Gênesis: O Inicio Do Fim (Interativa) escrita por Alex Maxssuel


Capítulo 2
Lágrimas ao Vento


Notas iniciais do capítulo

Bem, desculpem pelo tamanho do capitulo, sei que ficou meio chatinho, mas eu tava ocupado com um trabalho de filosofia, e queria postar o outro ainda hoje. Obrigado pela oportunidade e boa leitura.



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–Vamos, vamos logo. -Disse Luana enquanto me puxava pelo braço.

–Tá, tá bom, apenas deixe-me pegar o troco. - respondi em protesto.

Luana era uma garota linda, seus olhos azuis me fitavam com impaciência, seu cabelo negro balançava ao ritmo do vento, ela saltava de um pé ao outro, com um sorriso no rosto.

–Só porque é seu aniversário pensa que vamos te esperar a noite toda, Alec? -Disse Julian. Ele era um garoto legal apesar de as vezes ser ignorante.

Peguei o troco e saímos da livraria. Era 10 de Junho, meu aniversário de 15 anos, como sempre juntei o salário para comprar livros e meus melhores e únicos amigos, Luana e Julian optaram por vir comigo desta vez. Já estava bastante tarde, era pouco mais de 21 e meia, olhei para o céu e vi uma noite sem estrelas com a lua escondendo-se atrás de nuvens escuras.

Após alguns minutos caminhando chegamos a parte mais desolada da cidade, o caminho para minha casa, um beco estreito e escuro. Um calafrio percorreu minha espinha, é apenas o frio, tentei me convencer, mas sabia que não era algo tão simples.

–Bem... Acho que é melhor nos separarmos agora, não? -Falei tentando soar o mais despreocupado possível.

–Nem, não mesmo. Depois de nos fazer esperar por mais de 1 hora acha que pode simplesmente nos mandar embora? - Reclamou Julian com o nariz empinado.

–Isso mesmo, nós nem cantamos os parabéns ainda. Vamos, todos juntos: Parabéns pra você, parabéns pra você, parabéns pra você...

–Fale baixo Luana, ou melhor, não fale nada. Pode ser que algum bandido nos veja ou coisa parecida...

Após dizer isso desejei manter a boca fechada, “ou coisa parecida”, todos nós sabíamos o que eu queria dizer, monstros. Nossa cidade era pequena e perto de uma floresta, não era surpresa quando um monstro ou outro aparecia pelas redondezas. Luana era muito medrosa e só de pensar em monstros a coitadinha já ficava paralisada.

–Como disse é melhor nós...

Um barulho vindo de trás das latas de lixo chamou nossa atenção. Algo disforme saiu de trás das latas. Um cheiro de enxofre preencheu minhas narinas. Sim, definitivamente era um monstro.

–Para trás! - Berrei com urgência. -Deixem que eu cuido disso.

Dito e feito. Fazia poucos meses que nos conhecíamos, e disse a eles que meu pai era da Aegis, a força armadas feita por humanos, especializada em matar monstros, e que ele havia me treinado. Afinal de contas não havia jeito de explicar a eles como eu havia derrotado o monstro no dia em que nos conhecemos, não poderia dizer para meus primeiros amigos que eu não era exatamente humano.

Aquela coisa se moveu em nossa direção. Era quadrúpede e tinha um corpo parecido com o de um cachorro, sua cabeça era desprovida de olhos e nariz, sendo apenas uma enorme boca infestada de dentes amarelados e bastante afiados, seu corpo esguio terminava em uma cauda espinhosa.

Eu o encarei, era uma criatura muito mais poderosa e perigosa do que o da ultima vez e ao perceber isso desejei não ter saído de casa hoje, nem ter falado para os dois que era meu aniversário. Graças a isso coloquei a vida deles em perigo e o pior de tudo, se quisesse salva-los teria de mostrar o meu poder.

A criatura avançou lentamente, suas garras afiadas como facas raspando no chão asfaltado, deixando linhas brancas por onde passava. Agora ele encontrava-se a poucos metros de nós, sua calda balançava de um dado para o outro atingindo latas de lixo e paredes, deixando enormes buracos onde tocava. Logo a gritaria se alastrou pela rua, tirando minha concentração e foi nesse momento que ele resolveu atacar.

Com um salto ele tentou me abocanhar, mas recuei poucos centímetros de ser atingido em cheio e aproveitando a brecha o atingi na cabeça, bem no lugar onde deveria haver os olhos, a criatura cambaleou para trás surpresa. Se fosse um soco comum teria quebrado minha mão além de causar dano algum na criatura, mas esse não era o meu caso. Por algum motivo possuía o poder de manipular o vento a meu bel-prazer, desde criar “lâminas” de vento até criar simples barreiras defensivas como fiz com minha mão. Porém o preço disso era alto e muitas vezes, caro demais para ser pago.

Apesar do golpe a criatura continuou seu ataque, ergueu a cauda, e para minha surpresa, lançou em nossa direção os espinhos que enfeitavam seu rabo. Foi algo repentino demais para eu me proteger ou proteger meus amigos e logo escutei um gemido de dor seguido de um grito, Julian acabara de ser acertado por dois espinhos, um em sua coxa direita e outro em seu ombro esquerdo, ao seu lado estava Luana, tentando manter nosso amigo em pé.

Nunca fui de ficar nervoso quando mexiam comigo, mas mexer com meus amigos, machucá-los? Isso era imperdoável. Senti a raiva cegar-me, me impedir de pensar direito, sabia que de todas as coisas que poderiam acontecer isso era sem duvida uma das piores. Meu poder reagia a sentimentos, quanto mais fortes, mais poderoso e mais difícil de controlar era. Tentei respirar fundo, contar até 10, mas meu corpo todo vibrava com ódio. Sentia raiva de mim mesmo por não mandar eles embora, senti raiva por ser fraco demais para poder protegê-los, senti raiva por ter arriscado a vida das primeiras pessoas que me acolheram e me fizeram com que eu me sentisse normal, agora um deles estava morrendo e a culpa era minha.

Tentei parar esses pensamentos, sabia que era um exagero de minha parte, que ele não morreria só com isso, mas já era tarde demais. Nunca tive nada tão precioso para perder, nunca conheci meu pai e minha mãe morreu quando eu era novo, vivi em instituições até completar 13 anos, depois disso comecei a viver de favor na academia onde trabalhava. E agora conhecia essa dor, uma dor no peito que feria mais do que qualquer machucado.

Logo senti o vento ao meu redor girar, cada vez mais rápido, cada vez mais cortante. Estava perdendo o controle dos meus poderes, e desta vez seria muito mais perigoso.

–Não, Não!Por favor, não, pare! Pare! - berrei para o vazio, mas tudo que ouvi em retorno foi o forte zumbido do vento girando ao meu redor como se eu fosse o centro de um furacão.

Sentia minha pele ser cortada, o vento me desequilibrando lançando-me de um lado ao outro. Logo houve um silêncio subido, não sei se eu fechei os olhos ou simplesmente apaguei, mas quando voltei a abri-los, desejei que fosse cego.

A criatura fora reduzida a meros pedaços de carne mutilada e eu ainda sentia-me tonto, mas estava feliz por ter conseguido salvar os meus amigos apesar de ter revelado isso para eles. A medida que minha mente ia clareando eu comecei a ouvir um choro triste, logo lembrei-me de Julian, e quando ia me virar ouvi Luana gritar com dificuldade:

–Vá Embora seu monstro maldito. Desgraçado!

–Tudo bem. - Falei virando para ela. -O monstro já se foi, eu o derro...

As palavras morreram em minha boca, quando me virei percebi que o monstro de quem ela falava era eu, não a criatura. Ao seu lado estava Julian, com vários cortes profundos, como se tivesse sido acertado por lâminas, lâminas de vento. Meus olhos começaram a queimar, meus pés já não aguentavam o peso, acabei por cair sentado olhando para o céu enquanto lagrimas corriam em meu rosto. Um vazio preencheu minha alma, juntamente com o desespero. Luana me batia de forma fraca como se já não tivesse forças para nada, gritando e chorando, falando de como ele se jogou em sua frente para protegê-la do meu próprio ataque. Queria abraçá-la, confortá-la, mas eu fui o assassino de nosso melhor amigo, eu quem havia causado aquilo tudo, eu que era o verdadeiro monstro.

Levantei-me pedindo desculpas, já estava me sentindo péssimo o suficiente. Não precisava ficar lá, se continuasse só estaria deixando a Luana ainda mais triste, ainda mais nervosa. Comecei a caminhar para nenhum lugar especifico só queria sair dali.

–Então, o que achou do seu primeiro despertar? Trágico não é? -Disse uma voz na escuridão.

Continuei andando, pensava ser paranoia minha devido ao choque, então ele repetiu a pergunta. Olhei ao redor e continuei a não ver nada. Sentei-me encostado na parede, precisava descansar, estava começando a ficar louco, ouvir vozes. Então dois pares de olhos vermelhos apareceram na sombra, fitando-me. Ao ver meu estado a criatura soltou uma gargalhada, foi então que percebi que era humano, ou parecia ser. Ele chegou mais perto, mas não o suficiente para ser visto.

–Bem, hoje foi um dia agitado não? Mas como posso dizer isso... Aquela criatura era minha presa, se não se intrometesse, nada disso teria acontecido.

–Cale-se. - Falei para a criatura, tentando me levantar, desta vez controlei minha fúria ou tentei o melhor que pude. -Caso fale algo novamente eu vou...

–Vai o quê? Me matar?- Após dizer isso ele me lançou um sorriso sarcástico e acrescentou. -Igual fez com seu amigo?

Ao ouvir aquilo eu estourei. Já não me importava com mais nada, então apenas usei meu poder para acertá-lo, lancei duas lâminas de vento em sua direção, o mais forte que consegui, mas ele simplesmente desapareceu. Logo em seguida uma mão repousou em meu ombro, olhei para trás assustado e vi que se tratava de um garoto, ele me fitou com diversão e depois disse:

–Pode deixar comigo, eu mesmo cuidarei de sua matricula na Gênesis.

Essas foram as ultimas palavras que ouvi antes de ser acertado pelo que parecia ser uma arma de choque, fiquei inconsciente, e pouco antes de desmaiar pude ouvi-lo dizer uma última coisa, quase que como um sussurro:

–Finalmente, o último peão para dar inicio ao nosso jogo de xadrez doentio.


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Notas finais do capítulo

Ficou ruim não? Bem, espero melhorar mas só assim para gahnar pratica. Por favor, comentem o que acharam e até a próximo, obrigado por ler e comentar.