Coração Assombrado escrita por Mrs Crowesdell


Capítulo 12
Capítulo 12




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 Todos nós nos entreolhamos em silêncio e a Layla e Vivian pareciam desesperadas por uma resposta

Apesar de que a Vivian parecia mais desesperada do que a Layla.

Nós tínhamos esquecido delas duas ali paradas só prestando atenção na nossa conversa.

Bem, eu tinha me esquecido.

- Eim, gente! Deb!

- Eh... - Eu só consegui ficar olhando para a minha mãe esperando uma resposta.

- O que que tem a Lina? E que papo é esse de “falsa mediadora”, Deborah?!

- O que é mediadora? - Falou Layla buscando um olhar que pudesse responde-la. E acho que ela o achou na minha mãe.

- Bem, uma mediadora é...é o feminino de mediador, que é uma pessoa considerada paranormal por ter a habilidade de ver, falar e tocar os espíritos que estão na Terra e encaminha-los para a luz.

- Ah... - A Layla virou-se para mim, que no caso não estava nem um pouco afim de largar o Luccas. Ficaria abraçada com ele pela eternidade. Se pudesse. - Você é isso, Deb?

- Você, eu e sua mãe, não é, medrosinha? - Dessa vez foi a vez do Luccas falar me surpreendendo com aqueles esmeraldas e um sorriso tímido mas parecendo calmo. Nem consegui reagir com o apelido. Ele tirou o olhar de mim e encarou a Vivian e a Layla que estavam na porta. - Só que a Deborah não é bem uma mediadora. Ela gosta de ignorar os espíritos que vê, por isso que é uma falsa mediadora.

- E por causa disso eu preciso fazer todo o trabalho da minha filha irresponsável e preguiçosa. - Minha mãe adicionou.

- Não se esqueça o medrosa. - Falou Luccas com um sorriso no rosto. EI!. Mas isso acabou quando a Vivian falou:

- Mas e a Lina?! Estou com medo de perguntar, mas vocês... vocês podem vê-la? E-ela realmente está aqui?

- Não aqui aqui. Mas aqui na terra assombrando o Luccas, sim.

- Por isso todos que se aproximam de mim saem machucados... e por isso me achavam louco. Um louco perigoso.

- Então, por que ainda não nos machucou? Digo, eu e Layla?

- Porque antes de vocês chagarem, se aproximarem, tanto faz... ela tinha sumido. - Finalmente entrei na conversa!

- Mas por que ela não te machucou? Vocês andam juntos faz um tempo.

- Por que... na verdade ela já tentou.

- Mas eu a protegi. - Percebi que o Luccas ficou meio abalado por ter me apertado mais no seu abraço. Parecia que não queria me largar nunca. Fiquei feliz por isso! Oque foi? Não devia? Eueim. - E nunca vou deixar que a machuque. - Eu olhei para cima para tentar encontrar o olhar dele e ele me respondeu com um beijo na testa.

- Eh, se isso foi um jeito de me convencer de você ser o namorado da minha filha, pode esquecer.

- Pai!

- Que foi? Ah, além disso, acho que vocês esqueceram mas eu vou lembra-los: o braço da sua mãe, Deborah, está aberto. - Acho que puxei o senso de estraga prazer do meu pai.

- Ah, amor, não se incomode com isso, eu estou bem. - Minha mãe disse isso com um sorriso leve no rosto como se quisesse nos tranquilizar. O que não estava funcionando. - Nem to sentindo mais o braço.

Eh... ter uma mãe estranha pra quê, né?Então tá.

- Então realmente foi a Lina quem fez isso? - Layla

- Uhum.

- É melhor conversarmos depois e irmos para o hospital logo. - Vivian

- Nossa, falou como adulta agora. - Luccas com um sorriso de deboche. Acho que no fundo ele realmente achava que ia acabar tudo bem. Na maioria das vezes parecia tão despreocupado. Tá, né.

- Ii, Luccas, deu pra me zoar agora, é? - Falou Vivian abrindo a porta de atrás do carro para minha mãe e meu pai entrarem.

- Vocês vão? - Perguntou minha mãe no meio da entrada da porta.

- Claro. Queremos ajudar. - Layla

- E estamos preocupadas. Afinal, somos da família! - Vivian.

Ah, é? O Luccas também é então!

- Ok, mas no caminho liguem para seus pais.

- Pode deixar, tia. - Vivian

- Tia não!

- Tá... senhora? - Layla

- Assim me sinto velha. - Minha mão fez cara de choro.

- É porque senhorita é para quem é solteira, e você já é casada, então...

- Tá, gente! Menos papo e mais ação.

Tinha que ser o meu pai. Ai, ai.

Luccas vendo aquele pequeno momento de descontração – por mais estranho que possa parecer – sorriu e me livrou de seus braços pegando na minha mão tentando me puxar em direção ao carro. Mas viu que eu não me mexia parou e me fintou.

- O que foi? - Perguntou ainda segurando minha mão.

- Tive uma ideia.

- Que?!

- Luccas, confia em mim! - Começamos a sussurrar a poucos centímetros do carro e ele apertou mais a minha mão.

- Me fala no caminho, anda. - Virou para frente tentando me puxar de novo, mas viu que eu continuei resistindo e me olhou sério. - Deborah, sua mãe...

- Ela não pode saber! Se ela souber nunca vai deixar!

- No que você está pensando?

- Ei! Anda logo vocês dois! - Gritou Vivian do carro.

- Espera um pouco! - Ela falou algo mas eu voltei a me concentrar no Luccas, portanto não a ouvi. - Luc, você tem alguma foto da Lina?

- Deborah...

- Luc, confia em mim, por favor! Eu confiei em você ontem! - Eu devia ter corado um pouco.

Ele não respondeu por um momento, como se estivesse me analisando. Por ultimo revirou os olhos e segurou minha outra mão, o que me fez sorrir.

- Fala, qual a sua ideia?

Sabia que eu te amo? Então, que tal nós namorarmos?!

- Vamos na sua casa pegar a foto da Lina. Mas antes temos que pegar um livro especial da minha mãe.

- Um livro especial? - Ele arqueou uma das sobrancelhas.

- É. Ou por acaso você tem um livro que ensine a fazer um exorcismo? - Ele se surpreendeu.

- Deborah! Nós não...

- Ei! Tá demorando de mais! - Foi a Layla desta vez.

- Já vamos, porra! - Gritei. Essa não, tinha esquecido!: Nunca tinha falado palavrão na frente dos meus pais! Merda, Merda, Merda! Mas nem dá pra reclamar agora. Na hora nem me liguei nisso. - Por favor Luc.

- Tá, tá. Você é louca

E você gosta né, hehe

- E você é – um amor – um ridículo.

- Medrosa. - Ele me deu um selinho e desta vez deixei que me puxasse.

- Passamos pelo carro, mas o meu pai chamou nossa atenção.

- Ei, onde vocês vão? Luccas, você não ia dirigir? - Luccas largou minha mão e voltou alguns passos até ficar apoiado na janela traseira do carro.

- Desculpa, surgiu um imprevisto lá em casa, não vai dar pra dirigir não. Pode leva-las? - Luccas ainda apoiado na janela balançou as chaves do carro. Meu pai hesitou por uns segundos mas logo cedeu, o que foi inacreditável para mim, por que se fosse eu que tivesse falado ele não deixaria, mas ok... Então ele saiu do banco de trás e deu a volta, bufou e tomou as chaves da mão de Luccas que já estava de pé e sorrindo.

- Tá, mas ó, não estou por perto mas sei de tudo que acontece com a minha filha, eim.

Aham, sabe sim...

- Pode deixar sogrão! - Luccas deu um abraço no meu pai sorri-n-do... Espera aí, sogrão? Sério?! Infartei!

Depois que eles saíram ficamos no mesmo lugar vendo o carro ir, estava até que calma até o Luccas gritar:

- Cuidado com o meu bebe! - Depois disso eu também tive que gritar, afinal...

- Eu esqueci de pedir a chave de casa! E agora?! - Ele pôs as mãos no bolso do casaco

- Ii, relaxa – Então me deu as costas e começou a andar.

- Relaxar?! E como fica o exorcismo?! - Ele parou e vagarosamente foi virando para mim

- Quando você me perguntou se eu tinha um livro de exorcismo, eu te respondi que não?

- ...Não. - Ele sorriu com aquele sorriso de deboche e continuou a andar.

Demorei um pouco para raciocinar, mas quando caí em mim corri para alcança-lo.

Fiquei ao lado dele tentando olhar nos olhos – mais lindos do mundo – surpresa.

- Você tem um livro assim?!

- Não.

- Mas você...!

- Eu não disse nada. Você que me interpretou errado. - Dessa vez fechei a cara e parei na frente dele, o obrigando a parar e me olhar.

- Luccas, como a gente vai exorciza-la?!

- Calma, não precisa ter medo. - Ele ia colocar a mão dele no meu ombro mas eu a rejeitei com um tapa

- Não estou com medo e sim com raiva! - Falei firme, afinal eu realmente estava furiosa. Não sei com quê exatamente, mas estava furiosa.

- Não precisamos desse tal livro.

- Como não?! Ficou louco?! - Ele levantou uma sobrancelha e ameaçou dar mais passo, mas pus as mãos no peito dele. - Desculpa, mas...

- Ei, eu também sou mediador se esqueceu? Não se preocupe, eu sei fazer um exorcismo.

- Sabe?! - Parei de gritar com ele por causa do meu espanto.

- Sei. Você acha mesmo que eu nunca tentei exorcizar a Lina? - Ele deu um riso de deboche.

- Sério, por que não me contou isso?... Podíamos ter acabado com isso mais rápido!

- Sei lá, é perigoso. - Pus as mãos na cintura

- Se é perigoso, por que resolveu fazer isso agora?

- Bem, eu não sei... você não disse para eu confiar em você?

- Ah...

- Esquece. Vamos – Ele passou o braço por baixo do meu e me levou até a casa dele.

Eu nunca tinha ido a casa do Luccas. Era parecida com a minha. Só que mais bonita.

Bem, para chegarmos a porta tínhamos que passar por um jardim com pedras de granito formando um caminho; Logo na entrada você podia ver o sofá com uma mesa atrás com fotos, a tv e a lareira na lateral direita; Na esquerda havia um escritório; Virando o sofá temos a escada que leva para os quartos do outro lado da escada ficava a cosinha-sala de jantar. É que tinha uma bancada de gratino preto separando; Em fim a minha parte favorita: A porta enfrente ao escritório e ao lado da cozinha que levava a uma piscina!

Amei!

Aposto que meu olho brilhou quando ele me levou lá.

- Que linda! - Fiquei me maravilhando enquanto ele se abaixava para ver a temperatura da água, me aproximei dele quando já estava levantando.

- Gosta de água fria, gatinha? - Ô trocadilho infeliz! Ele me perguntou enquanto eu me abaixava para por a mão na água.

- Não muito, mas não está tão... - De repente vi tudo azul e me senti flutuando com a respiração presa. - Seu idiota! Tá frio pra cacete! - Voltei à superfície toda esbaforida e pude ver que ele estava quase morrendo de tanto rir – Acha isso engraçado? Rídículo!

- Me...me...- Ele nem conseguiu continuar a palavra de tano rir. Mas eu sabia que ele ia falar “medrosa”.

- Tá, a graça já acabou, pode me ajudar a subir agora?

- A escada é do outro lado. - Falou limpando as lágrimas

- Tá longe demais... - estiquei a mão para ele e ele esticou a dele para me puxar.

Hehe, toma trouxa!

Quando firmamos nossas mãos botei toda a minha força e o puxei para dentro da piscina.

Ok, realmente tinha graça.

Fiquei rindo dele até ele se erguer e me jogar água. Que eu me engasguei.

- Sua... - Ele limpou a água do rosto e vi um sorriso surgindo – sua medrosa! - e me jogou mais água

- Seu ridículo! - Foi a minha vez de jogar água nele

- Medrosa! - Ele novamente me atacou com a água.

- Ridículo! - Ah, você entendeu que ficamos assim, nessa guerrinha, até ele se aproximar pegar o meu pulso e agarrar minha cintura para me beijar.

Já estávamos agitados por causa da guerrinha d'água então até parece que o beijo ia ser calmo.

Nós nos separamos e encostamos nossas testas.

- Realmente, tá frio pra cacete – nós dois demos risos tímidos

- Não disse? - Demos um selinho e voltamos ao normal.

Não tinha toalha por perto então subimos para o quarto dele para nos enxugar e pegar a foto da Lina.

Preciso dizer que escorreguei nos degraus da escada? Duas vezes?

Ao contrário do meu, o quarto dele era bem organizado.

Que vergonha.

Ele pegou uma caixa de sapatos debaixo da cama enquanto eu enxugava meu cabelo.

- O que é isso? - perguntei

- Uma caixa. - Disse ele enquanto a botava em cima da cama ajoelhando-se.

- Não, jura? - Debochei, ele riu mas respondeu.

- Juro. - Eu revirei os olhos e me aproximei sentando na cama. - São onde guardo minhas lembranças.

- Suas lembranças? - Peguei uma que parecia ser ele pequenino com a mãe e o pai. Won, que coisa mais fofa, devia ter uns 2 anos naquela foto.

- Ele a pegou das minhas mãos e a pôs dentro a caixa em seguida a fechando.

- Viemos aqui para pegar uma foto da Lina não para ver as minha fotos de quando era pequeno. - Ele pôs a caixa novamente debaixo da cama e eu me levantei

- Ah, poxa. Por favor, só umas fotinhos suas, vai!

- Não.

- Por favor!

- Não.

- Tá, vou pedir aos seus pais mesmo.

- Nem pense nisso!

- Já pensei! Há!

- Não vou deixar que eles te deem

- Ii, ta se achando o dono da casa eim. - Ele deu um riso discreto e se aproximou de mim, segurando minha cintura me deu um beijo leve.

- Antes vamos trocar de roupa, ou quer pegar um resfriado? - Ele mordeu o meu nariz

- Ai!

- Ah, para. Nem doeu.

- Não, pô. - Ele deu aquele sorriso de deboche dele me soltando e me dando um ultimo selinho. - Mas Luc, que roupa eu vou colocar? - Corei.

- Ah, pode botar uma blusa minha. - Ele tirou a blusa expondo seu físico e se abaixou abrindo uma gaveta do seu armário.

- Só isso?

- É, pra mim ta bom. Mas se quisesse ficar só de roupas intimas também...

- Luccas! - Ele riu

- Calma, bebê. Quer uma calça minha?

- Po-pode ser. - Eu desviei o o olhar quando percebi que estava vindo na minha direção. Ele levantou minha cabeça pondo sua mão no meu queixo e eu encarei aquele mar verde me perdendo em suas ondas esmeraldas.

- Já disse que amo quando você fica vermelhinha. - Ele começou com um beijo em ritmo normal, mas depois que passou a mão por debaixo do meu braço e agarrou minha cintura, pus meus braços envolta de seu pescoço e o beijo começou a se intensificar.

Com o tempo notei que estávamos andando para atrás e caímos na cama dando um tempo para respirarmos. Ele tirou a mão da minha cintura e segurou firme em uma das minhas coxas onde a puxou para cima colocando na sua cintura.

Separamos nossos rostos por centímetros e sorrindo ele disse:

- Aqui está sua roupa. - Ele se levantou rapidamente, jogou uma blusa azul marinho e uma calça de moletom roxa na minha cara.

Me sentei na cama e fiquei olhando para aquela roupa.

Nossa, que bela combinação de cores.

Nos trocamos ali mesmo no quarto, um de costas para o outro, porque se olhássemos um para o outro seminus era provável que acabemos na cama de novo. E sem pausa. Só que bem que eu acho que ele me espiou um pouquinho...

Quando descemos, nos direcionamos para a sala onde eu o segui até a mesinha atrás do sofá que a havia as fotos da família e uma Bíblia.

Quando olhei para ela me lembrei.

- Luccas. O exorcismo...

- Não se preocupe. Precisamos apenas chama-la aqui – aposto que ela vai vir rapidinho – e disto. - Percebi que tinha pego a Bíblia.

Depois nos dirigimos até a cozinha para pegar os fosforo... o que me deu fome. Já devia ser umas 12h ou mais.

Seguimos para o lado de fora, na piscina.

Perto da porta ele me deu a Bíblia aberta em uma parte que continha um papel aparentemente para marcar a página.

Por que teria um papel marcando a página de exor... I, que legal, tá em latim.

Ele pôs a foto no chão e ficou atrás dela, de lá me explicou que era para recitar a parte que havia marcado com o lápis e depois ele iria segura-la para que eu pudesse ler a segunda parte.

- Espera, por que eu que tenho que ler?

- Você não teria coragem o suficiente para prende-la.

- Cla-claro que teria!

- Aham, tô vendo sua coragem.

- Luc...

- Oi?

- Cuidado. - Ele sorriu tristemente e despejou um beijo na minha testa e voltou para o lugar onde estava. Entre eu e ele estava a foto, a Lina apareceria ali no meio.

Jesus, ajude...!

Ele deu o sinal e eu respirei fundo antes de proclamar o paragrafo.

Comecei.

Mas nada aconteceu.

Li o mesmo paragrafo umas três vezes... nada.

- Por que não está funcionando Luc?

- Você não deve estar lendo direito. - Ele saiu de sua posição e veio até mim.

Depois que tomou a Bíblia da minha mão, olhou bem para o parágrafo e mandou eu ir para onde ele estava anteriormente.

- Que?! Mas você disse que eu não teria coragem!

- E você disse que tinha... - Ele me olhou com uma das sobrancelhas arqueadas

- Argh, seu chato!

- Também te amo. - Disse sorrindo... debochadamente.

. . . E-ele falou?

E-ele disse? Assim?

Não, ele deve estar brincando comigo...

Que maldade!

Fui para onde tinha me mandado ir e então ouvi ele lendo o paragrafo

De repente a foto começa a dar uma aparência de velha e se rasga.

Fiquei assustada.

Mais ainda quando dentre uma fumaça surge a Lina.

Sabia que era para eu segura-la mas na hora eu não tive reação. Estava assustada demais. Não pensava que realmente ia dar certo.

Ela... realmente está aqui.

- Deborah! - Saí do transe quando ouvi o Luccas me gritando.

Olhei para ele e depois olhei para ela atônita, que tinha se virado para mim.

Só me senti sendo empurrada no chão perto da piscina. Quando ela se aproximou de mim notei que ela estava sem a faca, então já não era tão perigosa assim.

Me levantei e a encarei.

- Eu disse para você segura-la! Cadê sua coragem agora?! - Ouvi o Luccas gritando para mim um pouco afastado de mim.

- Vou te mostrar. - Olhei nos olhos dela furiosa – Ninguém te suportava em vida, e não precisamos te suportar morta também. - É, revoltei, e daí?

Agarrei o cabelo molhado dela e quando tentei dar um tapa na cara dela, ela segurou meu pulso mas como nossas forças eram quase do mesmo nível nós duas caímos na piscina.

Eu sabia que se eu tentasse afoga-la não daria certo, mas se ela tentasse me afogar... aí seria um problema.

Como... se mata o que já está morto?!

Só precisava segura-la para que o Luccas pudesse recitar o outro paragrafo de exorcismo.

Mas por que a demora?!

Quando voltei a superfície ainda estávamos brigando mas pude ver que alguém tinha chegado.

Um homem de terno.

M.I.B?

- Pai?! - Luccas

- Sogro?! - Lina disse tão surpresa quanto ele e me largou, saindo da piscina rapidamente. - Sogro!

- O que está acontecendo aqui? - Ele tinha uma voz grossa mas ao mesmo tempo suave. Que nem a do filho. Tinha os olhos cor de mel e o cabelo escuro e era bem alto.

Os olhos do Luccas devem ser da mãe.

- Pa-pai, pensei que você viria mais tarde.

- Ia chegar mais tarde mesmo, mas decidi vir depois que deixei sua mãe na casa da sua vó.

- Da vovó?

- É, ela está doente se esqueceu?

- Na-não. - Luccas falou em um tom triste.

- Mas, Luccas, quem é ela? - Ele apontou para mim que ainda estava na piscina

- Eh... oi. - Disse

Ele não pode ver a Lina, mas ela está tão entretida, parece até que faz parte da conversa.

- Pai, essa é a Deborah... de quem eu falei. - Luccas ficou roseado.

- Oh, olá Deborah. Desculpe aparecer assim na minha própria casa, sabe. E desculpe também nós nos conhecermos assim.

- Tudo bem. – Fiz uma cara de fofinha.

- Ia falar para se sentir em casa, mas já vejo que está bem a vontade.

- Des-desculpe! É que eu caí e... - Que bela primeira impressão. Vi que Lina não gostou muito do fato de eu estar conversando com o seu “sogro” pelo olhar de raiva que me lançou.

- Enfim... vou almoçar. Não quer se trocar – acrescente o de novo por favor. - e vir comer com a gente?

- Antigamente era eu que almoçava com eles... - Disse Lina com o olhar baixo.

De repente me veio uma ideia.

Disse para o Luccas me ajudar a subir da piscina e quando cheguei perto dele disse para que distraísse o seu pai só mais um pouquinho falando sobre a Lina.

- Ficou louca? - Ele sussurrou

- Assim a atenção dela fica presa em vocês e eu vou poder recitar o trecho da Bíblia.

- … Ok.

- Então vocês vem almoçar? - O pai do Luccas perguntou novamente vendo nossa demora e o cochicho, mas o Luccas mandou um ultimato.

- Por que não chama a Lina também?

- Quê? Perdoe meu filho Deborah, não sei como ele ainda pode...

- Não estou louco pai! Você gostava da Lina, não? Falava que ela seria uma ótima esposa.

Certo. Fiquei com raiva, enciumada, quase ri, mas me segurei para não chamar atenção.

Ótimo, estava dando certo.

Ela nem em notava mais. Só prestava atenção na discussão deles.

Peguei a Bíblia e...

Cadê o trecho?!

Me desesperei.

Precisava ser rápida. Sabia que aquela discussão não ia demorar muito e se demorasse muito, ia acabar...

Achei!

Tinha achado o papel que marcava, mas... não tinha nenhum trecho marcado além do já lido.

Quando virei o papel que marcava a página, lá estava o trecho.

Abri um sorriso e comecei a recita-lo.

- Você precisa tacar fogo na foto! - Disse Luccas virando-se para mim interrompendo a discussão.

- Ce-certo!

- “Tacar fogo na foto”? Que foto?! - O Pai dele se virou para nós com uma das sobrancelhas arqueadas.

Corri para o outro lado de Luccas onde estava a foto e a Lina.

Ela me olhou com a mesma cara de raiva que tinha me olhado antes, mas desta vez acertou minha mão que fez a Bíblia voar para junto da foto.

Fiquei tão surpresa que não tive reação e ela me puxou pelo cabelo para baixo que me fez ajoelhar e ela ficou afogando minha cabeça na piscina.

Não dava para ver, mas a cara do pai do Luccas com certeza não deveria ser uma que estaria achando aquela cena normal.

- Sua... Vadia! - Ela disse.

- Put... - Não conseguia nem respirar direito, até que senti ela me puxando para fora. Mas na verdade foi que o Luccas puxou ela e como ela não quis soltar meu cabelo acabou me puxando junto.

- Solta ela, Lina! - Luccas gritou pegando no pulso dela que ainda agarrava meu cabelo.

- Ela queria me exorcizar! Eu disse que a mataria!

- Eu também queria te exorcizar! Por que não me mata também?! - Ele a puxou forte que ela cedeu e largou meu cabelo.

- Mesmo se eu quisesse eu não conseguiria. Eu te amo!

- Ah, já cansei disso! Tchau, vaza! Sai daqui!

- De novo?!

- Pra sempre!

- ...Não! Eu vou continuar. - ela me lançou um olhar determinado... - Eu vou mata-la! - e sumiu.

De novo.


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