O trem saiu pontualmente as 11 horas. Lupin e Tonks embarcaram junto com outros aurores. Os cinco entraram no trem com os malões e seguiram pelo corredor. Gina disse algo sobre suas amigas e foi para as cabines a esquerda. Harry olhou para os outros.

– Harry, vamos para o vagão de monitores e depois patrulhar os corredores. Logo encontramos você, tudo bem?

– Certo Mione, pode ir. Vou encontrar uma cabine pra mim.

– Olá Harry! Rony! Hermione! Ian! – Uma voz alegre disse atrás deles.

– Oi Luna! Todos responderam.

– Posso encontrar uma cabine com você Harry, se quiser.

– Claro. Vamos!

Os dois saíram e Rony, Mione e Ian seguiram para o vagão de monitores.

– Pronta para ser monitora-chefe Mione? – Perguntou Ian sorrindo.

– Ah, certamente Ian! – Respondeu Mione entusiasmada.

– O que foi Weasley? Parece chateado com algo.

– Me deixa Rockwood.

– Rony está azedo desde que saímos d`A Toca. Não liga Ian.

Chegando ao vagão, alguns monitores novos já se encontravam lá, conversando animadamente com seus amigos da mesma casa, ou de outras casas. Os monitores da Sonserina se encontravam em um canto, esperando. Malfoy já estava lá.

– Ora, ora Rockwood. Agora anda com sangues-ruins e traidores do sangue. – Falou Malfoy.

– Cale a boca Malfoy. – Retrucou Ian. Apesar de serem da mesma casa, Ian e Draco nunca pareceram amigos. Nunca tinham sido vistos juntos, a não ser depois que Malfoy entrou para o time como Apanhador, no mesmo ano que Ian tinha entrado como Artilheiro.

– O que te dá o direito de me mandar calar a boca Rockwood? – Perguntou Malfoy avançando sobre Ian.

– O fato de ser seu chefe agora Malfoy! – Respondeu Ian encarando Draco, com seu ar superior.

Draco olhou para Ian, com os lábios tremendo e então olhou para seu peito. Nas vestes de Ian estava um brasão verde e prata com as letras MC gravadas nele. Ian tinha razão, ele agora era monitor-chefe e Draco permanecia como Monitor.

– Nem sei porque você ainda é monitor Malfoy! – Soltou Ian. – Depois de tudo! – Então virou-se e encarou os outros monitores. Nenhum deles pareceu realmente assustado com a briga. Era até comum ver os dois trocando faíscas, principalmente Draco. Era como se o jovem comensal sempre tivesse inveja de Ian.

– Bem monitores novos. Vocês deverão se reunir com os monitores-chefe de suas casas. Os monitores mais velhos já sabem o procedimento.

– Monitores da Corvinal, sigam-me. – Disse Padma Patil, entrando em uma cabine.

– Lufa-Lufa, aqui – Disse Macmillan, entrando em outra cabine.

– Grifinória, vamos ficar aqui. – Disse Hermione tomando a frente. Os monitores entraram, Rony relutando um pouco, mas logo entrou.

– Sonserina. – Disse Ian, com uma voz decidida. – Aqui – E abriu a porta da cabine logo ao seu lado.

Assim que as instruções acabaram os monitores saíram para fazer a ronda pelos corredores. Eles viam todos os anos os monitores fazerem a ronda no trem, mas Ian seguiu com o monitores novos da Sonserina, para garantir que fariam direito.

– Um bom líder não é. – Disse uma menina da Corvinal para Hermione. – Mostrando como se faz ao invés de apenas dizer como.

Hermione jurava que podia ver um brilho nos olhos da garota. Um brilho de admiração.

Na hora do almoço, Hermione e Rony partiram em direção a cabine de Harry e Luna e encontraram os dois em uma divertida conversa, rindo juntos.

– Sobre o que estão conversando? – Perguntou Mione

– Nada específico. – Respondeu Harry se endireitando.

– Estava contando a Harry a minha aventura com Gnomos. Foi quando ganhei isso. – Disse Luna levantando a mão direita e exibindo um pequeno curativo.

– Nossa, eles te morderam!

– Mas já está bem melhor, de qualquer forma. Você está bem Rony?

– Estou.

Antes que mais alguém pudesse perguntar a Rony o que ele tinha a mulher do carrinho chegou à cabine, levando o almoço.

A viajem parecia a mais lenta de todos os anos, pelo menos para Harry. Rony e Mione saiam de tempos em tempos para fazer a ronda e ele ficava sozinho com Luna, mas ela estava se mostrando uma companhia melhor do que ele imaginava.

Em certo momento, Gina apareceu na cabine procurando por Mione.

– Ela está fazendo a ronda – Diz Luna distraidamente.

– Oh, sim, esqueci. Eu volto depois – Diz Gina um pouco constrangida, mas antes de sair Luna a impede.

– Espere, sente-se aqui. Daqui a pouco ela chega. Já faz um bom tempo que ela saiu.

Gina hesita mas concorda depois de olhar para Harry e ele assentir com a cabeça.

Ele fica ali, parado olhando para ela. Luna que está na sua frente olha distraidamente pela janela. Gina encara as próprias mãos.

– Adoro estes prados. Será que um dia voltaremos a vê-los? Quero dizer, depois que terminarmos a escola

Harry fica confuso até seguir o olhar de Luna ainda sem entender seu comentário. Sim, os prados, uma imensidão de grama verde e viva. Alguns vales a frente, algumas árvores, o sol que começa a se abaixar atrás da vegetação baixa e extensa. É realmente lindo. Ele se lembrava, é claro, a primeira vez que fizera aquele percurso, com Rony e não Luna na sua frente. Antes de conhecerem realmente Hermione, antes de todos enfrentarem tantas coisas juntos, antes de suas amizades se tornarem eternas, antes dele saber que alguém estava lá fora, esperando para caçá-lo.

Ele começa a se distrair com a paisagem, assim como as meninas, mas então vozes ecoam mais perto no corredor. Risadas realmente satisfeitas e Mione abre a porta da cabine com Ian atrás dela. E os pensamentos de Harry se perdem.

– Gina! Estávamos te procurando.

– E eu estava procurando você. Harry disse que estava na ronda.

– Sim, estávamos. – Responde Mione sentando-se ao lado de Harry. – Entra Ian.

Ian continua parado na porta da cabine, olhando para Harry.

– Se importa Potter?

– Vá em frente. – Responde Harry tentando desesperadamente voltar as lembranças de sua primeira viajem de trem para Hogwarts, mas elas definitivamente, se perderam.

A conversa continua animada até o sol se pôr e dar lugar a uma brilhante lua. Rony não foi visto desde a ronda e parece não ter feito esforço para voltar a cabine, já que não apareceu em nenhum momento enquanto estavam todos reunidos, conversando. Harry acabou se distraindo com a conversa entre ele, Luna, Mione, Gina e até Ian. Ele tinha que confessar, mesmo que fosse apenas para ele mesmo, que Ian era bom em conversas.

O tempo passou sem que eles percebessem até Ian dar um salto.

– Por Merlim! Devíamos ter feito umas duas rondas já. Com licença pessoal, preciso ir.

– Eu também preciso – Levanta-se Hermione. – Quem sabe encontro Rony!

Não é até o momento que os monitores avisam ao alunos novos para colocarem suas vestes e todos começam a se aprontar que Rony finalmente aparece.

– Onde esteve? – Pergunta um Harry nada amigável. Os dois estão sozinhos na cabine esse momento. Hermione se reuniu com Gina, Luna e outras meninas para se trocarem também.

– Por ai.

– Por ai! Estive a viajem inteira com Luna. E depois veio Gina. E então Hermione aparece com Ian, e você me diz que estava por ai! – Harry está começando a ficar nervoso.

– Não enche Harry! – Responde Rony se irritando, mas algo faz ele despertar. – Ian? Ian esteve aqui com Hermione?

– Sim, ele esteve. Por um tempo consideravelmente grande por sinal. Acho que eles perderam duas rondas enquanto estiveram aqui conversando.

– Duas rondas. Isso é muito tempo.

– O que há com você Rony? – Agora Harry começa a ficar preocupado. Rony esteve cabisbaixo desde muito tempo pelo que ele se lembra. E ficou desaparecido por toda a tarde.

– Te conto depois. Quando tiver certeza que ninguém vai ouvir!

A cerimônia de seleção parece ser igual, como todos os anos. Vários alunos de 11 anos se apertando em uma fila desigual para serem chamados ao chapéu e direcionados para suas casas. Os nomes são chamados um por um, agora pela voz rouca do professor Flitwick.

– Temos muitas mudanças este ano. – Diz Hermione observando a mesa dos professores.

Harry olha agora para McGonagall sentada onde, por seis anos pelo que ele se lembrava estivera Dumbledore. Ele começa a se lembrar do diretor, da primeira vez que ele o olhou por trás dos óculos de meia lua e estendeu um cálice para ele. Da primeira vez que ele se ergueu em sua cadeira e fez comida aparecer nas mesas. Harry estava começando a achar que foi um erro voltar a Hogwarts. Considerando levantar-se e esgueiras por uma saída secreta, ele ouve um nome que o faz voltar a atenção para a seleção.

– Erick Rockwood – Diz a voz rouca de Flitwick.

Um rapaz loiro, em veste impecavelmente novas e postura ereta se descola entre os poucos novatos que ainda restam para tomar seu lugar no banquinho. A mesa da Sonserina olha com interesse.

– Rockwood? – Pergunta Harry.

– É o irmão de Ian – Explica Hermione, parecendo muito interessada na escolha.

O chapéu demora um pouco para escolher, o que faz Harry se lembrar de sua própria seleção, até que finalmente anuncia:

– Sonserina!

E a mesa a esquerda explode de alegria. Harry se vira, de certa forma assustado, e encontra um Ian que parece feliz e aliviado.

– Parece que ter um Rockwood na casa é muito importante, não! – Observa Rony entre surpreso e desdenhoso.

– Sim, é. Dado o poder do nome deles principalmente no Ministério. – Observa Mione.

– No Ministério?

– O pai dele está sendo cogitado para Ministro Harry.

Se isso é bom, ruim ou terrível, Harry não tem certeza. O que faria um Sonserino como Ministro da Magia? Mas ele tinha que admitir que nunca pensou sobre de qual casa os outros Ministro tinham vindo.

As mudanças foram anunciadas logo após o ultimo nome ser chamado. Madame Hooch assumiu a direção da Grifinória (O deixou Harry particularmente um pouco mais feliz), Slughorn assumiu Sonserina e Corvinal foi assumida por Bathsheda Babbling (Quem? – Perguntaram Rony e Harry ao mesmo tempo.)

– A professora de Runas Antigas! – Explica Hermione.

Após as boas vindas, a apresentação das mudanças incluindo alguns professores novos, o banquete foi servido. Harry parecia especialmente cansado quando se dirigiu para a sala comunal da Grifinória no 7º andar. Como só saiu juntos com os amigos, podia ouvir as vozes atrás dele, Hermione chamando pelos alunos novos da Grifinória, Ian pelos da Sonserina.

Ian. Harry sempre pensou que Ian, assim como Malfoy fosse filho único. O único e mimado filho de um casal loiro de olhos claros. Agora ele sabia que Ian tinha um irmão tão parecido com ele, que era como se tivesse voltado no tempo, há sete anos.

Os primeiros dias em Hogwarts pareceram intensos e intermináveis. Harry reencontrou Slughorn na aula de poções e um animado Dédalo Diggle na aula de Defesa Contra as Artes das Trevas. Por algum motivo parecia que agora Ian se materializava em cada canto, perseguindo-o. As duas matérias eram com a Sonserina e Harry, assim como outros, puderam perceber a tensão entre Ian e Draco aumentando.

Ian era ótimo aluno, ninguém nunca teve dúvidas disso, era inclusive uma ótima explicação para o fato de Hermione Granger ser sua aparentemente amiga. Mas agora, era como se Draco estivesse com ciúmes até da sombra de Ian.

Rony finalmente melhorou seu humor e revelou a frustação ao saber que Hermione e Ian eram Monitores-Chefe e ele não, mas acabou se conformando, afinal, ele já tinha feito e faria coisas mais extraordinárias do que ser Monitor-Chefe. Harry então se lembrou, do espelho de Osejed na sala ao lado da biblioteca, Rony queria ser Monitor-Chefe, capitão do time de Quadribol e ganhar a taça, assim como todos os seus irmãos juntos tinham feito. Agora, isso parecia não importar mais.