Safe & Sound escrita por Gistar


Capítulo 17
Heroes


Notas iniciais do capítulo

Voltei! Mil desculpas pela demora! Fiz um capitulo grande pra compensar vocês hehe Boa leitura!



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“E mesmo que nada, nada nos mantenha juntos

Nós podemos vencê-los, para todo o sempre

Nós podemos ser heróis, só por um dia...”

Angela

Eu cheguei ao auditório e como esperado os caras estavam lá, um deles lustrava as armas e outro vigiava a janela. Senti um calafrio na minha espinha.

Me aproximei do palco onde um deles estava sentado.

- O que faz aqui? – ele perguntou.

- Vim ensaiar para uma apresentação. – disse subindo no palco e rezando pra eles não me correrem dali.

- Pode ensaiar em outro lugar.

- Não posso. Preciso do cenário pra me inspirar e preciso saber as posições certas onde vou ficar no palco. – afirmei.

- Seja rápida então. – ele respondeu.

- Não vou demorar, mas vai ser mais rápido se vocês me ajudarem com o cenário. Poderiam colocar esse painel no fundo? – pedi e apontei para um painel que estava jogado num canto do palco.

- Ajude ela – disse o cara que estava no palco para o que estava na janela.

- Eu?

- Sim, não está vendo que eu estou ocupado?

- Mas eu estou vigiando a janela...

- Tem bastante gente vigiando a escola. Pode sair daí. – disse o cara que parecia ser o comandante dali.

Então o cara que estava na janela largou a arma e foi até o palco para me ajudar.

- Coloque-o ali. – eu disse apontando para a parede no fundo do palco.

Ele arrastou o painel até onde eu tinha pedido. Ele já estava voltando quando eu disse depressa.

- Espera! – ele parou e me olhou confuso.

- O quê?

- Acho que não é esse o painel, - menti, precisava de mais tempo, os garotos ainda não tinham chegado – é aquele outro ali. Eu me enganei, desculpe. Pode trocar? Por favor! – fiz cara de pidona.

Ele me olhou carrancudo.

- Ensaia com esse mesmo, faz de conta que é o outro...

- Não, precisa ser aquele...

- Está pensando que eu sou seu empregado garota?

O outro cara que estava assistindo tudo riu.

- Paul troque o cenário pra garota.

Ele parecia estar se divertindo com a situação toda. Pra minha sorte o tal Paul, fez o que ele pediu e arrastou o cenário de volta pra onde estava antes. Ele já havia movido vários e estava arrastando o outro que eu havia mostrado quando os garotos chegaram...

*

Rosane

Eu fui para o nosso dormitório com Mandy e Jess que tinham que pegar suas coisas.

Elas entraram e pegaram biquíni, toalha, protetor solar...

- Hoje tem sol, tivemos sorte! – Mandy dizia. – Sabe o que fazer né Rose?

- Sei, não se preocupe.

Nós nos despedimos e como o combinado eu fiquei no quarto esperando as garotas chegarem lá embaixo pra começar minha encenação. Olhei pela janela e vi quando elas chegaram ao pátio da frente e começaram a estender a toalha. Era minha vez.

Peguei a chave do quarto que era dos garotos e a guardei junto com a minha, cuidando pra não misturá-las e saí do quarto. Chaveei a porta normalmente. Comecei a andar, parei de repente e dei meia-volta.

Voltei para o quarto e com a chave do quarto dos meninos tentei abrir a porta do nosso.

- Droga a porta emperrou! – gritei. Era hora do almoço e estavam só os dois caras que faziam a patrulha no corredor e eu.

- Ei você! – gritei para o que estava mais próximo de mim – Pode vir aqui um pouquinho?

Ele veio, ótimo, tá funcionando...

- Será que pode me dar uma ajudinha com a porta. Acho que emperrou e não consigo abrir.

- Me dá a chave. – ele pediu.

Eu entreguei a chave errada pra ele que tentou abrir e também não conseguiu.

- Chama seu amigo, pode ser que ele consiga. – eu disse.

- Fred! – ele chamou o outro que veio prontamente. – A porta não abre, acho que emperrou.

Ele tentou abrir a porta também e não conseguiu.

- Tem certeza que é essa chave? – ele perguntou desconfiado.

- Sim, é a única que temos, não tem como ser outra... – afirmei.

Ele tentou novamente e forçou tanto que acabou quebrando a chave que era pequena e muito fina. Não podia ser melhor...

- Droga, a chave quebrou. – ele xingou.

- E agora, o que eu vou fazer? – perguntei.

- Vai ter que chamar alguém pra arrombar a porta, não tem outro jeito...

- Você não consegue fazer isso?

- Eu posso tentar dar um tiro na fechadura...

- Não! – eu gritei sem querer, eu não podia deixá-lo atirar porque havíamos combinado que se ouvíssemos um tiro era porque algo tinha dado errado e teríamos que desistir do plano. – É perigoso – expliquei – não tem um pé-de-cabra ou algo assim?

Eles começaram a bater na fechadura, tentando tirá-la da porta. Quando a fechadura estava cedendo e eles estavam perto de conseguir destrancá-la fomos interrompidos pelos garotos que chegaram...

*

Eric

Assim que cheguei ao laboratório de Química comecei a misturar as substâncias que eu sabia que gerariam uma combustão. Tomei o cuidado de fazer tudo certo é claro, peguei uma quantidade mínina o suficiente pra não causar nenhum dano mais sério como provocar um incêndio de verdade. Eu era o melhor aluno de Química da escola e tinha passe livre para o laboratório. Quando chegou a hora combinada eu provoquei a combustão.

O fogo foi instantâneo. Comecei a gritar e saí correndo do laboratório para pedir a ajuda. Um dos caras já estava indo até lá pra ver o que estava acontecendo.

- Qual o motivo da gritaria? – ele perguntou.

- Fogo! Eu preciso de algo pra apagar o fogo.

- Henry, traga algo pra apagar o fogo. – ele gritou para o amigo que estava mais adiante.

Ele pegou um dos extintores que estava no corredor e veio correndo.

- Onde é o fogo? – Ele perguntou.

-Ali! – eu mostrei a ele.

- O que você estava fazendo garoto?

- Nada, era só uma experiência, devo ter feito alguma coisa errada.

Ele passou o extintor do fogo, mas não apagou.

- E agora? – Ele me perguntou.

- Não vai dar certo! – respondi – Esse extintor é pra apagar fogo em papel, não desse tipo...

Ele olhou em volta procurando pelos extintores que deviam estar ali, mas não estavam porque eu havia tirado, é claro.

- Eles tiraram pra trocar, aqueles já estavam vencidos – expliquei – mas, não deu tempo de trazerem os novos.

- Você está encrencado garoto! – o cara me disse. – Vou ter que chamar o chefe...

- Não! Espera, eu vou dar um jeito! – disse segurando o cara e já entrando em pânico com a possibilidade de estragar tudo...

- Acho que tem um extintor no laboratório de Biologia aqui do lado.

Um deles foi pegar o extintor enquanto que o outro tentava apagar o fogo com o extintor que já tinha, mas sem muito sucesso. Quando o outro voltou com o extintor certo conseguiu apagar o fogo.

- Pronto! Não sei o que estava tentando fazer garoto, mas acredite que pôr fogo na escola não vai ajudar vocês a fugirem.

Pedro chegou. Graças a Deus! Mal sabia o cara que tinha ajudado mais do que ele imaginava.

*

Mandy

Jess e eu atravessamos o refeitório para o pátio da frente. Como o planejado, estendemos a toalha no chão e tiramos a roupa, ficando apenas de biquíni.

- O sol está ótimo Jess – eu disse o mais alto que pude – vamos pegar um super bronze.

Depois, tiramos a parte de cima do biquíni e nos sentamos.

- Passa protetor nas minhas costas Jess! – pedi.

Jess entendeu e começou a passar protetor em mim. O efeito foi instantâneo, os dois caras que vigiavam a parte da frente da escola, já estavam se aproximando.

- O que pensam que estão fazendo? – um deles perguntou.

- Tomando banho de sol. – respondi, fazendo a maior cara de inocente que pude.

- Isso aqui não é hotel. Peguem suas coisas e saiam já daqui!

Nessa hora Jess se deitou de costas e começou a passar protetor em seu peito.

O cara perdeu a linha e começou a babar.

Que nojo!

- Que saco hein? – Jess falou – Já não chega ficarmos presas aqui e não poder sair pra lugar nenhum e agora não podemos nem pegar um solzinho.

- O que significa isso? – Os outros dois caras tinham se aproximado, a cara deles era de curiosidade. Estávamos fazendo um belo show!

- Estamos pegando uma corzinha - respondi enquanto continuava passando protetor. – Vocês podem assistir se quiserem...

Me deitei ao lado de Jess. Aproveitei e olhei pra cima. Fiquei satisfeita ao ver que os vigias do terraço estavam nos observando.

- Deixe as garotas tomarem sol, Ronald. – disse um dos caras que havia chegado por último para o que estava implicando com a gente.

- Tá certo, mas não demorem. Se o chefe descobre que deixamos vocês fazerem o que querem, vai sobrar pra gente...

- Ele não vai saber de nada se ninguém falar nada. - Disse o cara que estava nos defendendo - E depois, eu soube que ele está ocupado no momento, se divertindo com uma certa garotinha, e não quer ser incomodado!

Eu senti um tremor passar pelo meu corpo, eles estavam falando da Sara? Tomara que os meninos cheguem logo.

- Mandy é a sua vez de passar protetor nas minhas costas – Jess disse se virando de bruços e me tirando do meu devaneio.

Eu comecei a passar protetor nela, mas continuava pensando na Sara e rezando pra que não acontecesse nada de ruim com ela.

Os caras continuavam parados nos observando, agora os quatro estavam babando. Tomara que a essa altura Jacson e Bruno já estejam bem longe com os alunos...

*

Sara

- O que quer Sara? – Daniel me perguntou.

- Acho que você devia desistir dessa idéia louca e se entregar. Não vai dar certo!

- E porque você pensou que eu a ouviria?

- Eu tinha que tentar...

- Eu não desisto. Quando quero algo, eu vou até o fim! Você melhor do que ninguém devia saber disso...

Isso não estava dando certo, tinha que tentar outra coisa. Me sentei num sofá que tinha ali perto e tentei parar de tremer um pouco.

- Teve notícias dos nossos pais? – perguntei.

- Não. Falo somente com os tiras. Quer saber se o seu pai está preocupado com você? Parece que não. Parece que ninguém liga pra vocês, pois não fizeram nada pra tirar vocês daqui.

Ele disse isso e sorriu. Sentou ao meu lado no sofá. Eu me encolhi.

- Isso não é verdade! – Falei.

- Você sabe que é. Os pais dos teus amigos se preocupam mais com o preço da bolsa de valores do que com o que eu vou fazer com os filhos deles.

- Não são todos assim. Minha mãe não é...

- Sua mãe é uma mulher fascinante! Mas tem um passado negro...

Ele fechou os olhos quando disse isso.

Do que ele estava falando?

- Você não conhece ela! – falei. Ele abriu os olhos.

- Mas meu pai a conheceu muito bem...

- Seu pai?

Agora eu não estava entendendo mais nada.

- Meu pai namorou com a sua mãe antes de ela conhecer o Steven. Ela o deixou porque ele era pobre, e preferiu ficar com o seu pai que era rico. Meu pai nunca se recuperou dessa desilusão, mesmo depois que conheceu minha mãe. Ele acabou se tornando alcoólatra por causa disso. Ele me batia, batia na minha mãe, descontava tudo em nós dois. Nunca vou esquecer o sofrimento da minha mãe, ele batia nela porque ela se colocava na minha frente pra me defender dele. Um dia eu cheguei da escola e não a encontrei. Procurei por toda a casa e nada dela. Fui para o quintal e a encontrei... morta!

Ela tinha amarrado uma corda na árvore pra se enforcar. Até hoje quando fecho os olhos – ele fechou os olhos – posso ver o rosto dela com os olhos vidrados, já sem a luz da vida e com a língua pra fora.

Ele abriu os olhos e me olhou. Eu senti medo, havia ódio, muito ódio nos seus olhos, um olhar que me fez enfraquecer. Eu cairia se não estivesse sentada.

- Eu só tinha quatorze anos, fui embora depois disso, pois o único motivo pra não ter ido embora antes era porque não queria deixar minha mãe sozinha com aquele canalha. Nesse dia eu jurei que um dia encontraria a mulher que desprezara meu pai e o fizera descontar seu ódio na minha família. Jurei que iria vingar minha mãe e acabar com a família dela assim como ela fez com a minha! Finalmente este dia chegou, pois a filha dessa mulher que causou tudo isso está bem na minha frente.

- O que você vai fazer comigo? – perguntei, estava apavorada e morrendo de medo da resposta dele. Agora a minha vontade era sair correndo dali e jogar tudo pro ar.

- Eu vou terminar o que comecei aquele dia quando fui interrompido pelo seu namoradinho, depois vou matá-la e mandar sua cabeça de lembrança para sua mamãe.

- Você não pode...- eu comecei a chorar e a gaguejar enquanto eu tentava falar. Ele me interrompeu.

- Claro que posso, sua mãe vai se arrepender do que fez quando vir o seu corpo...

- Ela não tem culpa se o seu pai não superou isso, nem eu!

- E minha mãe tinha culpa? Eu tinha culpa? – ele perguntou.

Ele veio pra cima de mim e me prensou contra a guarda do sofá. Agora ferrou de vez! – pensei.

- Eu não pensei duas vezes quando decidimos invadir a escola, sabia que você estudava aqui e que você era filha da Renata. Foi fácil deduzir que você era filha do Steven, meu pai dizia que ela tinha tido uma filha com ele.

- Ela também sofreu – tentei argumentar e pensar em algo que me desse tempo – ele a deixou também...

- Isso não muda nada! Não traz a minha mãe e nem a minha infância de volta. Espero que agora você entenda porque eu sou o que sou. Por causa do que a sua mãe fez com o meu pai, e por causa do que ele fez com a minha mãe e comigo.

Ele me beijou. Quando percebi, ele já estava em cima de mim.

Eu queria gritar, mas ele continuava me beijando com força. Tentei tirá-lo de cima de mim, não consegui. Ele era muito forte.

Eu travei a mandíbula e o mordi com força. Era melhor eu pensar em alguma coisa ou ia acabar como a Rosane ou pior.

Ele me empurrou e ia dizer algo quando houve um estrondo alto.

- Isso foi um tiro? – perguntei assustada e me esquecendo completamente de com quem estava falando. Me lembrei de Pedro, ele disse que se houvessem tiros era pra desistirmos do plano.

Daniel ficou sério e correu até a janela.

- Parece que um dos meus acertou um dos seus amiguinhos. – Ele disse isso e veio em minha direção.

- Quem? Quem se feriu? – eu perguntei me levantando do sofá e ainda tremendo com o choque.

Nesse momento alguém bateu na porta. Ele abriu e o cara que fazia guarda lá fora entrou dizendo.

- Já era cara! Eles tomaram conta da escola e tiraram todo mundo. Ralf acertou um dos garotos, mas os outros ainda estão livres e estão vindo pra cá!

- Acertaram um garoto? Quem? – perguntei. Eu precisava ir lá.

- Não sei e não vou ficar pra ver. – Daniel disse e começou a afastar a escrivaninha pro lado. Tirou o carpete e deixou o alçapão à vista. Ele o abriu.

- Primeiro as damas – Falou e apontou com a arma de mim para o buraco.

- Eu não...

- Faz o que eu mando ou mato você aqui mesmo!

Eu tive que fazer o que ele pediu.

- E não tente fazer nenhuma gracinha, estamos bem atrás de você. – ele disse enquanto eu descia.

Deu tudo errado! Eu sabia que ia dar nisso. Foi loucura essa ideia! Agora eles não vão me encontrar. Estou ferrada!


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Notas finais do capítulo

O que acharam da história do Daniel? Comentem!