Pov’s Violetta

Tomás se calou ao ouvir a voz dura de Leon. Isso só me lembrava de meu primeiro ano no Studio, brigas... brigas...e mais brigas. A terrível época que eu fiquei divida entre dois amores, a época que eu quase perdi Leon permanentemente.

–Ainda estão juntos? –Perguntou Tomás, pude sentir um certo desgosto em sua voz.

–Estamos noivos! –Disse Leon ainda com voz dura, evidentemente ele estava nervoso. Eu até agora ainda não tinha me pronunciado, eu nem sabia o que dizer.

–Noivos? –Perguntou Tomás, e Leon assentiu enquanto cruzava os braços na altura de peito. –Meus parabéns. –Tomás disse ironicamente.

–Obrigada. –Respondeu Leon também irônico. –Mas ainda não respondeu o que veio fazer aqui.

–Eu vim...-Tomás me olhou, e suspirou pesadamente. –Nada, não vim fazer nada.

–Ótimo. –Leon respondeu.

–Na verdade, eu queria me desculpar com você Violetta. –Tomás disse, eu fechei os olhos, ele obviamente queria de desculpar pelo acontecimento de hoje cedo, mas Leon não poderia saber que eu já tinha visto Tomás, e pior, que o mesmo havia tentado me beijar.

–Se desculpar, comigo? –Eu perguntei me fazendo de desentendida, senti o par de olhos verdes sobre mim. –Está desculpado.

–Se desculpar pelo o quê? –Perguntou Leon, não entendi se a pergunta foi para mim ou para Tomás.

–Por hoje cedo. –Tomás respondeu. Ótimo estou ferrada, Tomás mal chegou e indiretamente havia conseguido provocar uma irritação em Leon.

–Por hoje cedo... –Leon disse, mas não interpretei como uma pergunta, parecia que ela falava consigo mesmo, como se quisesse compreender as coisas.

–Sim, é que eu fiquei meio empolgado com nosso reencontro e agi mal. - Tomás disse, não entendi se a fala dele foi proposital ou inocente. Leon assentiu, ele enfiou as mãos no bolço do terno e tentou se acalmar.

–Boa noite Tomás. Vou ao meu quarto, não me sinto bem. –Leon disse e saiu, ele não me disse nada, sequer me olhou.

–Noivos? –Indagou Tomás, ao perceber que eu ficara tempo demais calada.

–Sim. –Eu disse e Tomás riu “sem humor”.

–Sinceramente, eu sempre tive esperança que ficaria com você, mas as coisas mudaram. –Tomás disse.

–Você foi embora. –Eu respondi.

–E se eu não tivesse ido? –Perguntou Tomás.

–Você foi embora, e é isso que importa, agora se me da licença preciso ir. –Eu disse e saí.

Se Tomás não tivesse ido embora, eu não sei o que aconteceria, mas eu agradeço a ele por ter ido, pois eu pude perceber que eu realmente amava Leon, e que era ele que eu amava.

Entrei calmamente no quarto de Leon, o mesmo arrancava a gravata com raiva, eu fiquei olhando sem que ele me visse, ele resmungava baixinho, a expressão de desgosto estava presente eu seu rosto.

–Pode entrar, eu não mordo. –Disse Leon, indicando que ele havia me visto. Eu não disse nada, apenas entrei e me sentei sobre uma poltrona verde. Leon foi ao banheiro e rapidamente voltou trocado com um pijama azul, ele ainda estava com o carrinho de oxigênio.

–Você não deveria ter mentido. –Disse Leon, ainda com a voz dura.

–Não menti. Eu só não contei que Tomás havia voltado. –Eu respondi naturalmente.

–Por que não contou? –Perguntou ele.

–Porque não havia o que contar. –Eu respondi, na verdade até havia o que contar, mas eu achei que naquele momento não fosse uma boa ideia falar “Olha o Tomás voltou e tentou me beijar”.

–Mas você me escondeu. E sinceramente, se não há o que esconder, não teria problemas em você me contar que seu primeiro amor havia voltado, e pelo visto vocês tiveram um reencontro nem um pouco amigável, já que ele veio pedir desculpas.

Então esse era o ponto. Por mais amor que tivesse no nosso relacionamento, por mais “eu te amo” que eu dissesse ao Leon, ele ainda guardava magoa, magoa da época que eu fiquei dividida, uma época que não era agradável eu me lembrar.

–Acha que eu ainda sinto coisas pelo Tomás? –Perguntei indignada, pois eu sabia exatamente que Leon era o único que eu queria.

–Nem eu sei essa resposta. –Leon disse baixinho.

–Leon! –Reclamei, eu realmente não havia gostado da resposta.

–Me desculpe, mas eu não consigo entender o porquê de você ter escondido de mim que o Tomás voltou. –Leon reclamou. Ele estava tecnicamente certo.

–Eu não queria te estressar. Poxa, você está doente, e nós tínhamos um encontro eu não podia estragar tudo simplesmente dizendo: “Oi amor, se lembra do Tomás? Ele voltou da Espanha e apareceu lá em casa, e depois tentou me beij...-Eu tampei minha boca ao perceber a grande besteira que eu iria falar.

Para o meu azar, Leon ouviu, e compreendeu perfeitamente o que eu iria dizer, mesmo eu não completando minha fala. Ele olhou para mim de uma maneira diferente, e não era de uma maneira amorosa.

–Então quer dizer que eu estava certo, e você estava escondendo algo. O Tomás tentou te beijar? Mas claro essa informação você achou completamente desnecessária em me contar.

–Era desnecessário, Leon. –Falei um pouco mais alto.

–Não, não era desnecessário. Você deveria ter me dito a verdade, somos um casal, eu espero honestidade da sua parte. –Disse Leon.

–Leon para! Não há motivo para essa briga, eu não sinto nada pelo Tomás, ele pode até sentir, mas eu não! –Gritei.

–Violetta. –Leon gritou. –Se a Lara tivesse tentado me beijar, e eu não te contasse? O que você faria? –Ele perguntou.

Eu me calei, Leon havia conseguido, ele estava certo. Eu não reagiria bem se soubesse que a Lara, ou qualquer outra tivesse tentado beijá-lo.

–O que você faria? –Perguntou novamente, e eu também não respondi. –Agora se ponha no meu lugar! –Pediu Leon, eu pude jurar que ele estava prestes a chorar.

–Como se sentiria se um cara que te prejudicou muito, um cara que foi o primeiro amor da sua namorada/noiva tentasse beijá-la? –Perguntou Leon, eu abaixei a cabeça. –Não vai me responder não é? O orgulho falou mais alto? É tão difícil de admitir que eu tenho todo direito em ficar bravo?

–E...Eu..-Eu não conseguia prosseguir, pela primeira vez naquela briga olhou para ele, Leon “deixou” escapar algumas lágrimas, por mais relutância que ele fizesse em parecer durão nessas situação, ele não conseguia.

–Basta! Vou me deitar, irei deixar um espaço na “cama” para você, quando quiser se deite. –Respondeu ele. Leon foi até a cama, tirou o tubinho do nariz e se conectou a um aparelho respiratório ao lado de sua cama.

Ele logo adormeceu, e depois de ficar um tempo parada em pé no meio do quarto, eu me troquei e me deitei ao lado de Leon, estava um pouco apertado, mas como estávamos brigados, para mim era bom ficar “colada” com ele.

[...]

Acordei e senti a cama vazia, suspirei ao me lembrar do final da noite anterior. E lamentei ao perceber que Leon me deixara sozinha.

–Bom dia. –Sussurrou uma voz dura que ainda acumulava stress.

–Bom dia Leon. –Respondi sorrindo, mas não fui retribuída.

–Vou dar uma volta. –Ele disse. –O médico me liberou, ele disse que eu preciso relaxar. –Ele disse me olhando como seu eu fosse a culpada, tudo bem, eu tinha um pouco de culpa, mas apenas assenti, eu não iria discutir com ele logo cedo.

Leon arrastou o carrinho de oxigênio e caminhou até a porta, eu só o observei. Ele parou na porta, e suspirou pesadamente, como se lamentasse, como se tivesse triste (E estava), de costas e ele apenas disse:

–Você nunca percebeu, mas eu sempre tive medo de te perder, achei que tinha superado isso, mas com a volta de Tomás percebi que ainda sinto medo, pois você é importante demais para mim, e eu não quero te perder....