Despedida De Leslie escrita por Sabaku no Emily


Capítulo 2
Claire


Notas iniciais do capítulo

Yooooooo, aqui está o primeiro capítulo.
Boa leitura! ♥



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As pessoas diziam que a manhã estava linda. Céu azul, nuvens esbranquiçadas e sem nenhum vestígio de chuva. Soprava um vento frio e calmante para aqueles que andavam a manhã inteira, banhados pela luz do Sol, sem pena nenhuma.

Pequenas crianças e seus pais tomavam picolés nas praças e se divertiam como nunca naquele dia. Todos com sorrisos aflorando em seus rostos, com rugas explícitas no canto dos olhos. A alegria ali era tão evidente e concreta que repudiava Claire.

Ela assistia toda aquela farsa sentada em sua velha cadeira bamba e azul de escritório, encostando sua cabeça na parede lateral de seu quarto, bagunçando ainda mais os fios anelados artificialmente.

Janelas, portas, persianas e braços fechados, mostrando luto e recolhimento. A ruiva se encasulava em seu próprio mundo desde que Leslie se fora para sempre. Seu olhar mirava a praça que ficava de frente para sua pequena casa amarela de estilo britânico. Um olhar misterioso e parcialmente morto.

Seus belos e grandes orbes castanhos não brilhavam mais, seu sorriso de dentes tortos, porém muito bem alinhados e convidativos, não aparecia mais em fotos e sua vaidade havia se esvaído durante aqueles meses.

Sete meses desde que Leslie se fora, duzentos e quatorze dias ou doze mil oitocentos e quarenta horas.

O calendário de Claire se baseava num único acontecimento: a morte da amiga.

No intervalo das aulas sentava-se na mesma mesa na qual as duas almoçavam, na mesma cadeira e sempre com a mesma feição impenetrável. Não comia nada, apenas ficava contemplando o enorme salão do refeitório, com seus olhos mortos sobrevoando todas as mesas cheias de gente sorrindo e comendo. Aquilo era de embrulhar o estômago da garota dos cabelos artificialmente vermelhos.

Hora de ir para a escola, pensou, num tom assombroso e enfim se levantou, sentindo um leve latejar nos quadris, pelo tempo em que estivera sentada. O formigamento desceu até as pernas, porém isso pouco importava para ela.

Já estava com a respectiva roupa: uma blusa de linho verde escura, uma calça jeans velha, preta e surrada que Leslie havia lhe dado e um tênis “all star”, igualmente escuro. Sem pentear o cabelo, pegou a mochila que se encontrava sob a cama bagunçada e a jogou no ombro, franzindo as mangas da blusa e enfim dando as costas para seu refúgio, batendo a porta com brutalidade.

Estava já no topo da escada, pronta para dar o primeiro passo para descer quando sua mãe a gritou.

–Claire! –Exclamou Molly, aparentemente da cozinha.

A senhora Green era uma mulher de meia idade bem bonita e simpática. Diferente de Claire era ruiva natural, com alguns fios esbranquiçados no meio dos cabelos. O seu rosto era marcado com rugas não muito fundas no canto dos olhos e no canto da boca, por tanto sorrir. E nem por isso tudo parecia ter a idade que tinha. Realmente, era uma pessoa alegre e otimista.

Imigrante alemã, casou-se com um soldado muito charmoso, John Green, o qual morreu antes mesmo de Claire nascer. Alto, esbelto e bastante forte. Os músculos do homem grudavam na camisa branca que sempre usava, após as inúmeras horas de trabalho.

Uma pessoa de muito bom coração que teria inclusive sido um bom pai, se tivesse sobrevivido a um combate diretamente em seu trabalho. Ao menos morreu de uma forma digna e prestativa, protegendo a todos seus amigos.

Molly, mãe de Claire, nunca transpareceu a saudade imensurável e cortante que sentia de John. Criou a filha sozinha, sem o apoio da família, por engravidar antes do casamento. Ela quem sustentava a casa, quem pagava a escola e quem trabalhava. E Claire nunca fora ingrata com sua mãe, nunca lhe alterou a voz e também nunca a desobedeceu.

Eram as duas sozinhas no mundo até Leslie aparecer. Molly sempre lançando mais e mais romances policiais “de quinta” e escutando suas músicas antigas, enquanto Claire estudava bastante, procurando passar numa boa escola. E assim a vida foi até agora.

Tocava um blues bem animado na cozinha e enquanto Claire descia as escadas, espreitando pelas grades do corrimão o que a mãe fizera para o café. De repente, o cheiro de waffles tomou conta do ar e embrulhou o estômago da adolescente.

–Bom dia, querida! –Exclamou a senhora Green, se virando e abrindo um sorriso animador. Seus olhos estavam profundos e dava para se notar o porquê. Papéis e mais papéis em cima da mesa da cozinha. Estava escrevendo outro livro.

–Bom dia, mãe... –Replicou Claire, num tom cansado, ainda com a mão na frente do nariz, impossibilitando a passagem do ar. Desviou ligeiramente o olhar para a mesa desarrumada e logo voltou a fitar os enormes orbes castanhos de sua mãe. –Escrevendo novamente? –Perguntou, com a voz levemente abafada por sua mão.

Molly deu um sorriso prazeroso e ajeitou os óculos de leitura em cima do nariz.

–Oh, sim querida. –Se aproximou de Claire e lhe deu um forte abraço. Por um momento, a jovem retirou as mãos da boca e também abraçou a mãe, tentando se sentir mais acolhida e confortável. –Não vai comer nada? –Perguntou Molly, se separando de Claire e lhe tomando as mãos, a fitando com um olhar absurdamente sereno e com um sorriso sem restrição.

–Não... Estou bem. –Desenlaçou as mãos e tapou a respiração, com medo de vomitar. O apetite de Claire não estava um dos melhores desde que vira o corpo de Leslie espetado nas grades pontiagudas de sua casa.

Balançou a cabeça, negativamente, expulsando estes tristes pensamentos e novamente não correndo o risco de chorar.

A mãe de Claire suspirou e alisou os cabelos da filha, os colocando para trás das costas. –Você tem de comer algo... –Disse, espremendo os olhos, num tom um pouco mais preocupado. –Assim vai pegar uma anemia brava.

–Eu como na escola, juro. –Prometeu, dando um beijo rápido no rosto da mãe e saindo de casa às pressas, clamando por um ar frio.

Deixou a porta aberta, uma mãe preocupada e enfim estava ao lado de fora. Ajeitou a blusa de linho e espanou o cabelo, preguiçosamente bocejando. Andava a passos lentos até a escola, observando a rua de sua casa.

O ar estava frio e cortante, mas aquilo de algum modo era bom para Claire. Destampou a boca e o nariz, se sentindo menos nauseada e respirou profundamente, enchendo todo o pulmão, sentindo o ar percorrer suas devidas cavidades. Fechou os olhos, enquanto inalava desesperadamente aquele ar gélido de outono.

Dobrou a primeira esquina e sentiu seu coração rasgar quando se deparou com a casa da amiga. Tentou desviar o olhar, a atenção e até se distrair com as belas flores que haviam no quintal de uma senhora, mas nada adiantou.

Ainda podia ver o corpo de Leslie espetado ali naquelas grades. Podia ver as pontas afiadas perfurando seu estômago, rim, coração e pescoço. Se Leslie tivesse caído a milímetros de distância... Teria sobrevivido. Algumas lágrimas afloraram no canto de seus olhos, porém Claire não deixou transparecer a tristeza.

–Claire! -O barulho do portão da garagem. Metais velhos rangendo e enfim o estridente barulho das rodas, escorregando num grande momento de inércia.

A ruiva virou a cabeça quase que instantaneamente, observando o carro que ficara a centímetros de seu frágil corpo, extasiada. Levou uma mão ao peito e respirou pesadamente, sentindo o coração se acelerar. Estava tão preocupada em não olhar para a as grades da casa de Leslie que se esqueceu de que ali tinha um portão de garagem e, consequentemente, um carro.

Ainda parada, totalmente fora de si, viu seu “quase” assassino abrir a porta às pressas, com o mesmo moletom azul de sempre. Cabelos negros desgrenhados e caídos sob a pele branca. A face perfeitamente harmoniosa e selvagem. Os olhos como os de um leão que espreita a caça, calculando o momento certo de atacar, e os lábios simétricos e impecavelmente rosados.

O sonho de qualquer garota, certamente. Porém, Claire nunca havia visto Lucca desta maneira. Principalmente agora, após a morte de Leslie.

–Oh, meu deus! –Exclamou enquanto se aproximava de Claire, levando as suas mãos fortes até os ombros magros da garota. –Você está bem?

Claire, ainda meio confusa e zonza, apenas assentiu passando a mão na própria testa e tentando interpretar a situação.

–Eu não te machuquei certo? –Perguntou, avaliando o corpo da ruiva, com feição preocupada. –Eu não te vi ai... E você parecia um tanto distraída. –Disse o rapaz, quando enfim a soltou.

Claire e Lucca não se viam há um bom tempo. Se não fosse pela escola, os dois obviamente nunca se veriam. Também, a ruiva não sabia como dizer algo para ele. E ele também se sentia um pouco desconfortável com isso tudo, principalmente pelo fato de não ter acalmado Claire quando soube da morte da irmã.

–Eu estou bem. –Disse ainda um pouco avoada, sem conseguir olhar nos enormes e atrativos olhos azuis de Lucca.

–Sério mesmo? –Insistiu, já com um tom brincalhão, apoiando-se na traseira do carro e cruzando os braços, enquanto fitava a ruiva, sorrindo de canto. –Porque se você tiver se machucado, tem um hospital na próxima quadra. Daí te jogo nos ombros e saio correndo.

Finalmente Lucca conseguiu arrancar um sorriso fraco de Claire, que o fitou por um breve instante, voltando a olhar rapidamente para o chão.

–Então, já que eu quase te atropelei hoje, não seria nada mal se eu te desse uma carona. –Disse o garoto, bagunçando os próprios cabelos e se espreguiçando.

–Hm, realmente não precisa. –Tentou sair daquela situação, um pouco sem jeito, bagunçando ainda mais seus cachos.

Nunca foi tão íntima de Lucca assim, e, quando os dois ficavam sozinhos sem a presença de Leslie, ela ficava um pouco constrangida. Não puxava assunto e deixava o garoto rir sozinho de suas próprias piadas infantis, enquanto assistia tudo, sorrindo internamente.

–Sério, entra aí. –Disse o garoto, dando um leve tapa na traseira do carro, alertando Claire e correndo até a porta do motorista, abrindo-a e se jogando lá dentro com seu jeito despojado.

A ruiva caminhou lentamente até a porta do carona e entrou, esparramando a pasta e seu próprio corpo pelo acento de couro escuro e confortável do Impala 67.

Mesmo sem mudar a direção do olhar –sempre para frente-, podia sentir os olhos meticulosos de Lucca sob seu rosto, que queimava em vermelhidão. Foi melhor quando ele botou o braço esticado sob a cabeceira dos acentos e virava a cabeça para o lado, tentando ver se podia prosseguir e tirar o carro da garagem.

E enfim, em alguns minutos silenciosos depois, estavam na estrada, indo para a escola. –que não era muito longe, mas sempre é bom poupar uma caminhada.

Sabia que o moreno não conseguiria ficar calado por tanto tempo, afinal, ele era hiperativo. E foi ele quem puxou o assunto, enquanto trocava de macha, apertando a mão esquerda no volante.

–Você sumiu... –Balbuciou Lucca, num fio de voz, com seu olhar penetrante sempre olhando para frente, vez ou outra para o lado.

Fez-se um minuto de silêncio enquanto Claire pensava no que dizer para a perfeição que se postava ao seu lado.

–Na verdade... Eu só fiquei mais no meu canto. –Replicou, pegando uma mecha perfeitamente encaracolada de seu cabelo e brincando com ela entre os dedos, enquanto o olhar sardônico se concentrava no chão.

Isso, ao contrário do que Claire esperaria, fez Lucca curvar o canto dos lábios, num único e perfeito sorriso.

–Claro... –Disse, passando num sinal vermelho. O moreno não é o que chamamos de... Bom condutor, ou até seguidor das leis. Muito menos naturais.

Claire também riu para não ficar boiando no assunto. Ou talvez só estivesse tentando impressionar Lucca, mesmo que inconscientemente.

Começou a batucar suas pernas e olhar para os lados –um ato de nervosismo-, já que não conseguia se concentrar em nada por mais de dois segundos. Lucca gostou e começou a mexer a cabeça, ritmicamente. Aquilo não era atraente, estava mais para engraçado. E fez Claire rir. Rir de verdade.

–Você está engraçado. –Comentou brevemente, enquanto parava com a “melodia”.

–Só mais um de meus dotes naturais... –Disse o garoto, vangloriando-se. Por mais que ele dissesse que era brincadeira, a ruiva podia sentir um fundo de verdade naquilo tudo.

E essa piadinha rendeu mais um sorriso sincero de Claire. Lucca agia como se nada tivesse acontecido. Como se o vazio que existia ali entre os dois não mais existisse. Como se Leslie não fosse real, como se fossem apenas os dois, rindo e brincando num passeio qualquer.

De repente, Claire sentiu um pingo de culpa invadindo seu coração. Seguiu com seus olhos caramelos até o retrovisor e pode imaginar Leslie ali, debruçada sob os dois bancos, sorrindo. Os cabelos negros e mal cortados caídos sobre os ombros pálidos. O azul de seus olhos fumegando e cintilando, enquanto os lábios se moviam juntamente a uma música no fundo, baixa e lenta.

A música que sempre escutara com a Claire e Lucca, quando os três saiam. Aquela mesma música cuja a ruiva evitava lembrar o nome, evitava pensar e ouvir.

Parecia um tanto impossível Claire não se lembrar de Leslie numa hora como essa. De como os três se sentiam completos e felizes. Realmente felizes.

Uma lágrima solitária brotou no canto de seus olhos. Lágrima que brilhava pela luz do Sol. E lágrima cuja Lucca não viu, por estar concentrado no trânsito, o que era um bom sinal.

Claire a limpou disfarçadamente, como se ajeitasse seu cabelo de lado, e Lucca pareceu nem notar. Virou o volante bruscamente na última esquina e enfim podiam ver o telhado pontiagudo dos prédios escolares.

Um suspiro de alívio saiu da boca de Claire quando Lucca estacionou.

–Obrigada. ­–Disse, enquanto saltava para fora do carro e tentava esconder o rosto de todos os olhares que a julgavam naquele momento.

–Não há de que, senhora. –Ele riu e também saiu do carro, após verificar as portas e janelas. –Quando precisar de uma carona... –Disse, jogando a mochila verde e surrada que combinava perfeitamente com sua calça jeans por cima de seus ombros perfeitamente musculosos e alinhados.

–Assim me faz parecer velha. –Fez uma careta e ajeitou a mochila nos ombros.

–Quer companhia para a aula também? –Brincou, erguendo o olhar inocente, que tinha ao mesmo tempo uma pitada de malícia.

–Hm... Não será necessário. –Disse sob o ombro, depois de se virar. –Nos vemos depois.

E entrou na escola, hoje mais confiante de si, pensando que tudo daria certo e que ninguém popular o suficiente para humilhá-la tivesse visto-a sair do carro com Lucca.

Torcia os dedos com tanta força por baixo das mangas verdes de linho que eles começaram a doer. Porém, a sorte estava mesmo contra ela.

Lindsay e Hayley Wood passavam pelo corredor. Duas patricinhas, vestindo saia justa de tons sobrepostos de rosa, enquanto a blusa era de um ofuscante branco, destacando-se na pele bronzeada e luminosa de ambas. Parecia que elas tinham acabado de passar um tipo de óleo. Como a pele delas brilhava tanto?

As duas se aproximaram de Claire logo na entrada, formando uma barreira que a impediria de passar pelo enorme corredor da escola, já que tudo era muito movimentado ali. Levantaram os óculos de sol e arquejaram, ambas com um sorriso perverso se formando no canto dos lábios.

–Foi ela Lindsay? –Perguntou a morena de cabelos sedosos e escuros de caiam até um pouco mais que o meio das costas. Hayley.

–Sim. –A outra replicou, desviando o olhar malicioso para a irmã, que estendeu a mão para Claire.

A ruiva apenas olhava aquilo e às vezes revirava os olhos, tentando escapar e contornar as duas, que sempre vinham atrás, a barrando. Porém, parece que as duas tiraram o dia para brincar com a garota.

–Vai me dar o dinheiro do lanche ou tá difícil? –Perguntou a outra morena, de mechas loiras bastante postiças, que sobressaiam-se após as raízes, ainda naturalmente castanhas.

–Por que você não vai beber a água da privada? –Claire disse e empurrou as duas, abrindo uma fenda no muro cor-de-rosa e passando por lá asperamente, pisando duro no chão, enquanto deixava para trás duas garotinhas boquiabertas e surpresas.

Bufou ao abrir a porta da sala de inglês bruscamente. Ótimo, pensou, Inglês. Justo quando tinha esquecido completamente a tarefa, não tinha feito a pesquisa e muito menos lembrava que a sua primeira aula da semana seria Inglês. Como sempre, o Sr. Bennet deu uma bronca na garota, o que lhe acumulou outro bilhete na diretoria. Mais um e a suspensão era certa.

Estava dispersa demais nas aulas, tanto que nem argumentou com o professor de Espanhol, o Sr. Evans. Sim, eles sempre discutiam sobre a pronúncia, cultura, qualquer coisa. Mas a verdade é que os dois eram bons amigos.

Obviamente, como um bom amigo, o professor perguntou. Mas como uma boa mentirosa, Clair negou tudo e disse que eram apenas problemas que a atormentavam.

Finalmente, nas aulas seguintes pode ter um pouco de sossego. Estava mais descansada e mais ciente do que devia fazer. Esforçou-se nas aulas, realmente querendo entender algo e aprender, pensando em seu futuro. Mas aquilo, especialmente hoje parecia impossível.

O aroma da felicidade tinha ficado em sua mente, rodeando seus pensamentos enquanto embaralhava seu raciocínio confuso. Ela lutava contra a vontade de sair correndo das aulas e ir procurar por Lucca novamente. Alguns poucos sorrisos seriam suficientes. Algumas poucas piadas e talvez essa angústia passasse.

De fato não era uma atração mais que física presente ali. Ela só queria sorrir novamente. Depois de tanto tempo enfurnada nas próprias memórias e angústias, Claire tinha se esquecido completamente do que era felicidade. De como era bom sentir os lábios finos se retraírem involuntariamente, formando um sorriso límpido enquanto a barriga doía, de tanto rir.

E foi assim que uma onda de alívio e prazer percorreu seu corpo quando escutou o sinal que encerrava as aulas tocar. Levantou-se de sua cadeira tão rapidamente que ela mesma se assustou com tal ato ruidoso e ensurdecedor do metal se arrastando na madeira.

Juntou todos os materiais e colocou dentro da mochila com tanta pressa que derrubou alguns livros no chão.

–Aqui. –Disse um garoto que ela mal conversava durante as aulas, ao pegar os seus livros, num ato generoso.

–Obrigada... –Agradeceu, deixando sua voz tingir-se com a timidez. E então colocou os livros dentro da mochila, dando as costas para o rapaz e saindo da classe de História.

A menina praticamente correu até o estacionamento, na esperança inconsciente de que Lucca também lhe desse uma carona para casa. Claro que disfarçou ao passar a alguns metros do Impala, onde Lucca se encontrava escorado, cantarolando alguma canção que ela nunca ouvira antes.

A ruiva estava tão desesperada por felicidade, tão sedenta como um gato que não come há dias e dá de cara com um peixe fresco, que não pôde simplesmente ignorar essa ansiedade por ter a companhia dele.

Toda essa esperança, toda essa ansiedade se desmoronou, sendo lavada com um mar de decepção e frustração quando viu uma garota loira serpentear por trás do Impala e abraçar Lucca, que lhe recebeu com um beijo caloroso.

E ela ficou ali parada, com as sobrancelhas arqueadas enquanto observava Lucca e seus lábios perfeitos tocarem os da loira, frustrando-se mais a cada momento.

Esperou-o dar a ré e sumir de vista para enfim ir para casa e voltar para sua rotina sem graça mais uma vez.


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Notas finais do capítulo

E aí? ^v^



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