“ – Como a família dela está reagindo isso?

– Muito mal, entenda... eles a criaram como uma verdadeira princesa, Isabella teve uma vida extraordinária e seu casamento foi algo de outro mundo, eles nem sabiam quem eram quando se encontraram em Nova York e foram muito felizes.

– Você acha que a morte do bebê foi a causadora de toda essa mudança?

– Oh querida... isso foi uma fatalidade. Eles estavam superando e até falando em outros filhos. O que eu acho que aconteceu foi que esse rapaz se aproveitou de um momento ruim do casamento deles para afastá-los entende? Ele é um aventureiro.

– E como Jacob Black está lidando com isso?

– Ele sabe que a mulher voltará ao bom senso a qualquer momento, como todos sabemos Edward Cullen não fica muito tempo em lugar nenhum e não pode dar a ela o que ela precisa para se realizar como mulher. Isso fatalmente acabará e eles conseguirão voltar os planos de uma família quando isso acontecer.

– Uma fonte nos afirmou que ele manda flores e senta nas primeiras fileiras nas suas apresentações. Você confirma isso?

– Claro, ele é um homem devoto e apaixonado. Entende que a esposa não está em seu juízo perfeito e como ele mesmo me disse pelo telefone “... na alegria e na tristeza, na saúde e na doença.” Jacob Black é um homem que cumpre seus deveres matrimoniais.”

Eu já tinha lido aqui mil vezes. O jornal não tinha divulgado o nome da fonte, mas só disse ser pessoa íntima da família Swan e Black. Eu tinha certeza que era Agnes, eu a vi conversando com uma jornalista no fundo do salão e agora os jornais franceses e ingleses publicavam isso em seus canais de fofocas como se fosse algo verdadeiro. Eu estava completamente esgotada fisicamente e emocionalmente, pensei que depois da conversa que tive com Jacob e meus pais eles parariam com aquela ideia louca, mas não. Jacob foi a todas as apresentações que fiz depois disso e estava sendo complicado manter a postura quando eu entrava e sentava ao piano no meu da multidão que aguardava ansiosa por algo novo que eu e Edward iríamos fazer.

No amor e na guerra valem tudo mesmo? Não fazia sentido para mim ficar rebatendo as fofocas que saiam e muito menos dar declarações de como estou sã. Jean pediu mais discrição e por isso não pudemos sair quando chegamos a Irlanda. Eu e Edward fomos confinados ao hotel por causa da má repercussão que o nosso relacionamento poderia causar a turnê. Isso tinha aborrecido Edward ao extremo, ele ficou tão irritado que quase agrediu alguns jornalistas que nos esperavam no aeroporto e no hotel, eles gritavam algumas coisas que nem consegui perceber porque comecei a me sentir mal por conta do assédio e o estresse causado pela pequena multidão que acumulou.

Olhei o relógio, eram três da manhã e o silêncio me deixava mais calma. Não estava frio. Portugal estava em uma época quente, uma coisa totalmente estranha, mas que as pessoas estavam aproveitando a onda de calor para aproveitar e passear pela área litorânea e tomar sol nas praças. Um clima diferente do que eu estava vivendo, talvez a época mais estranha que estava vivendo com Edward, ele estava irritado e eu tinha medo do que aconteceria quando Jacob fizesse mais alguma coisa, ele com certeza faria.

“ – Cada maldita palavra nesse jornal é mentira! – ele gritou quando acabou de ler. – Quem foi o miserável que escreveu isso?

– Não sei. – Eu sabia, mas não iria fazer isso ficar pior do que estava. – Deixe isso para lá, sabe que é o que eles querem. Mais confusão. Eu realmente não me importo com isso.

Eu tentei continuar tomando meu café sossegada, mas foi impossível. Ele ficou calado, inquieto demais e por vezes soltava alguma frase sobre isso.”

O dia foi péssimo, Alice cogitou processar o jornal e Edward estava satisfeito com aquilo. Eu bati o pé e disse que nada daquilo faria Jacob parar de ir às apresentações ou nos deixar em paz, mas eles pareciam inflexíveis quanto a isso. Precisei falar com Jasper e ele me aconselhou a não entrar em nenhuma disputa judicial nos tribunais europeus, nada disso contribuiria para meu divórcio e talvez Jacob conseguisse reverter isso para o lado dele. Minha dor de cabeça aumentou quando eu lembrei do que veio a seguir.

“ – Nós precisamos fazer alguma coisa. – Edward falou calmo, mas determinado.

– Não precisamos, não faremos. Só daríamos mais armas para Jacob e eu não preciso disso.

– Bella eu te amo, não posso ficar lendo e ouvindo essas coisas parado sem fazer nada... isso...

– Esse é o preço pela nossa escolha, ele não disse que pararia de lutar pelo que ele acha certo e eu não estou dizendo que concordo com os meios dele, mas isso uma hora acaba Edward.

– Preço pelas nossas escolhas? Você diz isso como se fôssemos dois fugitivos... como se...”

Eu e ele discutimos e eu nem sabia como tínhamos chegado ao ponto de gritar um com o outro, mas chegamos. Eu chorei metade do dia e dormi a outra parte. Eu senti as mãos dele no meu rosto em algum momento, minhas roupas sendo tiradas e uma camisola confortável sendo colocada, acho que aquilo me acalmou. Saber que ele estava ali e cuidando de mim, mas mesmo assim quando abríssemos a porta do quarto a realidade estaria ali nos esperando como um arma apontada para nós. Eu tinha certeza que amava Edward e que ele me amava, mas eu não tinha certeza se conseguiríamos ficar juntos ou se mais uma vez eu teria que sair e deixar meu menino ao piano. Essa constatação me deixou triste demais, eu estava realmente precisando pensar melhor, precisando me concentrar no que era melhor. O sono veio forte mais uma vez.

– Acorda... amor... – olhei para Edward e o vi com sua roupa de dormir. Não reconheci onde estava até que me sentei.

– Como eu vim... – ele sorriu travesso.

– Te encontrei no sofá e coloquei de volta na cama, acho que foi beber água e acabou ficando.

– Oh.. – eu me lembrava de ter pego um copo de água, mas não de ter bebido ele realmente.

– Vamos tomar café? Jean está aqui, disse que tem boas notícias.

– Claro...

Boas notícias, eu estava animada agora. Edward sorriu ao perceber isso. Levantei e pus uma roupa qualquer só para ir para sala e tomar café com Jean e Edward sem a sombra de qualquer péssima notícia ou jornal de fofocas. Quando entrei na sala Jean me sorriu e me abraçou como um verdadeiro pai, tentando me passar a força necessária para enfrentar a situação.

– Como está querida?

– Bem. Venha, vamos tomar café. Como está Agnes?

– Viajou para ver alguém, ela não aguenta essa vida de empresário. – ele riu um pouco e nos sentamos a mesa lindamente posta. Vi as flores no centro e sorri para Edward. Ele tornava tudo tão perfeito.

– Boa noticias... acordei com essas palavras.

– Amor, tem aquele chá. Tome um pouco.

– Oh sim...

Eu ia me servir quando ele me serviu e Jean pôs café em sua xícara.

– Edward segundo Alice há alguns eventos nos próximos dias que não são relacionados a turnê estou certo?

– Sim... uma gravação de uma trilha sonora e terminar o próximo CD.

Ele tinha comentado isso enquanto estávamos na Irlanda.

– Eu conversei com o maestro e ele sabe que estão todos exaustos. Decidimos juntos com os empresários dar um tempo.

Eu me surpreendi com isso.

– A nevasca atrasou o programa. – falei.

– Sim, mas estão todos precisando de uma pausa querida e Edward tinha deixado claro no contrato que tinha que cumprir seus compromissos já agendados. Só assinou porque isso não iria interferir, conseguimos remarcar as apresentações e isso deixou um espaço de uma semana para que ele consiga fazer o que precisa ser feito e você... Jasper está satisfeito com essa pequena pausa, ele quer que vocês resolvem algumas coisa em Nova York.

– Mas eu achava que estaria junto com Bella quando isso acontecesse.

Edward ficou triste com aquilo, mas seria bom eu resolver isso sozinha mesmo.

– Você tem seus compromissos e acho que Jasper vai tentar alguma audiência nesse meio tempo. Seria bom se Bella fosse sozinha a esses compromissos.

Edward não disse mais nada, mas sua expressão ficou muito contrariada. Tomamos café com Jean ainda falando de alguns planos que ele tinha e cosias que tinham que ser feitas, Portugal era nossa última apresentação e eu estava realmente feliz com isso.

– Não acho que isso dará certo. – ele disse assim que Jeans saiu.

– É melhor assim.

– Marque essa audiência para outro mês... temos alguma folga daqui a...

– Meses Edward, daqui a alguns meses... não posso esperar tanto. Preciso resolver isso.

Ele abaixou a cabeça e mexeu nos cabelos irritado, mas se controlando. Eu tinha que admitir que era uma nova faceta de Edward.

– Por favor... não se aproxime dele...

– Não posso prometer isso, com certeza nos encontraremos para discutir o divórcio. Com certeza Jacob saberá onde estou, não posso prometer que não vou encontrar ele ou até mesmo que não o enfrentarei se necessário.

Ele tinha uma dor nos olhos tão grande. O que estaria passando pela cabeça de Edward?

– Eu quero estar com você...

– Não pode me proteger de tudo e eu preciso me proteger sozinha Edward, não posso fugir de Jacob ou meus pais. Se eles vierem eu vou enfrenta-los como já fiz. Do que você tem medo? Não amo Jacob e não quero voltar para aquela vida miserável que eu vivia, eu quero me casar com você e estou aqui lutando para isso. Preciso do divórcio.

– Você já mudou seu nome. Esquece isso.

– Não, eu mudei meu nome porque não queria isso mais em mim, mas isso não muda o fato de ser casada com ele e que se algo acontecer a mim é a ele que vão chamar e não você.

Aquilo assustou ele. Edward arregalou os olhos.

– Como assim... chamar ele.. acontecer a você...

– Entenda Edward uma coisa, Jacob pela lei é meu marido. Ele responde por mim caso eu não esteja bem para fazer isso e essa responsabilidade eu não quero nas mãos dele, eu a quero nas suas mãos porque sei que fará o que for preciso e não o que meus pais ou a sociedade espera. Eu confio minha vida a você e não e ele, eu quero isso claro na justiça.

– Bella nada vai acontecer a você.

Me aproximei dele abraçando-o com força. Querendo o máximo de seu corpo em mim.

– Eu te amo Edward. Amo mais que a mim mesma.

– Eu te amo com tudo que sou meu amor e não sabe como esperei para tê-la, a ideia de não ter mais você ou que isso está em risco me deixa louca. – ele me olhou nos olhos. Profundamente. – Por que eu sinto que não estou ganhando uma luta que nem sei qual é?

Eu o beijei deixando seus pensamentos ruins de lado. Deixando tudo para trás. O que tínhamos era tão mágico e intenso que ele sabia. Sabia que seria a última apresentação.