Inocência Insana escrita por duuhalbuquerque


Capítulo 10
Capítulo10: Beijo




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Shirou largou suas duas malas em cima da cama. Logo atrás veio Kaoru, jogando também as suas malas sobre a cama de casal. A japonesinha olhou ao seu redor, estavam em um hotel simples, porém confortável.


      Gostei desse lugar... – Sorriu a garota.


      Foi o que meu dinheiro conseguiu pagar, amor... – Comentou seu namorado, tirando algumas roupas de dentro da mala.


         Kaoru chegou até a janela, começara a observar a movimentação da rua a tarde. O vento impactava-se em seu rosto lívido.


      Você tem certeza do que vai fazer, não é, amor? – Ela perguntou, virando-se a Shirou.


      Claro que sim... – Respondeu o loiro.


O mesmo se aproximou da namorada, a abraçando por trás e dando alguns beijos em seu pescoço.


      Essa viagem vai fazer bem pra gente também... – Shirou comentou.


      Você tem razão... – Sorriu Kaoru.


 


Um dia depois.


 


         Kaoru e Shirou chegaram ao tal orfanato. O mesmo parecia um lugar antigo, suas estruturas demonstravam isso facilmente. Havia um enorme jardim, onde crianças brincavam ao redor das árvores. Duas senhoras cuidavam dos pequenos, enquanto conversam sentadas em um banquinho de madeira.


De longe, Shirou e sua namorada observavam. O garoto não demonstrava, mas estava extremamente ansioso. O loiro trajava uma calça jeans clara e blusa preta.


      Bom dia... Posso ajudá-los? – Uma das senhoras se aproximou.


A senhora tinha os cabelos brancos presos e usava um vestido com estampa de flores coloridas. A mesma continuava observando os jovens por detrás de seus enormes óculos de grau.


      Estou à procura de Isabelle Smith... – Shirou disse.


      Podem entrar... Esperem aqui que vou chamá-la... – A velha falou, entrando no orfanato.


Shirou e Kaoru sentaram-se, esperando a mulher.


      Quem é essa Isabelle Smith? – Sussurrou Kaoru.


      Minha mãe disse que era uma das mulheres que trabalhavam aqui na época em que eu fui adotado... – Respondeu Shirou.


 


Depois de alguns minutos, uma mulher de cabelos loiros presos e vestindo um vestido preto aproximou-se.


      Foram vocês que me chamaram? – A mulher indagou.


      Na verdade, fui eu... Chamo-me Shirou Tanaka... E fui adotado nesse lugar, minha mãe adotiva disse que você trabalhava aqui na época, e que provavelmente saberia quem são meus pais verdadeiros! – Shirou ponderou.


A mulher assustou-se, isso podia perceber facilmente em seu rosto. A mesma pôs sua mão direita sobre o rosto de Shirou, seus olhos encheram-se de lágrima – Não posso acreditar que é você... – Sussurrou.


Shirou assustou-se com aquela atitude repentina.


      Você o conhece!? – Perguntou Kaoru.


Isabelle limpou as lágrimas que começavam a descer de seu rosto.


      Eu sou... Irmã da sua mãe! – Argumentou.


      Vo-Você? – Assustou-se o garoto.


      Exatamente... Não imaginei que chegaria esse dia! – Isabelle falou.


      Por quê? Por que a irmã da minha mãe trabalha no orfanato que fui adotado? – Perguntou de modo frio, o garoto.


Isabelle parecia desconfortável ao tocar naquele assunto, mas também parecia disposta a dizer tudo.


      Vamos até minha sala, lhe contarei tudo...  – Ela falou, enquanto Shirou e Kaoru a seguia.


 


         Isabelle serviu duas xícaras de café para seus convidados, apenas sendo aceito por Kaoru. Logo depois se sentou a frente dos dois, apoiou seus braços sobre a mesinha de madeira, pigarreou discretamente, como se estivesse se preparando pra falar.


      Sua mãe morreu assim que deu a luz a você... – Foram suas primeiras palavras – Na verdade, ela ficou viva alguns dias... Mas pegou uma infecção hospitalar e morreu!


      E meu pai? – Shirou.


      Ele acreditou que você tivesse morrido também... – Isabelle respondeu, bebendo um pouco de seu café.


      E por que não disse que não havia acontecido isso? – Novamente indagou.


      Seu pai era muito jovem, e, além disso, tudo... Era viciado em drogas e vivia no mundo da criminalidade... – Respondeu sua tia.


Shirou ficara em silêncio por alguns segundos. Kaoru o olhava, sem saber o que falar.


A pequena sala era bem confortável, havia apenas uma janela, e ao lado uma estante repleta de livros. Na parede, um quadro com a imagem de Jesus.


      Eu pensei em ficar contigo... Mas eu havia acabado de dar a luz a gêmeos... Meu marido estava desempregado, e o dinheiro que recebo aqui, mal dava pra alimentar nós dois! – Isabelle argumentou, sobre o olhar atento de seu sobrinho – Como seu pai não tinha condições de ficar com uma criança... Achei melhor te dar uma nova família, mesmo com o coração doendo... Aceitei a proposta de um casal Japonês com uma ótima condição de vida, e você foi adotado...


Shirou permanecia pensativo e confuso – E meu pai? Ainda está vivo?


      Sim... Agora ele se recuperou, é casado e tem um casal de filhos... – Isabelle Smith respondeu.


      Onde ele mora? Quero encontrá-lo


      Você tem certeza disso, Shirou? – Isabelle parecia relutante.


      Você não acha que uma hora ele precisa saber que tem outro filho?


      –... Tudo bem, se acha que é o certo... – Sua tia pegara um pedaço de papel e começara a anotar o endereço da onde o pai de Shirou morava – Aqui está... Tome! – Ela entregou.


Shirou deu uma olhada, e novamente seguiu seus olhos até Isabelle – É muito longe daqui?


      Não...


...


 


         Shirou e Kaoru chegaram até o endereço escrito no papel. Era uma casa grande, simples, porém muito bem cuidada. Kaoru olhou para seu namorado, e viu o quanto o mesmo estava tenso.


      Está mesmo preparado pra isso, amor? – Ela perguntou.


      Acho que sim... – Falou.


Uma mulher que molhava suas plantas, percebeu dois jovens observando a casa e se aproximou.


      Posso ajudá-los? – Indagou a mulher de cabelos castanhos cacheados.


      Queria falar com Albert Russel...


      Só um minuto – A mulher olhou desconfiada, mas decidiu chamar seu marido.


O pai de Shirou apareceu na porta. Tinha os cabelos loiros e olhos super azuis, assim como seu filho. Em seu rosto havia um pouco de barba, não parecia ser aquele viciado em drogas que Isabelle havia falado.


      Quem são vocês? – Perguntou, se aproximando de Shirou e Kaoru.


      O senhor se lembra de Julie Smith?  – Shirou perguntou, causando espanto em Albert.


      Claro... Foi uma namorada que tive na época da adolescência... Por que a pergunta?


      Por muito tempo te esconderam isso, mas agora precisa ficar sabendo que você teve um filho com ela... Que sou eu!


 


...


 


      Misaki estava deitado em sua cama no quarto. O mesmo permanecia pensativo, mas logo isso mudou quando Yushiro apareceu na porta.


      Misaki, vamos descer... O pessoal da escola está querendo fazer uma gincana!


      Quero não, Yu... Obrigado, desço depois


      Você ta bem? – Estranhou Yushiro.


      Estou... Não se preocupe comigo, vai lá se divertir com o pessoal – Misaki deu um sorriso forçado, na tentativa de despreocupar o amigo.


      Qualquer coisa me chame, ok?


      Sim...


Yushiro saiu em seguida do quarto. Deixando Misaki novamente pensativo. Não sabia por que, mas Tenshin não saia de sua cabeça. Que sentimento estranho e forte era aquele que estava sentindo? E por que logo pelo irmão de seu melhor amigo?


Subitamente o mesmo decidiu pegar seu celular que estava ao lado numa mesinha.  Começara então a digitar as primeiras palavras, e logo depois enviou a mensagem escrita para a pessoa que tanto atormentava seu pensamento.


Tenshin, como está? Espero que bem... Estou com saudades!


Beijos, Misaki.


Agora pensava se havia feito o certo. Será que Tenshin pensaria que ele está apaixonado? Será que Tenshin vai achar que Misaki é apenas um adolescente iludido que se apaixona fácil? Talvez aquilo que aconteceu fosse apenas por diversão, nada além disso.


Todos aquelas duvidas torturavam sua cabeça, o pequeno quarto preservava o silêncio. Apenas a chuva incomodava os pensamentos do garoto. Na verdade, nem a chuva conseguiu impedir tantas duvidas em Misaki.


 


         Lá embaixo, no hotel, Yushiro e seus outros amigos brincavam de verdade ou conseqüência. Todos riam e se divertiam naquela noite chuvosa. Ali perto, estava Kamui, como sempre, isolado de todos os outros. Yushiro levantou-se e seguiu até seu antigo rival, que estava sentado na varanda.


      Kamui... Vamos lá brincar com a gente – Chamou o moreno de olhos verdes.


      Não, obrigado... Estou bem aqui – Kamui respondeu, apenas observando a chuva.


      Deixe de ser anti-social... Por isso que todos são distantes de você! – Comentou Yushiro.


      E por que se preocupa tanto com isso?


      Não comece... Não quero briga! – Falou Yushiro, sentando ao lado de Kamui.


      Desculpe... Eu tentarei me enturmar, ok?


      Ta bom, então venha! – Yushiro puxou Kamui pela mão, o levanto até o circulo de adolescentes.


         Assim começara a brincadeira. Usavam uma garrafa pra selecionar que faria uma pergunta. Algumas horas foram se passando, Kamui não brincava, estava ali apenas por pedido de Yushiro. Até que uma pergunta caiu para Yushiro, a menina que ia perguntar era Hikari.


      Preparado pra pergunta, Yushiro? – Falou a garota, com um sorriso malicioso.


      Pergunte logo, Hikari... – Yushiro.


      É verdade que você gosta da Denni, além de amizade?  – Perguntou a garota, fazendo todos caírem na gargalhada.


No mesmo instante Yushiro corou. Mas antes de responder, assustou-se ao ver Kamui se levantando e saindo pela porta do salão. Todos ficaram sem entender o acontecido.


Yushiro levantou-se e seguiu Kamui, que, apesar da chuva, correu para um pequeno bosque que havia atrás do hotel.


Depois de alguns minutos, Yushiro alcançou Kamui, puxou o mesmo pelo braço, fazendo Kamui olhar em seus olhos.


      O que houve, Kamui? Por que sai de lá assim? – Yushiro indagou.


      Não foi nada, Yushiro... Vai lá se divertir com seus amigos, vai... – Kamui.


      Como assim nada? Tem que ter um motivo pra ter saído daquele jeito


      Você quer mesmo saber? Eu odeio esse seu jeitinho de garoto rico, todo certinho, odeio... Você irrita qualquer um! – Gritou Kamui.


      Sabe o que é isso, é inveja! Você tem inveja de mim, da minha vida... Lamento se você não tem as coisas que eu tenho... – Yushiro gritou no mesmo tom de Kamui.


       Não, não tenho inveja de você! – Kamui retrucou as acusações.


      Então o que sente por mim? Se não for inveja, não sei o que é...


      EU TE AMO, PORRA! – Disparou Kamui, fazendo Yushiro paralisar-se diante daquele momento.


Agora o silêncio reinava entre ambos. Apenas a chuva quebrava o silêncio. Yushiro corou violentamente, tentava pronunciar alguma palavra, mas parecia que sua garganta havia dado um nó. Suas pernas, assim como as de Kamui, tremiam incontrolavelmente. E antes que pudesse tentar reagir, Kamui se aproximou, e lhe roubou o tão desejado beijo.


Yushiro assustou-se mais ainda, mas não o suficiente para impedir Kamui. Apenas retribuiu o beijo do mesmo. Automaticamente sua mão encaminhou-se até as costas do amado, enquanto Kamui juntava mais seu corpo ao de Yushiro. A mão direita de Kamui entrelaçou-se entre os fios molhados de cabelo de Yushiro. Agora nem a chuva passava entre os dois, seus corpos molhados pareciam ter se transformado em um só. Kamui mordeu o lábio de Yushiro, podia perceber todo seu desejo naquele beijo, havia feito o que mais queria. Sentiu o gosto de Yushiro, pôde ter o corpo do mesmo colado ao seu, não conseguia explicar o tamanho da felicidade que aquele beijo lhe proporcionava. Nada mais ao redor importava, nada nem ninguém. O ódio por Yushiro havia se transformado em um amor que nem mesmo ele compreendia. Mas agora sabia que realmente amava seu inimigo ao beijá-lo. O mundo naquele momento se resumia a Yushiro.


Depois de alguns longos segundos, Kamui parou o beijo, temendo a reação de Yushiro. O mesmo olhou levemente constrangido para Yushiro. Seu rosto estava completamente molhado – De... Desculpe-me, eu...


      Não fale nada... Só me beija de novo! – Yushiro interrompeu Kamui, voltando a beijá-lo.


 


...


 


         Tenshin olhava seu celular, acabara de ler a mensagem que Misaki havia mandado. Ao ler, soltou um sorriso, não um sorriso safado, e sim um sorriso de carinho. Inexplicavelmente, admirou a atitude do jovem garoto.  Colocou o celular sobre a mesa ao perceber que alguém se aproximava de seu escritório.


Um homem de cabelos loiro quase branco e de pele extremamente pálida adentrou após a permissão de Tenshin. Era um homem elegante, que trajava uma blusa preta, assim como a calça. Tinha um olhar sério e instigante.


      Bom dia, senhor Kusanagi... Sou Seichiro Saiko, da policia Japonesa... – Disse após mostrar seu distintivo.


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Notas finais do capítulo

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