Mama Dean escrita por Lady Padackles


Capítulo 19
Saudades de você.




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Matilda enxugou os olhos úmidos assim que se despediu de Dean. O pobre rapaz estava sofrendo demais, mas ela sabia que não poderia ter tomado decisão mais acertada. Um humano nunca conseguiria criar um bebê Bicudin... Isso era fato. A princesa seguiu apressada até o seu quarto. Já estava bastante atrasada para a festa, e precisava se arrumar.

Ao passar perto do antigo quarto do caçador, entretanto, ouviu a pobre Samantha chorando. Pensou em chamar algum dos empregados para ficar com a criança, porém achou arriscado. Se descobrissem que Dinner havia fugido, iriam atrás dele. E o humano ainda não devia estar muito longe dali...

Sem opção, Matilda pegou Samantha no colo e tentou acalmá-la. A pequena chorava de dar dó. Com certeza sentia falta da mãe... Ela precisava fazer a pequena dormir, para aí sim, poder ir ao encontro de seus pais e irmã.

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Horas mais tarde, Samantha ainda chorava. A pobre princesa já havia feito de tudo. Já desistira inclusive de ir à festa, que já devia estar acabando. Dali a pouco tempo teria de encarar a família e explicar para eles o motivo de sua ausência: o desgraçado do Dinner havia fugido, largando o bebê birrento para trás...

O que Matilda não sabia era que o restante da família real Bicudin já estava a par da situação. Afinal encontraram com o jantar de aniversário da caçula, que apareceu ameaçando todos os monstros em sua festinha de confraternização. Os Bicudins ficaram chocados ao descobrir que Dinner era na verdade um caçador. Mafalda estava arrasada. Já chegou em casa chorando e fazendo um grande escarcel.

– O meu jantar fugiuuuu! – Berrava a criatura, encurvando o bico de maneira trágica.

– Calma, minha querida. Nós arranjaremos outro! – consolava a rainha.

Logo chamaram Matilda para indagar sobre a fuga de Dinner, e sua ausência na festa. A princesa então disse só ter reparado que algo estava errado quando ouviu Samantha berrando sozinha no quarto. Por causa disso não pudera sair...

Os empregados foram chamados. Ninguém sabia de nada, deixando a rainha Bicudaça furiosa.

– Faça essa criança calar o bico! – ordenou a gorda monarca. Já bastava ter que ouvir o choro de sua própria filha...

Matilda balançou o pobre bebê com mais força, o que fez com que Samantha chorasse ainda mais alto. A rainha Bicudaça, sem paciência, chamou Maria do Bico e ordenou que mandasse algum empregado levar a criança para algum lugar de onde não pudessem escutá-la.

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Enquanto isso, no quanto de Dean, Sam insistia para que o irmão aceitasse ter Samantha de volta. Ele mesmo se propunha a ir buscar a sobrinha... Não gostava de ver o mais velho sofrendo daquele jeito...

– Dean, eu posso ir até a toca dos Bicudins recuperar a Samanthinha... – falou o caçula, tocando no assunto pela milésima vez. - Eu te ajudo a criar a menina e nós vamos ser uma família feliz! Você não precisa ficar sem ela...

– Não, Sam. Já disse que não! Nós vamos fazer o que é melhor para a Samantha. E o melhor para ela é ser criada por Bicudins...

Do lado de fora do quarto, a vovó prestava atenção ao diálogo, e sentia seu coração doer. Como a família daqueles pobres rapazes doentes mentais podia tê-los abandonados a sua própria sorte? Não falavam coisa com coisa os coitadinhos... Tão bonitos... Uma pena mesmo... A velha já havia avisado as autoridades que Dean finalmente voltara para casa são e salvo, e as buscas haviam por fim sessado. Já haviam investigado a existência de uma criança, mas a hipótese do rapaz ter saído com um bebê de verdade já estava descartado. Ele não era pai, e não havia bebê nenhum sumido por aquelas redondezas... Uma das testemunhas falara de um papagaio. Talvez fosse quem os irmãos chamavam de Samantha...

Hilary suspirou. Ela precisava fazer alguma coisa para ajudar os Winchesters e Castiel, que decididamente não podiam tomar conta de si mesmos. Ela gostava muito dos rapazes... Tinha até então protelado em chamar um psiquiatra, mas começava a pensar agora que eles precisavam sim de algum tipo de medicação... E era para o bem deles que havia decidido ligar para o Dr Dudley.

Dean não gostava do olhar piedoso que Sam lançava em sua direção. Já havia largado o ninho há algum tempo, e engolido as lágrimas. Não queria que soubessem o quanto estava sofrendo... Detestava ser visto como um homem fraco. Manteria as aparências, mesmo estando despedaçado por dentro...

– Por que você não vai dormir? Eu estou cansado e já está tarde... – reclamou.

Sam hesitou.

– Mas você vai ficar bem?

A preocupação do caçula apenas servia para que Dean se sentisse ainda mais irritado. Será que não podia ficar sozinho? Será que o irmão não percebia que falar sobre o assunto apenas o fazia sofrer mais? Dean encarou o irmão, um tanto indignado.

– Eu estou ótimo, Sam. Vou ficar melhor ainda se você me deixar em paz... – grunhiu.

Sem argumentos, o moreno já ia se retirar. Antes que o fizesse, entretanto, foi interrompido por Castiel que adentrou o aposento segurando uma galinha nos braços.

– O que é isso, Cass? – Sam perguntou surpreso.

Dean olhou para ele também, interrogativo.

Sem graça por ser o centro das atenções, Castiel hesitou em falar.

– É um presente para o Dean... – e olhando para o amigo, prosseguiu: - Foi o mais parecido que eu encontrei, Dean... Eu não queria que você ficasse triste. O nome dela é Gertrudes.

Sam não pôde conter uma lágrima. Castiel as vezes agia como uma criança, e aquilo era um tanto comovente... Torceu para que o irmão não fosse grosso demais com o pobre anjo.

– Não parece com ela, Cass... – o caçador respondeu secamente.

Castiel estremeceu. O presente não havia agradado... Para alívio de Sam e de Castiel, entretanto, Dean estendeu os braços e acolheu a ave.

– Pronto. Presente aceito. Agora me deixem dormir...

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Bikelly segurava Samantha com pouca vontade. Detestava quando Maria do Bico inventava de dar-lhe trabalho extra... A verdade é que a jovem Bicudin era muito preguiçosa, e nem tinha muita paciência com crianças. Agora só faltava essa, ser colocada como babá...

– Para de berrar, sua chatinha! – reclamou a criada, já levando a pequena para longe da família real, que discutia um modo de salvar a festa de aniversário de Mafalda.

Bikelly voltou para o quarto do bebê, mas assim como Matilda, não conseguiu acalmar a criança. Os berros de Samantha continuaram ecoando pela toca, e logo Maria do Bico apareceu para reclamar.

– Bikelly, se não consegue fazer a criança se acalmar, vai dar uma volta na floresta com ela. A rainha está furiosa! Não aguenta mais ouvir esse choro...

Mal-humorada, a criatura pegou Samantha e uma mamadeira de sangue e saiu porta a fora arrastando as patas. Que chateação... Os berros do bebê eram mesmo insuportáveis.

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Enquanto isso, não muito longe dali, Larry, o caminhoneiro que havia dado carona para Dean, alarmado, ligava para a polícia.

– Seu policial, eu achei aqui um cartaz dizendo que Dean Winchester está sumido! Ele sumiu de novo?!

O policial respirou fundo. Até já conhecia aquela voz... Larry ligava para ele todas as vezes que se deparava com um dos cartazes que Hilary havia mandado espalhar por aí. Este tinha uma foto do caçador, e dizia:

"Dean Winchester, 34 anos, visto pela última vez nesta floresta. Qualquer informação sobre o paradeiro do rapaz, favor entrar em contato com Hilary Homes." Abaixo vinha o telefone celular da vovó, e o endereço do Bunker.

O policial já estava cansado de tanto explicar para o caminhoneiro que Dean já havia sido encontrado, e estava são e salvo.

– Não. O cartaz é antigo... – respondeu sem paciência. – Você pode despregá-lo, por favor? Assim ajuda a polícia...

Larry sorriu.

– Ah, graças a Deus! Dean é um bom sujeito!

– Que ótimo... E da próxima vez que encontrar um desses cartazes, pode arrancar... – e dizendo isso o homem da lei desligou o telefone, sem esperar resposta.

– Sujeitinho mal-humorado... - Pensou Larry. É lógico que não ia sair por aí arrancado cartazes sem perguntar antes... E se por acaso Dean se perdesse de novo? Não custava nada checar com a polícia...

O caminhoneiro despregou o papel, e, consciente como era, procurou por uma lixeira. Mas ele estava no meio da estrada... O cartaz havia sido pendurado em uma árvore, na entrada da floresta onde Dean havia sido visto por Larry pela última vez, logo antes de seu desaparecimento.

O homem dobrou o cartaz e guardou no bolso. Em seguida sentiu sua bexiga doer e então lembrou-se o porquê de ter saltado do caminhão. Foi andando mata adentro, procurando um lugarzinho reservado para poder se aliviar.

Assim que subiu as calças e já se preparava para voltar, ouviu um barulho familiar. Parecia um choro de criança, mas era diferente. Larry olhou ao seu redor e avistou Bikelly com Samantha nos braços.

O grandalhão arregalou-se. Ora se não era o papagaio de Dean... Não é que a ave estava mesmo visitando a família? Estranho Dean não tê-la levado de volta... Larry lembrava-se vivamente da enorme afeição que o rapaz nutria pelo bicho. O que o caminhoneiro não esperava era que aquela espécie de papagaios fosse tão gigantesca... Ficou boquiaberto com o tamanho de Bikelly.

– Currupaco! Paco! Paco! – Larry Disse encarando a Bicudin nos olhos.


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