The Passenger escrita por dagalvao


Capítulo 4
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura! :-)



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Capítulo 3

POV Bella



“Se você já construiu castelos no ar, não tenha vergonha deles. Estão onde devem estar. Agora dê-lhes alicerces.”
Henry David Thoreau




O reflexo dos pequenos cristais do anel que enfeitava meu dedo anelar esquerdo refletia na parede da lanchonete como pequenos feixes de luzes. Distraída, eu observava os pontinhos brilhantes enquanto pensava em minha vida e em como ela mudara no último ano. Eu estava longe da minha cidade natal, dos meus pais e dos poucos amigos que deixei em Forks. Eu estava onde planejei estar por toda a minha vida, estudando na melhor universidade do mundo e tomando uma boa cerveja, mas ainda assim me sentia vazia. Era como se todo esse tempo, eu estivesse dando voltas em torno de mim mesma.

Eu não poderia me considerar uma pessoa triste, muito pelo contrário, sempre fui bem humorada e meio maluca, nunca liguei para a opinião dos outros. Entretanto, a dor de tudo o que me aconteceu há alguns anos às vezes aparecia para me castigar um pouquinho. Era como se eu estivesse errada por tentar ser feliz e realizar meus sonhos enquanto alguém muito importante para mim sofresse em algum lugar do mundo. Mas que lugar? Eu não sabia para onde ele tinha ido, ninguém tinha como saber e não havia lugar para procurar...

__Bella! Bella! Acorda, amiga!

A voz de Rose soou distante ao passo que ela me sacudia para que eu voltasse à terra e deixasse meus pensamentos mórbidos e passado angustiante guardados bem no fundo da minha mente e coração.

__Rose, o que foi? – inquiri com cara de poucos amigos e me remexendo para que minha amiga tirasse a mão do meu ombro. Não sei por que ela fazia aquilo se sabia o quanto me irritava ser balançada feito um saco de batatas.

__Bella, você ouviu o que eu disse na última meia hora? Porra, estou aqui falando e falando e só notei que você estava voando quando te fiz uma pergunta e não obtive resposta. Qual o seu problema? - perguntou indignada agarrando a cintura com as duas mãos. Seus cachos louros sacudiram com o movimento.

__Você sabe qual é o meu problema. – arqueei sugestivamente a sobrancelha para ela. Rosalie sabia do meu passado, aliás, das poucas pessoas que eu conhecia aqui em Londres, a loira era a única para quem eu tive condições de revelar tudo o que passei antes de vir para cá.

__Olha, não há nada que eu possa fazer para você tirar essas coisas da sua memória, mas eu sei o que nós poderíamos fazer para que você esquecesse, pelo menos por um tempo, o que tanto te atormenta.

__Você sabe que isso não me atormenta o tempo todo, só de vez em quando. – tomei um gole da minha cerveja olhando de soslaio para minha amiga.

E era verdade, eu não era uma pessoa dada ao sofrimento, mas às vezes eu fraquejava e me deixava levar...

__O que você acha de passarmos o final de semana que vem em Paris? A gente sai na sexta à noite e retorna domingo à noite. Podemos ir de avião para aproveitar mais o passeio. Explico para Emmett que precisamos de um fim de semana de garotas e que vamos nos entupir de compras, tenho certeza que ele não se importará, além do mais, o sexo depois de alguns dias separados tende a ser o melhor e...

__Rosalie Hale, - gritei tapando os ouvidos – sem detalhes de sua vida sexual, pelo amor de todos os santos. Só porque você tem um bofe para se esfregar e eu não, fica aí toda se exibindo. – cruzei os braços fazendo bico igual uma criança de cinco anos.

A loira me abraçou de lado, toda carinhosa. Sua blusa branca de ceda e mangas compridas raspou em minhas costas desnudas, causando uma sensação agradável.

__Amiga, nós precisamos arrumar um bofe gato pra você também. – me largou e virou seu tronco todo para mim. – Cara, quanto tempo você não faz um bom sexo?

__Há uns vinte e cinto anos, para ser bem sincera. – murmurei a contragosto, brincando com um pãozinho que tirei da cesta amarela sobre a mesa.

__O que? – o grito de Rose foi tão alto que precisei encará-la. – Como assim, senhorita Isabella Marie Swan? E aquele cara que você estava saindo no mês passado? Não vai me dizer que não rolou nada?

__Bem... rolou, Rose, mas é que, sei lá, eu nunca consigo...

__Você nunca consegue gozar? – daquela vez o grito foi tão exagerado que atraiu alguns olhares para nós.

Escondi meu rosto atrás do cardápio sujo e simplório do bar antes de repreender a escandalosa e indiscreta Rosalie Hale.

__Quer calar essa boca? Ficou maluca, Rose? Para de expor minha vida dessa forma! O que as pessoas vão pensar?

__Que você precisa de ajuda? – sugeriu com um sorriso amarelo.

__É claro que não! Que sou uma sexualmente frustrada.

__E não é?

__Não! Não exatamente. É só que, na maioria das vezes, eu tenho que montar uma boa cena erótica em minha cabeça para conseguir – olhei para os lados antes de sussurrar a última parte – gozar.

__Bella, agora você está me surpreendendo. – puxou o cardápio das minhas mãos, o olhou com nojo e depois o tacou de qualquer jeito sobre a mesa vermelha. – Algum cara já fez você gozar ou não?

__Rose, você sabe que sim, mas na maioria das vezes eu tenho que entrar em ação com meus pensamentos se não... Ora, mas o que estou falando? Eu não tenho que ficar te dando explicações sobre os meus orgasmos. Resumindo: desde quando eu perdi a minha virgindade, o sexo, com os poucos caras que transei, não foi lá essas coisas. Sabe, sempre falta algo, sei lá. – sacudi a cabeça, indecisa.

Você deve estar pensando que sou dessas que transa toda vez que sai e conhece um homem interessante, mas não é bem assim. Em Forks, só fiz sexo com uma pessoa, que foi quem tirou minha virgindade, e aqui em Londres, desde quando me mudei, estive sexualmente envolvida com dois rapazes, ambos os quais me permiti ter mais de três encontros. Porém, os dois relacionamentos não passaram de um ou dois meses, tanto que nem considero um namoro. Em geral, só troco beijos quando vou para a balada, porque nenhuma garota normal teria coragem de rejeitar um bom pedaço de carne, principalmente na terra da rainha, que é onde se concentram os homens mais belos do mundo, pelo menos na minha humilde opinião.

__E Rose, eu não estava saindo com ninguém no mês passado, você esta com problemas nessa sua caraminhola loira. Eu saí com o John já tem uns cinco meses.

__Isso tudo? E por que você não o procura para uma aliviada? – quando ela disse a última frase, indicou com os olhos a menina no meio das minhas pernas.

__O meu vibrador seria menos entediante. Além do mais, se esqueceu que foi ele quem não quis mais sair comigo? Não que eu tenha reclamado, longe de mim. Acho que estava com ele mais para passar o tempo do que qualquer outra coisa. – dei de ombros.

__Ai, amiga, tudo bem. Mas precisamos dar um jeito nessa sua abstinência. Não tem ninguém interessante na sua sala, sei lá, no museu, talvez? – balançou as sobrancelhas, toda maliciosa.

Estranhamente, olhos azuis perturbadores invadiram minha mente. Olhos que me observaram assustados hoje mais cedo dentro do maldito ônibus vermelhão. Afastei logo a imagem daqueles olhos da minha cabeça, antes de cogitar formular uma hipótese, por dois motivos: o primeiro era que não o veria tão cedo, pois faria de tudo para pegar o ônibus no meu horário de costume, e segundo que, eu nunca teria coragem de olhar na cara daquele estranho novamente depois da vergonha que passei. E também, não é como se ele fosse pegar o ônibus outra vez.

__Rose, o primeiro pacto que fiz comigo mesma assim que me mudei para cá, foi de nunca me envolver com ninguém da faculdade ou do meu trabalho, quer dizer, não da faculdade inteira, mas da minha sala pelo menos. Imagina, namorar alguém que eu veria todos os dias? Seria o fim da picada.

__Amiga, seria o começo de muitas picadas. É disso que você precisa, umas boas picadas para te relaxar.

__Argh, Rose, você é tão escrota. – repreendi.

__Como se minha melhor amiga não fosse escrota também... – daquela vez, ela arqueou tanto a sobrancelha direita que pensei que fosse saltar de sua testa. – Bella, esquece o que falei sobre homens, quando você estiver muito necessitada, tenho certeza que dará um jeito. Agora vamos voltar à pauta principal desta reunião. – informou toda negócios, achando que estava em uma reunião da faculdade ou da empresa do seu pai.

Revirei os olhos. Rose, sempre divertida...

__Tanto quanto eu aprecio sua ideia pro final de semana, não poderei aceitar por dois motivos: um – apontei um dedo para ela – eu preciso estudar; dois – outro dedo – não tenho grana para esbanjar em Paris; e três – levantei o terceiro dedo – estou muito cansada e preciso de uma boa noite de sono, e tenho certeza que você não me deixará dormir nada no hotel.

__Eu contei três motivos aqui, mocinha. Sua mãe se preocupou tanto com a educação dos outros que se esqueceu da sua?

__Rosalie, foco, por favor! Dois motivos, três motivos, não importa! O que importa é que terei que recusar o seu convite. – olhei para ela, que estava cabisbaixa. – E não adianta fazer cara de cachorro abandonado e nem dizer que vai bancar tudo para mim, porque eu não vou aceitar.

__Você é uma mocreia! – agora foi a vez de ela fazer birra como uma criança de cinco anos.

Toquei delicadamente em seus cachos brilhantes e sedosos.

__Rose, por favor, não fique chateada comigo. Ponha-se no meu lugar. Você gostaria de sair para passear e outra pessoa ficar pagando tudo para você?

__Quando Emmett e eu saímos, seja para onde for, ele paga tudo para mim, até se eu quiser uma jóia caríssima, ele compra. – contestou, gesticulando para ninguém em especial.

Continuei o carinho por suas madeixas enquanto tentava convencê-la do meu ponto.

__O Emmett é seu namorado, vocês se amam, e ele, além de ser um advogado bem sucedido, é um verdadeiro cavalheiro, jamais deixaria uma dama como você pagar a conta. É diferente, Rose, e você sabe que é. Até eu quando estava saindo com o John, deixava-o pagar a conta quando íamos a algum lugar. Isso é normal.

__Eu sei, que é normal, Bella. Mas não é com se eu fosse uma pessoa qualquer te convidando. Você é minha melhor amiga e o sentimento, creio eu, é recíproco, não vejo mal nenhum em bancar você em um passeio. – de repente, foi como se ela descobrisse que a Louboutin estava vendendo tudo com oitenta por cento de desconto. Seus olhos se iluminaram, como se a ideia mais brilhante tivesse passado por sua cabeça. – Já sei, eu posso te emprestar o dinheiro, depois você vai me pagando.

__Loira burra, você prestou atenção no que eu disse? A falta de grana não é a única razão para eu não ir ali em Paris com você. Estou cansada e preciso estudar, portanto, nada de passeio e ponto final. – encerrei “a reunião” e chamei o garçom. Era dia de semana e eu precisava ir para casa se não quisesse ficar dormindo na hora do almoço no dia seguinte e acabar encontrando com certos olhos azuis perturbadores. Se é que aqueles olhos azuis perturbadores voltariam a andar de ônibus algum dia.

Algum tempo depois, uma Rosalie emburrada estacionou seu carro indecente de caro na calçada do meu apartamento. Ela sequer olhou em meus olhos quando me despedi. Não me preocupei. A loira não era de guardar mágoas, tinha certeza que dali a uma hora ela me ligaria morrendo de remoço, para saber se estava tudo bem entre a gente. Além do mais, toda aquela hostilidade era um grande e ridículo teatro de merda.

Revirando meus belos olhos verdes, desci do carro. O meu apartamento ficava no segundo andar, então subi rapidamente as escadas e destranquei a porta. Só o que eu enxergava a minha frente era a minha cama macia e seus lençóis brancos de ceda. Apenas eu sabia o quanto tive que economizar para garantir a mim noites de princesa em meio àqueles lençóis dignos da realeza.

Sentei na beirada da cama e arranquei, um de cada vez, os meus sapatos, depois empurrei a calça jeans e fui para o banheiro, que ficava no pequeno corredor. Quando cruzei a porta do cômodo, não resisti. Retirei a blusa, jogando-a no chão, e me aproximei do grande espelho sobre a pia de granito.

Virei de um lado, mexi em meus cabelos, virei do outro, fiz pose de modelo, voltei a ficar de frente e fiquei me encarando. Eu até que era bonita. Passei a mão em minhas bochechas brancas como a neve. Eu tinha uma verdadeira pele de porcelana. Com muito custo e produtos de marca boa, devo admitir, mas ainda assim, uma pele de porcelana, digna de um catálogo de moda. Com um lenço umedecido, removi o gloss claro da minha boca em formato de coração, pelo menos era o que as pessoas me diziam, que minha boca lembrava um pequeno coração. Prendi meus cabelos em um coque firme no alto da minha cabeça e liguei o chuveiro.

Após um banho quentinho e revigorante e uma maçã meio azeda que resolvi comer, fui para a cama, sendo levada por uma noite de sono tranqüila, sem sonhos interessantes.


~~~~*~~~~

Eu merecia um troféu por estar conseguindo pegar o vermelhão no horário há três dias. Nem hoje, que era sexta-feira, eu me atrasei. Pontos para mim! Rosalie, contrariando as expectativas, ainda estava de cara amarrada e com raiva desde a última terça-feira, quando me fez o convite para irmos à Paris.

Humpf!

Como se Paris fosse ali na esquina e pudéssemos ir para lá a qualquer momento, sem um planejamento prévio. Eu não podia me dar ao luxo de fazer uma viagem com um custo financeiro alto sem antes poupar algum dinheiro. Bom, meus pais ficariam mais do que felizes e satisfeitos em me bancar, mas eu era orgulhosa o suficiente para não pedir uma coisa dessas. Já achava um absurdo eles bancarem meus estudos, dada minha idade avançada, quem dirá pagar para mim algo tão supérfluo.

Ao entrar no ônibus, meu lugar estava vazio e logo corri para lá. A princípio, tentei pegar no sono, entretanto, eu estava me sentindo impaciente. Não sei, tinha dia que eu não estava com vontade de encarar uma viagem de mais de uma hora até o campus da faculdade. Para acalmar um pouco minha ansiedade, busquei meu celular dentro da minha maxi bolsa, tomando o cuidado de não tirar nenhum item de lá, a não ser o maldito aparelho. Assim que o encontrei, busquei, entre os inúmeros aplicativos, o meu joguinho favorito: sopa de letrinhas. Era tão bom formar palavras, mas confesso que às vezes perdia a paciência e clicava no ícone que revelava todas elas.

O jogo realmente me distraiu, embora tenha me dado dor na nuca. Ao levantar para descansar um pouco meu pescoço, quase tive uma síncope. O dono dos olhos azuis que vinham me perseguindo nos últimos dias estava bem na minha frente, quer dizer, não exatamente na minha frente, mas em pé no corredor, umas duas cadeiras adiante. Parecia que estava me observando e desviou os olhos ao perceber que eu iria erguer a cabeça.

Naquele dia, ele usava uma blusa preta com uma camisa xadreza de mangas longas por cima. Nada de camisa cor-de-rosa com botões. Seus cabelos estavam bem revoltos e úmidos, acho que alguém acabou de sair do banho. Argh! Imagens dele nu surgiram em minha mente. Mais que inferno! Que atrevimento é esse de ficar imaginando uma pessoa que eu não conheço sem roupa? Só eu mesma!

Desviei rapidamente o olhar dele e encarei meu celular. Tentei mentalmente fazer com que o aparelho aumentasse de tamanho e me cobrisse para que ele não me visse. Rezei para que a santa protetora das garotas jogadoras de absorventes nos colos de rapazes desconhecidos olhasse por mim e fizesse com que eu desaparecesse ali naquele instante e surgisse magicamente em minha sala de aula. Fechei os olhos para ver se ajudava. Apertei tanto minhas pálpebras, que quando as abri, enxerguei tudo embaçado.

A paisagem cinzenta de repente ficou tão interessante. Me mexi fazendo com que meus cabelos caíssem em minha bochecha, tentando me esconder. Arrisquei um olhar rápido e, adivinhem só! Alguém estava me encarando e ficou com a face rosada ao ser pego no flagra.

Ele estava me observando!

Merda! Era só o que me faltava! Evitei a todo custo pegar o ônibus atrasado para não encontrar aquela criatura e ele me aparece bem aqui? Eu e minha maldita falta de sorte! Quando é que Murphy iria deixar de me perseguir? Sério! Por que esse cara tinha que entrar justo nesse ônibus?

Cruzei os braços emburrada e não olhei mais em sua direção. De vez em quando sentia que estava sendo observada, mas não me permiti mexer o pescoço um centímetro sequer para confirmar minha suspeita.

A viagem parecia não ter fim. Eu queria sair dali o quanto antes e nunca mais olhar na cara daquele sujeito. Ele era muito atrevido. Aqui era o meu território e ele não tinha o direito de invadi-lo sem minha permissão.

A única coisa que constatei antes de descer foi que ele ainda continuava no ônibus, só que havia se sentado, deixando-me com a visão de sua bela nuca. Meu coração saltou em meu peito quando eu passei por ele para ir em direção à porta. Era como se uma força invisível me puxasse para trás, para perto dele. Respirei fundo e, quando o vermelhão parou e abriu as portas, saltei rapidamente, antes que fizesse uma besteira.

Após uma aula interessante, voltei para casa de táxi. Gastei todas as minhas economias, mas não ousei entrar naquele maldito ônibus. Em casa, após um banho relaxante e uma janta bem gostosa preparada por mim, me aconcheguei no macio sofá de veludo creme, presente da minha melhor amiga desaparecida. Tentei falar com ela, mas fui ignorada. Talvez tivesse ido à Paris com o Emmett, no final das contas.

Aquele foi o primeiro fim de semana que ele veio me atormentar. Sua primeira aparição foi na noite de sexta para sábado, quando seus olhos azuis penetrantes não saíram dos meus sonhos. No sábado, sentada à mesa para estudar, pegava-me o tempo todo pensando nele e em como ele era lindo. Muito lindo, para ser bem sincera.

Mais que droga!

Por que eu estava tão atormentada? Por que um cara que eu vi uma ou duas vezes não saía da minha cabeça? Desde quando eu ficava tão ligada a um homem que nunca vira em minha vida? Nunca!

Eu sequer sabia o seu nome!

O domingo não foi diferente. Senhor Camisa Cor de Rosa era oficialmente o dono dos meus pensamentos. Na segunda-feira, fui chamada de volta à terra algumas vezes pela senhora Carmem, que me achou muito distraída. Jura?

Obriguei-me a pegar o ônibus no mesmo horário de sempre. Nada de alterar meus costumes por causa de um estranho! Sentei em minha costumeira poltrona com o intuito de descobrir em qual ponto da cidade ele entrava no vermelhão, se é que ele entraria.

Um estranho incômodo tomou conta de mim ao cogitar não ver mais aquele estranho de incríveis e misteriosos olhos azuis.

Olhei aflita pela janela. Eu estava tão ferrada! Uma coisa era sair com um carinha aqui e outro ali para me divertir um pouco, outra bem diferente era sentir palpitações e frio na boca do estômago com a expectativa de encontrar alguém que mal conhecia, se é que eu poderia considerar que o conhecia.

Voltei minha atenção para o interior do ônibus, prestando atenção a cada parada. Uns cinco pontos depois, eis que surge uma cabeleira desorganizada em meu campo de visão.

Oh, céus! Lá estava o Senhor Camisa Cor de Rosa adentrando o vermelhão! Fiquei trêmula! Era tão ridículo me sentir daquele jeito por causa daquele estranho e...

Não!

Mate-me agora!

Senhor Camisa Cor de Rosa, que naquele dia usava camiseta cinza de algodão, vinha em minha direção como se...

Porra! Será que ele vai sentar do meu lado?


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Notas finais do capítulo

O que acharam?
Sua opinião é muito importante!!!
Bjs e obrigada por ler e comentar!!!