Doce Tormenta escrita por Beatriz Dionysio
Notas iniciais do capítulo
Fiquei tão feliz e muito emocionada hoje quando abri pagina e encontrei a minha primeira recomendação, Muito obrigado Tarciana Barbosa, esse capitulo é dedicado a você, espero que goste.
Mais de 100 comentários, rs!
"Não importa o quanto algo nos machuca, ás vezes se livrar dele doí mais ainda" – Meredith Grey.
–Buona notte! – Deus como sentia a falta dela.
– Boa noite amor.
– Algo errado pequena? – perguntei preocupado com o tom fúnebre de sua voz.
– Jenna é minha nova professora. – espera Jenna?
– Jenna, sua amiga que... – fui interrompido por uma Melanie tristonha.
– Sim, aquela que pensava ser minha amiga e dormia com meu noivo. – podia sentir a dor em suas palavras, uma dor que me afligiu, não pude deixar de me perguntar se ela ainda possuía sentimentos pelo ex-noivo.
– Acha que pode lidar com isso? – perguntei um tanto triste também, não gostava de pensar no fato de que ela talvez pudesse sentir algo pelo idiota.
– Já lidei com coisas muito pior amor. Não se preocupe, apenas fiquei um pouco abalada, Jenna não passa de alguém que amei um dia e que consequentemente me feriu. – a vontade de estar com ela, de toca-la e dizer que tudo ficaria bem, chegava a queimar-me o peito. A culpa também ajudava, afinal eu a tinha decepcionado não uma, mas duas vezes. Uma por ser estupido e ter medo do que sentia, e outra por não ser forte o bastante.
– Obrigado Mel. – minha voz não passava de um sussurro, talvez ela nem tenha ouvido.
– Pelo que amor? – ela perguntou, também sussurrando.
Pelo que? Essa era fácil, por me aceitar, por estar comigo mesmo quando ainda podia fugir novamente. Por ser forte, ser a minha fortaleza, minha fonte de vida, o meu final feliz.
– Por permitir que a ame, mas do que minha própria existência que não fazia sentido antes de acerta-la com a porta. – suspirei pensando no dia em que nos reencontramos. – Ou mesmo quando a derrubei no corredor do consultório de Susan, ou ainda quando caiu da escada. Acredite, esses são os momentos mais felizes que já tive, perdendo apenas para o momento em que aceitou se casar comigo.
– Você não pode ficar falando essas coisas quando estamos separados por um oceano. – ela fungava. – Você é perfeito Nathan Clark, e sou a mulher mais sortuda de todo o mundo por pertencer a você, sabia disso? – eu e ela, ela e eu, completávamos um ao outro de todas as formas possíveis.
– Amo você Mel. – com todo o meu ser.
– Também amo você.
~~ ~~
Um mês se passou, todas as noites eu ia até a casa de Melanie, a surpresa estaria pronta em duas semanas, talvez menos. Ela irá adorar, tenho certeza. Tive uma “reunião” com Hanna e seu advogado. Chegamos ao acordo que a criança moraria com ela, mas iriamos intercalar os fins de semana e feriados. Contei a Melanie que ficara muito feliz com a noticia, não era fácil para ela, sabia disso, acho que nunca seria. Ela viajava e fazia muitos passeios pela Itália com sua classe. Perguntei sobre Jenna e a situação, ela apenas disse que Jenna era profissional. Todo domingo almoçava com Susan, Peter e um Adden cada dia mais mal humorado, sempre de ressaca.
Embora nos falássemos pelo telefone duas vezes por dia, ainda sentia a falta dela que só aumentava com a passagem do tempo.
Eu e Martin ainda tentávamos encontrar Charles Baker, o que era uma tarefa um tanto árdua, o cara era muito esperto, segundo Susan e Peter, ele fora uma espécie de agente, trabalhara na policia, o que dificultava tudo. O que não significava que desistiria de caçar o filho da puta.
~~Melanie ~~
Um mês! Passara tão rápido, as aulas eram maravilhosas, tenho de admitir que Jenna era tão brilhante quanto antes. Lembranças de nossa adolescência conturbada não me deixavam mais, sempre em meus pensamentos e em meus sonhos. Desde o primeiro dia ela não tentara falar comigo novamente, ela de fato era muito profissional, porém nas ultimas duas semanas vinha agindo de forma estranha, já faltara três vezes, o que não tinha feito até semana passada, estava perdendo peso drasticamente e deixara de participar de nossas viagens, aparentava estar sempre cansada. Não pude deixar de notar, afinal ela ainda era a Jenna, mesmo depois de tudo, ainda era a garota arrogante que sempre admirara, a mesma que me ajudou a construir uma casa na árvore. Doía pensar no quanto tínhamos em comum, mesmo as profissões, os sonhos, tudo.
Era quarta, 9:55, estava atrasada mas precisava usar o banheiros, motivo, um cappuccino grande para viagem. Abri a porta e me deparei com uma cena nada agradável, Jenna me fitava, pálida como um papel, segurava o que parecia um lenço próximo ao nariz, que sangrava. Não tive muito tempo de pensar quando a vi desmaiar. Corri até ela, não tão rápido quanto gostaria, sentei-me ao lado dela pondo sua cabeça delicadamente em meu colo, Deus ela estava ainda pior do que a duas semanas atrás, o que estava acontecendo.
Tremula liguei para a emergência, uma ambulância a veio pegar 10 minutos depois. Um enfermeiro pediu que os acompanhasse para contar o que havia acontecido. Fui com eles, assinei uma serie de papeis e documentos. Após quase uma hora de espera uma enfermeira disse que podia subir para vê-la. A segui, não pensando no que seria dito, no que diria, apenas pensando na menina de cabelos louros que me ajudara quando mais precisei. Sai do elevador, a enfermeira disse quarto 14, ou era 12? Eu tremia, minhas mãos soavam, porque? Quando estava próxima do quarto 11 ouvi vozes, um tanto exaltadas.
– Você não pode me dizer o que fazer, ninguém pode. – aquela era Jenna falando?
– Você é estupida ou apenas insana? Não consegue ver o que esta fazendo a você mesma? Um ano lhe foi dado, um ano. Isso é o que basta para você? – disse a segunda voz. Masculina acredito.
– Sim, um ano é suficiente. Ou era já que não tenho nem mesmo esses malditos 12 meses.
– Pelo amor de Deus Jenna, ainda temos chance, ainda podemos... – a segunda voz disse, era definitivamente masculina, sendo cortada por Jenna.
– Não John. Pare, sabemos que não há chances, milagres não existem. Não é como se eu orasse e a leucemia simplesmente sumisse. Quanto tempo dessa vez? – meu Deus, Jenna estava com câncer, isso não era verdade, não podia ser verdade. Um soluço escapou de mim, quando vi estava correndo de volta ao elevador. Desci até o estacionamento tentando encontrar as chaves do carro na bolsa, quando percebi que não haviam chaves, nem mesmo um carro. Eu estava na Itália, sozinha, com minha melhor amiga morrendo.
Peguei o celular, Nathan atendeu no segundo toque.
– Boa tarde Princesa.
– Nate, eu preciso, preciso que venha pra cá, eu.... não posso fazer isso sozinha, ... ela ,, eu... não podemos e ... – tentei dizer em meio aos soluços e as malditas lágrimas.
– Querida o que aconteceu, não estou entendendo. Respire e comece de novo. – fiz o que ele disse, puxei o ar e soltei, varias vezes até me acalmar.
– Jenna está com câncer.
Silêncio, a dor era silenciosa para aqueles que não a sentem.
– Estou indo Mel, por favor, espere por mim. Amo você.
– Também amo você meninão. – e então ele se fora.
Do lado de fora do hospital, uma garoa fina caía, ele não era tão longe de casa, apenas fui andando, andando até ver o hotel. Não me lembro da rua, do transito, ou como cheguei a meu apartamento. Corri até o quarto, deitando na cama, onde fiquei, fria, molhada e vazia.
“ Um som vindo da janela me acordou, aquele som significa uma coisa, ou melhor alguém, Jen. Corri até a janela e a abri, vendo Jenna escalar a sacada.
– Posso ficar aqui, Debby e Daniel não param de gritar. – é claro que ela podia ficar, ela sempre ficava. Seus pais estavam sempre brigando, alheios ao quanto toda a situação machucava Jenna.
– Sempre Jen. – disse enquanto a abraçava. Jenna era forte, não chorava, nunca. Nem mesmo quando Missy-ratasana a acertou com um taco de beisebol. As vezes queria ser forte como ela.
Deitamos na cama e ficamos lá, apenas conversando sobre coisas aleatórias, como Josh o garoto que a tinha beijado semana passada, ou no cachorro que queríamos ter quando fossemos para a faculdade, e que nome daríamos a ele.
– Mel? Se pudesse voltar no tempo e mudar algo, o que seria?”
A Melanie do sonho não pode responder mas sabia a resposta. Mesmo depois de sentir braços firmes e quentes em volta de mim, ainda pensava no que havia respondido a Jenna, muitos anos trás.
– Shi! Estou aqui meu amor, tudo vai ficar bem. – não, não iria ficar bem, nada estava bem.
Me apertei contra Nathan, chorando até o amanhecer, enquanto ele apenas me abraçava dizendo coisas positivas, dizendo aquilo que precisava ouvir, mesmo sabendo que não adiantaria.
“ – Quanto tempo dessa vez?” Ainda podia ouvi-la dizer. Doía, mas já não deveria mais doer, afinal quanto tempo de tormenta e dor pode alguém suportar? Gostaria de ter as respostas, aquelas que me faço desde sempre.
“ - Qual vai ser o nome dele? Eu gosto de Jack?
– Jack, ele definitivamente tem cara de Jack. – disse concordando. Era verdade o pequeno filhote de Pug a nossa frente tinha cara de Jack.
– Muito prazer Jack, sou Jen e essa é a Mels, somos as suas novas mamães.”
Lembranças, tudo era tão nítido em minha mente.
– Mel? – ouvi a voz de Nathan.
– Sim? – respondi um tanto rouca.
– Venha, você precisa de um banho.
Não reclamei quando ele me levou ao banheiro, tirando minha roupa e me pondo na banheira, não disse nada enquanto ele se despia e entrava e me puxava para seu peito, apenas chorava silenciosamente enquanto ele me banhava.
– Você precisa comer pequena. – comer, dormir, andar, me pareciam coisas tão banais, tão distantes. – Fale comigo por favor, esse silêncio esta me matando.
Esse era um bom trocadilho não? Ri mentalmente.
– Matando? Você não faz ideia, ELA ESTÁ MORRENDO, ELA, NÃO VOCÊ, NÃO EU, ELA.
– Sinto muito Mel, gritar comigo não vai cura-la ou algo do tipo, realmente sinto muito. – disse ele enquanto me aconchegava em seus braços. Não protestei, não podia, não tinha forças para isso. – Você tem que ser forte querida, ela precisa de você.
Sabia disso, também sabia que a tinha perdoado a muito tempo, só não sabia como lidar com o fato de ter de assisti-la morrer.
Perdida em pensamentos ouvi quando o telefone tocou.
– Sim, ... noivo dela. Claro. Obrigado.- Nathan atendeu. – Ela quer ver você Mel.
A questão era, eu queria vê-la?
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Eaí? oque acharam, rs