– Não tenho certeza se vamos ter muito sucesso aqui Mione! – Disse Harry mais uma vez, aumentando mais sua frustração. Já tinha se passado 4 horas desde que o trio tinha chegado à biblioteca naquela tarde de sábado. – Estamos perdendo um dia lindo! – Continuou ele olhando pela janela.

– Ah! Certo Harry, vamos sair daqui. – Respondeu Mione, enfim vencida.

– O sol está se pondo. – Notou Rony. – Ainda podemos aproveitar um pouco o lago. – Agora ele tinha tirado os olhos da janela e fitava Mione.

– O lago a essa hora está cheia de casais namorando. – Hermione respondeu ainda olhando para o livro em suas mãos.

– Algum problema nisso? Nós ainda podemos ir. Nós três, quero dizer. – Acrescentou Rony ficando nitidamente vermelho.

Hermione também parecia ter ficado bastante vermelha, pois respondeu: - Ok. Vamos para o lago. – Sem realmente levantar o olhar do livro.

O trio andou calmamente em direção ao gramado da escola. De longe já podiam ver os casais sentados ao longo do gramado próximo ao lago. A lula gigante brincando perto da borda com alguns estudantes mais alegres. O sol começava a dar sinais de que estava na hora de se deitar, mas o lindo espetáculo que ele proporcionava todos os dias não tinha começado ainda.

– Vamos nos sentar lá? Ou podemos ver um lugar aqui na lateral.

– Acho melhor por aqui Rony. – Respondeu Mione.

– Olá meninos!

O trio olhou para trás e se deparou com uma alegre Luna, em um vestido laranja.

– Oi Luna. – Responderam os três.

– Posso sentar com vocês?

– Claro. – Respondeu Harry rapidamente, feliz por ter mais alguém para conversar. Já fazia um tempo, desde a festa de casamento talvez, que as conversas de Rony com Mione eram um pouco, insinuantes.

– Quer sentar na minha blusa? – Perguntou Rony tirando a blusa de cima e oferecendo a Mione.

– Obrigada.

Harry sentiu-se estranhamente compelido a fazer o mesmo por Luna.

Os quatro sentaram-se próximos a uma pequena árvore, de frente para o lago e o extenso número de estudantes-namorados.

– O número de casais parece ter aumentado. – Observou Mione sem falar para ninguém específico.

O sol descia lentamente enquanto os quatro conversavam sobre as aulas, as matérias novas, os novos professores. Harry parecia ter esquecido a frustração que experimentou por não ter encontrado nada sobre as horcrux. Cerca de meia hora depois a paz que começava a sentir foi embora.

– Ora, vejam só! Os novos casais de Hogwarts. Como devemos chama-los? – Era Draco – Mestiços, sangues-ruins, traidores do sangue e lunáticos. Acho que temos uma possível rebelião aqui!

Rony tinha se levantado a menção do nome “Sangue-ruim”.

– Cala a boca Malfoy!

– O que vai fazer Weasley? Nem está bêbado para ter coragem de me enfrentar!

– O que disse? – Rony parecia confuso.

– Você enfrentou Krum não foi? Mas estava bêbado. Não pensei que fosse corajoso sóbrio.

A essa altura todos estavam de pé.

– Como você sabe o que aconteceu? – Perguntou Hermione entre raiva e curiosidade.

– Tenho amigos na Bulgária. Há algumas semanas Krum apareceu com um olho roxo e um corte nos lábios. Disse que foi você, mas que tinha te deixado pior.

– Pior! – Rony quase gritava. – Eu não tive nenhum hematoma duradouro, acho que ele está errado sobre quem levou a pior.

– Ah, por favor, esse assunto não! Saia daqui Malfoy.

– O que te faz pensar que manda em mim Granger?

– Sou Monitor-Chefe e estou mandando você sair. – Desafiou Hermione.

– Não recebo ordens de Monitores de outras casas.

– Então talvez eu devesse mandar você ir embora Malfoy. – Era Ian. Ao seu lado estava Gina.

– Estava perto do lago quando pensei ter imaginado gritos. Que surpresa eu tive quando percebi que não estava imaginando. Quão maior a surpresa ao perceber que os gritos viam de uma discussão envolvendo um Monitor, uma Monitora-Chefe e um Capitão de Quadribol! Vocês se lembram que são exemplos para os outros alunos? Não que tenham sido um bom exemplo durante muito tempo, é claro.

– Olha quem fala!

– Eu sou um mau exemplo Malfoy? Minhas notas e o fato de nunca ter me envolvido em uma briga publicamente me diz o contrário. Agora, saia daqui.

– Eu não vou sair. O lago é acessível a todos os alunos Rockwood. Agora anda com traidores do sangue o tempo todo não! O que seus pais acham disso? – Perguntou Draco olhando para Gina e voltando a encarar Ian.

– Meus pais sabem muito bem com quem eu ando Malfoy. Já o seu, eu não poderia dizer o mesmo não é?

– O que está querendo...

– Você sabe muito bem o que estou dizendo. Agora pela ultima vez, saia daqui. Pare de criar problemas. A propósito, o seu turno de vigia começa em uma hora. Tome um banho e ache seu brasão. Você parece realmente imundo. Esteve onde? Cavando na estufa?

– IMUNDO! Ora seu idiota.

Draco fez um movimento para socar Ian, mas este se defendeu.

– Continua devagar demais pra mim, Draco. Dez pontos serão tirados de Sonserina. Por desobedecer e agredir seu Monitor-Chefe. – Concluiu Ian soltando o pulso de Draco. – Precisa que eu fale novamente?

Draco girou em seus calcanhares e voltou para dentro da escola com Crabbe e Goyle atrás dele, que tinham assistido a tudo, como sempre, sem dizerem nada.

– O que está fazendo com ele Gina? – Rony parecia ter temporariamente transferido sua raiva de Draco para Ian.

– Não é da sua conta Rony.

– Como não é da minha conta? Sou seu irmão.

– Estávamos conversando. Posso conversar com meus amigos ainda?

– Pare com isso Weasley, sua irmã não é mais criança. Já devia saber disso.

– Cale a boca Ian. Não se intrometa.

– Quer perder dez pontos também Weasley? Controle seu colega Hermione, ou a Grifinória começará a ter problemas.

– Rony, pare com isso, ou eu mesma vou tirar pontos de você. Agora podemos curtir o pôr-do-sol?

– Vieram para ver o pôr-do-sol? Os quatro? – Perguntou Ian olhando curioso para os dois casais a sua frente.

– Somos amigos. Qual o problema? – Harry finalmente tinha encontrado sua voz. Ver Gina com Ian novamente, principalmente ali nos jardins, tinha deixado-o exatamente quando estivera na biblioteca.

– Nenhum é claro. Vamos Gina? O sol já vai se por. – Disse Ian estendendo a mão para Gina.

Gina aceitou, lançando um faiscante olhar para Rony e os dois saíram de volta para o lago.

– Eu não acredito que ela está saindo com ele! – Disse Rony voltando a se sentar.

– E se estiver? Qual o problema?

Rony olhou para Harry com o olhar mais incrédulo que conseguiu.

– Não acredito que está dizendo isso!

– Já conversamos sobre isso Rony. Por favor, não volte nesse assunto.

– Ah, parem com isso. Gina é amiga do Ian, assim como eu. – Disse Hermione tentando conter os pensamentos de Rony. Mas talvez tenha sido pior.

– Amigos? Você por acaso já veio ver o pôr-do-sol com Ian, Mione?

Hermione pareceu envergonhada e com raiva, mas ainda assim respondeu.

– Já Rony. Já vim sim. Na verdade, a primeira vez que vi o pôr-do-sol no lago, estava com Ian.

– O QUE? Eu... Eu não posso acreditar no que estou ouvindo!

– Da pra parar de gritar? – Harry perguntou exasperado. – Esse era pra ser um fim de tarde calmo, relaxante depois de horas na biblioteca procurando por nada. Não uma sessão de brigas e ciúmes.

– Quem está com ciúmes?

– Você Rony! Você está com ciúmes. Pare de bancar o idiota. Se você gosta realmente de Mione, fale pra ela. Não que ela já não saiba é claro. Mas crie coragem! – Harry tinha cuspido toda a raiva em Rony. Agora o clima não era nada calmo. Harry estava mais descabelado do que nunca, suor escorrendo pelo seu rosto. Rony estava mais vermelho do que o manto da Grifinória. Mione parecia querer se esconder em qualquer buraco de formiga que encontrasse, e Luna tentava olhar para qualquer lugar dos jardins para não ter que olhar para qualquer um dos outros.

– Desculpe. Eu vou indo.

Harry se levantou antes que Rony pudesse dizer qualquer coisa e rumou para a escola.

Luna começava a se levantar quando Rony pulou para cima e correu atrás de Harry.

– Oh não. Eles vão se matar! – Disse Hermione levantando-se e correndo em direção aos outros. Luna atrás dela.

Hermione tinha chegado à Sala Comunal da Grifinória onde não encontrou ninguém. Subiu para o dormitório masculino e o encontrou igualmente vazio. Tinha corrido o máximo que pode, mas perdeu Rony de vista quando ele começou a subir as escadas.

– Talvez eles estejam em algum andar... – Tentou Luna. – Algum que seja bom para pensar...

Hermione olhou para ela. Os olhos arregalados.

– A Sala Precisa!

As duas desceram até o corredor da Sala Precisa. Hermione passou três vezes pensando em encontrar... Quem? Harry ou Rony? Quais dos dois ela queria encontrar?

– Harry – Pensou Mione. – Não quero ver Rony agora. Mas talvez encontre os dois.

Quando uma porta surgiu na parede, ela muito devagar a abriu e escorregou para dentro.

– Harry? Rony? Algum de vocês está ai?

Curiosa ela percebeu que a sala estava completamente cheia. Estantes, armários, mochilas. Objetos que pareciam ter sido deixados ali por muito tempo.

– Aqui. – Respondeu uma voz próxima a ela. Era Harry.

– Que bom que te achei.

– Eu vim aqui para pensar e acabei na sala que esconde as coisas.

– Talvez você quisesse se esconder ao invés de pensar. Ou talvez, pensar, escondido de todos. – Sugeriu Hermione.

– Talvez. – Harry parecia absorto em seus pensamentos. – Onde está Luna?

– Ficou lá fora, eu acho.

– Tenho que pedir desculpas a Rony.

– Acho que esse não é o melhor momento. Ele correu para dentro da escola atrás de você. Pensei que ele, que ele fosse...

– Não. – Harry sacudiu a cabeça lentamente. – Não encontrei com ele.

– Mas ele correu rápido. Como chegou aqui em cima tão rápido Harry? – Perguntou Hermione com interesse.

– Passagens secretas. – Respondeu Harry simplesmente.

Aquela noite, no jantar, Rony apareceu e sentou longe de Harry, Hermione ou qualquer outra pessoa. Gina estava sentada na mesa da Corvinal conversando com Luna e outras garotas do 6ª ano.

– Eles são realmente só amigos? – Perguntou Harry ao ver Ian andar em direção a Gina e falar algo em seu ouvido. A garota deixou um sorriso escapar.

– Sim, eles são. Por quê?

– Nada. Só curioso.

– Harry. Você ainda gosta da Gina?

– Gosto. Eu acho. Não sei. – Ele pareceu confuso.

– Bom, então pense realmente sobre isso.

–Não posso Mione. Realmente não posso certo? Como posso dizer que gosto de Gina, como posso amá-la com Voldemort do outro lado do lago pronto para romper as barreiras de Hogwarts e tentar me matar?

– Acha mesmo que ela corre menos perigo longe de você, Harry? Ela é uma Weasley! Eles são alvo dos Comensais também. Uma família que se envolve com mestiços e nascidos trouxa. Ser mestiço nunca foi ruim, mas agora é quase tão terrível quanto ter nascido trouxa. Voldemort não quer a existência de nenhum desses. Apenas bruxo de dito “puro sangue” são importantes. Isso se não estiverem associados a nenhum outro “tipo” de bruxo. – Hermione falava baixo perto de Harry. – É terrível – Concluiu com lágrimas nos olhos. – Mas é a verdade sobre esses tempos.

Harry deixou seus pensamentos o levarem. Seu jantar quase intocado. Pensando em tudo o que Hermione tinha dito para ele naquele breve minuto. Quantas coisas eram verdade? Ele era um mestiço, um filho de bruxo com uma bruxa nascida trouxa. Hermione nasceu trouxa. Os Weasley apesar de ser uma família só de bruxos, tinham tantos amigos nascidos trouxas quanto ele poderia se lembrar. Vários deles foram convidados para o casamento. Harry se lembrou de conversar com algumas pessoas que contaram viver em casas simples, em povoados trouxas, pois era ali que tinham nascido e crescido. Sem contar que todos eles eram amigos de uma metamorfomaga e um lobisomem

Ele ficou ali, fitando o copo de suco de abóbora, absorto em pensamentos, quando a voz de Hermione o trouxe de volta.

– Harry. Você não vai comer?

– Estou sem fome. – Um ruído no estomago o desmentiu.

– Vamos. Pegue alguns bolinhos e vamos. Está ficando tarde. E eu ainda tenho ronda hoje à noite.

Harry não pensou que tudo ia estar perfeito depois de uma noite de sono, mas chegou a considerar a hipótese de que tinha sido tudo um sonho. Percebeu que estava enganado assim que abriu os olhos no domingo de manhã e encontrou-se sozinho no dormitório com Rony o encarando de sua cama.

– Pensei que não ia acordar mais.

Ele alcançou os óculos no criado ao seu lado e se sentou. Era 10 da manhã.

– Demorei a dormir. Essa é a hora que você espera eu me levantar e me dá um soco?

– O que te faz pensar que eu ia te bater?

– Não sei. Você anda meio agressivo. – Harry não quis dizer isso como um insulto. Mas foi assim que Rony recebeu.

– Pensei que fosse meu amigo. E tem se mostrado meio traíra ultimamente.

– Ah, qual é Rony. Está dizendo isso pelo que eu falei ontem, no gramado? Você deixou isso claro no casamento quando socou Krum!

– Não me lembre disso. – Disse Rony levantando-se e indo até a janela. O sol estava forte lá fora.

– Bom você nos faz lembrá-lo, a todo o momento. Escute Rony. Não quis realmente dizer aquilo. Não daquela forma talvez, mas você realmente precisa dizer a Mione o que você sente por ela. Mas dessa vez, sem litros de whisky de fogo em seu sangue.

– Não é sobre isso Harry. É tudo. Você está certo, tenho que falar com ela. Mas a forma como você tem aceitado que minha irmã está saindo com outro. Deixando que ele a envolva em seus braços, que veja com ela o pôr-do-sol de Hogwarts. Ele que tem sido seu rival por anos, que tem sido amigo da nossa amiga, que mostrou a ela o primeiro pôr-do-sol! – Rony estava tentando se controlar.

– Rony. Isso se chama ciúmes! Você está com ciúmes de Ian. – Harry falou, sem ter certeza de que era apenas Rony que estava com ciúmes. – Ele é amigo de Mione há tanto tempo quanto ela é nossa amiga. Na verdade ele foi o primeiro amigo de Mione em Hogwarts, antes mesmo de nós! Ele não é realmente meu rival, ele é seu rival. Ele é artilheiro não apanhador.

– Ele é apanhador agora. – Lembrou Rony.

– Não importa Rony. Eu quero Gina segura, não é? Talvez seja melhor que ela se envolva com alguém e me esqueça.

– Você realmente acha que Gina estará mais segura ao lado do Rockwood? – Perguntou Rony, incrédulo.

“Não”, Harry pensou, “Eu não acho”, mas preferiu não responder nada para Rony. Não ainda.