Pov’s Violetta

Peguei os olhos esmeraldas me fitando com tanta serenidade que era difícil de raciocinar. Ele estava relativamente perto. Leon transparecia preocupação, e isso me deixava mal, pois eu era a culpada.

–Por que não me diz o que aconteceu? –Ele pediu sorrindo. Eu fiz uma pequena carícia em seu rosto e sorri por tê-lo ali comigo, sorri por saber que posso contar com ele, sorri por tem Leon em minha vida.

Continuei acariciando o rosto “semi barbudo” dele, rapidamente roubei um selinho de Leon, ele sorriu, mas não parecia satisfeito.

–Está tudo bem. –Eu disse em um sussurro, não gostava de mentir para ele. –Não aconteceu nada. –Dessa vez minha voz saiu um pouco mais engasgada do que o normal. Senti Leon encostar suas testa na minha, fechei os olhos para somente poder senti-lo, como se fossemos os únicos no mundo.

–Sinto que você está mal. – Leon sussurrou. –Mas se me diz o contrário, vou confiar. –Ele disse e aquilo acabou comigo.

Ele confiava, e justamente por isso que eu não queria contar. Eu temo qual seria a reação de Leon quando ele descobrisse tudo. Apesar de ser um grande problema, Tomás ter me beijado não era a pior situação ali. O pior de tudo foi eu ter ido me encontrar com Tomás, apesar de meu ato ter sido inocente.

–Preciso ir. –Leon disse após alguns minutos em silêncio.

–Não precisa. –Sussurrei enquanto acariciava desde sua nuca até seu cabelo. Leon riu e se levantou com dificuldade, eu apenas o ajudei.

–Qualquer coisa já sabe? Ligue para o serviço de entregas Leon, ele é rápido e eficaz na cura de doenças depressivas. –Leon disse rindo e apenas ri também.

Só de ficar ao lado dele eu sabia que esse garoto eu jamais poderia perder, ele poderia não ser perfeito, mas foi feito especialmente para mim.

–Precisa de ajuda para descer? –Perguntei simpaticamente e ele negou, me deu um rápido selinho e bem devagar saiu do meu quarto.

Resumidamente eu passei o resto daquele dia deitada na cama, pensando em inúmeras formas de ser sincera com Leon sem que ele pirasse, ou seja, eu tinha que pensar no impossível.

Pov’s Leon

Eu estava lá, paradinho, no sofá de minha casa, assistindo uma maratona de filmes aleatórios. Eu comi, assisti TV, comi, joguei vídeo game, comi, li umas revistinhas e comi, e eu ainda estava no maior tédio.

A campainha tocou e como naquele momento eu estava sozinho, tive que ir atender. Com passos vacilantes eu fui até a porta, ao abrir me deparei com o infeliz do Tomás, eu preferia ficar no tédio do que recebê-lo

–O que quer? –Perguntei curto e grosso.

–Olha, não pense que eu estou feliz de estar aqui, okay? Acontece que eu cansei da sua namoradinha ficar me fazendo de tonto. –Tomás explicou.

–Tomás, tonto você sempre foi. –Eu disse com um sorrisinho nada discreto.

–Vamos ver quem vai rir. –Ele disse, aquilo soou mais como um pensamento para ele mesmo, do que uma fala para mim.

–Vai falar o que veio fazer aqui? Senão já pode ir embora. –Eu disse já fechando a porta, mas ele colocou o pé, me impedindo de dar um “tchau” para ele.

–Você vai me escutar.

–Então fala logo, desgraça. –Reclamei. Não sei se perceberam, mas eu não suportava ficar com Tomás por mais de um minuto.

–Não sei se a Violetta te contou, mas....Mas há uns dias atrás nos encontramos no parque perto da casa dela...

–Por que não para de mentir? A Violetta não faria isso. –Eu disse.

–Eu tirei fotos, quer dizer, uma pessoa tirou fotos para mim, eu quis garantir, provar para você que a Violetta ainda está confusa. –Tomás explicou, ele tirou um envelope do bolso e me entregou. –Pode olhar se não estive com medo da verdade.

Eu abri o envelope com cautela, e o que vi ali dentro não me agradou, nem um pouco. Maldito! Eu encarei Tomás e o mesmo sorria satisfeito, claro, esse sempre foi o plano dele, e a Violetta caiu facilmente.

–Tem mais alguma coisa para me dizer? –Eu perguntei, eu queria meter a mão na cara dele, mas me controlei.

–Sim. Também tem essa foto, eu fiquei com ela, pois queria guardar de recordação. –Ele disse dando risada, e em seguida tirou do bolso a tal foto. Assim que vi a imagem eu simplesmente empalideci. Os dois se beijavam.

Com brutalidade arranquei a foto das mãos de Tomás, acho que ele até se assustou com meu ato, eu apertei a foto com tanta força que ela começou a amassar.

–Você é patético, Tomás. –Eu disse.

–Patético por quê? Por mostrar a realidade? Leon, ela nunca vai te amar como me amou, você foi usado, usado, aceite isso. –Tomás cuspiu as palavras.

–Cala a droga dessa boca! –Gritei e ele se calou. –Saí daqui. –Pedi.

–Antes me dê à foto do beijo. –Ele pediu dando risada.

–Saí daqui sua gazela desgraçada! –Gritei novamente, ele pareceu não se incomodar com o apelido, mas mesmo assim saiu.

Eu sentei ali mesmo na calçada e fiquei encarando a foto do beijo.

–Fazer isso é tortura. –Pensei. –Preciso falar com a Violetta....

Pov’s Violetta

–Leon, voltou é? –Perguntei rindo assim que abri a porta, porém, meu sorriso se desmanchou quando vi a expressão dele. –Tudo bem.

–Descobri porque estava estranha hoje cedo. –Ele disse e me entregou algo que tinha em mãos.

Ao pegar vi que era uma foto, e eu assim que vi a imagem só consegui pensar em como tudo estava perdido.

–Leon não é....-Eu tentei me explicar. A partir do momento que vi a foto, que vi a expressão fria de Leon, lágrimas hesitaram em sair, e naquele momento eu já não poderia me controlar.

–Por quê Violetta? Por quê? –Leon perguntou, ele estava tão triste e magoado que chegava a doer em mim.

–Me deixa explicar, ele me beijou a força, eu não queria, eu juro. –Eu disse em desespero enquanto pegava nas mãos dele. –Dei-lhe até um tapa na cara após o beijo.

–Isso não importa! Você foi se encontrar com ele, você foi, entende? Você foi. Droga Violetta! Você foi lá, por quê? –Leon perguntou.

–Eu queria resolver as coisas. –Gritei também.

–Resolver o quê? Queria ter certeza dos seus sentimentos é isso? –Ele indagou gritando também.

–Eu amo você, Leon. É você, entenda isso! Eu fui lá resolver as coisas com Tomás, para ver se ele entendia que você é o único que eu quero. –Respondi aos berros.

–Então por que me escondeu? –Ele perguntou.

–Pois eu tinha medo da sua reação. –Respondi dessa vez em um sussurro. –E vejo que eu estava certa.

–Do jeito que você fala parece até que eu estou errado em ficar bravo. –Leon disse.

–Está errado. –Eu afirmei.

–Não. Não estou. –Ele novamente aumentou a voz. –Só eu sei como dói passar pelo que eu passei com você.

–Já tivemos essa conversa. –Eu o interrompi, meu olhar subiu de encontro com o dele, Leon chorava também.

–E parece que não adiantou em nada. Se sabe como me doeu perder você inúmeras vezes, se você sabe como eu tinha medo de perder....Por quê foi? Por quê me escondeu o encontro com Tomás.

–Porque desta vez, o medo de te perder foi maior do que a coragem para te dizer sobre o encontro. –Respondi com a voz elevada. Por sorte não havia ninguém em casa.

–E mesmo assim você me perdeu. –Leon disse baixinho.

–O quê? –Eu perguntei em desespero. Eu não queria perdê-lo, não queria. –Leon não faça isso...

–Sinto muito, mas eu cansei, cansei de sofrer nessa relação. –Ele disse.

–Por favor, não Leon, isso não. –Implorei. –Eu amo você, entende? Eu amo você! –Gritei.

–Eu também te amo, droga! E é por isso que dói tanto, o amor que eu sinto por você é tão grande que me machuca. –Leon gritou também.

–Então, eu te machuco... -Concluí.

–Suas atitudes me machucam, você não. –Ele respondeu. –Eu quero você feliz, apenas isso....

–Então fique comigo. –Eu disse o interrompendo. –Eu também quero você feliz...

–Então me deixe ir. –Ele pediu.

–Não será feliz assim. Sabe disso. Está me falando isso porque....-Desta vez ele me interrompeu.

–Porque tenho medo. Medo do que sinto, medo desse nosso amor maluco que em um momento me faz tão feliz....Mas em outro me tortura, me sufoca e me machuca.

–O amor não é tão ruim. –Disse a ele.

–Se continuarmos assim, o amor ficará ruim. Sinto que você ter ido lá, ver o Tomás, é como se sentisse coisas por ele, como se quisesse ter certeza dos seus sentimentos....e isso acaba comigo. –Leon disse. Leon não era de chorar, acredite, mas hoje, era o péssimo dia que eu o via chorar como nunca chorou.

–Não sinto nada por ele, eu já disse, por favor, acredite. –Implorei pela décima vez. –Vamos esfriar a cabeça e...

–Não preciso esfriar a cabeça, eu não quero mais isso, quer dizer, querer eu quero, acredite, ninguém será capaz de te amar como eu te amo, mas eu simplesmente não aguento mais isso....me faz mal. –Leon disse.

–Eu sofri muito por você, e a única coisa que eu pedi, era para não sofrer aquilo novamente, mas já é tarde demais, sabe por quê? –Leon perguntou e eu neguei. –Meu amor por você é muito forte Violetta, e a ideia te perder simplesmente me destrói...

–Se a ideia de me perder de faz tão mal, porque quer acabar com tudo?

–Porque...porque se eu continuar com essa dor, com essa insegurança, vou acabar comigo.

–Está sendo egoísta. –Eu afirmei.

–Estou, estou sendo muito egoísta. Mas eu sempre pensei em você, e olha no que deu. –Leon respondeu. –Me desculpa se estou sendo duro, mas a essas alturas eu nem sei mais o que dizer...

–Isso tudo tem apenas um motivo, você não confia nos meus sentimentos por você...

–Como quer que eu confie? –Ele gritou.

–Simplesmente acredite em mim, confie em mim. –Soltei o maior grito da minha vida.

–Eu confiava, eu confiava! Confiava até uma hora atrás! –Leon berrou.

–Por favor. –Pedi e ele me olhou confuso, eu caminhei até ele e o “prendi”, senti os braços de Leon me envolverem, era um abraço, um abraço sofrível, mas era um abraço.

–Eu nunca vou amar ninguém como eu te amei Vilu, por mais tolo que pareça dizer isso, eu sei que nunca vou amar ninguém como você, mas acho que precisamos nos afastar. –Leon disse já mais calmo.

–Não, você não pode acabar com tudo assim! Não pode! –Eu disse e me afastei. –Leon seu idiota! Não pode acabar com nosso amor assim, não pode!

–Sinto muito. –Ele disse, seus olhos transbordavam lágrimas, porém era possível ver a dor e a sinceridade ali.

–Eu te odeio. –Gritei. –Odeio porque não confia em mim.

–Eu também te odeio. –Ele revidou. –Te odeio por me fazer te amar, amar tanto que me machuca.

–Vai embora daqui! –Gritei com raiva, se eu estivesse consciente, jamais o mandaria embora.

–Há um minuto você estava praticamente implorando para que eu ficasse, e agora está berrando comigo, implorando para que eu saia. Juro que não entendo. –Leon disse, ele também já não me parecia consciente.

–Sai daqui! –Gritei. –Obrigada por fazer eu te amar! –Gritei irônica, com raiva tirei a aliança de noivado e joguei nele.

–Só mais uma coisa. Por estejamos acabando aqui, e que tudo isso me doa, eu fico feliz de saber, que por um momento, nem se for um pequeno momento, nós nos amamos igualmente.

–Sai!

–E que por mais que você me machuque, por mais que seu amor tenha me torturado, foi um prazer ter feito parte de você Violetta, obrigado por ter me feito feliz quando conseguiu. Obrigado por ter me dado uma chance aquele dia após o seu primeiro beijo, obrigado por compartilhar seus sonhos comigo, obrigado.

–Sai!!

–Só achei que você merecia que eu te agradecesse, eu só te critiquei e falei o quanto você me machucou, você tem que saber que eu fui muito feliz ao seu lado. –Leon disse, eu o encarei aos prantos, e Leon não estava muito diferente de mim.

–Sai daqui! –Pedi mais uma vez.

–Tchau Violetta....-Ele sussurrou baixinho e saiu. Por mais que ele estivesse terminando, tenho certeza que doía nele tanto quando doía em mim.

Eu me sentei no chão completamente desolada, tudo que eu mais temia aconteceu, eu havia perdido Leon.