Born to Die escrita por Agatha, Amélia


Capítulo 36
Incerteza


Notas iniciais do capítulo

Estamos nos esforçando muito para cumprir o novo cronograma, já que está meio difícil escrever e usar o computador. Não se preocupem, não é falta de criatividade (temos ideia de sobra).
Apesar das dificuldades, conseguimos um tempinho pra postar.
Esperamos que a raiva de certos leitores já tenha sumido! Já devemos ter dito isso em alguns comentários, mas a prisão estava muito monótona e a fic precisava de momentos de ação. Sua despedida precisava ser algo grande, com mortes importantes para marcar esse momento importante e cheio de mudanças.
O nome do capítulo transmite o sentimento de todos os personagens, principalmente de uma específica.
Boa leitura!



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*Narrado por Avery Hopper

Já era manhã. Eu havia conseguido dormir, um sono que não durou mais do que três horas. Scott, Patrick e Mika também tinham dormido, minha mãe era a única que havia permanecido a noite toda acordada, com os olhos vidrados na estrada. A gasolina estava na reserva e não havia sinal de uma alma viva na estrada, nem de cidade ou lugar onde pudéssemos ficar. O futuro parecia uma incógnita.

Os carros começaram a parar vagarosamente em linha reta no acostamento e as portas começaram a se abrir. No primeiro carro do comboio estavam Rick, Sarah, Carl e Carol. Do segundo desceram Tyreese, Sasha, Michonne e Bob, com o um pano amarrado ao redor do braço direito. Daryl, Glenn e Maggie, que estava preocupada, saíram da caminhonete.

Todos se reuniram perto do primeiro carro e ficamos nos entreolhando por alguns instantes antes que alguém dissesse algo.

– Onde estão meu pai e minha irmã? – Maggie se adiantou. Todos olharam para ela, preocupados. Hershel e Beth estavam mortos, e ninguém sabia como dizer isso.

– Maggie, eles não estão aqui – Sasha falou delicadamente.

A expressão de Maggie mudou drasticamente em alguns segundos. Ela quase caiu, mas Glenn a segurou. Ela começou a chorar e, naquele momento, todos sentiram pena dela. Houve um enorme silêncio. Scott parecia muito preocupado com ela, assim como Glenn. No fundo, todos sentiriam muito a falta de Hershel e Beth. Eu não havia conhecido os dois muito bem, mas o suficiente para saber que eram boas pessoas.

Olhei para o braço de Bob, que tinha uma enorme cicatriz, que me dava calafrios só de olhar. Ele parecia se contorcer um pouco e fazia umas caretas de dor. Minha mãe também o observava, e logo acabou com o silêncio.

– Bob, o que houve com o seu braço?

– Eu estava saindo do bloco. Tinha um ferro lá, eu não vi, e acabei me cortando – ele explicou.

– Por favor, precisamos manter a calma – Rick disse. – Temos que nos concentrar na nossa situação. Não podemos ficar parados na estrada, mas o meu carro está sem combustível – todos assentiram. Provavelmente, todos os carros estavam quase com o tanque vazio. – Precisamos encontrar um lugar para nos abrigar enquanto não decidimos o que fazer.

– Tem um rio por aqui – Michonne falou. – Já passei por essa região algumas vezes. Se andarmos por alguns metros, chegaremos ao rio, então poderemos segui-lo. É uma fonte segura de água, e talvez até de alimento.

Todos concordaram com a sugestão dela e, em poucos minutos, já estávamos dentro da floresta, levando os únicos mantimentos que estavam nos carros. Todos pareciam meio abalados com o que havia acontecido, mas mesmo assim, seguíamos em frente.

Depois de alguns minutos de caminhada, Bob pediu para que parássemos e sentou no pé de uma árvore. O ferimento dele se tornava algo cada vez mais preocupante. Sarah se ajoelhou ao seu lado.

– Está com febre – ela falou depois de colocar a mão no rosto dele e depois olhou fixamente para o ferimento no braço direito, com se aquilo fosse a resposta de todo o problema, e possivelmente era. – E suando muito. Qual foi a última vez que se vacinou contra tétano?

– Faz... Faz alguns anos – ele respondeu com dificuldade. Algumas vezes, ele parecia contrair os músculos involuntariamente. Sarah me pareceu muito preocupada ao ouvir a resposta dele.

– Ele vai ficar bem? – Sasha perguntou.

– Bob só ficará bem se tomar alguns remédios – ela respondeu seriamente. – E precisamos deles com urgência.

– E a farmácia onde costumávamos buscar remédios? – Daryl sugeriu.

Como se estivessem em um jogo de futebol, eles se reuniram em um círculo e começaram a avaliar a situação, que não era nada boa. Todas as crianças, incluindo eu, estavam sentadas em uma tora, enquanto Sarah cuidava de Bob. Naquele momento, me senti inútil por não poder fazer nada para ajudar. Eu queria poder fazer a diferença, mas não tinha conhecimentos médicos, não conhecia a região e não tinha gasolina nem remédios.

*Narrado por Sarah West

A situação de Bob era bastante preocupante. Quanto mais eu pensava naquilo, ficava mais convencida de que ele havia contraído tétano. O ferimento em seu braço ainda não estava totalmente cicatrizado, e começava a perder a cor. Com Scott estava sendo diferente, seu corte era mais recente, mas estava cicatrizando sem causar problemas.

A certeza de que Bob não havia se vacinado só agravava a situação. As chances de recuperação sem os remédios eram praticamente nulas. Eles eram necessários para iniciar o tratamento o mais rápido possível, já que não dava para prever quanto tempo ele tinha.

Um pouco afastados, os outros discutiam sobre o que deveriam fazer. A minha presença seria inútil naquela reunião. Eu só poderia dar os nomes dos remédios e continuar olhando Bob. De repente, ele segurou o meu braço.

– Eu vou ficar bem... sozinho – Bob falou com dificuldade.

– Tudo bem. Me chame se precisar de alguma coisa – ele assentiu e eu me levantei.

Sentei-me no mesmo tronco onde todas as crianças estavam sentadas, muito cabisbaixas. Avery estava ao meu lado. Eles dividiam um grande pote branco que continha leite em pó, e o comiam puro, já que não tínhamos água. Quando cheguei, me ofereceram o pote e eu aceitei sem saber o porquê, mas talvez fosse a fome.

Observei o conteúdo por alguns instantes antes de pegar a colher e comer. Por algum motivo estranho, eu senti uma vontade enorme de comer aquele leite em pó. As crianças pareciam distraídas, talvez tentassem prestar atenção na reunião que ainda não acabara. Depois de comer talvez um pouco mais do que deveria, devolvi o recipiente e comecei a pensar naquilo.

Eu nunca gostei muito de leite em pó, mas ele me pareceu incrivelmente bom e irresistível, e eu não entendia isso. Minha mãe era vegetariana, mas quando engravidou do meu irmão mais novo, Fred, ela comia carne o tempo inteiro. Quando eu engravidei pela primeira vez, sentia uma vontade enorme de comer qualquer coisa que aparecesse na minha frente, como nesse momento.

Só então me dei conta de que estava pensando nisso e não sabia qual era o motivo exato. Mas no fundo eu realmente sabia. Minha mudança para cela de Rick, meu cansaço e fome repentinos, tudo estava se interligado. Até mesmo o meu ciclo, que aparentemente estava atrasado, contribuía para essa teoria. Antes eu pensava que pudesse ser um efeito do aborto, mas ligando todos os fatos, as coisas pareciam fazer mais sentido.

Quando se começa um relacionamento sempre vêm os planos, mas desta vez eu só esperava duas coisas do meu relacionamento com Rick: amar e ser amada. A sensação de perigo eminente e a incerteza a cada passo que dávamos me impossibilitavam de sonhar mais. Todavia uma gravidez naquele momento só me dizia que havia uma esperança no mundo obscuro em que nos encontrávamos. Mas, por outro lado, essa era a pior hora para isso. Estávamos desabrigados, sem gasolina e com pouca comida.

O único problema era que aquilo tudo não passava de uma dúvida, ou melhor, uma incerteza.

*Narrado por Gabriela Hopper

Estávamos reunidos em círculo discutindo o que iríamos fazer a respeito da busca de remédios para Bob, o futuro dele estava em jogo e o de todo o grupo também, mas minha cabeça não estava prestando a devida atenção naquilo, ela estava em outro lugar.

A noite de ontem com certeza não iria sair da minha mente tão cedo, as lembranças dos gritos e gemidos por todo o lado e a visão de Daryl me estendendo a mão vinham a todo o momento para que não fossem esquecidas. E com certeza eu não compreendia o porquê daquele ato, não conseguia encontrar motivos para aquilo, e o fato de não ter respostas me fazia pensar mais sobre isso, tentando encontrar alguma. Não teria sido mais fácil me deixar lá?

– Se não me engano, essa farmácia fica a alguns quilômetros – Rick falou. – O problema é que estamos sem gasolina – ele fez uma pausa para pensar. – Daryl, e a moto que está na caminhonete?

– Tem o suficiente – Daryl disse depois de pensar.

– Menos um problema – Rick acrescentou com um pouco de alívio na voz.

– Essa saída é muito arriscada – Carol interrompeu. – Estamos sem abrigo.

– E é por isso que Daryl não vai sozinho – ele a cortou.

– Eu posso ir – Sasha sugeriu.

– Você é mais útil aqui, defendendo o grupo. Além do mais, armas brancas chamariam menos atenção – Rick olhou para Michonne pensativo, e ela, como se tivesse recebido alguma mensagem mentalmente, balançou a cabeça concordando. – Me sentiria mais seguro com você por aqui.

– Eu vou então – disse sem pensar. Por alguns segundos, todos me olharam. – Meu machado também é uma arma branca, e eu já fiz isso algumas vezes.

– Resolvido, vamos nós dois na moto – eu havia me esquecido desse pequeno detalhe, mas não dava para voltar atrás. Eu não tinha quase nenhum problema com motos, só as achava extremamente perigosas e desconfortáveis.

Enquanto o outros organizavam a nossa saída, fui falar com Sarah sobre os medicamentos necessários. Arranquei uma folha do caderno de músicas de Avery e peguei sua caneta para que ela pudesse anotar os medicamentos necessários.

– Precisamos de antibióticos. Eu recomendo metronidazol, mas pode ser penicilina, clindamicina ou eritromicina. Bob também vai precisar de imunoglobulina antitetânica, sedativos e relaxantes musculares, eu recomendo o diazepam – assenti com um rápido movimento de cabeça, mesmo estando confusa com todas aquelas palavras estranhas que ela dizia. Ante que eu fosse embora, Sarah voltou a falar, só que num tom de voz mais baixo. – Gabriela, eu preciso pedir uma coisa.

Ela sussurrou cuidadosamente o seu pedido em meu ouvido e eu ouvi tudo atentamente. Eu disse que faria de tudo para encontrar o que ela precisava e pedi para Sarah cuidar da minha filha enquanto eu estava fora. Logo em seguida, Maggie veio até mim. Ela estava muito abatida, tão pálida que parecia estar doente, o que era preocupante. Concentrei-me em ouvir seu pedido, que era o mesmo de Sarah. Ambas tinham uma dúvida, e eu precisava ajudá-las com o máximo de descrição possível.

Peguei uma mochila vazia e respirei fundo. Comecei a caminhar em direção à moto, mas fui parada no meio do caminho. Avery apareceu na minha frente e me abraçou com força. Ela estava praticamente pendurada em mim, e demorou um pouco para soltar.

– Por que sempre tem que ser assim? – sua voz deixava claro que ela ainda estava assustada com tudo aquilo. – Você precisa mesmo ir?

– Ave, eu tenho que fazer isso. Esse grupo já fez muito por mim, e sempre que eu puder ajudar vou fazer isso – disse a olhando fixamente nos olhos. Ela havia crescido muito rapidamente, e já tinha exatamente a mesma altura que eu. – Você está tão grande! – exclamei e ela sorriu.

– Para falar a verdade eu sempre fui do seu tamanho – ela falou e depois um sorriso travesso brotou em seus lábios. – Você que é quase uma anã!

– Eu vou sentir sua falta – falei rindo. Eu já havia perdido a conta de quantas vezes afirmara isso.

– Eu também – ela afirmou.

Seus cabelos loiros estavam desgrenhados e os olhos azuis brilhavam assustados, a blusa preta e branca possuía algumas manchas de sangue de walkers, resultado da fuga da noite anterior.

– Toma cuidado.

– Não vai ser tão perigoso – disse com segurança, mas ela se foi toda quando eu olhei para a moto. – Fora pela moto...

Abracei minha filha novamente e me virei. Fui andando em direção à moto, com passos confiantes. Antes de subir no veículo, dei mais uma olhada para Avery. Ela apertava seu colar com força e deu um pequeno sorriso com os lábios, só para mostrar que estava bem e passar confiança.


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Notas finais do capítulo

O que acharam do capítulo e da sinopse (definitiva)?
Até sábado! O capítulo terá momentos muito aguardados pela maioria de vocês, e é o maior que já escrevemos até agora.