O Garoto Que Tinha Medo De Amar escrita por Gin


Capítulo 32
Não Perca Para a Tempestade


Notas iniciais do capítulo

Para Júnior

Por estar lá no pior momento da minha vida

Você não sabe o quanto sou grato, meu amigo



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O número de pessoas ia aumentando, e Clara se desdobrava para tirar dúvidas e indicar lugares àquelas pessoas mais desavisadas que não olhavam o panfleto, ou mesmo com ele, não sabiam se orientar.

— Fica por ali, senhor. – Disse ela a um homem acompanhado de sua família, que buscava a localização da piscina.

Com o passar do tempo, o número de pessoas se equilibrava, e parecia que ela estava em um evento fechado, como a Comic Con, com milhares de pessoas andando e o espaço se tornando cada vez mais curto. As barraquinhas de comida estavam com uma fila verdadeiramente enorme, e Clara se perguntou se havia alimentos o suficiente para servir todas aquelas pessoas.

— Não se preocupe, temos uma lista completa de alimentos já feita, quando estivermos com um pouco a menos, já mandamos alguém ir comprar. – Disse o garoto responsável por uma das barracas.

Tudo parecia estar fluindo bem mesmo sem ela, aparentemente o que ela havia pensado que ninguém saberia como agir, está totalmente o contrário, os clubes estavam desempenhando muito bem o seu papel, e por mais que um pouco desorganizadas, as coisas estavam seguindo da maneira que deveriam seguir.

Passando por entre as pessoas, Clara notou que a banda do colégio já fazia a passagem de som, se preparando para tocar em breve, viu Richard no violão, afinando o instrumento e tocando algumas notas que ecoavam brevemente pelas caixas de som colocadas ali. Brandon também estava lá, vestido de alguma espécie de monge budista, só agora Clara havia percebido que ela não tinha ideia do que se tratava a peça que o clube de teatro iria apresentar, mas já que Brandon estava ali, certamente iria sair algo bom, o garoto era incrível no que fazia.

Depois de um tempo de calmaria, quando a euforia do número de pessoas ali abaixou, Clara percebeu que caia uma pequena garoa, nada grande, porém era como se o tempo avisasse que isso iria aumentar, as nuvens estavam completamente cinzas, e o tempo nublado, aliado ao forte vento que por mais que não se comparasse ao da madrugada, ainda estava forte.

— Isso é mal.

Clara quase pulou de susto ao notar Sebastian do seu lado, ela nem havia percebido que ele estava ali.

— Sebastian? De onde você veio? – Perguntou ela.

— Que rude da sua parte, eu estava aqui há um tempo, vendo você vadiar, sem fazer nada. – Falou ele. – Eu queria fazer isso também, mas pelo resto da minha vida.

Clara deu um leve sorriso.

— Parece com o tipo de pessoa que você é mesmo. – Ela pensou um pouco. – Onde está o Ícaro?

Sebastian olhou para os lados, e depois olhou para Clara.

— Pergunta meio difícil de responder, toda hora que o vejo ele está correndo de um lado para outro, ajudando e organizando as pessoas e os clubes, enquanto estamos aqui conversando, ele deve estar tendo bastante trabalho. – Falou Sebastian.

Clara assentiu, ela sabia que era verdade, porém não teve muito tempo para pensar nisso, antes que pudesse falar algo, um brilho enorme iluminou seus olhos, acompanhado depois por um som estrondoso. Alguns segundos após isso, a pequena chuva começava a aumentar, agora bem mais forte, aliada ao vento.

— Caramba... isso tinha que vir logo hoje? – Perguntou Sebastian, correndo até o pátio se protegendo da chuva.

Clara olhou para as pessoas, e via que muitas delas estavam procurando se abrigar, algumas para o ginásio, outras para dentro do prédio, deixando o pátio completamente vazio, logo, os corredores do campo de atletismo pararam de correr, evitando a pista molhada, com o perigo de raios também, o clube de natação deveria parar suas atividades até a chuva dar uma trégua, o que não parecia que iria acontecer tão cedo.

As pessoas que estavam cuidando das barracas de comida, começavam a recolher os alimentos e trazer para onde a chuva não afetava, porém, o vento forte, começava a arrancar alguns objetos que prendiam ela ao chão, quase que destruindo a barraca.

Clara observou Ícaro correndo na chuva, quando o pátio estava quase sozinho, segurando algumas coisas que voavam, e trazendo elas de volta, o jovem também auxiliava as pessoas que procuravam abrigo, localizando onde eles deveriam ficar, felizmente as atividades dos clubes dentro do ginásio não seriam interrompidas ainda, porém, mesmo com as arquibancadas reservas, não teria como abrigar todas as pessoas.

Ícaro correu até onde Clara estava, e a chamou para conversar longe de todas aquelas pessoas, a tempestade era tão forte, que a cada raio que caia parecia que o chão tremia também.

— Clara, o que a gente faz? A chuva interrompeu praticamente qualquer coisa que pudéssemos fazer aqui fora, até mesmo o clube de doces teve que se retirar para não estragar os seus alimentos, as barracas de comida não podem ficar assim também, porque foram colocadas a céu aberto, meu deus como eu não pensei que isso podia acontecer.

Clara viu o desespero no rosto de Ícaro, ele sentia toda a responsabilidade daquilo, por mais que a chuva não pudesse ser evitada, ainda assim, Ícaro parecia tomar aquilo como irresponsabilidade dele.

— Calma! – Ela segurou nos ombros de Ícaro. – Tem que ter alguma coisa que possamos fazer.

— Mas o que? Sendo assim o Campeonato de Clubes só vai ter sido um grande evento que não deu certo.

Clara olhou bem para os lados, como se procurasse algo que se pudesse fazer para resolver aquela situação, observou Amy e Sebastian correndo até eles se molhando completamente no trajeto.

— Ei, ei, o que vamos fazer? O time de vôlei e o de basquete estão segurando bem as pessoas, mas muitas não conseguem entrar no ginásio por falta de espaço. – Falou Sebastian.

Amy parecia bem preocupada, principalmente após ver o rosto de Ícaro.

— Se for por espaço, talvez se possa colocar as pessoas no prédio, mas...

— Não preparamos nenhuma atração lá, será simplesmente um lugar onde eles vão esperar a chuva passar. – Disse Clara olhando para o céu.

— É, mas se você olhar bem, não parece que é só uma chuvinha, estamos em uma tempestade aqui. – Disse Ícaro, mal terminando de falar e outro relâmpago caiu.

Sebastian também parecia bem inquieto, o que não era comum, a julgar pela calmaria e frieza que o jovem tinha.

— Droga, parece que não temos escolha a não ser fazer isso. – Falou o garoto com os cabelos bagunçados, agora totalmente molhados. – E se o clube de teatro fizesse a sua apresentação no pátio? Obviamente não seria como no palco, mas seria mais alguma coisa para matar o tempo.

Ícaro olhou para Sebastian, impressionado.

— Isso! Por favor, Sebastian, avise ao Brandon e pergunte se eles podem fazer isso, se sim, vamos reunir as pessoas e avisar do acontecimento.

Sebastian assentiu e correu, com Amy seguindo ele logo atrás.

— Ok, o problema mesmo é que a peça não tem duração longa, e trazer os instrumentos para dentro do prédio levaria muito tempo, e precisaria de muita gente também, e a julgar pela movimentação, eles estão ocupados tentando ajeitar as coisas dos seus clubes. – Falou Ícaro, pensando em uma solução.

— Sim... o show deveria ser a atração principal, mas com o vento, é até mesmo perigoso deixarem eles no palco, foram horas para conseguirem montar os instrumentos em cima dele também, não será fácil, mas ainda assim é possível. – Falou Clara.

Ícaro confirmou, segurando a mão de Clara sem pensar.

— O problema é apenas o tempo, será um intervalo muito grande até conseguirem trazer os instrumentos para lá, precisamos entreter os visitantes de algum jeito.

 Clara ficou um pouco enrubescida com a atitude repentina de Ícaro, mas tentou manter a compostura.

— Sim... – Naquele momento, se fosse um desenho animado, uma lâmpada acenderia acima da cabeça de Clara.  – Mas Ícaro, não precisamos levar todos os instrumentos, apenas um é o suficiente.

— Ahm? Um show acústico? Seria algo bom, mas ninguém ensaiou para isso, e não sei se Richard conseguiria, ser o centro das atenções de tanta gente... – Falou Ícaro.

— Não, não Richard, e sim nós dois! – Falou ela.

— Do que você... ah não, você sabe que não podemos.

Clara deu um sorriso.

— Claro que podemos! Nós já não fizemos isso antes? Fora que você já me mostrou algumas das suas composições, seria uma ótima ideia, principalmente porque você sabe tocar várias músicas conhecidas, e eu posso canta-las! – Ela falou com empolgação.

— Mas eu sou muito ruim nisso, principalmente se apresentando para uma plateia enorme, eu não vou conseguir! – Falou Ícaro.

Clara deu um tapinha no ombro do garoto.

— Tenha um pouco mais de confiança em si mesmo, anda, vamos nos preparar, provavelmente Sebastian deu um jeito e a peça vai começar logo, precisamos ajudar a reunir as pessoas e trazer o piano. – Falou ela.

— O piano não foi levado, ele não seria usado lá, aparentemente nenhuma pessoa do clube de música sabe tocar, então ele está na sala, posso pedir para me ajudarem a descer com ele, seria até mais fácil. – Falou Ícaro, ainda um pouco sem empolgação, preocupado.

Clara deu um sorriso.

— Faça isso, traga o piano, e um microfone, deve ter alguma caixa de som solta pelo clube também, eu vou ajudar a reunir as pessoas. – Ela olhou para Ícaro. – Respira, você é muito bom tocando piano, não se esqueça disso.

Ícaro respirou e soltou o ar, dando um sorriso em seguida.

— É, e você é muito boa cantando também, não tem como isso dar errado, não é?

— Não comemore antes da hora também, a situação já está ruim, mas nunca se sabe. – Ela sorriu para ele. – Vamos, vamos resolver isso.

Os dois então correram, indo em seus respectivos objetivos, Clara estava feliz, não só por saber que conseguiria resolver a situação, mas também por poder cantar ao lado de Ícaro, já fazia muito tempo que ela não havia feito isso. Sebastian deu um sinal de “ok” para ela, enquanto ela passava, confirmando que havia feito a sua tarefa.

— Por aqui! – Disse Clara, chamando algumas pessoas que ainda estavam no ginásio, até Howard parecia estar fazendo um bom trabalho em segurar as pessoas. – A apresentação do clube de teatro vai começar logo, venham ver!

O pátio do prédio começava a se encher gradualmente, enquanto a tempestade se aflorava lá fora, Jocelyn estava lá ainda, ajudando algumas pessoas a chegar até o pátio com um guarda-chuva, alguns membros do Clube de Atletismo faziam o mesmo, Clara se perguntou onde eles haviam arrumado tantos guarda-chuvas, mas não era hora de saber daquilo.

A multidão ia se aproximando, e algumas barracas de comida haviam sido desmontadas e rapidamente montadas dentro do pátio do prédio, outros alunos simplesmente trouxeram os alimentos das suas barracas para a cozinha, e faziam ali mesmo as atividades. Sebastian havia feito um bom trabalho, conseguiu reagrupar os estudantes ali, nem parecia que aquele jovem que odiava participar de grupos faria algo tão bem assim, ao pensar nisso, ficou orgulhosa de si mesma, por conseguir realizar e presenciar algo do tipo, mas ao ver o clube de teatro, com Brandon na dianteira se organizando, percebeu que seu trabalho não havia terminado ainda, muito pelo contrário, ela ainda teria um grande objetivo.

— Pode vir. – Ela disse pra si mesma.


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Notas finais do capítulo

Um/uma ótimo/ótima dia/tarde/noite a todos!



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