Born to Die escrita por Agatha, Amélia


Capítulo 10
Todos nascemos para morrer...


Notas iniciais do capítulo

Sentimos a falta de alguns comentários, esperamos que comentem nesse!
Como prometido teremos morte...Será um capítulo bastante importante para fic e desencadeará acontecimentos importantes.
Boa leitura!



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*Narrado por Gabriela Hopper

Deveria ter se passado um mês ou mais desde que tudo começou, mas, como ninguém estava contando, não dava para ter certeza. Deixar o tempo se passar sem prestar atenção era muito bom e relaxante, principalmente num tempo em que os mortos voltaram a andar.

Depois que trouxemos os remédios, Ashley foi melhorando aos poucos, e deduzimos que poderia ser algo como uma virose, mas nunca teríamos certeza. Tratamos da sua febre e, com o tempo, ela foi se recuperando.

Aos poucos Scott estava se soltando. No começo, ele ficava meio afastado, Avery tentava falar com ele, mas ela disse que ele era “tedioso e extremamente religioso”. Mesmo assim, ele estava bem e falava menos sobre o seu pai, e eu não sabia se isso era bom ou ruim.

A cerca já estava quase pronta, só faltavam alguns metros. Era impossível cercar todo o parque, ele era enorme. Só cobrimos a parte que usávamos. Enquanto procurávamos algo útil pelo parque, encontramos uma piscina, que foi esvaziada para economizar água e começamos a queimar os corpos de mordedores nela.

– O que foi? – Josh perguntou interrompendo os meus pensamentos.

– Nada. É que já faz tanto tempo... Estava me lembrando do que aconteceu nos últimos dias.

– Emily fez um lanche pra gente. Essa cerca está dando mais trabalho do que eu pensei. Vamos sentar um pouco.

Fomos até as mesas de piquenique, onde ele me puxou para sentar no seu colo.

– Vamos ver o que tem aqui – ele abriu a vasilha. – Biscoitos...

– Estou interrompendo? – Avery perguntou se aproximando com malícia, acompanhada de Elias.

– Você sempre interrompe Avery! – brinquei. – O Scott não estava com você?

– Não, ele está com a Molly. Parece que ele gostou dela. Pelo menos eu não preciso tentar falar com ele...

– Pelo menos ele não fala tanto quanto você – falei.

– O que aconteceu de tão importante? – Josh perguntou.

– Já vi que estou interrompendo alguma coisa... – Avery falou com um tom provocador.

– Desculpem interromper, mas é uma coisa importante – Elias falou. - Gabriela, nós estamos pensando em treinar, para que todos saibam se defender. Avery quer que eu a ajude, mas eu acho que preciso da sua autorização.

Todos me viam como a pessoa responsável pela Avery, eu gostava disso. Ela olhava para mim na maior expectativa. Eu queria que ela pudesse se defender, mas Avery ainda era uma criança.

– Posso falar com você um minutinho? – me levantei e levei Avery para outro lugar.

– Você deixa ou não? – ela perguntou quando estávamos longe deles.

– Você quer isso? De verdade?

– Sei lá... – ela pensou um pouco. – Eu estou sozinha agora, preciso saber lutar – confesso que aquilo me magoou um pouco.

– Avery,você não está sozinha! – a abracei. – Eu estou com você! – depois de algum tempo, notei que ela chorava.

– Me desculpa... – ela limpou as lágrimas. – É que eu ainda não sei o que você é pra mim... Você é mais que uma amiga ou uma colega de quarto...

– Tudo bem. Só não fale mais isso – falei. – Olha, vai lá e fala pro Elias que eu deixo. Só não fique pensando que pode aí por aí sozinha, OK?

– Tá bom. Obrigada! – ela me abraçou e saiu correndo.

Voltei e me sentei no colo de Josh e vimos os dois se afastarei, Avery saiu tanto menos saltitante do que chegará.

– Até que enfim um tempo só pra nós – ele me beijou.

– Ela está indo bem.

– É. Avery é uma garota esperta, mas ao mesmo tempo, é insegura, está com medo. Você fez bem em deixá-la treinar um pouco.

– Obrigada pelo apoio.

– É isso que os namorados fazem – ele sorriu e me beijou de novo.

– Mesmo no fim do mundo?

– Sempre estarei aqui para te proteger. Eu te amo!

– Eu também... – fui interrompida por gritos.

– Venham aqui rápido! O rádio ta transmitindo alguma coisa! – Elias gritou e fomos caminhando de mãos dadas até lá.

– Também amo você! – sussurrei antes de chegarmos lá.

O rádio costumava ficar na guarita, mas agora estava em cima de uma mesa, onde pude ver todos do parque, menos Scott e Molly, que eu não fazia ideia de onde estavam.

– E aí? – Charles perguntou.

– Espera... Pronto! Achei a estação – Elias falou e ficamos em silêncio.

_ Testando...Um, dois, três, testando... Sinceramente, espero que alguém esteja ouvindo. Estou falando de Atlanta, tudo aqui está um caos, aquelas bestas ambulantes estão por toda a parte .Trago um aviso urgente para os sobreviventes, se é que existem alguém, já tentei falar com diversas unidades em várias cidades do país, porém não obtive resposta, essa mensagem no radio é minha última esperança. Todas as unidades policiais, de bombeiros e do Exército em serviço se foram, estamos sozinhos! Agora é sorte e torcer para não encontrar um mordedor.Torço para que a humanidade não tenha acabado. Tomara que não esteja falando sozinho...

– Então é isso? Estamos sozinhos? – Ashley perguntou se sentando chocada.

– É! Estamos mortos! – Charles gritou enquanto começava a beber.

– Pessoal, vamos manter a calma! Podemos aguentar! – Josh se manifestou.

– O que vamos fazer? – Jacob perguntou.

– Eu não sei, precisamos pensar e manter a calma – ele insistiu.

– Vamos fazer uma reunião... – Elias foi interrompido.

– Pra mim já deu! – Charles falou enquanto jogava a sua segunda garrafa de cerveja no chão e enchia o copo novamente. Depois disso, ele saiu cambaleante em direção ao seu chalé.

Mais tarde, começamos uma reunião nas mesas onde almoçavamos, um olhava nos olhos do outro a fim de buscar respostas que tinham em suas cabeças. Todos estavam lá, menos Avery, que queria participar da reunião, mas eu não deixei e Scott.

– Precisamos montar um grupo de sobrevivência, não acho que seria bom sair daqui – Josh começou.

– Exatamente. Já temos a cerca quase pronta e uma boa quantidade de comida – Elias completou.

– Não temos armas. Só isso – Charles falou jogando a sua pistola na mesa.

– Nós já começamos a organizar o parque, só temos que continuar fazendo isso – Emily disse enquanto eu olhava para Avery, que estava sentada debaixo de uma árvore um pouco afastada, ao lado de Scott.

–Olha, sei que estão tensos, preocupados e um tanto exaltados – Josh falou a última frase para Charles que pareceu nem ligar. – Mas o que nós acabamos de ouvir do rádio é importante, não há mais ninguém lá fora. Só temos uns aos outros. Agora mais do que nunca temos que lutar pela sobrevivência, e para isso precisamos trabalhar juntos.

– Já estamos mortos! – Charles falou enquanto bebia outro copo.

– Pega leve, cara! – Elias tentou, pois todos sabiam que a bebida estava alterando ele.

– Eu poderia ter morrido por causa de uma simples febre e vocês me salvaram, não desistiram de mim. Não quero ser mais um errante por aí, eu quero viver. Querem saber a minha opinião? Precisamos de um líder, e Josh é a pessoa perfeita para isso.

– Alguém tem algo contra? – Molly perguntou e ninguém se pronunciou.

– Decidido! – Elias falou.

– Querem saber a minha opinião? Venham comigo – Charles falou enquanto andava em direção à casa principal.

*Narrado por Avery Dickens

Esperar era tão tedioso quanto conversar com o Scott. Ele era meio legal e mega fofo, mas tinha a estranha capacidade de encaixar “Senhor” no meio de cada frase, e isso me irritava.

– O que aconteceu? – ele perguntou se aproximando.

– Não ouvi direito. Ficou sabendo do aviso no rádio?

– Sim. Mas o que eles decidiram?

– Não sei. Vamos olhar? – perguntei me levantando.

– Pediram para esperarmos aqui...

– Pode ficar se quiser, eu vou lá!

– Você não devia desobedecer a Gabriela. Ela é sua...? – ele mudou de assunto pra me impedir de sair, e eu resolvi esperar um pouco.

– Eu não sei... Antes eu pensava que ela era minha amiga, mas é muito mais que isso. É como se a Gabriela fosse a irmã mais velha que eu nunca tive – finalmente cheguei a uma conclusão. – Ela cuida de mim, me protege...

– E em troca você deve respeitá-la! – ele voltou ao assunto anterior.

– O que tem de mais?

– Você vai me deixar sozinho? – ele me olhou com aquela carinha fofa.

– Não, você escolhe se vem comigo ou fica sozinho.

– Prefiro ficar sozinho a desobedecer a Molly! – ele falou e eu saí correndo para a casa principal.

Todos estavam reunidos do lado de fora na forma de um semicírculo. Me abaixei para que não me vissem e comecei a ouvir o que eles falavam.

– O que você quer com isso, Charles? – Kate perguntou impaciente.

– Estão todos aqui, certo? – ele falou olhando ao seu redor até que me viu. Ele sorriu e voltou a falar. – Será que nenhum de vocês perceberam o que está acontecendo? – ele tirou uma faca do bolso e apontou para todos em volta.

– Larga a faca! – Josh tentou, e, ao notar que ele não deu atenção, tirou a arma do bolso. – Estou com a sua arma.

– Não precisa usar isso. Se não notaram, estamos mortos! E além do mais você nunca atiraria!

– Você bebeu de mais, pare com isso! – Jack falou.

– Eu sou o único aqui que entendeu a mensagem. Temos duas escolhas agora: lutar inutilmente para sermos devorados; ou podemos nos entregar sem sofrimento. Nós nascemos para morrer, alguém duvidava disso? Olhem para o mundo agora! Não nos cabe escolher entre viver e morrer,precisamos escolher de que forma iremos morrer.

Antes que qualquer um pudesse fazer algo, ele virou a faca e a fincou em seu peito, próximo ao coração. Involuntariamente, me levantei e pude vê-lo no chão, sangrando até a morte.

Todos continuaram imóveis olhando para ele, até que Gabriela me viu. Ela ficou me olhando sem saber o que fazer. De repente, Scott chegou lá correndo.

– O que aconteceu? – antes que ele pudesse ver algo, Elias correu em sua direção e o segurou, obstruindo sua visão.

Gabriela deu um passo em minha direção, mas eu olhei para ela como se estivesse perguntando “O que estamos fazendo? Por que ainda lutamos?” e saí correndo por uma das várias estradas de cascalho do parque, em qualquer direção. Eu estava muito chocada com o que Charles disse antes de morrer. Então era isso? Eu iria morrer com treze anos, e provavelmente comida por walkers.

Eu não queria isso, ainda tinha muita coisa para fazer. Não queria o mesmo destino dos meus pais, não queria isso para mim, para Gabriela, não queria isso para ninguém. É difícil olhar para um caminhante e pensar que um dia ele foi uma pessoa normal, teve uma família, amigos...

Desde que tudo isso começou, nada foi fácil, e saber que a morte, ao invés de aguardar, caminha atrás de nós é algo duro.


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Notas finais do capítulo

Esperamos que tenham gostado!



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