Decode escrita por Julio Kennedy


Capítulo 27
Cronicas de Will - Seleção


Notas iniciais do capítulo

Daqui pra frente so haverão capitulos extras relacionados a historia, mas não necessariamente importantes para sua construção. Caso não queira ler, não a obrigação.



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Acordei cedo naquela manha mais do que o normal. Dei um tapa no meu celular para desligar o despertador, mas como você pode imaginar não funcionou, o máximo que aconteceu foi ele voar do criado mudo e eu ter que levantar correndo para acabar com aquela barulheira. Coloquei um short e peguei uma toalha limpa no guarda-roupa e fui em direção ao banheiro, já quase mijando nas calças.

Forcei a maçaneta e percebi logo que Veronica já estava em mais um de seus banhos de duas horas – sai dai garota, eu tenho que entrar – gritei esmurrando a porta.

Veronica mal se dignou a resmungar qualquer xingamento de lá de dentro. Fiquei pulando de um lado para o outro tentando pensando em qualquer outra coisa que não fosse à explosão da minha bexiga e então gritei de novo – eu tenho que sair Nica, anda longo.

Minha mãe colocou a cabeça para fora do quarto dela com a cara toda amassada e com olhos furiosos – Will eu to tentando dormir – gritou ela meio grogue ainda.

_Eu to me mijando mãe – disse a ela apontando para a porta do banheiro.

Ela suspirou fazendo uma cara de frustração e saiu do quarto de pijama meio tonta. Me empurrou da frente da porta e deu dois enormes socos – você tem dois, três segundos para sair dai Veronica Maria Ribeiro, se eu entrar eu quebro a senhorita no meio.

Escutei o barulho do chuveiro fechando. Minha mãe olhou para mim e me empurrou de novo - só pra constar tenho medo dela - e voltou para o quarto. Nica saiu do banheiro enrolada em uma toalha rosa com desenhos de patinhos e me empurrou também – seu viadinho, se pedir de novo ajuda da mamãe eu juro que conto a ela sobre os vídeos mais acessados do seu computador – sussurrou ela me olhando com odeio no olhar e o cabelo molhado.

Nica tinha quinze anos, e eu sempre perdi todas as discussões em que nos metemos, às vezes era um tedio ser eu – que vídeo garota? – disse tranquilo, ninguém tinha a senha do meu computador.

_Não sei – disse ela indo em direção ao quarto dela no final do corredor – senhor gatinhas asiáticas peitudas.

Arregalei meus olhos e por um pouco não me mijo todo. Ela sorriu maleficamente e bateu a porta ao entrar no quarto.

_Will, para com essa “bateção” de porta – gritou minha mãe do quarto. Suspirei e corri até o banheiro.

Depois de trocar a senha do meu computador eu o joguei na mochila e fui Cyber Mania. Cyber Mania era uma loja de Games que ficava do lado do cursinho. Eu sempre ia lá de manha encontrar o pessoal da escola.

Já estamos todos nos formando e a maioria de nos ia entrar para o TI. Aquele concurso era o assunto mais falado nas ultimas três semanas e finalmente hoje era o primeiro dia de seleção.

_Oitocentas e vinte duas pessoas até agora – disse Tomas sentado na cadeira de plástico branco olhando pra gente.

Nos estávamos jogando Call Of Dutty, um jogo de tiro bem interessante em primeira pessoa. Depois de matar um rebelde com uma submetralhadora eu virei pra ele e disse – a maioria dessas pessoas não deve saber a diferença entre uma varinha com núcleo de fibra de coração de dragão e outra com núcleo de pena de fênix.

João que jogava comigo riu alto – trouxas – exclamou ele me fazendo cobertura enquanto invadíamos uma base militar secreta muito provavelmente situada na Ucrânia.

_Só pra saber, vocês sabem que isso não faz diferença na hora de programar não é? – perguntou Tomas nos olhando com ingratidão não nerd.

Ajeitei meus óculos e sorri – tudo de TI tem haver com ser nerd.

_Veremos isso hoje à noite – indagou ele.

***

Liguei para minha mãe mais cedo explicando tudo sobre o concurso, e ela ficou simplesmente irada, brigando comigo com uma historia de “você fica se inscrevendo nessas porcarias sem me falar, quando seu nome para em uma dessas listas negras você vai ver”.

Pensei em questionar que tais listas negras seriam essas, mas imaginei que se rendesse assunto ela ia acabar me proibindo de ir. Por isso a escutei atentamente falando “aham” a cada um minuto para ela saber que eu estava escutando cada segundo do sermão.

Depois de uma maratona de duas horas de tiros e sangue Ucranianos, eu e o pessoal fomos para o corredor do Rock. Não que fossemos roqueiros e talz, eu nem mesmo escutava rock. Mas lá você conseguia comprar cartas incríveis de Magic, no submundo dos Gamers.

Passamos algum tempo desviando de alguns roqueiros mal encarados que sempre vão a um bar que fica no fundo do corredor. La se reúne todo tipo de gente que você não costuma ver na rua. Pessoas com modificações corpóreas, totalmente tatuadas e com cabelos cortados tão desregulamente que parece que a pessoa enfiou a cabeça em um liquidificador depois deixou um gato brincar de arranhar.

Comprei o Gibi numero quatro do espetacular homem aranha, um clássico, e o João um botom novo do Star War guerra dos clones. E por volta de cinco da tarde, depois de matarmos aula, fomos ao lago dos patos no parque municipal jogar a ultima partida do dia de Magic.

O campeonato ia começar por volta de sete e meia, mas aproveitamos nossa total falta de ocupação e chegamos mais cedo. Quase fomos os primeiros da fila, haviam apenas alguns carros estacionados do outro lado da rua e umas quinze pessoas na nossa frente. Por volta de Sete horas deixaram todos entrarem.

Havia cerca de mil pessoas no Palácio das artes. E eu logo imaginei que não haveriam mil computadores disposto ali para que pudéssemos competir uns contra os outros. E Thomas veio logo comentar a mesma coisa.

_O que realmente esta rolando aqui? – João perguntou olhando a multidão de gente em volta.

Eu o olhei e gaguejei ao falar – eu... eu não... sei – disse no meio do turbilhão de vozes.

Ficamos ali sem nenhum questionamento até por volta de oito e meia quando João começou a reclamar de fome. As pessoas já começavam a ir embora e a murmurar que aquilo tudo era uma palhaçada.

Procurei por cartazes, seguranças, ou qualquer pessoa que pudesse nos dar uma informação, mas não havia simplesmente ninguém. As portas do Palácio das artes nunca ficavam abertas até tão tarde isso era fato, e o endereço era com certeza aquele, mas não havia sinal de que ninguém havia preparado nada para o evento.

Quando deram nove horas o salão principal onde estávamos ficou com menos da metade das pessoas – Eu acho que devemos ir embora – indaguei olhando o volume de pessoas.

_Eu não acho, talvez isso faça parte do evento – comentou Thomas olhando para os corredores do segundo andar que estavam bloqueados – olhem com atenção – disse ele apontando para cima – quantas vezes vocês viram as luzes do segundo andar acesas.

_Nenhuma – exclamou João – mas isso não quer dizer nada.

Thomas sorriu – se você estive organizando um evento em que no máximo duzentas pessoas pudessem participar e mil aparecessem o que você faria? – nos perguntou ele empolgado.

_Faria um pronunciamento – respondi incerto.

Thomas balançou a cabeça negativamente – não, os chamaria a um lugar e deixaria que a maioria desistisse. Quando houvesse apenas um numero certo de participantes eu faria ai o pronunciamento.

_Isso é paranoia – disse a ele rindo. Gosto dos meus amigos porque eles são muito loucos, e os únicos que querem andar comigo, tem isso também.

Ele agarrou meu braço e o de João e nos levou até a entrada do enorme prédio – estão vendo aqueles carros parados do outro lado da rua – disse ele apontando para uma fila com seis carros pretos estacionados praticamente isolados na avenida.

_Sim – respondi.

_Quantas vezes vocês já viu alguém deixar o carro estacionado na Afonso Pena às nove horas da noite? – nos perguntou ele.

João deu de ombros – tem bancos na rua.

Thomas balançou a cabeça positivamente – sim, mas a menos que esses motoristas estejam no banco desde que chegamos ao evento, você esta correto – havia uma coisa muito impressionante sobre Thomas. Ele tem visão fotográfica. O filho da mãe consegue guardar na lembrança qualquer coisa que viu no dia durante semanas. Ele consegue se lembrar dos mínimos detalhes de um dia inteiro.

_Seu grande monstro – resmungou João – tenho medo dos seus super poderes.

Mais um grupo enorme de pessoas saia resmungando do Palácio. Olhei em volta e vi que mais gente estava indo. Mas em compensação, haviam vários grupinhos sentados em círculos no chão conversando.

Pensei um pouco, e se não passasse muito da minha hora de chegar em casa não teria problema, mas ainda sim – não sei não gente.

_Cala a boca Will – gritou Thomas fazendo algumas pessoas que saiam do lugar olha-lo com estranheza – pra você é tudo “não sei não gente” – disse ele imitando meu jeito de falar erroneamente se quer saber.

A fome também já me assolava, por isso resolvi não discutir. Eu sempre evito discussões, nunca fui bom nelas. E então ficamos ali, vendo dezenas de pessoas saindo estressadas.

Por volta de nove horas haviam umas trezentas pessoas no local ainda, aparentemente até que o lugar era bem legal para se estar – isso é furada, vamos embora – indagou João.

Eu já imaginava, era muito pouco provável que aquilo fizesse mesmo parte de qualquer teste – concordo.

Thomas suspirou e colocou as mãos atrás da cabeça – pois é.

Quando finalmente nos levantamos e caminhamos até a porta quatro homens vestidos com ternos pretos apareceram fechando as enormes portas do prédio. Todas as pessoas que estavam no chão se levantaram depressa.

Murmúrios começaram a encher novamente o salão. As luzes de repente se apagaram me fazendo dar um salto, me assustei mesmo, não é brincadeira. Os murmúrios se tornaram gritos, mas antes que a histeria nos tomasse um holofote iluminou um homem no segundo andar.

_Boa noite – nos cumprimentou ele – vocês são os escolhidos para a segunda fase do concurso.

Olhei para Thomas e ele estava com aquele maldito sorriso vitorioso. Não dava para acreditar, aquilo era surreal de mais, quem fazia um concurso dessa forma? As vozes não se acalmaram após a revelação. As pessoas queriam entender aquilo direito, queriam respostas.

Mas o homem apenas se dignou a dizer que nas portas os seguranças iriam entregar uma pulseira eletrônica a todos que desejavam ir para segunda fase, e quem não quisesse apenas precisaria ir embora.

A pulseira eletrônica era como a de um relógio, de borracha branca com um microchip translucido em cima. É obvio que não passamos fome atoa, então eu estava disposto a pega-la, mas ainda sim sentia medo. O que nos aguardaria depois?


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, não deixe de comentar.



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