Coração Assombrado escrita por Mrs Crowesdell


Capítulo 13
Capítulo 13




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– Isso foi... traumatizante! - Disse sentada no chão.

– Você está bem? - Luccas que também tinha caído no chão, chegou mais perto de mim e me abraçou me dando um beijo na cabeça.

– Luccas... - O pai dele ainda estava ali nos encarando sério. - O que está acontecendo aqui? Exatamente..?

Eu e o Luccas nos encaramos e o que eu pude fazer é sorrir.

Forcadamente, mas sorri.

Dois episódios constrangedores no mesmo dia, um seguido do outro.

Ninguém merece!

Ficamos nos encarando em silêncio sentados na cozinha.

Eu fiquei de cabeça baixa com as mãos entre as pernas, as vezes olhava rapidamente para um dos dois. Estava envergonhada por estar com o pai do Luccas numa situação dessa. E ainda mais vestida com as roupas dele.

Se eu continuar sujando, molhando as roupas dele, vão me achar uma péssima nora.

Ficamos num clima desconfortável até que o pai do Luccas se ajeitou na cadeira e, como um executivo, cruzou as mãos sobre a mesa e disse:

– Bem, sem medo... - Depois que opai dele começou, Luccas me olhou de canto e pareceu tentar segurar um riso. Ele falou mas não emitiu som. Fiz leitura labial e consegui entender “Medrosa”

Aff

– Gente, o que aconteceu lá fora? - O pai de Luccas continuou

– Pai, o que aconteceu foi o que eu sempre te falei mas você nunca creditou. Foi a Lina

– Ah, tinha que ter ela no meio... Por favor, perdoe meu filho, não sei como você não o acha louco.

– Seu filho não é louco, nem nada do tipo. - Peguei a coragem que disse que tinha para segurar a Lina e joguei nele. - Ele é um mediador e eu também.

– Você é o que?!

– Na verdade, pai, ela é uma falsa mediadora. Ela não sabe nada sobre mediar. - Luccas me interrompeu.

– Ei! Eu sei algumas coisas sim, tá?! - disse

– Aham, ok. Em fim, pai... - Luccas desviou de mim e olhou nos olhos do pai. Os dois estavam sérios.

– A Lina, ela... nós estávamos tentando exorciza-la

– Um exorcismo, filho? Sabe como isso é perigoso?!

– Sei sim, mas... eu achei que com a Deborah aqui ia dar certo. Desculpe. - Sério? Tipo, ele estava com a minha mãe e nem assim deu certo. Só pode ter sido mentira.

– Meu filho... um mediador. Isso é sério?

– Seríssimo! - Me intrometi. - Seu filho e eu temos o dom de ver, sentir ouvir os espíritos. Não só nós mas minha mãe também! - Ele se mostrou surpreso quando levantou as sobrancelhas

– É pai. Não sou louco. Eu realmente vejo a Lina. E foi ela que causou todos aqueles acidentes em que eu estava envolvido. Ela até machucou a mãe da Deborah. - O pai dele me olhou e eu confirmei com a cabeça. - Ela, está no hospital agora.

– Mas você se manteve longe do mundo... - o pai dele falava de um modo quase calmo

– Porque não queria que mais alguém se machucasse.

– E está com essa garota por quê, então? - O Luccas me olhou e eu retribuí com um olhar de curiosidade pela sua resposta.

– Porque... ela foi a única que conseguiu me ajudar e me entender e além disso... eu sempre gostei dela a distância. - Ele deu um sorriso tímido – Então, por que eu iria me afastar da garota que sempre estive tentando me aproximar? Tá certo, para proteje-la... mas ela sabe se cuidar. - Ele piscou um olho e eu sorri corada.

– Vocês... me lembram eu e sua mãe, Luccas.

– Sem querer fujir do assunto da Lina, o Luccas é um mediador como você sabe agora, mas se o senhor não é um e nem a mãe dele, né, de quem ele puxou então? - Argumentei

– Boa pergunta.

Liguei para a minha mãe. Ela diisse que só voltaria a noite para casa, então fiquei até mais tarde na casa do Luccas.

Sentados no sofá vendo tv, ele me perguntou se estava frio e me abraçou.

Já devia ser umas 20h, e eu estava quase adormecendo quando meu celular tocou.

Era minha mãe.

Já tinha chegado em casa.

– Deixa que eu te levo lá. Tenho que pegar meu carro de volta mesmo. - Disse ele.

– Certo. Onde minhas roupas estão secando?

– Atrás da geladeira... Deborah. - Ele me segurou pelo pulso quando eu levantei do sofá.

– Oi? - Ele já estava na minha frente.

– Não importa o que aconteça eu vou te proteger, ok? - Ele mexeu numa mecha de cabelo meu a jogando para trás.

– Tudo bem. Você já disse isso. - Nós ficamos nos olhando nos olhos por um bom tempo e depois nos beijamos sem estar ligando se o pai dele ou mais alguém estaria vendo.

Ele passou a mão pela minha cintura e a outra pôs na minha nuca, enquanto eu segurei seus ombros.

Senti um líquido salgado invadir nosso beijo. Quando desatei nossos lábios, notei que não era eu que estava chorando.

– Luccas...?

– Eu te amo, Deborah... - Tcharam!– me... me desculpa. - Ele me apertou mais.

– Desculpa? Desculpa porque?

– Por eu ser assombrado por um louca! - Os olhos verdes esmeralda dele estava cheio de água. Foi a primeira vez que o vi chorando e foi de cortar, estraçalhar, pisotear, martelar o coração.

– Você não tem culpa, Luc. - Peguei a cabeça dele pela nuca e a coloquei no meu ombro. - Eu também te amo.

– Mesmo? - A voz saiu chorosa e abafada mas consegui entender.

– Claro, seu bobo. - Sorri – Não sei como nunca reparou. Bem, eu também não sabia que te amava até um dia aí. Já você... sempre me amou, né? - Por isso ele me conhecia tanto mesmo que pensando que não... sempre esteve de olho em mim.

– Sim – ele levantou a cabeça limpando as lágrimas – e sempre vou te amar. - Ele riu em um tom de deboche. - Não sei o que eu vi em você, sua medrosa.

– Ridículo! - Caímos em um outro beijo.

Um beijo sincero e cheio, cheio de amor.

Nós estávamos com medo de mostrar que nos amávamos mas quando mostramos isso um ao outro, parece que o mundo a nossa volta ficou diferente.

– Deborah...?

– Oi?

– Quer namorar comigo? - Meu coração se encheu de tanta alegria, mas tanta alegria que não consegui conter meu enorme sorriso e respondi um claro e sonoro...:

– Sim! Claro que sim! - Parecia que ele estava me pedindo em casamento.

Pulei no pescoço dele e ele me girou.

Seria té um bom final para um filme se não fosse pelo vaso da mesa de centro que quebrou quando eu bati com o pé enquanto ele me girava.

Ele me levou para casa e não largamos as mãos nem por um minuto. Quando eu fazia menção de tirar as mãos da dele ele as apertava.

Chegamos em casa e como despedida ele me deixou na porta com um beijo. Minha mãe abriu a porta logo depois.

– Mãe! Você está bem?! - Olhei para ela e pela primeira vez Luccas soltou minha mão quanto fui até ela na porta. Ela estava com o braço enfaixado.

– Estou bem. Como eu disse foi só um corte. - Ela deu um sorriso meigo e desviou o olhar de mim para algo atrás de mim. - Ah, olá Luccas. Entre, está frio aí fora. Venha jantar e ficar um pouco...

– Não, muito obrigada, senhora. - Ele respondeu educadamente.

– Senhora? Para você é só Camila, danadinho. - Minha mãe piscou um olho e tive que segurar um riso quando vi a expressão dele. - Tô sabendo de vocês dois. Venha, vamos ter uma conversa. - Minha mãe fez um gesto para que ele entrasse em casa com o braço que estava bom. Ele demorou um pouco para responder pois ainda estava pasmo, mas logo abaixou a cabeça provavelmente envergonhado e veio em nossa direção.

Me controlei para não pegar na mão dele, tadinho. Estava tão nervoso. Sei que ele já tinha se encontrado outras vezes com os meus pais, mas nunca para tal fim.

Que fofo.

E constrangedor.

– Oh, Luccas... o que está fazendo aqui? - Meu pai indagou, sentado no sofá com o jornal aberto, quando mal entramos pela porta e a fechamos.

– Só-só vim trazê-la de volta, senhor. - Luccas ainda respondeu ainda envergonhado.

– ...Ele te fez alguma coisa, filha?

– Pai! - Interrompi o interrogatório de meu pai. - Ele ajudou a vocês a fazerem o exorcismo e ainda acha que ele é capaz de fazer algo comigo?! Ele...

– Qualquer um ajudaria num exorcismo quando se quer se livrar da namorada fantasma. - Meu pai respondeu ríspido.

– Ele tem razão. - Ouvi Luccas dizendo, quase sussurrando, e quando virei para ele e o vi de cabeça baixa.

– Luccas! - o repreendi batendo o pé.

– Enfim, - minha mãe bateu as palmas, tomando a atenção de nós três para ela. - Vocês dois não tinha nada para nos contar?

– Tínhamos? - Eu e o Luccas falamos juntos.

– Olha só! - Minha mãe fez um gesto com a mãe meio... exagerado. Me assustei. - Sempre sonhei que um garoto viesse aqui em casa se ajoelharia e pediria a mão da minha filha em casamento, nós diríamos sim e todo muito ia ser feliz!...Mas como vocês ainda são novos, eu aceito um pedido de namoro. - Nós três ficamos em silêncio por um tempo encarando minha mãe. - Anda gente!

– Mãe, - falei erguendo as sobrancelhas – o que importa é que ele já me pediu em nam...

– Ah! Ele já pediu?! Por que não foi na minha frente?! Tem que ser na minha frente! Eu quero ver! - Okeeeeeey... Espera! Puxei minha mãe para um cantinho e eu vi que meu pai se aproveitou para chegar perto do Luccas, que tremeu na base, e cochichou algo. Sussurrei no ouvido da minha mãe:

– Querida e linda mãe... você está de TPM?

– ... - Ela olhou para cima e começou contar algo nos dedos, em silêncio. - É, estou. Desculpa.

– Tudo bem, só... tenta relaxar.

– Tá.

– E ele não precisa fazer isso né? Quer dizer, olhe para ele, está todo envergonhado.

– Não sei porquê. - Ela empinou o nariz e saiu andando de volta para onde estava. A segui até o braço do sofá e parei ao lado de Luccas.

– Deborah, venha comigo um instante. - Luccas pegou na minha mão de leve e me puxou até o centro da sala... bem enfrente aos meus pais, que estavam sentados no sofá como se esperassem um filme começar no cinema. Faltava só a pipoca.

Cheguei perto do rosto dele e disse, olhando em seus olhos:

– Não precisa fazer isso se não quiser.

– O que eu quero é poder estar com você sempre. E para isso acontecer eu faço qualquer coisa. - Então ele chegou no meu ouvido esquerdo, para que meus pais nem fizessem leitura labial do que me disse. - Eu te amo. - Dei um sorriso e me segurei para não beija-lo naquele momento.

Ele se ajoelhou segurando minha mão e não tirou os olhos dos meus nem por um segundo.

– Bem, eu comprei isso ontem e estava esperando um bom momento para te dar, mas acho que não tem hora melhor que essa. Deborah, eu já te perguntei isso, mas agora é pra valer... - Não chora, não chora, não chora! Ele botou uma das mãos no bolso e quando tirou, abriu a mão e dentro dela estava uma argola prateada. Chorei. - quer namorar comigo? E num futuro próximo, casar comigo?

– Sim... - pausa para sugar o catarro de volta pra dentro do nariz – Claro que sim.

Antes de colocar o anel no meu dedo, ele levantou e me amostrou o que estava escrito dentro: “To share with you all eternity” Dei um abraço bem apertado nele e depois o beijei sem me importar com os meus pais.

– Menos por favor. Ainda estamos aqui

– Ah, deixe os dois, amor! Vem cá! - Minha mãe puxou o rosto do meu pai para um beijo e rimos. Todos nós rimos. Parecíamos uma família feliz e que tudo daria certo.

Só parecia.

Depois de um tempo conversando...vendo fotos constrangedoras minhas, levei Luccas até o gramado para uma despedida. Dei um beijo duradouro nele mas não muito profundo.

– Por que a frase estava em inglês? - Perguntei ainda abraçada a ele.

– Sei lá. Já notou que tudo em inglês fica mais bonito? - Ri.

– Mas você sabe o que estava escrito né?

– Óbvio, foi eu quem mandei fazer.

– Quando você arrumou tempo para isso?

– Logo depois que ficamos.

– Wau, e já sabia que eu ia aceitar? Se eu não dissesse sim?

– Você ia dizer sim. Nem que tivesse que ser obrigada. - Ele me fez cosquinha com o nariz no pescoço e soltei um grito de... pré-riso. - E além do mais, nunca sentiu que nós fomos feitos um para o outro?

– Ô clichê.

– É sério. Tipo, eu sei não foi amor a primeira vista, mas... não sentiu nenhuma ligação extraordinária entre nós no começo? - Fiquei em silêncio por uns segundos só sentindo o prazer de te-lo tão perto de mim.

– É, você tem razão. Por isso foi tão difícil para mim entender que eu te amava. Foi tão rápido...

– Mas tão profundo. - E com isso ele começou a me beijar lentamente, depois fomos mais vorazes. É tão bom sentir os braços fortes dele me apertando, nem toda proximidade do mundo poderia suprimir minha vontade de tê-lo mais perto ainda! Entenderam? Ah! Quando paramos de nos beijar para respirar ele acariciou meu nariz com o dele. - Eu vi essa frase num banner de vidas passadas, ou algo assim, na rua que dizia: Quero mais de uma vida para compartilhar com você toda a eternidade. Aí eu achei que aquela parte combinava conosco.

– E se não ficarmos juntos a eternidade?

– Vamos ficar. - Ele pousou delicadamente a sua testa na minha

– Como tem tanta certeza disso?

– Eu sinto. Não sei explicar, mas por mais clichê que possa parecer, eu realmente sinto que fomos feitos um para o outro; você será minha para sempre e eu serei seu para sempre. Simples assim.

– Simples. - Repeti num deboche. Mas no fim das contas ele tinha razão.

– Preciso ir. Melhor eu desaparecer antes que a Lina resolva aparecer. - É verdade... estava tudo tão bom que tinha me esquecido dela... por onde anda? No purgatório é que não está. Ele me deu um beijo na testa e outro na boca depois largou de mim.

Acompanhei todo o processo de ele ir até o carro, ligar o carro, sair com carro.

Já sinto saudades.


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