~2 semanas depois~

POV JULIE.

Já fazia duas semanas que Daniel havia voltado para São Paulo, minha mãe sabe e decidiu tirar umas férias, vai passar 1 mês na Bahia visitar minhas tias, enquanto isso Bia dorme aqui em casa, estamos a cada dia mais perdidas de tanto fuçar no passado da irmã do Nicolas, e sinceramente não estamos achando quase nada, ou melhor NADA.

Nesse momento estou no banheiro vomitando o meu almoço, isso mesmo VOMITANDO.

–Já é a terceira vez nessa semana que você vomita seu almoço, Julie, o que você está me escondendo? – Disse Bia parada na porta.

–Não estou escondendo nada, para de graça, Bia, só estou assim, desde... – Eu comecei.

–Quando o Daniel foi embora, resumindo a 2 semanas você está vomitando?! – Cortou Bia, eu já ia falar mas ela continuou. – Não acha estranho?! E outra eu sei que sua menstruação está atrasada, li seu diário, não me mate, mas estava em cima da mesa aberto, ou melhor escancarado, tem alguma coisa que você não me contou Julie?!

Suspirei, eu sei que eu poderia estar...bom vocês sabem, mas eu não quero pensar que isso é verdade, eu só tenho 20 anos, qual é...

–Não estou escondendo nada, a menstruação uma hora vai vim, agora para de me perturbar Bia. – Eu disse lavando a boca.

Bia suspirou e desceu para a cozinha.

Me pus a me encarar no espelho, confesso que estava ficando um pouco inchada, mas também é normal, afinal eu ando comendo muitas coisas, estranhas por sinal, mas mesmo assim, estranhas.

Okay, eu estava, estou com medo de estar...grávida, sei que Daniel não usou camisinha comigo, então...todos esses sintomas...ah, droga, vou na farmácia ainda hoje comprar um teste de gravidez, preciso acabar com essa duvida cruel.

Fui até a cozinha onde Bia fazia uns hamburguês:

–Bia, eu...preciso te falar uma coisa. – Eu disse sem graça.

Bia parou de fritar os hamburguês e se sentou na mesa me encarando de forma curiosa.

–Bom...eu não havia percebido na hora mas...Daniel não usou camisinha comigo. – Soltei.

–VOCÊS NÃO USARAM CAMISINHA?! JULIANA VOCÊ FICOU LOUCA? – Gritou Bia.

–Ei, eu não percebi na hora, eu só me lembrei no dia seguinte, quando eu já estava sozinha. – Eu disse corada.

–Você precisa fazer um teste de gravidez urgentemente.

–É, eu estou ciente disso. – Eu disse abaixando a cabeça.

–Vamos, não quero perder tempo, você precisa fazer esse exame logo, se você estiver grávida Julie, vai precisar encontrar o Daniel. – Disse Bia pegando a bolsa.

Suspirei, se eu realmente estivesse esperando um filho, eu teria que dar um jeito de achar o Daniel.

Fui até meu quarto troquei de roupa e peguei a minha bolsa, desci e Bia me esperava impaciente, revirei os olhos e saímos de casa rumo a farmácia mais próxima.

Chegando lá pedi um teste de gravidez, era um tanto constrangedor, ainda mais para mim que sou solteira...

Voltamos para casa, nós duas estávamos pra lá de tensas, fui até o banheiro e fiz o que pedia nas instruções, deixei o teste em cima da pia do banheiro e saí de lá, eu ainda não estava preparada para ver o resultado.

Passaram-se 10 minutos, era a hora de ver o resultado e encarar a verdade.

POV DANIEL.

Não está sendo fácil retomar a vida que deixei aqui em São Paulo, algumas pessoas ainda me olham e refletem a falsa culpa que eu tenho pelo acidente que matou Thalita e nosso filho.

Também não estou feliz em saber que deixei Juliana no Rio, ainda mais depois daquela noite, ela deve me odiar agora por ter ido embora e não deixado nenhum tipo de contato com ela. Mas era isso que eu deveria fazer, sumir por um tempo, deixa-la em paz, para que pense e quando eu voltar para o Rio ela possa se entregar de corpo e alma nesse romance proibido.

Nicolas deve estar adorando isso, afinal ele quer a Julie tanto quanto eu, mas sei que Juliana não irá voltar para aquele traste, tenho absoluta certeza disso.

POV JULIE.

Positivo. O teste deu positivo, e sabe o que eu estou agora?! FERRADA. Como eu vou chegar para a minha mãe e dizer: ‘’Mãe, estou grávida, e adivinha, o pai é o Daniel, é o Daniel aquele meu primo loiro de cachinhos’’.

–Se acalma Julie, vamos dar um jeito. – Disse Bia tentando me consolar.

–Como dar um jeito Bia?! Eu estou ferrada, acabou pra mim, minha mãe vai me odiar para sempre. – Eu disse chorosa.

–Hey, calma, tem que ter um jeito, sei lá, vamos tentar achar o Daniel, ele precisa saber da existência dessa criança. – Disse Bia me abraçando.

–É, eu sei que ele tem que saber, mas...não temos tempo, preciso enrolar a minha mãe, Bia, logo ela vai descobrir e ai estarei mil vezes mais frita do que nunca. – Eu disse desesperada.

–Calma tá bom, descansa enquanto eu dou um jeito de achar a localização do Daniel, vai pro quarto Julie e tenta dormir, sei lá, descansa, deixa que eu resolvo tudo isso tudo bem?! – Disse Bia saindo logo em seguida do meu campo de vista.

Como eu não tinha nada pra fazer, resolvi seguir o conselho da minha amiga e fui para o meu quarto.

A sensação de ter um mini Daniel crescendo dentro de mim me fez sorrir por um breve momento, eu sempre sonhei em ter um filho com Daniel, mas não nessas circunstâncias tão...complicas:

–Queria que você estivesse aqui... – Sussurrei acarinhando minha barriga e pensando em Daniel.

Foi então que uma ideia louca me passou na cabeça, mas que com toda certeza iria funcionar...

POV DESCONHECIDO.

Eu ainda não superei a morte dela, foi como se tivessem tirado uma parte de mim, e o pior que o causador disso foi aquele que se dizia meu amigo, que por sinal era namorado dela, sempre invejei Daniel, mas nunca deixei transparecer isso, afinal éramos unha e carne.

Hoje eu estou aqui no cemitério, faz 4 anos desde o ocorrido, sinto como se ela ainda estivesse aqui, em pensar em nossas noites juntos...aquilo me deu uma vontade louca de chorar, mas antes que eu o fizessem alguém me chamou:

–Você continua o mesmo sabia?!

Me virei e quase morri de susto:

–Você?!