O Garoto Que Tinha Medo De Amar escrita por Gin


Capítulo 34
As Coisas Que Não Importam São as Que Você Não Pode Esquecer


Notas iniciais do capítulo

Para Davi (Green)

Por acreditar em mim e ter me colocado em um dos melhores projetos que participei

E por sempre demonstrar o quão amigo você é, eu sempre confiarei em você



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O show atraiu quase todo o público que o festival tinha trazido, não era por outra, a banda era simplesmente incrível, e tocou vários estilos diferentes de música, Clara não reconheceu o vocalista, mas era alguém do terceiro ano, sentiu até um pouco de inveja pela capacidade vocal que o jovem tinha, além da adaptação, mas também pensou que ele havia ensaiado bastante para aquele resultado final, e ficou feliz por tudo ter dado certo e o seu esforço não ter sido em vão.

Enquanto o show continuava, as atrações voltavam ao normal, outras pessoas optavam por assistir os membros do clube de atletismo competindo entre si e desafiando quem quisesse participar, outros iam até o clube de natação, que estava desencadeando atividades livres na piscina.

Clara observou Ícaro correndo de um lado para o outro, o garoto estava tentando amenizar os danos que a tempestade havia causado, além disso também tirava dúvidas e ajudava a quem estivesse precisando. Clara imaginou o quão cansado Ícaro estava, mas ao mesmo tempo, quanta determinação ele ainda tinha.

— Querendo muito que tudo acabe logo? – Escutou uma voz acompanhada de algo gelado em seu ombro.

Era Sebastian, trazendo para ela uma garrafa de suco, os cabelos do rapaz estavam ainda mais bagunçados, provenientes da agitação que foi aquele dia, além de que, por mais que já fizesse um tempo que a chuva houvesse passado, o seu cabelo ainda estava bem molhado.

— Você precisa melhorar essa sua presença, Sebastian, quase me mata do coração. – Falou Clara, pegando a garrafa e agradecendo.

— Eu não tenho culpa de ter nascido assim, simplesmente as pessoas não percebem que estou ali. – Ele falou.

— É porque você é estranho demais.

— É, disso eu tenho certeza.

Clara deu um sorriso e Sebastian riu um pouco também, depois ambos ficaram calados, observando a multidão aos poucos se dispersando enquanto o céu alaranjado mostrava o fim da tarde, os dois pareciam exaustos.

— Ai, ai, isso quase me matou. – Sebastian se sentou sobre a grama, observando o campo de atletismo.

Jocelyn estava parada ali, conversando com algumas pessoas, o garoto a olhava com um olhar distante e de tristeza, após isso recebeu um tapa no ombro de Clara.

— Vai falar com ela, não pode deixar sua melancolia atrapalhar o que você deseja de verdade. – Disse, Clara.

Sebastian respirou e suspirou fundo.

— Fácil falar, não é? Você não é uma anomalia humana ambulante como eu.

Clara deu um leve sorriso.

— Acho que só você pensa isso de você.

Sebastian levantou a cabeça, olhando para as nuvens, parecia bastante aflito e até mesmo chateado, o que não era tão comum, geralmente suas expressões eram bem indiferentes sobre tudo que acontecia ao seu redor.

— O que eu deveria dizer? Qualquer coisa que eu fizesse soaria completamente estranha, ela nem me conhece. – Falou ele.

— Diga oi, fale normalmente como é, não precisa pensar tanto assim, você não é uma pessoa ruim como imagina, Sebastian. – Clara se lembrou de como o garoto havia se juntado ao clube, e percebeu que mesmo com a personalidade que ele tinha, ainda era uma pessoa boa.

— Obrigado por isso. – Disse ele se levantando. – Se algo de ruim acontecer, basta eu adotar meu jeito normal mesmo.

Clara deu um sorriso.

— É, isso será o suficiente.

Sebastian caminhou até Jocelyn, e começou a conversar, Clara não conseguiu ouvir o que estavam dizendo, mas se sentiu feliz que o garoto estivesse dando seus próprios passos, estava um pouco orgulhosa de si mesma, que ajudou aquilo a acontecer.

As pessoas começavam pouco a pouco a ir embora, a maioria parecia realmente feliz, de ter aproveitado aquele dia, mesmo com a tempestade atrapalhando. Na saída do portão, as garotas do Clube de Doces estavam reunidas e davam lembrancinhas para aqueles que quisessem levar, Amy e Ícaro estavam lá, sorrindo e agradecendo pela visita. Clara sentiu vontade de ir até lá também, mas precisava fazer mais algumas coisas por ali, olhou em volta e viu o pátio ficando cada vez mais vazio, apenas com a presença dos estudantes, e só ali se deu conta de que havia acabado, e por mais improvável que possa ter parecido, havia dado certo.

— Alguns estudantes estão fazendo uma fogueira para contar histórias. – Ryan avisou Clara, enquanto o jovem carregava alguns pedaços de madeira.

— Ah sim, meio que combinamos isso também, só havia esquecido pela quantidade de coisas que aconteceram. – Falou Clara.

O pátio principal, encheu-se de alunos de todas as classes, muitos traziam violões, outros levavam comida, alguns simplesmente se sentavam e conversavam sobre como havia sido o dia, aquilo era realmente uma sensação aconchegante. Havia pelo menos oito fogueiras por ali, que agrupavam um bom número de pessoas, Clara viu Sebastian sentado em uma delas conversando com Jocelyn, e deu um sorriso meio bobo ao ver aquilo, ao lado dele também estava Amy, olhando como se estivesse com ciúmes para a outra garota. “Aqueles dois não se separam”, Pensou Clara ao ver aquilo.

A sensação era de dever cumprido, mas ao mesmo tempo, Clara queria alguma coisa a mais, ela se sentia um pouco triste por alguma razão, como se faltasse algo, foi quando ela sentiu uma mão tocar em seu ombro, era Ícaro.

— Ótimo trabalho, no final... é, pode-se dizer que deu tudo certo. – Ele deu um sorriso, e na mesma hora, fez Clara enrubescer.

— Foi um trabalho coletivo, todo mundo ajudou de certa forma. – Ela respondeu, desviando o olhar.

Ícaro balançou a cabeça negativamente, seus olhos pareciam cansados, e suas pernas um pouco trêmulas, provavelmente era resultado de carregar várias e várias coisas por ali.

— Você e Sebastian fizeram com que isso acontecesse, eu nem sei o que tinha na minha cabeça, eu não conseguiria nunca liderar um evento grande desses sozinho, só aconteceu porque vocês estavam lá, então... meu sincero obrigado. – Ele falou, fazendo uma reverência.

Clara deu um sorrisinho.

— Para de ser tão formal, até parece que você me conheceu ontem. – Ela falou.

Ícaro deu de ombros.

— Não é como se fizesse tanto tempo que nos conhecêssemos mesmo. – Ele se sentou sobre a grama, estavam um pouco distantes de onde as fogueiras queimavam.

Clara se sentou em seguida, sabendo que o que Ícaro havia falado era verdade. O garoto havia se transferido em março, se passaram menos de cinco meses que ela conhecia ele, mas não parecia.

— Acho que não tem muito a ver com o tempo, e sim com o que foi feito nisso. – Ela falou.

Ícaro assentiu.

— É verdade, porque se eu não pensasse muito nisso, poderia jurar que lhe conheço a pelo menos um ano. – Ele falou. – Aconteceu tanta coisa nesse tempo, que daria para valer por uma vida.

Clara assentiu, olhando para ele, Ícaro tinha uma certa dificuldade de manter os olhos abertos, olhando para o campo de atletismo.

— Está com cara de sono, quer repetir aquele dia em que encontrei você dormindo aqui? – Ela perguntou, sorrindo um pouco.

Ícaro olhou assustado para ela, como se estivesse lembrando.

— É verdade! – Ele sorriu. – Aqui foi praticamente a primeira vez em que conversamos diretamente, e eu havia simplesmente pegado no sono... caramba, isso já faz tanto tempo...

Clara deu um tapinha no ombro dele, em seguida olhou para cima, observando as estrelas.

— Na época você me disse que adorava observar as estrelas, porque lembrava um pouco das pessoas, já que algumas nem estão mais ali, porém o brilho delas continua a iluminar.

— Você se lembra muito bem das coisas, devia participar de concursos de memória.

Clara voltou a olhar a grama, pensativa.

— Quem diria que as coisas se tornariam do jeito que estão agora... quem diria que... eventualmente você se tornaria tão próximo de mim?

— Acho que ninguém. – Ele respondeu.

— É, ninguém.

Os dois passaram um tempo calados, apenas observando o campo de atletismo, agora vazio. Clara sentia um aconchego grande, ela sentia vontade de sorrir bobamente, mas ao mesmo tempo também sentia um aperto no peito, como se quisesse dizer alguma coisa para Ícaro, e ela sabia o que era, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, a cabeça de Ícaro encostava em seu ombro, dando um leve susto na garota.

— Ei, o que...?

Ícaro havia adormecido, resultado do incrível dia cansativo que haviam tido, e ela não o culpava, não só por hoje, mas por tudo que ele havia suportado sozinho, era como se tivesse jogado um peso para fora de suas costas de uma só vez, ele merecia um descanso, com toda certeza.

— Boa noite, Ícaro. – Clara deitou o garoto, com a cabeça em seu colo, fazendo carinho em seus cabelos, sentia muita vontade de beija-lo, mas sabia que não deveria fazer isso. Então, enquanto a noite caia, Clara sentia um pouco do vazio em seu peito se preencher.

— Eu amo você, Ícaro. – Ela falou baixinho para si mesma, enquanto o jovem dormia em seu colo.


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Notas finais do capítulo

Se esse capítulo demorou a sair, foi porque estive um pouco ocupado em um projeto, ainda estou, mas tentarei não demorar muito no próximo, obrigado por lerem!



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