As minhas costelas quebradas rasgavam tudo por dentro, e eu comecei a me afogar no meu próprio sangue.

Amatis veio até mim e me ergueu do chão agarrando meu pescoço, e ficou mais difícil de respirar, e meus músculos estavam doloridos demais, inertes pela dor.

A dor era insuportável em meu corpo todo, e um desespero de falta de ar foi crescendo dentro de mim, eu precisava respirar, mas a mão de Amatis em meu pescoço e o sangue dificultando a passagem só piorava as coisas.

“Vai ser... um favor... se... você... me... matar.” Falei sufocada e ela sorriu triunfante e me respondeu.

“Vai ser um prazer fazer isso.” Ela disse e começou a bater em minhas costelas com a mão que estava livre e depois bateu minha cabeça repetidas vezes e eu estava a beira de perder a consciência e alguém de cabelos pretos pegou Amatis pelos cabelos e jogou com força a cabeça dela no chão e chutou as costelas dela e cada chute ele quebrava uma.

“QUEM É VOCÊ PARA TOCAR NA MINHA NAMORADA!? SUA INUTIL, VOU TE MOSTRAR O QUE ACONTECE QUANDO ENCOSTA EM ANNABETH.”ele berrou em fúria, mas eu não conseguia mais ver, estava muito difícil repirar agora, e eu me contorcia e gritava de dor, o sangue me afogou e fiquei me contorcendo, tentando fazer o ar entrar nos meus pulmões e escutei Clary correr até mim, chorando muito.

Eu sentia meu sangue escorrendo da minha cabeça e percebi o ligeiro silencio que estava ali, e Aslan apareceu do meu lado, junto com Jace.

Todos gritavam para me manter acordada, mas um tremendo cansaço bateu em mim e tudo o que eu queria era fechar os olhos e dormir.

A dor foi saindo do meu corpo, e eu me senti flutuar.

Fui fechando os olhos devagar e eles berraram mais ainda, e Clary pegou sua estela e fez uma runa em mim, me fazendo ficar consciente, escutar as vozes deles.

Jace saiu de perto e colocou o celular na orelha, ligando para alguém e só o ouvir berrar, mas não entendi nada do que ele estava falando de tão rápido.

“Hey, filha, não me deixa. Por favor.” Dizia Clary em prantos e eu mexi a cabeça negativamente, se eu falasse ia ter um tremendo esforço que provavelmente iria piorar tudo.

Lancei a ela um olhar de desculpa, e ela beijou o alto da minha cabeça e tirou o sangue do meu rosto com a camisa de Aslan.

Aslan estava em desespero, me olhando preocupado e culpado.

“Anjo.” Aslan só me chamava assim quando a situação estava gravíssima. “Desculpa-me, eu não deveria ter ficado bravo com você. Me fala alguma coisa!” ele gritou e eu mexi a cabeça, lançando lhe um olhar dolorido.

Eu não podia falar nada, se não iria piorar a situação, quando Jace voltou, ele assentiu preocupado e olhou para mim, seus olhos estavam marejados e meio avermelhados, ou seja, ele estava se descabelando aqui com todo mundo de tanto chorar.

Lancei um olhar de desculpas a ele também, eu não me suportava depois do que tinha dito a eles.

Um portal se abriu e eu pulei de susto, com o tanto de berros que saiam do portal e eu gritei de dor e Aslan quase morreu.

De dentro do Portal saíram um cara que deveria ser o feiticeiro, que estava com as pontas dos dedos azuis e faíscas voava, ele tinha cabelo espigado e agora estava usando um jeans simples, um cachecol azul e atrás dele estava um rapaz de cabelos pretos, olhos azuis e alto.

Uma mulher saiu de lá também, tinha olhos pretos, cabelos pretos e usava um vestido preto colado, botas que iam até o começo do joelho e ela pelo visto estava tentado acalmar algum histérico que estava logo atrás dela, que era um garoto de cabelos castanhos, olhos castanhos e era alto também.

O feiticeiro se ajoelhou ao meu lado e seus olhos de gato faiscaram para Aslan, que levantou as sobrancelhas e continuou do meu lado, segurando minha mão.

“SIMON CALA A BOCA!” gritou o rapaz de olhos azuis, que usava o uniforme de Combate e estava com os cabelos bagunçados.

“Nossa Alec como você esta azedo hoje.” Disse a mulher de cabelos negros e o feiticeiro que estava do meu lado mexeu a cabeça e ele se apresentou.

“Prazer sou Magnus.” Ele disse e tentei me lembrar de onde eu havia escutado esse nome. Clary se afastou e abraçou Simon, e ele tentou acalmar ela, mas só piorava, Alec e a mulher de cabelos pretos estavam acalmando Jace. Assenti e ele continuou.

“Primeiro preciso que o anjo caído saia e segundo que vai doer um pouquinho.” Ele disse um pouco rude a parte do “anjo caído” e eu neguei com a cabeça, e ele suspirou fundo.

“Eu não vou sair daqui, feiticeiro.” Rosnou Aslan e Magnus lançou um olhar mortal a ele.

Magnus assentiu e as faíscas voaram da sua mão para o meu corpo e ele começou um cântico em uma língua morta e a dor ficou pior ainda.

Comecei a chorar e gritar de dor, e eu comecei a me contorcer, a medida que eu me contorcia um pontinho negro cobriu minha visão.

Aslan sentou em minhas pernas e segurou meus braços e a dor ficou ainda pior, parecia que a faísca azul estava me queimando por dentro, como se cada terminação nervosa de mim estivesse explodindo, a dor ficou insuportável e a escuridão começou a me rondar, eu queria dormir, mas cada vez que eu fechava os olhos, parecia que as faíscas azuis soltavam uma descarga elétrica baixa para me deixar acordada.

Aslan me olhava e conversava comigo sobre livros que eu gostava e começou a recitar algumas falas de Querido John, mas ele se embaralhou e fez graça, conseguindo me distrair.

Parei de gritar e eu soluçava, a dor era insuportável, eu chamava por Aslan e por incrível que pareça, eu chamava por Clary e Jace, que estavam sendo segurados por seus amigos e eles explicaram o motivo do qual agora eles não podiam chegar perto de mim.

Aslan me olhava com intensidade e medo.

A dor começou a cessar, e eu consegui respirar de novo, mas ainda o cansaço estava em mim, e a escuridão estava bem mais perto de mim e Aslan era o meu sol, que me impedia de sucumbir a elas.

Quando Magnus acabou seu cântico, suas faíscas voltaram para suas mãos e ele observou enquanto Aslan saia de cima de mim, e assim que ele saiu, fechei os olhos e me entreguei à escuridão que estava me rondando a um bom tempo e perdi a consciência.