– O diabo não existe. – afirmou convicto.

– Tem tanta certeza assim? – riu novamente – Com um demônio a tua frente não acredita que existe um supremo criador do mal?

– Se o diabo existe, porque não é ele que esta governando a Terra?

– Porque ele esta fodendo a minha mãe. – declarou amarga agora – Lúcifer não quer a dominação do Universo em si, ele quer caos, desgraça e morte, por isso nos libertou, para assistir a destruição da humanidade e a dominação do planeta pelo mal que somos nós.

– Existe mais?

– Mais como nós? – sussurrou como se fosse segredo – Sim, há muitos de nós, não apenas demônios, mas fantasmas e todo tipo de abominação sombria.

– Verdade? – questionou agora receoso de tanto mal.

– Claro que não. – gargalhou assustando-o – Só existem demônios, nada como vampiros ou lobisomens, o inferno foi feito pra nós, não pra mitos folclóricos que viraram modinha atualmente.

– Esta dizendo que existem apenas demônios, nenhum ser pior do que vocês? – perguntou fazendo-a rir ainda mais.

– Pior do que nós? Apenas Lúcifer. – afirmou sorrindo – Não há demônios bonzinhos, muito menos um diabo que tira férias, todos nós somos ruins, até mesmo vocês humanos são, escolheram um caminho a tomar e nós fizemos o mesmo.

– Existem anjos?

– Nós somos mitologia, cada um de nós pertence a uma, grega, egípcia, em nenhuma delas existiu anjos, apesar de ter algo superior que nos trancou no inferno, como somos seres malignos agora não temos esse conhecimento sobre céu, muito menos Deus. – comentou sentando-se em um canto no jardim sendo acompanhada por ele.

– Como foram presos no inferno?

– Ninguém sabe ao certo, uns dizem que foi o próprio Deus, outros que um grande sacrifício de alma foi preciso para isso. – contou pensativa – Creio que seja mais a segunda opção, como nós sabemos, houve um ser que era completamente divino, não Deus ou algo do tipo, mas um humano que se sacrificou pra salvar a todos.

– Jesus?

– Quem?

– Jesus, filho de Deus, se sacrificou por nós. – afirmou decidido.

– Não conheço essa história dos humanos. – disse curiosa – Esse tal Jesus, o que ele era, e o que fazia

– Ele curava os enfermos, ajudava os necessitados e acima de tudo pregava a paz de espírito, a bondade e a fé em Deus.

– Não acho que um humano possa fazer tudo isso, todos pecam, humanos são a prova da sedução do pecado, da luxuria, ganância e do poder. – Lilin sorriu vendo o moreno sério – Acredita mesmo nisso não é? Nesse santo.

– Sim. – respondeu simplesmente.

– Mas me diga, onde esta esse Jesus nesse momento? Por que ele não esta salvando seus tão preciosos humanos? – debochou de forma venenosa.

– É o que me pergunto desde o momento que tudo aconteceu. – declarou derrotado – Acreditar em um Deus que nos abandona na pior hora, só nós humanos mesmo pra acreditar que existe um Deus.

– Acreditar esse é o pecado de vocês. – comentou olhando o céu – Em um momento, quando era divindade não esse monstro de agora, eu acreditava que Lilith era a mais pura de bondade, grande ingenuidade, até deuses caem nessa.

– Esta me dizendo que você foi humana?

– Humana não, divina, fui a um tempo muito antigo uma criatura que não tinha tanto mal dentro de si, uma variação de vocês humanos, ingênuos e fracos de espírito.

– Até sua mãe trair você.

– E eu me tornar isso, ficar presa no inferno, sair do inferno e escravizar você. É essa é a vida. – disse sínica.

– Lilin. – alguém chamou fazendo-os parar.

– O que deseja? – perguntou ao outro demônio.

– Estão lhe convocando para reunião.

– Ora, ora, ora. – riu falsa – Agora se importam com a minha opinião, creio que meu querido papai esteja preocupado comigo como aliada, afinal é melhor manter os amigos perto, e os inimigos mais ainda, não é esse o ditado?

– Estão a sua espera. – afirmou o súdito – Encontraram outro esconderijo dos humanos.

– Ó sim. – sorriu diabolicamente – Isso será interessante, mais almas pra mim, estou precisando de novos recursos e há mais de nós vindo, precisam de cascas.

– Você é um monstro! – rugiu Joseph.

– Adivinhou docinho. – deu-lhe um celinho afastando-se – Cuide desse, deixe-o andar mais um pouco, se tentar fugir faça-o pagar, mas deixe-o vivo.

– Sim senhora.

– Porquinho. – chamou Lilin arrumando o cabelo – Aproveite seu banho de sol, vou fisgar mais almas pra mim, mandarei lembranças a eles por ti.

– Prescott. – gritou Joseph quando ela já estava se afastando.

– Talvez. – avisou lembrando-se do sobrenome.

Lilin escutou todo o plano e decidiu calar-se observando apenas, as tropas estavam se localizando perto do esconderijo, um lugar fechado, antiga escola agora ocupada pelos rebeldes humanos; planejavam atacar ao anoitecer assim pegariam de surpresa, com o líder do ataque explicado todo o desenvolvimento do plano, Abaddon explicou que com os novos humanos um demônio líder teria que fazer a possessão, neste ponto Lilin entrava, o sacrifício e as cascas deveriam ser esvaziadas e deixadas com menor energia ainda, sucessíveis a dominação dos demônios, o ritual seria na madrugada, onde humanos e demônios apreciariam o controle e forma real do inferno.

A ruiva tinha prazer em servir nesse ponto, as almas puras deixavam mais viva a sua magia succubus, o único problema seria o sacrifício, o ato em si de abrir as portas e liberar os demônios para a vinda a terra, com isso ela deveria receber todos na sua casca primeiro, após o banho de sangue, Abaddon iria por em jogo a casca que ocupava agora, um teste mais do que fatal, já que libertando outros demônios ela poderia ficar presa novamente, a ligação com o inferno seria mais forte, por isso eram usados os mais poderosos demônios, só eles aguentariam a pressão e a força exercida pela ligação. Ao concordar ela estaria se jogando no inferno novamente, mas não tinha volta, precisava demonstrar o poder que tinha, ela comandaria os demônios libertados, seria a dona da sua primeira tropa, quanto mais humanos, maior será o seu poder para aqueles que virão para a terra.