Os Pesadelos de Grace Wood escrita por Kremer


Capítulo 6
Capítulo 5




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Grace, Grace... O que fizeram com você?

Acordei quase três dias depois. Estava muito fraca e desidratada. Não sei como é possível uma pessoa viver nessas condições, com tantos tormentos. Eu deveria ir para o Guinness.

50 chamadas perdidas da minha mãe. Minha mãe, a pessoa que me abandonou, resolveu me ligar. Parecia bem determinada, então, resolvi ligar de volta.

– Grace? Grace! Pelo amor de Deus, o que aconteceu com você? Estava quase ligando para os hospitais!

– Tente um manicômio da próxima vez, mãe.

– Onde você esteve? Por que não me atendeu?

– Estive meio fora do ar.

– Fora do ar? Grace, você está usando drogas?

– É isso que acontece quando um filho é abandonado pela família, mãe. – Eu sei que não deveria dizer esse tipo de coisa, mas porra, eles tinham vergonha de mim, de como eu era, de como eu sou... Não deveriam esperar tratamento VIP.

– Deus... – Ela estava chorando? Sério?

– Você me ligou por causa da morte do senhor Charles?

– Por isso também, ficamos sabendo do que aconteceu. Mas quem dera ser só isso. Grace, um dia depois da tragédia que aconteceu na locadora, seu irmão desapareceu.

Ok. Esse é o momento em que eu me arrependo pra cacete. Eu não devia ter tratado minha mãe assim, mas agora, não tinha mais volta.

Meu irmão só tem dez anos, ele sempre foi a alegria da casa, sempre foi uma criança comportada e nunca nos deu nenhum trabalho. Resumindo, ele, para minha família, é tudo que eu nunca fui.

– Como assim, desapareceu?

– Nós vamos te buscar hoje, você vai voltar a morar com a gente. Grace, por favor, sua família precisa de você.

– Tá...

Eu estava mais do que em choque. Apesar de ser muito doloroso pensar em meu irmão correndo perigo, eu não podia deixar de sentir raiva. Desde que fui morar sozinha, perdi totalmente o contato com a minha família. Eles nunca ligaram. Nunca, sério. Nem no começo, nem em momento algum, nem nos meus aniversários. Não sei que tipo de família é essa. E agora eles precisam de mim?

Eu precisei deles quando saí da faculdade. Precisei deles quando minha vida se tornou um lixo, onde a parte mais emocionante do meu dia era limpar DVDs. Precisei deles para cuidarem de mim, me darem apoio, enquanto eu me sentia cada vez mais atormentada. Eles me culparam por todos os meus ataques, meus pesadelos, meus tormentos, alucinações, como se eu pudesse controlar.

Pensando nisso, alguns flashes passaram pela minha mente.

Eu me vi em um grupo de amigos, provavelmente com uns 14 anos de idade. Estávamos andando por uma trilha, na floresta perto de casa.

Senti um calafrio. Algo aconteceu no passado, algo que fez eles me afastarem. Algo do qual eu era suspeita. Mas por mais que eu tente, não consigo lembrar mais do que isso.

E algo me dizia que em breve eu iria descobrir.

...

A volta pra casa foi melancólica. No carro, a única que falava era a minha mãe, e estava contando o que se sabia até agora do desaparecimento de Zack, meu irmão.

Segundo minha mãe, enquanto eles assistiam, horrorizados, a reportagem na TV sobre o terrível assassinato do senhor Charles, meu irmão brincava na sala. Minha mãe pediu pra ele trazer a ela um copo de água. Quando ele foi para a cozinha, ouviram um barulho de vidro quebrando. Foram correndo até lá, mas só encontraram cacos manchados de sangue e um pedaço rasgado da camisa dele. Foram procurar por ele lá fora, mas já estava escuro, e não puderam encontrar nada. A polícia foi acionada rapidamente, fizeram uma busca pela área, e não encontraram nada. Várias viaturas foram enviadas para procurar por todo canto, e não acharam nada. O único local que não foi inspecionado foi a floresta.

Silêncio se seguiu no carro. Aquela história me apavorava. E os detalhes dela me incomodavam mais ainda. Meu irmão não se atiraria da janela por nada, até porque ele mal a alcançaria. Ele foi puxado através dela.

Eu sabia quem fizera aquilo.

E pelo jeito, isso só poderia significar duas coisas:

1- Ninguém iria acreditar em mim se eu contasse, portanto, sou a única que pode ajudar o meu irmão;

2- Eu iria entrar na caçada, mas dessa vez, iria caçar.

Ou seja, Grace não sentirá mais medo. Grace não sentirá mais nada.


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