Safe & Sound escrita por Gistar


Capítulo 16
Promessas




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“Pés, não falhem agora

Levem – me até a linha de chegada

Meu coração se parte a cada passo que eu dou

Mas eu espero nos portões

Eles me dirão que você é meu.”

Sara

Os dias passaram dolorosamente rápido demais e a cada amanhecer, Daniel matava alguém, pois ainda não havia recebido notícias do cara que estavam tentando libertar. Não sabia o que me repugnava mais: o que Daniel e sua quadrilha estavam fazendo ou a inércia daqueles que pareciam não se importar com quem estava morrendo ali dentro. Algo era muito estranho em toda aquela situação e quando aquilo tudo terminasse o meu “pai” teria que me dar algumas explicações.

Na quinta - feira, o clima estava tenso. À noite decidimos fazer uma reunião pra acertar os últimos detalhes e repassar o plano.

- Vamos repassar o plano – começou Pedro. – Emerson, Bruno, Miguel e eu vamos estar no pátio dos fundos jogando. Mandy e Jessica vão sair para a frente da escola para tomar o banho de sol. Sara vai para a sala do Daniel. Ângela, Rose e Eric vão para seus andares. Assim que conseguirem afastar os caras das janelas e os caras do terraço estiverem olhando para o outro lado, onde vão estar Jessica e Mandy, nós colocamos nosso plano em ação.

- Eu vou quebrar a vidraça do refeitório – disse Emerson - vou atirar a bola em um dos caras.

Ele estava mesmo animado com a possibilidade de quebrar a cara de um dos seqüestradores.

- E se der tudo certo – continuou Pedro – eles irão até lá nos repreender. Jacson aproveitará a deixa pra tirar os que ficarem no refeitório pela saída da cozinha. Emerson distrai os caras enquanto Miguel, Bruno e eu chegamos por trás deles e os sufocamos com as cordas que vamos pegar do material da sala de Educação Física.

- Pegamos as armas deles – Miguel continuou – Bruno tirará as pessoas pela saída do vestiário enquanto Emerson, Pedro e eu subiremos até o terraço para render os caras que estarão lá. Faremos o mesmo com os do quarto, terceiro, segundo andar e com os que estarão no pátio da frente.

- Lembrem-se que usaremos as armas somente para rendê-los, não vamos atirar em ninguém – alertou Pedro. – Só as usaremos em último caso.

- A essa altura – continuou Emerson – Bruno e Jacson já estarão bem longe com as pessoas. Então Mandy, Jessica, Miguel, Ângela, Rosane e Eric também sairão pela cozinha, depois de verificarem que não ficou ninguém na escola. Pedro e eu ficaremos para render o Daniel e o guarda dele.

Eles haviam decidido render Daniel por último porque era o mais perigoso deles e se desse algo errado com ele, todos os outros saberiam...

- Rendemos o Daniel e saímos pela saída da diretoria. Se algo der errado, se alguém se machucar seriamente, abandonem o plano imediatamente e voltem para o refeitório. – terminou Pedro.

- Não vai dar nada errado – assegurou Mandy – vamos tomar cuidado.

*

Eu não dormi direito a noite toda, ficava pensando no nosso plano, não era perfeito e via furos nele, tinha medo que desse algo errado e alguém se machucasse.

No outro dia, percebi que eu não era a única que não havia dormido. Mandy também tinha olheiras.

- Você precisa colocar um corretivo nessas olheiras vêm aqui.

Eu fui até ela e ela pegou o corretivo e começou a passar em mim.

- Isso não tem tanta importância...

Ela virou os olhos e começou a falar que eu devia me valorizar mais. Ela estava falando demais...

- Mandy respira! – disse. Ela estava nervosa e devia ser do tipo daquelas pessoas que quando estão nervosas começam a falar demais.

Nós saímos do quarto e fomos encontrar os meninos. Quando abrimos a porta eles já estavam nos esperando.

- Bom dia! Dormiu bem? – Pedro me perguntou e me deu um selinho. Ele também tinha olheiras.

- Parece que dormi tão bem quanto você. – respondi passando a ponta do polegar ao redor dos seus olhos – Quer o corretivo da Mandy?

- Não. – respondeu sério e pegou minha mão para descermos.

Caminhamos até o refeitório em silêncio. Tínhamos resolvido pôr o plano em prática ao meio – dia. O astral de todos estava tenso, Emerson parecia ser o único que estava empolgado.

- Mal posso esperar pra começarmos – ele dizia enquanto girava a bola nas mãos.

Empolgado demais.

Daniel entrou no refeitório como fazia todos os dias e fez a contagem como sempre. Eu tremi quando o vi, me lembrei que teria que enfrentá-lo novamente mais tarde.

Depois que terminamos o café da manhã, Pedro me disse.

- Quero falar com você. - ele se levantou e me puxou pra ir com ele. – A gente já volta. – disse para os outros.

Nós fomos até o quarto dele. Ele fechou a porta depois que entramos.

- Sara, eu estou com medo de te perder... – ele disse e me abraçou forte.

- Você não vai me perder. Vai dar tudo certo.

- Eu não vou me perdoar se acontecer algo com você...

- Não vai acontecer nada – eu disse olhando em seus olhos – pára com isso.

- E se eu não chegar a tempo, se algo der errado e o Daniel...

- Não vai dar errado, eu sei me cuidar e eu confio em você, sei que você vai fazer de tudo pra conseguir!

- Eu vou te proteger, vou te tirar daqui nem que seja a última coisa que eu faça nessa vida. Eu vou te salvar!

- Vai salvar a mim e a todos nós.

Ele me beijou com vontade e com medo, como se fosse o nosso último beijo, um beijo de despedida.

- Eu te amo, prometo que vou te proteger.

- Eu sei, eu acredito em você. Também te amo!

- Nós vamos salvar essas pessoas, vamos levá-las pra casa sãs e salvas. Ninguém mais vai morrer e esses bandidos vão pagar pelo que fizeram.

- É assim que se fala!

Eu me sentia segura ao lado do Pedro. Sabia que o nosso plano tinha muitas chances de falhar, mas nós tínhamos que fazer algo por essas pessoas. Tínhamos que tentar.

Ficamos algum tempo ali abraçados e quando voltamos ao refeitório já estava na hora de começarmos a agir.

- Vamos pegar nossas coisas Jess. – disse Mandy.

Eric, Ângela e Rosane se levantaram também.

- Nós também precisamos ir. – Ângela disse.

Meu coração estava apertado. Deus ajude que tudo termine bem.

Ângela veio até mim e falou.

- Se cuida amiga!

- Você também Ângela. – respondi.

- Vai dar tudo certo. – Mandy falou.

- Toma cuidado! – pedi.

- Não se preocupe, eu sei me cuidar.

Então eles se afastaram e se foram.

- Sara, você está bem? – Pedro estava segurando meus ombros e eu percebi que estivera distraída.

- Estou. – respondi.

- É melhor nós irmos também Pedro. – avisou Emerson.

- Podem ir, eu já vou. – ele respondeu.

Emerson, Bruno e Miguel foram para o pátio, eu estava sentindo uma dor no peito ao ver os três se afastarem, era um pressentimento ruim e parecia a última vez que os veria. Só Jacson ficou.

- Eu também tenho que ir. – eu disse. Tinha chegado a hora e não dava pra adiar por mais tempo.

Eu me levantei e Pedro me abraçou.

- Volta pra mim tá? – ele disse.

- Eu vou voltar e vou esperar por você.

Eu o beijei de novo, não queria me separar dele. Como é difícil deixar quem amamos sem ter certeza de que nos veremos de novo.

Relutante eu me separei dele.

- Eu vou deixar meu coração com você. Cuida bem dele. - Ele pediu.

- Eu vou cuidar. Volte para buscá-lo.

Eu disse isso e soltei suas mãos que ainda estavam entrelaçadas nas minhas.

- Não se atrase! – pedi.

Eu caminhei para fora do refeitório. Meu peito doía com a nossa separação, eu não queria deixá-lo e lutava bravamente para dar cada passo e ir em frente, para mais perto do perigo e mais longe da proteção que Pedro me dava. Agora eu estava sozinha mais uma vez e enfrentaria o perigo sem saber qual seria o final disso tudo. Nós éramos como um castelo de cartas, onde a queda de um, resultaria na queda de todos os outros. Teríamos que ser exatos em todas as nossas ações, não podíamos falhar, não teríamos outra chance de escapar desse inferno...

Tentei manter o rosto de Jared em minha mente, eu faria isso por ele, para que ninguém mais tivesse que morrer para libertar um traficante. Eu pensava na família dele e na família de todos os outros que haviam morrido, na dor que esses pais estariam sentindo agora. Nos nossos pais, mas nós voltaríamos para casa... ou não.

Virei no último corredor e parei diante da porta da sala da Direção, atrás da qual eu selaria o meu destino e o destino de todo nós.

- O que quer aqui? – o cara que estava fazendo guarda perguntou.

- Preciso falar com o Daniel. – pedi.

- Falar o quê?

- É pessoal, entre ele eu.

- Vou perguntar se ele pode recebê-la.

O cara bateu na porta. Daniel abriu.

- Ela quer falar com você chefe.

Ele me olhou surpreso.

- Posso entrar? – perguntei tentando parecer calma. Foi em vão, dava pra ver que eu estava nervosa porque minha voz falhava.

- Claro.

Ele se afastou para me deixar passar. Agora não tinha mais volta. Eu respirei fundo e entrei.


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