O Garoto Que Tinha Medo De Amar escrita por Gin


Capítulo 15
A Confusão Que Antecede


Notas iniciais do capítulo

Para Victor

Por ser a única pessoa que realmente se importou

E por me mostrar o que é ter um amigo de verdade



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/421004/chapter/15

Não muito longe do dormitório feminino, existia um depósito onde guardavam os materiais de limpeza, era um local perfeito se você quisesse se esconder de alguém durante a noite, além do mais ninguém limpava nada aquele horário, não haveria necessidade de ir até o lugar. Aparentemente, Britney era a única que sabia onde o lugar ficava, pois havia descoberto enquanto vasculhava o local. Brandon fez de tudo para convencer ela a contar sobre, e Britney aceitou, com a condição de que ela pudesse participar de uma reunião do Clube de Histórias. Aceitada a proposta, Britney convidou Amy, que até então Ícaro não sabia ser amiga dela, mas ficou feliz em ter as duas por ali.

O local era meio abafado, e por mais que a noite estivesse fria, permanecia quente, as paredes pareciam velhas e desabadas, o cheiro de desinfetante e detergente era agradável e forte, mas depois de um tempo poderia se tornar desagradável de se sentir. Ryan estava sentado de mãos dadas com Britney, seu cabelo curto estava caído e simples, seus olhos sonolentos eram aparentes, vestia uma camisa azul e uma bermuda. Britney por sua vez, prendia seus cabelos loiros em mechas no estilo “Maria Chiquinha”, parecia alegre e agitada. Richard lia um livro de matemática, aparentemente ele havia ido mal na matéria. Do lado dele, estavam Sebastian e Amy, ele com seu cabelo enorme parecia completamente desinteressado em qualquer coisa que fosse acontecer ali, Amy abraçava loucamente seu braço, estava sem óculos e olhava completamente para o vazio. Brandon olhava para o seu relógio de pulso esperando dar a hora adequada.

– Espera, cadê o Ronald? Ele não devia estar aqui também? – Perguntou Ícaro.

Brandon fez um círculo com a mão no sentido horário.

– Nosso caro amigo está perdido no que você chama de caminho das trevas. – Falou Brandon de olhos fechados, para dar mais ênfase a sua frase.

– Ele foi resolver alguma coisa com a namorada dele. – Richard respirou fundo. – Francamente Brandon, você faz teatro, mas não precisa ser tão dramático aqui.

– Ah, ele tem uma namorada... – Falou Ícaro. - Aliás, é alguém do colégio?

– Sim, Renata. – Respondeu Sebastian tentando se afastar de Amy, mas ela insistia em se grudar a ele.

– Aquela que joga tênis. – Falou Britney. – Eu ainda tenho dificuldade de diferenciar as duas gêmeas.

– Mas elas são bem diferentes! – Falou Amy sorrindo.

– Só se for para você, elas são completamente iguais. – Disse Sebastian.

– Não, claro que não. Uma joga tênis, a outra gosta de ler revistas de aviação, uma coisa não tem a ver com a outra, ou tem?

– Analisando por esse ponto de vista, não tem. Mas dá para diferenciar as duas, pelo menos eu consigo. – Ryan falou, mostrando que estava ali, aparentemente ninguém parecia percebe-lo.

Britney sorriu para Ryan que retribuiu em um belo sorriso, na visão de Ícaro, aqueles dois eram um casal, e só faltavam se admitir, mesmo que ainda houvesse algo com Ryan que ele não conseguia dizer.

Brandon se levantou e encostou a cabeça na parede e começou a soca-la de leve, demonstrando uma irritação profunda. Todos os olhares voltaram-se para ele, mas Ícaro foi o único que pareceu estranhar de verdade.

– O que diabos você está fazendo? – Perguntou Ícaro.

Brandon se virou dramaticamente para ele, com a mão direita no peito, como se estivesse fingindo dor.

– A hora parece não passar, o tempo começa a fraquejar. – Caiu de joelhos ao chão. – O que será de mim, agora que o tempo não passa? Oh, céus! Avance o tempo e faça com que chegue a hora certa!

Todos riram, com exceção de Sebastian, que fez uma cara de “Ah, eu mereço”. Brandon era assim mesmo, e por mais que Ícaro não o conhecesse a tanto tempo quanto os outros, sabia que teria de se acostumar com a personalidade dele, pois no fundo, era um garoto realmente inteligente e divertido de se ter por perto.

Alguns minutos se passaram, e os mesmos ficaram trocando conversas. Ryan parecia estar um pouco com sono, Britney e Amy estavam completamente energéticas, totalmente o contrário de Sebastian, que parecia mais entediado que um garoto numa loja de roupas femininas. Richard, continuava a ler seu livro e Brandon, batia seus pés no chão ansiosamente, olhando para o relógio, parecendo contar cada segundo que faltava. Ícaro por sua vez, se deitou, e esperou que a reunião do Clube de Histórias começasse, estava quase pegando no sono, quando Brandon pigarreou.

– Bom, eis que é chegada a hora meus amigos. – Como vocês sabem, aquele que contou a melhor história na última edição do nosso clube, acaba ficando livre de contar uma hoje, assim como os novos membros também não precisam contar, ou seja, Britney, Amy, vocês irão apenas escutar e no final darão seu voto, e Ryan está livre por ter sido o melhor na semana passada, francamente, você é o cara. – Sorriu para Ryan, que fez uma posição dramática, imitando Brandon. – Para os outros, imprestáveis, não escaparão.

Britney concordou, e levantou as mãos, parecendo estar empolgada. Amy, por sua vez pegou de sua bolsa uma coxinha, e começou a comer, esperando as histórias começarem, Brandon ao ver que todos estavam de acordo, pegou um celular e continuou.

– Eu, com meu respeito ao clube de histórias, nomeio esse mais um encontro em nossas almas! – E passou a iluminar o rosto dos participantes, que enquanto eram iluminados, levantavam as mãos, dessa vez, Ícaro participou também.

– Então, vamos lá! – Brandon bateu palmas e apontou para Sebastian, ou seja, o mesmo começaria.

Sebastian contou um mito grego, o de Narciso, a qual ele se amava tanto que acabou morrendo afogado, ao se apaixonar pelo próprio reflexo na água, Sebastian contou de uma maneira devagar e esperava para ver a reação dos participantes enquanto contava, levantando um clima dinâmico no ar. Brandon contou uma história, que ele mesmo falou ser um sonho que havia tido, era sobre um garoto que viajava pelo universo e descobria os segredos e mistérios, para no fim, perceber que não havia nenhum sentido em todas as suas ações, foi uma narrativa bem dramática, assim como aquele que contou, e levantou um clima de tensão. Richard, por sua vez, aproveitou do clima tenso que Brandon havia criado e contou uma história de terror, de jovens que se reuniam na noite para invocar espíritos, e um deles havia sido possuído por algum, e começava a matar todos os outros. Amy agarrou o braço de Sebastian com medo, sempre olhando para os lados, e o mesmo, se aproveitando do momento fez um sorriso assustador, o que a fez gritar e todos rirem, Sebastian não costumava brincar assim, então era sempre engraçado.

Por fim, era a vez de Ícaro contar a sua história, e ele parecia bem decidido naquilo que iria contar. Falou sobre um viajante no tempo, e de como ele conseguiu conectar os mundos, mesmo todos sabendo que era ficção, a história até parecia fazer sentido, pois conseguia muito bem juntar alguns fatores e explicar algumas coisas, que a humanidade não explicaria tão bem, tudo foi muito bem detalhado e nem um pouco tedioso, o que fez com Brandon ficasse com os olhos arregalados ao escutar que havia acabado.

– Jovem, tenho que admitir, você mandou bem. – Brandon fechou os olhos e bateu curtas palmas.

– Caramba, tudo isso é mentira, mas até que foi uma boa história. – Disse Britney.

– É, foi legal. – Falou Sebastian, curto.

Ryan assentiu, e Amy terminou de comer sua terceira coxinha, e levantou as mãos em sinal de felicidade.

– Parece que temos um vencedor. – Falou Richard, sorrindo e olhando para Ícaro.

Brandon olhou para todos, que assentiram, concordando.

– Bom, já que é isso. Eu declaro que Ícaro foi definido como o melhor contador de histórias de hoje! – Ele se levantou em deu um salto, que quase fez com que batesse com sua cabeça no teto, já que o local onde eles estavam, não era tão alto.

– Obrigado! – Falou Ícaro, levantando os braços e interpretando um campeão. – Francamente, é muito legal você contar uma história, agora entendo porque a gente faz isso.

– Não subestime o poder de contar uma história, rapaz, elas nos levam a um outro mundo, a qual gostaríamos de viver.

– É, mas eu não gostaria de viver na minha história. – Falou Richard.

– Ninguém gostaria, só eu, e que eu fosse o cara que matava. – Falou Sebastian, em um tom tão sério, que apenas Amy sorriu, sabendo que era brincadeira, ela parecia ser a única que o entendia.

E então, todos foram arrumando as coisas, e deixando o local exatamente como estava antes deles chegarem, a última coisa que queriam é que descobrissem que alguém havia usado esse depósito para se encontrarem muito depois do toque de recolher. Então, todos se despediram, ficando apenas Brandon e Ícaro para trás, já que o líder do grupo era o último que podia sair.

– E então, o que está esperando para dar o fora daqui? Eu estou com sono, se apresse. – Falou Brandon, em tom irritado.

Ícaro não sabia se ele realmente estava irritado, ou se estava apenas fingindo, francamente, os membros do clube de teatro eram realmente estranhos, ou só Brandon que era mesmo.

– Bom, eu tenho uma dúvida, algo que está na minha cabeça, e ainda não consegui achar a resposta.

Brandon o encarou, com os olhos cerrados.

– O que é? Você sabe sobre o Ryan?

– Ahm? O Ryan? O que tem ele?

– Ah, droga, não é isso? Parece que não sei ler tão bem os pensamentos das pessoas como eu imaginava. – Bateu no chão em indignação. – Então, se não é isso, o que é?

Ícaro deixou o pensamento sobre o Ryan de lado, por mais que pensasse um pouco sobre o que era, mas continuou.

– Bom, por que essas histórias que nós contamos, mexem tanto com a gente? Nós gostamos de escutar, gosta de contar, escrever, mostrar, ser essa pessoa, por que?

Brandon deu uma risada exagerada e começou a mexer as mãos, com expectativa, e ansiedade.

– A resposta para essa pergunta, é muito fácil. Nós gostamos disso, porque nos faz fugir do mundo real.

Ícaro abaixou a cabeça, sabendo que é verdade.

– Não seria incrível, se vivêssemos em um mundo onde tudo que podemos imaginar, acontece? Um mundo onde dragões, magia, monstros, felicidade, tudo isso realmente exista, não seria demais? – Brandon parou e respirou pesadamente – Seria bem assustador, mas incrível, e é por isso que estamos sempre tentando fugir da realidade, porque ela nos machuca, porque ela nos mata, e fugir dela, é muito bom para nós, nem que seja um pouco.

Ícaro encostou a mão na parede e começou a imaginar, quantas vezes ele já havia fugido da realidade, e criado um universo só dele, não foram poucas vezes, o que Brandon falou, fazia sentido.

– Tem razão, e contar ou criar uma história, é algo muito bom, nem que você faça para si mesmo.

Brandon assentiu.

– É isso mesmo, mas agora que aprendeu isso, vá logo embora, preciso manter meus neurônios intactos, e só dormindo consigo fazer isso. – Disse ele.

Ícaro sorriu e deu um tapa leve nos ombros de Brandon.

– Obrigado cara, até amanhã.

– Até! – Disse ele levantando as mãos e pulando de leve, olhando para cima, com medo de bater a cabeça no telhado, como quase acontecia da última vez.

E aquela noite, passou bem rápida

Estava bem quente, quando Ícaro abriu a sala do Conselho Estudantil, a sala estava exatamente como ele havia deixado no dia anterior, o que significava que Clara ainda não havia chegado. Provavelmente estava fazendo sua ronda diária, verificando o que faltava. Ele pegou uma maça e comeu, enquanto via o que era preciso fazer no dia atual, olhou pela janela e viu lá em baixo, Clara conversando com Richard.

De princípio ele achou bem estranho, pois nunca viu os dois se falarem, e Richard mesmo havia dito que não falava com ela. Ele observou de relance mais um pouco e se perguntou o que eles deveriam estar conversando. Após alguns segundos, se perguntou também o motivo de estar incomodado por isso, era apenas seu melhor amigo conversando com sua colega do Conselho, não havia nada a se preocupar, certo?

Mesmo incomodado, ele voltou aos relatórios que teria de fazer, ainda eram bastante, com a proximidade do campeonato de clubes, a qual ele não sabia de como funcionava, apenas vagamente, mesmo assim, ele fez o que conseguia fazer.

Vários minutos passaram e não havia nem um sinal de Clara, o que fez Ícaro voltar a janela e vê-la ainda, conversando com Richard.

Ele não conseguia explicar, mas sentia uma incomodo chato, que perturbava um pouco, e o fez ficar meio irritado. Ele ficou ali olhando, com raiva, colocando a culpa de sua raiva, na demora que Clara estava tendo para chegar, embora soubesse que não era isso.

Após mais alguns minutos, Clara se despediu de Richard e se dirigiu ao prédio para subir, olhou para cima, onde a sala estava, mas Ícaro foi mais rápido e conseguiu se esconder, antes que ela o visse, ele não queria que ela descobrisse que estava olhando para ela.

Logo, ela entrou na sala, e sorriu para ele.

– Bom dia, desculpe pelo atraso, é que tive que resolver alguns problemas e isso acabou me impedindo de vir logo.

Ícaro assentiu, e sorriu de volta, ele não queria perguntar de cara o que eles estavam conversando, seria muito inconveniente, mas sentia uma vontade incrível de fazer isso.

– Bom, enquanto você não chegava, eu fiz alguns relatórios de hoje, já consegui adiantar algumas coisas, mas mesmo assim tem muitos outros para serem feitos, que droga, esse campeonato de clubes é tão importante assim?

– Claro que é, é praticamente o evento mais importante do nosso colégio, é aberto ao público, é uma forma de entretenimento entre nós, além de ser incrivelmente importante para o nosso aprendizado.

Ícaro se surpreendeu, parecia algo realmente importante, e totalmente difícil de se fazer, e já que ele era do conselho estudantil, era sua obrigação ser o mediador entre isso, praticamente dependia bastante dele para organizar. Ele se perguntou se era realmente capaz de fazer isso.

– É, parece incrível, então, vamos agilizar? – Ele falou, escondendo o medo em sua voz. – Há muito trabalho a ser feito, e nós não temos esse tempo todo, não é? Não dá para resolver isso se uma certa pessoa se atrasar todos os dias. – Ele sorriu, brincando.

– Ei, qual é, eu já me expliquei! – Ele falou, sorrindo também.

Então, os dois passaram a preencher e resolver os relatórios, mas constantemente, Ícaro se distraia, pensando no que ela e Richard conversava. Ícaro também percebia, que mesmo no silêncio profundo daquela sala, ela dava constantes olhares para ele, talvez entendendo que ele estava distraído, ou pensando sobre qualquer outra coisa, ele não sabia dizer.

Alguns minutos passaram, e a mente de Ícaro começou a brincar com ele, ela imaginou todo tipo de situação que poderia estar ocorrendo entre Clara e Richard. Será que eles estão saindo juntos? Não, isso não era possível, claro que não, que ridículo da parte dele achar isso. Mas e se fosse? E se realmente eles estivessem assim? Ícaro poderia apenas estar imaginando, mas no fundo ele realmente estava se perguntando o que aconteceu, seu pensamento foi interrompido quando Clara falou.

– Ícaro? – Perguntou ela, com uma cara preocupada.

Ícaro olhou para ela, ainda um pouco assustado com os próprios pensamentos, mas logo voltou a si.

– Ahm... Ah, oi. – Ele respirou fundo. – Desculpa, estava meio perdido, mas vou voltar agora. – E ao dizer isso, retornou aos relatórios.

Clara então o observou um pouco mais, com olhos analíticos, ela parecia preocupada com ele, ainda mais depois do que soube anteriormente, e logo foi falando.

– Richard, é seu amigo, não é? – Perguntou Clara.

Ícaro ficou surpreso com a pergunta, ele estava pensando exatamente sobre os dois, e Clara falou sobre isso, será que ela sabia e estava tentando fazer com que Ícaro falasse que tinha visto os dois? Ou seria apenas um assunto aleatório? Mas antes que ela suspeitasse mais, ele respondeu.

– Sim, ele é meu melhor amigo, desde minha infância.

Clara assentiu, e adquiriu um ar pensativo, Ícaro a encarou, achando que ela iria dizer mais alguma coisa, mas não disse.

– Mas.... Por que me perguntou sobre isso, tão de repente?

Clara, se levantou e foi até a janela, Ícaro a acompanhou com o olhar, sem entender.

– Então, você conhece ele desde quando era pequeno, não é? Mesmo tendo viajado por ai com seus pais, você não o esqueceu.

Ícaro assentiu, e quando viu que ela não poderia ver, respondeu.

– Sim, quando eu morava aqui em Miami, meus pais viajavam e me deixavam na casa dele, seus pais sempre foram amigos de meus pais, e assim nós nos conhecemos.

– Mas você ficou muito tempo sem o ver, não é? Isso porque começou a viajar com seus pais. – O olhar dela, pela janela era distante e parecia triste.

Ícaro se calou por poucos segundos, e falou.

– Sim, com oito anos de idade, meus pais começaram a me levar junto nas viagens que faziam. - Fez uma leve pausa, parecendo se lembrar do que havia acontecido. – E então eu não o vi desde então, talvez só de relance, quando eu voltava para cá por um tempo.

Ícaro então percebeu sobre o que eles estavam falando, Richard havia contado algo para ela.

– Ele te contou não foi?

Clara balançou a cabeça.

– Não, você tem um amigo bem fiel, ele se recusou a me contar. – Ela se virou para Ícaro. – Você está realmente bem?

Ícaro deu um sorriso.

– Sim, Clara, eu estou bem, não tem nada de errado comigo, agradeço a preocupação, mas não precisa, sério mesmo.

Clara abaixou o olhar, triste, e olhou de relance para Ícaro.

– Isso não é justo, sabia? Você pode ajudar, mas nem eu, nem o Richard podemos. Não é justo.

Ícaro tocou o ombro de Clara, e acariciou os seus cabelos, o coração da mesma, acelerou um pouco.

– Ei, está tudo bem, eu estou bem, não se preocupa. – Ele sorriu para ela. – Aliás, você já me ajudou, mesmo sem saber.

Clara olhou para ele, confusa.

– Do que está falando?

– Bom, já fazia um tempo que eu não tocava piano, e estava meio enferrujado e graças a você, eu consegui tocar um pouco, mesmo que errando, pelo menos você me fez lembrar de algumas coisas boas. – Falou Ícaro, meio nostálgico.

Clara balançou a cabeça.

– Não é assim, você já tocava piano antes, então era só recomeçar.

Ícaro sorriu, meio torto.

– É aí que está o problema. Na maioria das vezes, quando paramos de fazer algo que gostamos, o mais difícil não é parar, e sim, continuar. Pois você cai naquela de “Depois eu faço isso”, e acaba nunca mais fazendo, e se perdendo completamente. Se não fosse por você, seria muito difícil eu ter tocado novamente. Obrigado.

Ícaro começou a se sentir meio nervoso, sem saber o motivo ao certo, por qualquer que fosse a razão, a proximidade com Clara, tinha esse efeito ultimamente, mesmo que ela a conhecesse a pouco tempo, ela era uma pessoa a qual ele não podia perder de vista, e isso explicaria o que ele sentiu, quando a viu com Richard.

Clara não era diferente, talvez pela gratidão com Ícaro, de tê-la ajudado quando precisava, ela também queria ajuda-lo, mas sentia algo diferente quando estava perto dele, um sentimento confortável de que aquela seria uma pessoa que ela não poderia perder.

Os dois se encararam por um tempo, e o silêncio gerado no momento, passou a ser constrangedor, e antes que pudesse voltar a dizer qualquer coisa, eles voltaram aos relatórios.

– Bom, se não se importar, eu quero escutar você tocando mais uma vez, qualquer dia desses.... Sei lá... – Falou Clara, quebrando o silêncio.

Ícaro sentiu um aperto no peito, um pouco sufocante, mas ao mesmo tempo generoso e pacífico, ele não conseguia entender o que era aquilo, e ficou bobamente olhando para Clara, enquanto ela esperava a resposta, quando tomou consciência novamente de si, respondeu.

– É... Tudo bem, quem sabe um dia? – Sorriu para Clara, que sorriu de volta para ele.

Clara ainda não estava convencida. Ícaro estava preocupado com algo que ele não sabia o que era. Clara queria que Ícaro contasse a ela, e que ele realmente a considerasse sua amiga. Ícaro se sentia perturbado de algum modo.

Os dois lados entravam em um conflito difícil de se lidar, e nenhum dos dois sabiam exatamente o porquê de aquilo estar acontecendo.

Bom, pelo menos não ainda.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E finalmente saiu um capítulo novo o/
A quanto tempo estou devendo? 4, 5 meses? Bem me desculpe, mas vou explicar.

Acontece que eu me perdi, isso mesmo, a faculdade de psicologia não é fácil, sabia? Ela toma todo seu tempo e te deixa maluco. E foi mais ou menos quando comecei o semestre que eu parei de escrever, isso porque eu não tive tanto tempo, e criatividade para continuar a história, e isso tira a motivação de um ser humano comum (E não comum, no meu caso), e por isso ela ficou parado por TANTO tempo.

Maaaaaaas, uma certa pessoa veio aqui me cobrar, e me ameaçou de me matar se eu não lançasse logo um capítulo (Sim, Marys, é você), e então, como prometido, finalmente saiu.

A respeito de voltar, sim eu vou voltar, mas por favor, paciência, pode sair um capítulo por semana, ou até mais, dependendo do meu tempo, mas peço que continuem me apoiando que vou agradecer de todo o coração a vocês. (Aliás, um abraço para Marys, sua linda).

Enfim, aguardem o próximo capítulo, que ele sai esse ano ainda! Sai sim, eu prometo. E um ótimo final de semana a todos, e até a próxima!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Garoto Que Tinha Medo De Amar" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.