Born to Die escrita por Agatha, Amélia


Capítulo 35
Apenas sobreviver


Notas iniciais do capítulo

Com o novo cronograma, teremos dois capítulos por semana e aqui está ele!!
Muito obrigada pelas 3000 visualizações, nós realmente não imaginávamos que chegaríamos a tanto!!
Vamos finalmente por fim a mistério que deixamos no capítulo anterior, então sem mais delongas, boa leitura!!



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*Narrado por Sarah West

Depois do jantar, voltei para a minha cela exausta. Já estava deitada na cama antes mesmo de Rick chegar, mas eu não tinha sono, simplesmente havia um enorme cansaço que me consumia por dentro e por fora.

– Então você está aqui? – ouvi a voz de Rick e abri os olhos.

– Você nem imagina como estou cansada.

Ele não disse mais nada, apenas deitou ao meu lado me envolveu em seus braços. Encaixei-me em seu corpo e Rick deu um beijo na minha nuca. Fechei meus olhos mais uma vez e tentei relaxar. A presença dele era um remédio para todos os problemas da minha vida, físicos e mentais, eu me sentia segura com ele.

Quando eu estava prestes a dormir de vez, houve um barulho. Rick se levantou, mas eu continuei deitada. Poucos minutos depois, um grito muito alto e agudo invadiu o local por muito tempo. Eu reconheci a voz, era a de Beth. Rapidamente despertei por completo e me sentei na cama.

Ele saiu da cela e eu o segui. Todos do bloco pareciam ter feito o mesmo, e se perguntavam o que estava acontecendo. Olhei para o vão onde havia inúmeros infectados lá embaixo, que se arrastavam em uma tentativa inútil de chegar à escada.

Rick não disse nada, apenas segurou seu revólver, colocou uma faca em minhas mãos e me puxou para trás dele. Os outros voltaram a suas celas para pegar suas armas. Fui em direção à outra saída onde havia uma janela no pé da escada. Coloquei o rosto para fora e olhei para baixo. O vento uivava com força e parecia disputar uma guerra barulhenta como os grunhidos dos mordedores. Havia dezenas deles lá embaixo e mais pareciam vir ao fundo já que as cercas tinham cedido. Eles se dividiam entre os dois blocos habitados e a cerca dos porcos.

– A cerca cedeu, a prisão está tomada de walkers – falei o óbvio – Temos que sair daqui!

– Michonne, vá na frente com as crianças, Beth e Sarah – Rick ordenou. – Sasha e Carol, vocês duas cubram eles com Hershel. Daryl, preciso que vá ao outro bloco e traga o máximo de pessoas que conseguir, vá com Tyreese e Gabriela que têm armas brancas. Tentem economizar munição, podemos precisar mais tarde além do som chamar mais a atenção deles. Eu vou chamar Glenn e Maggie, que estão na torre.

Rick – o chamei. – Tome cuidado.

– Você também – ele disse envolvendo o meu rosto com suas mãos. Depois se virou para todos. – Se eu não voltar, continuem com o plano, nos fundos os carros estão prontos para a partida – uma dor imensa invadiu meu peito, era a insegurança que tomava o meu corpo e dizia que aquela seria a última vez que o veria. Olhei mais uma vez para Rick na tentativa de decorar cada detalhe de sua face. Os cabelos castanhos compridos com alguns cachos, seus olhos azuis que brilhavam quando me fitavam. – Amo você!

– Eu também – falei com os olhos molhados. Eu não entendia porque a esperança havia fugido de mim naquele momento. Rick me beijou. Um beijo rápido e reconfortante.

Michonne tomou a frente com sua katana em mãos pronta para decapitar qualquer infectado que entrasse em seu caminho. Segui seus passos, ao meu lado estavam Scott e Carl, que levava sua arma de cano alongado.

Com passos rápidos saímos do bloco de celas. Alguns caminhantes tentaram nos impedir, mas Michonne os eliminou facilmente. Logo que saímos do bloco pude contemplar o cenário de destruição que a prisão havia se tornado. Vários caminhantes desfigurados vagavam derrubando tudo que viam pela frente. Imediatamente eles se voltaram para nós, meu coração acelerou e senti a adrenalina percorrer meu corpo inteiro. Naquele momento, eu não sentia mais exaustão nem cansaço.

Tudo naquele instante ficou mais rápido. Os mordedores avançaram com ferocidade e Michonne também avançou para exterminá-los, em seguida vieram vários tiros assim como gemidos. Dei uma rápida olhada para trás e pude ver os infectados que estavam dentro do bloco agora cercavam o grupo que nos dava cobertura. Naquele momento meu corpo estava no automático e apenas corria em direção aos carros mais à frente. Os gemidos e gritos se tornaram insuportáveis. Seguimos em direção à saída que ficava na zona sul da prisão.

Quando finalmente chegamos à fileira de carros com chaves já na ignição, eu parei para olhar a prisão à minha frente. Mais ao longe, próximo ao meu bloco, havia um círculo daquelas criaturas horríveis, onde alguém estava sendo devorado. Tentei tirar esse pensamento horrível passando meus olhos pelas grandes torres. Mais no fundo consegui ver três pessoas correndo em minha direção, dois homens e uma mulher. O homem mais à frente estava com braço direito estendido pronto para disparar. Era Rick.

Naquele momento foi como se o mundo tivesse saído das minhas costas, meu corpo inteiro foi tomado por alívio ao vê-lo são e salvo vindo na direção dos carros.

*Narrado por Avery Hopper

Minha mãe levantou-se de sobressalto e eu fiz o mesmo. Inicialmente não consegui descobrir de quem era o grito, mas quando cheguei à “porta” da cela, pude ver Beth horrorizada com as mãos na boca. Acompanhei seus olhos até os walkers que começavam a tomar o bloco lá embaixo.

Meus olhos se arregalaram e olhei para todos os habitantes que estavam paralisados assim como eu. Os mais velhos começaram a pegar suas armas e minha mãe fez o mesmo. Sarah correu para a janela no canto do corredor e ficou alguns minutos paralisada olhando para o lado de fora.

– A cerca cedeu, a prisão está tomada de walkers – ela falou. – Temos que sair daqui!

– Michonne, vá na frente com as crianças, Beth e Sarah – Rick ordenou. – Sasha e Carol, vocês duas cubram eles com Hershel. Daryl, preciso que vá ao outro bloco e traga o máximo de pessoas que conseguir, vá com Tyreese e Gabriela que têm armas brancas. Tentem economizar munição, podemos precisar mais tarde além do som chamar mais a atenção deles. Eu vou chamar Glenn e Maggie que estão na torre.

Mal tive tempo para pensar quando ele finalizou, minha mãe me entregou minha mochila e eu a coloquei nas costas. Ela olhou fixamente para mim, seus olhos até estavam brilhantes.

– Você vai fazer o que Rick mandou. Corra o mais rápido que puder e não olhe para trás. Sobreviver em primeiro lugar. Está bem?

– Mas mãe... – tentei argumentar, mas e ela me cortou.

– Não tem “mas”. Avery, não me desobedeça! – ela disse com uma voz severa que nunca tinha usado comigo antes. Se fosse meu antigo pai dizendo isso eu até teria me enfurecido ou ironizado, mas os seus olhos eram de pura preocupação.

– Tudo vai ficar bem – disse na mesma hora em que ela me puxou para um abraço muito apertado. Eu até gostaria de ficar ali, com aquela sensação de segurança que só se sente quando está próximo da mãe, mas não podia.

Segui Carl e Scott com um pensamento fixo na cabeça: tudo ficaria bem. Nem mesmo quando saímos do bloco e nos deparamos com um mar de errantes eu afastei esse pensamento, era necessário ter esperança, se ela morresse, nós morreríamos com ela.

Em certo momento, Michonne se adiantou, e Carl, Scott e Sarah fizeram o mesmo seguindo-a. Apressei o passo para tentar alcançá-los, mas ouvi tiros atrás de mim. Olhei para a origem dos disparos, que vinham das armas de Hershel, Sasha e Carol. Quando voltei a prestar atenção, eu estava parada entre os tiros e os walkers, enquanto as pessoas gritavam para que eu corresse. Eu não sabia exatamente porque estava parada, mas não conseguia sair do lugar.

Beth parou ao meu lado por alguns segundos e disse algo, mas eu não pude ouvir, apenas vi seus lábios se movendo. Quando realmente me toquei de que precisava voltar a correr, já era tarde. Um mordedor avançou sobre Beth e segurou seu braço com força antes de mordê-lo. Ela começou a gritar desesperadamente enquanto caia no chão e levava mais mordidas.

Pensei em atacar o caminhante, mas eu estava desarmada e isso seria suicídio. Hershel correu em direção à filha enquanto tropeçava (por causa da prótese) e atirava nos errantes que o obstruíam. Ele se jogou no chão e abraçou a garota, que, a essa altura, já poderia ser considerada morta por causa das mordidas no pescoço, mas continuava gritando e chamando pelo pai.

– Papai! – ela tentava gritar, mas parecia um sussurro. Seu rosto expressava completamente a dor que ela sentia.

– Papai está aqui – Hershel tentou acalmá-la enquanto passava a mão em seus cabelos. – Vai ficar tudo bem querida...

– Hershel, temos que ir – chamei-o. Deveria ser duro para ele abandonar a filha, mas Hershel precisava sair de lá.

– Não! – ele abraçou Beth com mais força.

– Vamos! – Carol exclamou começando a correr. Mesmo relutante, Sasha também prosseguiu. Dei uma última olhada para Hershel e Beth abraçados no chão, em meio a todo aquele sangue e continuei a caminhada até os carros.

Não olhei para trás, mas naquele momento walkers já deveriam ter atacado pai e filha. Nos juntamos a Rick, Maggie e Glenn, que também estava indo na mesma direção. Até pensei em dizer algo a Maggie sobre o pai e a irmã, mas não era o momento para aquilo.

– Entrem nos carros! – Rick ordenou.

*Narrado por Gabriela Hopper

Eu não sabia como, mas quando me dei conta já estava do lado de fora do bloco, indo em direção contrária aos outros sobreviventes. Eu nem pensara em olhar para o cenário de destruição, estava totalmente concentrada em entrar naquele bloco e depois ver se estava tudo bem com a minha filha. Era como se, nesse momento, a minha vida não importasse, eu queria sobreviver porque sabia que Avery ficaria sozinha se eu morresse.

Segurei meu machado com força, havia tempos que eu não o usava e nem fora necessário, nestes dias de calmaria na prisão eu só havia usado os facões na cerca para matar walkers. Tyreese estava na frente com seu martelo, bastante determinado, era visível sua preocupação com Karen. Não foi preciso abrir a porta da frente, que se encontrava escancarada.

O bloco estava completamente infestado, e tantos os gritos quanto os gemidos machucavam os tímpanos. Pessoas mordidas ou não corriam pelo bloco, poucas conseguiam chegar à saída ilesas. Comecei a acertar os errantes que vinham em minha direção. Alguns deles formavam montinhos no chão ao redor de pessoas mortas.

– Karen! Karen! – Tyreese começou a gritar enquanto matava mordedores e aprofundava no bloco.

Resolvi me concentrar em tirar as pessoas de lá antes que a situação fosse irreversível. Fui entrando no bloco enquanto olhava o interior de cada cela. Logo no início, pude ouvir gritos por trás de uma cortina ensanguentada. Quando entrei, vi Patrick no chão, rodeado por dois walkers que ele chutava desordenadamente com os olhos fechados.

Puxei o primeiro pela roupa, joguei-o no chão e decapitei o segundo. Patrick se levantou assustado e eu pisei no errante que tentava se levantar antes de esmagar o seu crânio com o cabo do machado.

– Vem! – gritei e ele me seguiu. Matei outros cinco que vinham em nossa direção antes de voltar a falar. – Tem mais alguém aqui? – ele não respondeu, apenas sacudiu a cabeça rapidamente.

Era claro que Patrick estava bastante assustado, então resolvi tirá-lo de lá. Enquanto o conduzia pelo corredor, algumas flechas cortaram o ar perto de mim. O lugar ficava cada vez mais cheio, com walkers vindo de do bloco e de dentro das celas.

– Você viu a Karen? – Tyreese gritou e me virei para vê-lo. Ele carregava uma garotinha loira em seu colo, que chorava, o abraçava com força e aparentava estar com muito medo. Tyreese tentava protegê-la das investidas de errantes enquanto os acertava com o martelo usando apenas uma mão.

– Temos que ir! Eles vão bloquear a saída! – Daryl se aproximou enquanto colocava uma flecha na besta. – Eles já estão entrando nos carros!

Daryl estava com Bob, que segurava o braço direito com força, onde havia uma enorme cicatriz. Tyreese foi o mais relutante em sair. Ele olhou para trás algumas vezes, depois para Mika, que o segurava assustada, e acabou nos seguindo. Patrick corria na minha frente desesperadamente. Daryl ajudava Bob a correr o mais rápido possível. Com o tempo, fui ficando para trás, o machado parecia pesar mais. Esforcei-me para olhar os carros, que pareciam distantes. As pessoas lá dentro nos esperavam, e depois de um tempo, pude ver Avery.

Um caminhante se aproximou de mim de repente. Levei o machado para trás e girei o corpo para cortar a sua cabeça, mas errei o movimento e me desequilibrei o suficiente para cair no chão. Tentei me apoiar com as mãos, mas o impacto foi muito forte e meu machado foi arremessado para longe.

Tentei me levantar, mas não conseguia. O errante se aproximava e seria impossível fugir dele. Dei uma última olhada para os carros. Avery parecia me procurar, mas ela nunca mais me veria. Dei um pequeno sorriso. Minha filha estava segura, e isso era mais importante que a minha vida. Ela ficaria sozinha, mas teria que se adaptar e ser forte. Fiz um último esforço para me levantar. O gemido daquele mordedor estava mais próximo. Pude sentir que ele estava próximo, mas, no momento em que ele iria me pegar, um som cortou o ar.

Daryl se aproximou rapidamente e estendeu a mão. Aceitei a ajuda aliviada e ele me puxou para cima. Dei um fraco sorriso e, sem dizer nada, Daryl me entregou o machado.

Olhei para o caminhante no chão. Eu ainda estava muito assustada com aquela experiência de quase morte. Respirei fundo e voltei a correr. Daryl ia à minha frente, mas sempre olhava para trás.

Eu estava muito cansada quando cheguei ao local dos carros. Entrei em um deles, onde Avery parecia muito preocupada. Além dela, Patrick, Scott e Mika estavam naquele carro. Abracei minha filha com força antes de ligar o veículo e seguir os outros.

Todos estavam apavorados. Patrick ainda se recuperava do que havia acontecido, e observava a paisagem. Mika olhava para baixo e soluçava. Scott segurava a mão da amiga e, de vez em quando, olhava para ela com preocupação. Avery parecia aliviada por termos escapado, mas, ao mesmo tempo, estava triste.

– Mamãe – ela disse com a voz baixa e eu assenti. – O que vamos fazer agora?

–Apenas sobreviver – respondi depois de pensar um pouco. Era o que fazíamos, afinal.


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Notas finais do capítulo

E com esse capítulo nos despedimos da prisão! Até o próximo!