seguiam em frente. Sarah, eu não queria ter falado aquelas coisas horríveis pra você, nem ter te tratado mal. Eu não te conhecia e não tinha o direito de fazer aquilo. Pai, eu também não queria te culpar pelo que aconteceu na prisão.

– Carl, todos os dias eu penso que poderia ter feito algo pela prisão. Eu ainda me sinto culpado por isso – Rick falou.

– Eu sei que culpa é algo difícil de tirar da cabeça, e sinto muito por ter feito isso. Eu era uma criança muito egoísta e arrogante. Eu sei que vocês não vão me perdoar agora, mas eu precisava dizer isso – Carl se virou e começou a sair da recepção.

– Espera! Por que não fica aqui? – esse parecia um bom jeito de conhecê-lo melhor e reaproximar pai e filho. Quando ouviu isso, ele rodou os calcanhares e se voltou para nós. – Estamos escolhendo o nome do seu irmão.

– Sério? – Carl disse surpreso e, ao mesmo tempo, com um grande sorriso no rosto. – Já chegaram a alguma conclusão?

– Eu gosto de Christopher e Grace, mas o Rick prefere Benjamin e Lucy.

– Eu gostei de Christopher e Lucy – ele se sentou entre nós dois. – Mas posso sugerir?

– Claro! Estamos em um impasse – Rick respondeu.

– Luke e Ellie.

– Se for um garoto pode ser Benjamin ou Luke, mas Christopher não – ele brincou.

– O que você tem contra Christopher? – perguntei.

– Não sei, simplesmente não gosto.

– E se for uma garota? – disse.

– Gostei dos três – Carl disse.

– Querem saber se uma coisa? Quando o bebê nascer nós saberemos o nome – Rick concluiu e nós concordamos.

– Está chutando – falei ao sentir os chutes, que estavam ficando cada vez mais fortes com o passar do tempo. Era como se o bebê soubesse os momentos exatos, primeiro quando Rick e eu nos acertamos, e agora no momento em que Carl começava a se aproximar de nós.

– Parece que ele gostou da presença do irmão – Rick comentou.

– Posso? – Carl falou um pouco envergonhado e eu assenti, colocando a mão dele no local dos chutes.

*Narrado por Gabriela Hopper

– Só Deus sabe o que nós passamos! Temos o direito de comemorar! – Tyreese opinou. Após duas semanas revirando cada canto do hotel, fazendo patrulhas do lado de fora e limpando todos os cômodos, esse trabalho estava terminado e estávamos um pouco relutantes em beber. Mais uma vez pensei no que a antiga Gabriela faria, e decidi fazer justamente o oposto. Era um bom jeito de conviver com o passado e me tornar uma pessoa melhor.

– Não há problema algum em fazermos isso – falei e todos me encararam de uma forma estranha, como se não esperassem que eu dissesse isso. – Só são vinhos! O que poderiam fazer?

– Eles têm razão. Vamos lá! Nós merecemos isso – Maggie disse.

Tyreese foi à frente, seguido pela Maggie e os relutantes Glenn e Sasha. Segui o grupo até a adega, que era um local pequeno e escuro, com o teto baixo e uma enorme prateleira cheia de garrafas em ótimo estado. Nem parecia que elas estavam abandonadas há muito tempo. Fiquei observando o local por um tempo. Eu não entendia muito de vinhos, então esperei que algum especialista escolhesse o que tomaríamos.

– Achei esse de 40 – Maggie falou puxando uma garrafa.

– Pode ter sido uma das últimas safras antes da guerra – Tyreese disse analisando uma parte da prateleira.

Quando o jantar finalmente ficou pronto, estávamos todos reunidos em uma grande mesa circular. Havia um coelho, dois esquilos, algumas latas de atum e cinco garrafas de vinho das mais variadas datas. As crianças estavam na mesa ao lado, exceto Carl. Depois de alguns minutos, ele chegou ao restaurante.

– Meu pai foi deixar a Sarah no quarto. Ela está com um pouco de febre, mas ele já deve chegar.

Poucos minutos depois, Rick chegou. Todos estavam bastante descontraídos, falando sobre assuntos variados e, principalmente, sobre vinhos. Até Michonne conversava naturalmente. Glenn se recusava a beber, alegando que da última vez havia passado muito mal. Maggie empurrava uma taça para ele e, depois de muita insistência, ele se rendeu.

– Eu adoraria saber o que cada um aqui fazia antes do apocalipse – Tyreese puxou assunto. – Até hoje não sei o que Daryl fazia.

– Acho que a definição certa é nada – ele começou sem dar muita importância. – Eu costumava ajudar meu irmão no tráfico – engasguei quando ouvi isso, mas tentei não me importar.

– Nos últimos dias, eu era dona de casa – Michonne falou, para o espanto de todos.

– Eu entregava pizzas. Mas pretendia fazer faculdade – Glenn respondeu.

– Faculdade? Você tinha alguma coisa em mente? – Sasha perguntou.

– Na verdade não. Minha mãe só queria que eu tivesse um diploma. E você, Rick? Como era ser um policial?

– A cidade era pequena, então não tínhamos muitos problemas. Minha grande atuação foi no dia em que me balearam – ele falou.

As crianças já haviam se dispersado pelo restaurante. Os outros mudavam o rumo da conversa para coisas mais descontraídas enquanto eu procurava Avery com os olhos. Encontrei ela encostada em uma parede com uma blusa de frio. Elo olhava para o chão meio desanimada, e, quando notou que eu a observava, deu um pequeno sorriso.

– Me dêem um minuto – falei me levantando, deixando minha terceira taça de vinho sobre a mesa. Caminhei até minha filha, que aparentava estar com sono. – O que está fazendo?

– Te esperando.

– Não precisa ficar aqui. Eu vou dormir no quarto com você, mas talvez eu vá mais tarde. Sei que você está com sono.

– Se você prefere assim. Boa noite, mãe – beijei o topo de sua cabeça e ela saiu do restaurante.

Voltei para a mesa, onde todos interagiam animadamente. Agora eles discutiam sobre esportes. Sentei-me na mesa e enchi minha taça novamente, sendo contagiada pela descontração deles.

*Narrado por Avery Hopper

Na volta para meu quarto em passos lentos era sono e desanimação ao mesmo tempo. Encontrei Carl e Patrick andando lentamente pela recepção, ambos aparentavam estar sonolentos.

– Vocês ainda estão aqui?

– Estava falando com Carl que eu já comecei a aprender a dirigir.

– Sério? Que legal. Eu sempre quis saber dirigir – comentei. – Já pedi pra minha mãe, mas ela disse que eu tinha que crescer mais antes disso. Ela também nunca vai me deixar experimentar vinho até que eu pareça ser maior de idade.

– Não queira provar, é horrível – Carl falou.

– Sua resposta só me faz pensar que eu preciso tomar as minhas próprias conclusões – retruquei. – Meus avós costumavam tomar de tarde para relaxar. Eles diziam que era bom.

– Já está bem tarde. Acho que é melhor irmos dormir – Patrick disse indo em direção às escadas.

Os andares já haviam sido distribuídos à tarde. Rick, Sarah e Carl ficaram no primeiro; Glenn, Maggie e Scott, que ficou sob os cuidados deles, ficaram no segundo; o terceiro, o quinto e o nono andares estavam vazios; minha mãe e eu ficávamos no quarto; o sexto era ocupado por Tyreese, Sasha e Mika; Patrick ficava no sétimo; Michonne no oitavo; e o décimo ficou com Daryl. Havia sido definido que a cada dois dias deveriam buscar água no rio e toras, já que o hotel não tinha nem energia.

Ninguém vigiava o lado de fora do hotel, já que quase todos estavam nos andares mais altos e todas as entradas estavam trancadas, assim como as portas dos quartos, e as chaves de cada andar ficavam com um residente.

Subi as escadas demoradamente até o quarto andar, e depois passei algum tempo procurando o quarto 45, porque ainda não estava habituada a dormir nele. Peguei as chaves em meu bolso e a abri a porta. Arrastei-me até uma das enormes camas de casal e me cobri com o cobertor. Na verdade, eu estava com sono minutos antes, mas simplesmente não conseguia dormir. A cama era a mais macia em que eu havia dormido no apocalipse todo, mas não era isso que me incomodava. Era aquela típica ocasião em que a pessoa não aguentava mais ficar acordada, mas quando podia finalmente dormir, o sono passava.

Fiquei observando o teto como se fosse a coisa mais interessante do mundo. Vários pensamentos passaram pela minha cabeça, mas nenhum a ocupou por muito tempo. Tentei diversas posições na cama, ajeitei o travesseiro, tirei o cobertor, o coloquei novamente. Nada que eu fizesse me ajudaria a dormir, e isso me irritava.

– Nós estamos bêbados! – ouvi a voz da minha mãe, mais alterada do que o normal. – Temos que ir dormir.

– Não precisamos – Daryl falou com a voz igualmente alterada.

– Dá pra parar de beber? – essa fala foi acompanhada do som de um vidro se estilhaçando. – Escuta, você está bêbado, e eu também...bebemos demais hoje! E sim, nós precisamos dormir.

Houve alguns sussurros e os passos começaram a ficar cada vez mais distantes, talvez na direção da escada. Eu não sabia para onde minha mãe ia, o que ia fazer e muito menos quando voltaria, mas resolvi esperar que ela voltasse. Fiquei tão concentrada em não dormir que acabei pegando no sono.

Acordei com alguns raios de Sol no meu rosto, já que a cortina estava um pouco aberta. Olhei para a cama do lado, mas ela estava arrumada. Imediatamente, fiquei preocupada com a minha mãe, mas logo ouvi o som de passos vindos do banheiro.

– Você já está acordada? – perguntei surpresa quando ela abriu a porta.

– Sim, algum problema?

– Claro que tem! Você só estava bebendo muito. Era pra estar com dor de cabeça, indisposição... Ressaca.

– Eu não bebi tanto assim! – não foi o que eu ouvi na noite anterior.

– Tudo bem, mas por que está tão animada? – mudei de assunto.

– Eu tenho uma coisa importante para dizer – ela disse se sentando ao meu lado na cama. Fitei-a com curiosidade para que ela prosseguisse, já que não fazia a menor ideia do que pudesse ser. – Eu estou namorando.

– Que ótimo! – exclamei animada, quase pulando da cama, até que um pensamento me ocorreu. – Espera, com quem? – eu já tinha quase certeza da resposta, já que não havia muitas opções, mas precisava que ela dissesse isso. Minha mãe riu, aparentando estar nervosa.

– Com o Daryl.

– Com o Daryl? – eu sabia que era ele, mas ouvir dela era diferente. Dessa vez, realmente saltei da cama.

– Sim, mas...

– Você está namorando com ele? – interrompi minha mãe propositalmente, começando a me divertir com a ocasião. - O caipira grosso e insensível que não liga para as pessoas? – comecei a provocá-la porque era divertido vê-la sem reação, totalmente encabulada. – Não foram essas as suas palavras?

– Sim, mas mesmo as pessoas grossas e insensíveis podem amar e ser amadas! – ri por causa daquelas palavras tão profundas.

– Desde quando? Por que não me contou antes? Eu quero tudo nos mínimos detalhes! – falei praticamente sem pausas.

– Já faz um tempo... Começou no caminho de volta para o acampamento, depois da farmácia – ela começou. – Eu tive medo de te contar antes. Sabe, a sua reação podia não ser tão boa.

– Você demorou esse tempo todo por causa da minha reação? Achou que eu ia ficar como?

– Assim.

– Está bem, eu já achava seus sumiços meio suspeitos. Agora sei o que você estava fazendo – usei um tom provocativo e ela deu um leve sorriso desafiador.

– Por favor, menos. Temos que descer – minha mãe finalizou a conversa.

– Pode ir descendo. Vou me arrumar – eu disse com um sorriso no rosto. Aquela informação era digna de comemoração, principalmente para mim que já havia insistido para que ela se relacionasse com alguém.


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Notas finais do capítulo

Temos uma notícia triste para dar, teremos que postar apenas um capítulo por semana, estamos depositando quase todo nosso tempo na escola e com um novo projeto. Gostaríamos de saber que dia vocês acham melhor, quarta ou sábado??
Então, o que acharam? Deixem a sua opinião?
Feliz Páscoa!Aproveitem bastante!