I See The Horizon escrita por Snow
Notas iniciais do capítulo
Espero que gostem! Boa leitura!
É impressionante como o tempo demora a passar quando você esta num lugar chato e sem nada pra fazer. O tedio toma conta geral. Já tinha ficado quase uma hora no telefone com o Fred, vi tv, não tinha nada de bom passando. Quatro dias, eu estava naquele lugar somente a quatro dias e já tinha planejado umas 200 formas de me suicidar.
Minhas aulas só começariam na outra semana e pela primeira vez na vida eu estava desejando insanamente que isso acontecesse logo.
- mãe, vou andar. – gritei. Era a única coisa que eu não estava odiando fazer.
- agora? Já está tarde Valentina! – minha mãe apareceu na porta da cozinha, secando as mãos no avental que vestia.
- não são nem 17 horas ainda. Não tenho nada pra fazer ué!
- coisa pra fazer é o que não falta. Olha o tanto de vasilha em cima da pia pra lavar.
- anem mãe – ela fez cara feia – mãezinha, eu preciso de alguma coisa legal ne! Quando eu voltar eu te ajudo com o jantar, prometo! – ela fez cara de duvida, mas depois assentiu.
Fo o prazo de girar a maçaneta que já ouvi a vozinha infantil e irritante me chamando
- tina! Vai sair? Deixa eu ir com você?
- não!
- porque não? Se você não deixar eu conto pra mamãe.
- ai pirralha! Não te levo porque não vou cuidar de você, se alguma coisa acontecer você se ferra sozinha.
- tudo bem – revirei os olhos
- vamos – abri a porta para que ela passasse – mãe, a clara vai comigo.
- é a primeira vez que saio dessa casa sem ser de carro – clara sorria tão sinceramente que senti um aperto no coração de não ter a deixado vir comigo antes.
- é. Tó odiando esse lugar.
- ai a chata sempre tem que reclamar de tudo ne? Por isso não tem amigos – olhei com cara de reprovação para a badeca petulante – foi mal. Mas aqui é tão grande e tão calminho. É capaz ate de eu aprender a andar de bicicleta – ela sorriu.
- só é bom pra você. Não tem nada aqui perto, nem supermercado – um longo silencio se deu enquanto andávamos.
- acha que tá fazendo quantos graus? – ela perguntou passando a mão na testa, limpando as minúsculas gotas que se formavam lá.
- não sei. Talvez uns 32°C.
-hum. Será que algum dos nossos vizinhos tem filhos pequenos?
- acho que não. Se tivessem você teria coragem de tocar a campainha pra chamar eles?
- mas é claro – levantei uma sobrancelha.
-sério? Que coragem.
- coragem não sei por quê. Se ficar com medo de fazer tudo, ate mesmo às coisas mais simples Tina, você não faz nada. Fica pra sempre só na vontade – e não que a pirralha estava certa? Quando foi a última vez que eu tinha feito alguma coisa por prazer, com vontade mesmo? Sempre pensando no que viria depois, eu precisava ser mais inconsequente, louca, destemida. E aquele lugar era perfeito para um novo eu: uma nova cidade e uma nova escola, nada mais justo!
- OH estranha, olha aquilo! – Clara apontava o ponto que permitia a visão da piscina mágica. Taí. vou chamar ela assim agora.
- o que tem? – perguntei hipnotizada pela imagem.
- é linda. Agente nunca teve uma piscina. Tomar banho naquilo deve ser incrível!
- é. Você tem razão – abri um sorriso maior que o mundo. Só minha simples ideia me permitiu sentir a queimação de toda adrenalina percorrendo meu corpo – vai pra casa.
- o que? – Clara parou repentinamente.
- vai pra casa gora! Daqui a pouco eu vou também.
- não! O que você vai fazer?
- não te interessa! Faz o que eu tó mandando.
- não. Se você não me levar onde quer você esta de ideia de ir, eu conto pra mamãe.
- rrrr! Vem logo então monga – senti que ela fazia careta pelas minhas costas. Cheguei frente ao muro de entrada da imensa casa. Como o portão era de grade, tudo conspirou para a minha fácil escalada.
- o que você tá fazendo sua louca? – minha irmã estava com os olhinhos arregalados. Comecei a rir.
- você estava certa. Tenho que me arriscas mais.
- não estava me referindo a invadir uma casa!
- ué você que disse que queria vir comigo! E tem mais, essa casa tá abandonada há anos – clara pareceu refletir um pouco a respeito ate que começou a subir o portão também. Desci e depois a ajudei. Por mais que a casa estivesse vazia, andamos devagar e com cuidado pra não fazer ruídos – mania vulgo filme de suspense.
Percorremos o longo quintal até chegar ali: cara a cara o a piscina mágica! Eu e minha irmã soltamos um ’uau’ em uni som e começamos a rir.
- não parece tão abandonada assim, a agua tá limpa.
- é, mas os donos devem mandar alguém pra limpar aqui – eu só pensava em me atirar de cabeça naquele esplendor de agua que a luz da lua e das pequenas lanternas a bateria sob sua superfície, parecia mais majestosa ainda. Não pensei duas vezes e tirei a blusa.
- vai fazer o que? – clara estava exasperada.
- cadê sua coragem agora pequena peste? – sorri tirando os shorts. Ela juntou as sobrancelhas e tirou, com dificuldade, o seu velho vestidinho de ficar em casa.
De sutiã e calcinha, me joguei no ar. O mundo de repente parou tudo ficou em câmera lenta. A única coisa que senti foi a umidade súbita envolvendo todo meu corpo. Logo em seguida, ouvi o barulho do pequeno corpo da garotinha de 10 anos vestida apenas com sua calcinha. Pela cara parecia ter ficado tão em êxtase com a agua quanto eu.
- essa água tá uma delicia!
- nem me fale!
Acho que passamos umas 2 horas banhando ate que me dei conta de que mamãe e papai iriam reparar se demorássemos a chegar
***
Pode soar psicopata, invasor e algum tipo de ação marginal, mas eu voltei naquele lugar. Invade novamente aquela casa mais umas três vezes, sempre saindo antes de escurecer e voltando bem depois disso acontecer. E foi sozinha. Minha irmã, preservando o seu falso puritanismo não quis me acompanhar, e eu ate gostei. Meus pais, han, acham que nem reparavam minhas saídas estavam sempre tão ocupados... Mas eu nem me importava mais. Tinha encontrado um porto se natação, alegria e diversão só meus!
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Spoiler: no próximo capítulo, comessa o romace.