Pov’s Violetta

Com a cabeça encostado ao peito de Leon era possível ouvir seus batimentos cardíacos, isso era bom, muito bom, era uma de formas de senti-lo viver, já que ele não reagia a nada, seus batimentos me reconfortavam, mostrando que ele ainda estava aqui (Vivo).

–Logo você vai acordar. –Eu disse acariciando seu rosto.

–Vilu? –Ouvi me chamarem.

–Sim. –Eu disse olhando para a porta e reconhecendo que era a Sra. Vargas.

–Se importa se eu ficar a sós com o meu filho? –Ela perguntou docemente, mas era visível que ela estava chorando há pouco tempo atrás.

–Claro, eu já estava me despedindo mesmo. –Eu disse mentindo, se eu pudesse eu ficava eternamente ali com Leon.

–Obrigada. –Ela disse e eu assenti, mas antes de sair ela me disse algo que por mais delicado que fosse, era extremamente doloroso.

–Ele vai ficar bem, não vai? –Ela perguntou, eu se quer queria imaginar como eu ficaria se alguma coisa acontecesse com ele.

–Vai, eu sei que vai. Logo ele vai acordar, sair daquela cama, e vai sorrir como sempre..-Eu prendi o choro. –Vai correr para nos abraçar, como se fosse uma criança pedindo carinho, e depois vai dizer que nos ama. –Eu disse e a Sra. Vargas já estava em lágrimas, eu não aguentaria ficar muito tempo ali sem poder toca-lo, então apenas me despedi e saí o mais depressa possível.

Fui até a sala de espera, lá se encontrava Naty, Cami e Fran. Naty e Cami conversavam, e Fran lia algo que ela parecia estar bem entretida, me sentei ao lado dela. Fiquei pensando em tudo que estava acontecendo, realmente o fato de Leon estar em coma era culpa minha, se eu não tivesse esquecido o caderno, eu não voltaria no dormitório, e Leon não precisaria me salvar, e agora ele estaria ao meu lado, eu em seus braços como sempre, e tudo voltaria a ser como era.

–A culpa é minha. –Eu disse baixinho, mas Fran pareceu ouvir.

–A culpa é das estrelas. –Fran disse enquanto encarava o livro.

–O quê? –Eu disse me virando para ela, e aí ela finalmente pareceu notar a minha presença.

–“A culpa é das estrelas”, é o nome do livro. –Ela disse dando de ombros e voltando a se concentrar na leitura, eu sinceramente não entendi o que ela quis dizer, mas aparentemente ela nem estava prestando a atenção nas coisas que aconteciam ao seu redor, então eu nem liguei.

–Leon, Leon. –Eu disse fechando os meus olhos e lembrando-me de seu rosto, do pedido de casamento, como seria quando ele acordasse? Realmente ocorreria o casamento? Bom, eu teria que esperar Leon acordar, e ele vai acordar. –Bom, eu vou até a minha casa pegar algumas roupas e daqui a pouco eu volto ao hospital, qualquer coisa vocês me ligam. –Eu disse e Naty e Cami assentiram, Fran continuou lendo o livro.

No meio do caminho senti a presença de alguém atrás de mim, apertei os passos, só me faltava que algo acontecesse, eu já tinha muita coisa com que me preocupar. Quando eu iria virar a esquina, alguém agarrou meu pulso e me virou violentamente, como ato eu perdi o equilíbrio e cai no chão.

–Diego? –Eu disse reconhecendo.

–Eu mesmo. –Ele disse.

–Seu idiota. –Eu disse com raiva e me levantei. –Qual é o seu problema? –Eu perguntei com raiva.

–Eu tenho dois problemas, e um deles está em coma. –Diego disse.

–E com certeza você está feliz com isso, certo? –Eu perguntei me controlando para não agredi-lo, eu ainda tinha um mínimo de respeito por ele, apesar dele ter me feito tão mal, mas se me perguntassem o que eu sentia por ele, eu simplesmente iria responder: Raiva, por tudo o que ele já me fez.

–Eu não estou feliz, e também não estou triste. –Ele disse. –Eu não me importo com aquele idiota do seu namorado.

–Noivo. –Eu o corregi, e Diego pareceu não gostar do ouviu.

–Noivo? –Ele perguntou e eu assenti, Diego deu risada debochando da situação.

–Mas enfim, o que você quer? –Eu perguntei.

–Sabe muito bem o que eu quero. –Ele disse.

–Jamais irei ficar com você Diego. –Eu disse deixando tudo bem claro.

–Olha, agora o Leon está em coma, e com certeza ele não irá acordar, logo logo seu queridíssimo noivo, já era. –Diego disse, juro que fiquei com medo, Diego estava ficando cada vez mais louco. Eu levantei o braço, pronta para lhe dar um tapa na cara, mas Diego segurou minha mão antes, com isso pude ver a marca de queimadura em seu braço.

–O que é isso? –Eu perguntei.

–Nada. –Ele respondeu prontamente.

–Diego, não me diz que foi você quem botou fogo no dormitório. –Eu disse pasma.

–E se fosse? –Ele perguntou.

–Diego, como você pode? Você quase matou um ser humano. –Eu disse.

–Eu não queria matar, eu não queria matar! –Ele gritou, Diego não parecia bem, não sei se ele estava bêbado ou algo do tipo, mas ele não estava em seu estado normal, porque se ele estivesse sóbrio com certeza ele não assumiria.

–Mas quase matou Diego, quase matou o Leon. –Eu parei e tentei me controlar. –Diego por mais que o Leon fique bem, e eu sei que ele vai ficar, eu jamais irei te perdoar, você quase acabou com a vida da pessoa que eu amo, eu estou com uma imensa vontade de te bater agora, mas eu não vou fazer isso.

–Eu não ligo, eu não me importo, você nunca me amou mesmo, você apenas me usou, e quer saber, eu fiz o mesmo. –Diego cuspiu as palavras na minha cara.

–Sabe o que me deixa triste, triste não, eu sinto dó, pena de você. Porque a cada dia que passa, você se torna um ser humano pior. –Eu disse. E a última coisa que eu quero te dizer, me deixa em paz, deixe o Leon em paz, deixe toda a minha família em paz, deixem meus amigos em paz, esqueça todos nós. –Eu disse e me virei, sem esperar uma resposta.

Então de fato havia sido o Diego, e o pior, ele colocou as coisas no quarto de Leon e o culpou, por sorte a Universidade não acredita que foi ele. Por enquanto eu não irei fazer nada, a única coisa que eu quero no momento é ver Leon acordar, essa é a única coisa que eu desejo.

Duas semanas depois....

Entrei naquele quarto de hospital, aquilo já estava virando rotina, eu ficava todo dia com Leon, na esperança que ele acordasse, abrisse os olhos e me visse lá, esperando por ele, eu sempre cantava algo como: Podemos, Nuestro Camino, Voy por ti....Músicas que lembrassem momentos importantes para nós dois.

–Bom dia meu amor. –Eu disse entrando no quarto e como sempre não ouve resposta. Me sentei em sua cama e acariciei seu rosto, a Sra. Vargas fazia a barba de Leon, e ela também mantinha o cabelo dele do jeito que ele gostava, ela estava muito abalada, o Sr. Vargas tratava tudo com mais frieza, mas eu sei que ele está mal com tudo isso.

–Sabe, estávamos todos sentindo muito a sua falta. O André praticamente chora todo dia, é engraçado, vocês são como irmãos, ele faz questão de nos contar tudo que vocês já aprontaram quando pequenos, ele parece uma criança. –Eu disse. –A Fran está vidrada em um livro e mal dá atenção ao Marco, de resto tudo está “normal”.

Leon nãos esboçou nenhuma reação, aquilo era frustrante, mas eu sentia, eu sabia que ele iria acordar. As minhas caricias foram para o seu cabelo, continuavam macios, com a mão livre eu acariciava as pontas de seus dedos. Vi algo realmente estranho, uma lágrima escorreu pela face do Leon, eu arregalei os olhos, apertei sua mão um pouco mais forte do que podia, mas eu estava agoniada demais querendo entender o que aconteceu.

–Leon? –Eu disse esperançosa. Senti um pequeno movimento, logo em seguida ele apertou levemente minha mão. –Leon? Você me ouve? Tente apertar minha mão um pouco mais forte. –Eu disse, ele não a apertou com mais força, aparentemente não conseguiu, mas ele continuou “segurando” minha mão.

–Senhorita Castillo, está tudo bem? –O doutor perguntou enquanto entrava no quarto.

–Doutor, o Leon. –Eu disse emocionada.

–O que tem ele? Está tudo bem? –O doutor perguntou preocupado.

–Ele chorou, e depois tentou apertar minha mão. –Eu disse incrédula, pela primeira vez em semanas Leon esboçava alguma reação.

–Isso é ótimo, o Leon esboçar alguma reação, não significa que ele acordou, mas é uma grande melhora em seu estado. –O doutor disse contente.

–Espera, isso quer dizer que...-O doutor me interrompeu.

–Isso quer dizer que o Leon está “voltando” para a sua vida....