Born to Die escrita por Agatha, Amélia


Capítulo 9
História de um errante - Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Bem esse capítulo é muito especial e irá falar sobre personagens muito importantes na nossa fic, afinal oque seria uma fanfic de The Walking Dead sem nosso amados walkers??
Nesse vamos contar a história do walker que matou a mãe da Gabriela, ou seja o pai do Scott.
Espero que gostem e boa leitura!



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*Narrado por William Hill

Deixei Scott na escola e voltei para casa. Não conseguia entender porque meu chefe resolveu me dar um dia de folga. Estava preocupado, ele poderia me demitir, e eu precisava do meu emprego de arquiteto para criar o meu filho.

Depois que Mary foi embora, há cinco anos, tenho me esforçado para garantir que Scott tenha tudo que precisa. Fazia muito tempo, mas sempre que chegava na sala eu a via no sofá, contando histórias para o nosso garotinho.

E esse era o último dia em que ela esteve aqui nunca saiu da minha cabeça.

Tenha fé, existe um tempo bom preparado pra você.

– Apocalipse 16

Repetia essa frase para mim todos os dias.

Liguei a televisão para relaxar um pouco e coloquei no noticiário. A repórter falava sobre a onda de assassinatos em massa que perturbava os moradores de todo o país. Atiradores com problemas psicológicos entravam em locais cheios de pessoas e as matavam. Os debates sobre o porte de armas estavam cada vez maiores.

Rezava todas as noites pelas pobres pessoas que perderam a vida dessa forma. Somente o Senhor poderia escolher quem morre e quem vive e não nós.

A programação foi interrompida para falar de uma epidemia que estava afetando diversas partes do mundo. Parecia preocupante, pois ainda não tinha cura, mas nunca deram muita atenção para aquilo. Eu mesmo já tinha visto esse assunto na televisão mais de uma vez, porém as informações eram vagas.

Um homem falava sobre os doentes, disse que eram perigosos e que a doença era transmitida por uma mordida, que seria fatal. Ele também falou que, para a nossa proteção, deveríamos ir para abrigos na escolas, hospitais e outros lugares onde o Governo estava equipado. A doença havia saído do controle e estavam tomando medidas drásticas, matando os doentes. Eles descobriram que a única forma de matá-los era acertar a cabeça com força.

Não gostei muito daquilo. E se houvesse uma cura? Quantas vidas seriam perdidas por isso? Pensei em Scott, ele estava na escola. Muitas pessoas deveriam estar indo pra lá, talvez fosse perigoso deixá-lo lá sozinho. Peguei o carro e fui até lá.

Quando estava me aproximando, fiquei preso num congestionamento. Encostei o carro e desci para terminar o percurso a pé. Chegando lá, vi o porteiro tentando acalmar as pessoas que tentavam entrar.

– George, eu preciso falar com o Scott – eu e George costumávamos conversar quando ia levar e buscar meu filho e, além disso, frequentávamos a mesma igreja aos domingos.

– Tudo bem, William, pode entrar, mas não demore – ele falou abrindo o portão com dificuldade, por causa das pessoas que se empurravam na tentativa de entrar.

– Obrigado! – falei entrando rapidamente.

– Também queremos entrar! – as pessoas gritavam.

No fundo, sentia pena deles. Aquelas pessoas só queriam um lugar seguro. Entrei lá e fui direto para o pátio, provavelmente ele estava no recreio.

– Scott! – falei chamando a atenção do meu anjinho ruivo enquanto ele falava com os amigos.

– Papai! – ele pulou em cima de mim e eu o abracei. – O que faz aqui há essa hora? Aconteceu alguma coisa?

– Não, mas acho que precisamos ir para casa. Não se preocupe – falei tentando acalmá-lo.

– Tem certeza? – ele perguntou e eu não pude responder.

Todas aquelas pessoas que estavam na porta do colégio entraram como uma manada e todas as crianças correram para suas salas.

– Vamos! Te explico no caminho – falei dando a mão para ele e o guiando em meio à multidão.

Já do lado de fora, vi mais pessoas, famílias inteiras, correndo em direção à escola e me dando conselhos e críticas.

– Você está doido? Proteja o seu filho! – eles gritavam desesperados.

Agradeci pelos conselhos e Scott ficou bastante confuso.

– Da última vez que você me buscou mais cedo à mamãe... Você sabe, ela foi embora – uma lágrima escorreu pelo seu rosto.

– Vai ficar tudo bem, filho. Só estamos indo para casa. Viu como a escola estava cheia?

– Vi. Por que as pessoas estavam correndo para lá? – ele começou a chutar uma pedrinha no chão enquanto caminhávamos até o carro.

– Se lembra do jornal que o papai vê? – perguntei com paciência.

– Não muito...

– Tem uma doença muito perigosa se espalhando, e querem que as pessoas fiquem em certos lugares.

– Por que não ficamos lá? – ele perguntou enquanto entrávamos no carro.

– Vamos para uma base do Governo, vai ser mais seguro. Eles estarão mais preparados.

– Mas e essa doença? Não tem cura?

– Ainda não. Ela transforma as pessoas em algo irreconhecível e elas ficam malucas. Se um doente te morder, você pega a doença – ele fez uma careta quando falei em morder. – Sei que é estranho, mas é a doença, não sou médico – ele riu.

– Você acha que a mamãe está bem? Acha que ela está doente?

– Acredito que ela esteja bem, mas tudo deve ser como Ele quiser.

– Será que Deus queria matar essas pessoas?

– Não sei, mas acho que os doentes podem estar mortos e que suas almas foram para o inferno, por isso atormentam os outros. Por outro lado, penso que talvez possa haver uma cura, mas isso tudo depende de muitos estudos...

Chegamos em casa e o ajudei a arrumar suas malas. Depois que Mary foi embora, as coisas ficaram bastante apertadas, mas consegui terminar de pagar a casa. Nunca entendi o motivo da saída repentina de minha esposa, mas nunca tive raiva dela, nem guardei rancor. Aprendi desde cedo a perdoar, mesmo que o que ela fez foi terrível e sem compreensão. O que doía mais era olhar nos olhos do meu filho e ver o quanto ele sentia falta da mãe.

Nunca pensei em me casar de novo, até me afastei um pouco das pessoas depois de perder a minha esposa. Eu era vizinho de Gabriela, uma mulher bastante reservada e séria. Depois que sua mãe, Barbara, se mudou para cá, ficamos muito amigos. Ela sempre pediu que eu chamasse sua filha para sair, mas nunca levei aquilo a sério. Barbara dizia que seria bom para nós dois: ambos reservados e “sozinhos”.

A senhora Hopper era uma mulher bondosa, mas não tinha tanta fé em Deus. Mesmo assim, nunca a critiquei, a crença não mudaria o que a pessoa é por dentro.

– Podemos ir? – falei segurando as malas.

– Temos que sair daqui?

– Só até isso acabar. Quer mais um tempinho para se despedir? – perguntei e ele fez um sinal positivo com a cabeça.

– Vou buscar uma coisa.

Resolvi checar se a porta dos fundos estava trancada. Chegando lá, vi a silhueta de uma pessoa que parecia bater à porta. O vidro da porta prejudicava um pouco a visão e não me deixava ver com clareza quem era.

Abri a porta e vi uma pessoa bastante desfigurada, como os doentes que apareciam na televisão.

– Você precisa sair. – falei recuando.

– Com quem você está falando? – Scott perguntou lá de cima.

– Filho, fica onde você está! Não sai daí! – gritei.

Aquela pessoa tentava me morder, e acabou me derrubando. O doente caiu sobre mim e mordeu a minha perna com bastante força, como se sua vida dependesse daquela mordida. Acabei soltando uma exclamação de dor. Me levantei com dificuldade e o empurrei para fora de casa. Me senti um pouco mal por aquilo, mas deveria me preocupar mais com a mordida. Sangrava bastante e eu estava infectado.

– Scott, vou procurar ajuda. Tem comida na dispensa, mas eu devo voltar logo – tentei não preocupá-lo.

– Mas pai...

– Fica aí! – falei saindo de casa.

Pensei em falar com Barbara para ver se ela poderia me ajudar. Fui mancando em direção à sua casa e, no meio do caminho, fui surpreendido por alguém. Me virei e a pessoa me agarrou. A empurrei no momento em que percebi se tratar de um doente, mas acabei levando uma mordida no braço.

Andei mais rápido e cheguei à casa de minha vizinha, que ficava do outro lado da rua. A porta estava aberta, o que era estranho para uma casa tão grande. Como eu estava desesperado e preocupado, acabei entrando deixando um rastro de sangue no tapete. Fui até a cozinha, onde Barbara deveria estar fazendo comida.

– Barbara! Me desculpe entrar assim – falei com cuidado.

– William! Como você entrou aqui?

– A porta estava aberta, me desculpe...

– A Gabriela deve estar mais distraída do que nunca! Onde já se viu deixar a porta de casa aberta assim?

– Eu preciso da sua ajuda – pedi e ela pareceu não entender. – Ouviu algo sobre uma doença?

– Que doença?

– É isso – falei mostrando o meu braço ensanguentando e mordido.

– Que coisa horrível! O que é isso?

– É uma doença que não tem cura e eu estou infectado. Preciso que cuide do Scott por mim.

– Você vai morrer? – ela falou e eu não me aguentei em pé e tombei no chão, Barbara na mesma hora se sentou ao meu lado.

– É quase isso. Promete que vai cuidar dele? – falei gemendo de dor.

– Mas eu não tenho idade pra isso...

– Sua filha pode fazer isso? – eu estava desesperado.

– Eu não sei...

– Promete que alguém vai cuidar dele? Preciso ter certeza que Scott estará com alguém em quem confio.

– Prometo que ele ficará bem – ela me abraçou.

– Adeus – sussurrei.

O ardor das mordidas se espalhou para o corpo todo. Era como se meus ossos fossem de vidro e, a cada movimento que eu fazia, eles se quebravam. Dei um fraco sorriso pra Barbara, que se virou para não precisar ver o meu sofrimento.

Meus olhos se fechavam, mas eu lutava contra o inevitável. Eu não queria fechar os olhos, se fizesse isso, perderia tudo. E tudo que eu tinha era meu filho.

Eu suava bastante, sentia uma queimação por dentro do corpo. Eu sentia que estava morrendo, sabia que não tinha volta, mas rezava com toda a convicção pela segurança de Scott. Comecei a me contorcer, era um sinal de que meu fim estava próximo. Cerrei os punhos e fechei os olhos, esperando que o Senhor me levasse.

É uma dentre a pequena legião que carrego, cada qual extraordinária por si só. Cada qual tentativa - uma tentativa que é um salto gigantesco - de me provar que você e sua existência humana valem a pena.

– Morte, "A Menina que Roubava Livros"


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Notas finais do capítulo

Esperamos que tenham gostado! A segunda parte só irá aparecer mais no futuro, quando um errante mais importante irá acontecer.
No próximo voltaremos ao parque e teremos uma morte...



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