Pov’s Violetta

Continuei ali por horas, a espera de notícias, eu nunca havia chorado tanto. A cada minuto que passava, minha angustia aumentava, eu apertava minhas pernas contra meu corpo e chorava sem parar.

–Vilu? –Ouvi a voz doce de Francesca me chamar. Eu levantei e fui correndo até ela, ela apenas me deu um abraço, e acho que era tudo o que eu precisava, um abraço amigo.

–Ele vai ficar bem? –Fran perguntou, ela também havia chorado, Fran se importava muito com León.

–Ele está em coma. –Eu respondi, Fran pareceu entrar em choque (Como eu), pude perceber que Marco estava atrás delas, ele ficou paralisado com a notícia, León era muito querido por todos nós, e essa noticia provavelmente ainda derramaria muitas lágrimas.

–Onde está meu filho? Onde está meu filho? –Uma voz muito conhecida por mim estava gritando, me virei para olhar e pude ver o Sr. Vargas completamente desesperado na secretária do hospital, logo em seguida entraram Maxi, Naty, Broduey, Cami, Fede e Ludmila. Assim que nos viram, vieram em nossa direção, com exceção do Sr. Vargas que ficou gritando coma recepcionista.

–Cadê o Lion? –Ludmila foi a primeira perguntar. Mas todos eles pararam ao ver o estado em que eu me encontrava, eles apenas abaixaram a cabeça esperando pela pior noticia.

–O León...O León, ele entrou em co..coma. –Eu disse com dificuldade, às lágrimas que haviam parado por alguns segundos, começaram a voltar.

Assim eu não posso, não posso seguir assim, eu sei que ele está lá deitado em uma cama, cheio de fios conectados pelo seu corpo, mas eu preciso vê-lo, preciso toca-lo, preciso senti-lo.

–Vai contar a ela, Marco? –Broduey perguntou, interrompendo meus pensamentos.

–Contar a quem? –Francesca disse confusa.

–A Violetta. –Maxi disse nervoso, o assunto só poderia ser muito serio para aquele baixinho ficar daquele jeito.

–O quê? –Eu disse, a verdade é que eu não estava entendendo nada. Marco soltou um suspiro pesado, coçou a nuca, ele parecia preocupado, e pelo visto, tentava encontrar uma maneira de me contar.

–Marco? Pode falar? –Eu perguntei com uma certa raiva na voz.

–Leon te pediu em noivado certo? –Marco perguntou receoso, eu prendi o choro e tentei me acalmar, apenas assenti, se eu falasse alguma coisa, eu provavelmente desabaria em lágrimas novamente.

–Quer saber, qual é a história dessa aliança? –Marco perguntou novamente receoso.

–Sim. –Minha voz saiu quase inaudível, mas Marco ouviu, novamente suspirou pesadamente e começou a contar a história.

Flashback On

Era um sábado, estávamos eu, Broduey, Maxi, Fede e Andrés completamente entediados no meu quarto, quando León surgiu do nada todo empolgado, ele se sentou na cama e retirou uma pequena caixinha do bolso, ele praticamente ignorou nossa presença no quarto.

Assim que abriu a pequena caixinha de veludo, consegui ver o que tinha dentro, era um anel de noivado. Sinceramente eu arregalei os olhos, Leon não parecia querer casar neste momento.

–Leon? –Broduey o chamou.

–Sim. –Leon respondeu na maior naturalidade possível.

–Vai parecer estranho mas...-Leon o interrompeu.

–Querem saber o motivo de eu estar com uma aliança de noivado na mão certo? –Leon perguntou rindo, e todos nós assentimos.

–Nem eu sei, eu estava passando pela loja de alianças, e por algum motivo eu decidi entrar, intuição talvez. Foi aí que eu bati o olho nessa aliança, algo dentro de mim pediu para que eu comprasse, eu a olhei bem, e percebi que combinava muito comigo e com a Violetta, mas quando eu fui ver, era uma aliança de noivado. –Leon parou, ele parecia se lembrar de algo.

–E então? –Maxi tentou fazer com que Leon prosseguisse a história.

–E então eu senti que algo irá acontecer comigo, e que eu precisava comprar aquela aliança, porque assim eu cumpriria a minha promessa de pedir a Violetta em casamento, entendem? –Leon perguntou.

–Não! –Respondemos todos em um uníssono, Leon apenas deu risada.

–Eu estou sentindo, já faz algum tempo, que algo de ruim, muito ruim, eu não disse a ninguém porque acho que é besteira. Mas esse sentimento está cada vez mais forte, e quando eu vi aquela aliança, eu percebi que teria que compra-la, porque caso algo de ruim aconteça comigo, eu talvez tenha chance de cumprir a minha promessa de pedir a Violetta em casamento, entenderam agora? –Leon perguntou, nós apenas assentimos confusos.

–E você pretende pedi-la? –André perguntou.

–Não, não agora, somos muito jovens, tenho certeza que se eu pedi-la em casamento ela vai surtar. –Leon disse rindo. –Sem contar que o Germán me mataria, por pedir sua filha em casamento, antes mesmo de terminamos a Universidade.

–Isso eu tenho que concordar, somos muito jovens, e o Germán te mataria com certeza! –Maxi disse a última parte rindo. Então Leon guardou a caixinha, uma semana depois, nós levantamos, fizemos nossa rotina de sempre, mas Leon pegou a caixinha e guardou em seu bolso.

–Mudou de ideia? Vai pedir a Vilu em casamento e arriscar a sua vida? –Eu perguntei rindo.

–Não, mas eu...eu sei lá, sinto que devo ficar com essa caixinha hoje, talvez isso me trará sorte. –Leon disse, eu nem liguei, eu já havia me acostumado com Leon e suas anormalidades. Isso foi ontem, Leon colocou a caixinha no bolso ontem, porque provavelmente ele sabia que tinha algo de errado acontecendo...

Flashback Off

Ao final da história os olhos de todos estavam marejados, com exceção das meninas e André, esses choravam sem parar. Leon sabia...Leon sabia que algo de errado iria acontecer com ele, mas ele não disse nada para mim. Mas eu fico com uma dúvida, será que Leon sabia que algo iria acontecer somente por intuição? Ou será que alguém o ameaçou, e avisou que algo de ruim iria acontecer? Inúmeras hipóteses vieram até minha cabeça, chegou até doer, mais do que já estava doendo.

Em um ato de desespero eu saí correndo e fui em direção ao quarto em que Leon estava internado, porém antes de chegar ao meu destino, senti duas mãos me segurarem, provavelmente algum segurança do hospital.

–Senhorita Castillo, certo? –Um doutor perguntou. Futuramente Castillo Vargas eu pensei, mas não disso nada, apenas fiquei quieta e assenti.

–Posso saber o motivo da senhorita surtar em pelo hospital? –O doutor perguntou.

–Preciso ver meu noivo. –Eu disse baixinho, o médico me olhou tristemente, como se estivesse com dó.

–Por sorte eu estava indo avisar que o paciente Leon já pode receber visitas, e que também gostaríamos de saber se alguém irá ficar com ele, podemos deixar somente uma pessoa passar a noite com o paciente. –O doutor disse calmamente.

–Vá você primeiro Violetta, eu estou esperando minha esposa. –Era o Sr. Vargas, ele estava com cara de quem havia chorado, apesar de ter um jeito durão, ele se importava muito com León.

–Obrigada, muito obrigada mesmo. –Eu disse e indiquei que o médico me levasse até o quarto de Leon.

–Bom, a senhorita irá entrar sozinha, pois tem autorização do pai de Leon, mas já aviso que temos câmeras por todo quarto. –O doutor disse, destrancou a porta, e saiu. Ah claro, como seu eu fosse fazer algo com o Leon.

Entrei cuidadosamente, e logo o vi, o corpo que sempre me protegeu, agora parecia tão frágil. Aproximei-me e vi a quantidade de tubos que estavam conectados a León. Prendi novamente o choro, toquei sua mão, e logo acaricie toda a extensão de seu braço.

Me abaixei um pouco e dei-lhe um abraço, na esperança de ser retribuída, mas isso não aconteceu. Encarei seu rosto, eu daria tudo para ver a cor linda dos olhos de León novamente. Vi seus lábios, e eles não perderam a coloração, aquilo pareceu tão convidativo a mim, que eu não resisti. Selei meus lábios com os de León, foi apenas um longo selinho, depois disso eu não resisti, chorei novamente, desta vez eu estava sobre o peito de Leon, eu queria que ele rodeasse deus braços em torno de meu corpo, e me protegesse como sempre fazia.

–Não sabe o quanto está me fazendo mal ver você nesse estado, não paro de me culpar, de alguma maneira eu sei que é culpa minha por você estar aí, eu acho que nunca te dei o valor que você merecia, me desculpe León, me desculpe. –Eu disse baixinho enquanto chorava, dizem que é assim, nós só valorizamos quando perdemos, mas eu não queria perde-lo, eu o amava tanto mais tanto, que chegava a “doer”, apoiei novamente minha cabeça sobre seu peito, e só o que me restou foi chorar.

Leon era minha como uma base, e sem ele eu não conseguiria me “sustentar”...