Mama Dean escrita por Lady Padackles


Capítulo 18
Uma festinha monstruosa


Notas iniciais do capítulo

Gente, depois de um longo e tenebroso verão... Demorei, mas voltei! Espero que gostem do novo capítulo de Mama Dean!



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No Bunker dos homens das letras, a festa rolava animada. Os convidados eram estranhos, mas Hilary, convencida de se tratar de uma festa a fantasia para pessoas excêntricas, permanecia alegre e simpática com todos.

– Vovó, esse é Boris. Ele é um shape shifter!

– Prazer, querido. Aceita uma empadinha?

Boris pegou várias empadas e enfiou na boca sem educação. Assim eram os monstros em geral... Gulosos e pouco educados. Alguns se contentavam com os quitutes da velha. Outros já começavam a perder a paciência. Queriam algo mais substancial, como carne e sangue.

– Vovó! Sam! – Castiel chamou aflito.

Sam, que conversava animadamente com um zumbi, não gostou de ser interrompido. Vendo a aflição do anjo, entretanto, se desculpou e foi até ele. Hilary também atendeu ao chamado do rapaz.

– O que foi, querido? – perguntou a velha preocupada.

– O Dean... Eu ouvi seu chamado. Ele está precisando de mim...

– Dean?! – Os olhinhos de Sam brilharam. Aquele era o dia ideal para ter seu irmão de volta em casa. Dean veria o quanto ele havia mudando. O quanto estava mais tolerante e menos preconceituoso.

Hilary olhou para o anjo, incrédula.

– Mas você não pode desobedecer seu pai, Castiel... – retrucou ela.

Castiel baixou os olhos. Os chamados do amigo pareciam muito aflitos.

– Eu não posso ignorar os gritos desesperados do Dean, vovó... Ele pode estar em perigo...

– Vai logo, Cass!! Busca o meu irmão!!! Deixa de bobagem!!! – Sam já estava nervoso. Castiel precisava parar de dar ouvidos à vovó e sair dali depressa.

– Obedecer seu pai não é bobagem, Cass... Ele falou para você não sair por aquela porta, lembra?

– Falou? Bem, eu não preciso sair pela porta. Basta eu me desmaterializar daqui mesmo... – respondeu o anjo pensativo. – Assim não estaria desobedecendo, né?

– Bem, sim... Pode se desmaterializar se quiser, Cass... – a vovó respondeu com um risinho lateral que logo se dissipou.

– ARRRRRRRRRRRRRRRRRRRGGGGGHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!!!!

Ouviu-se um grito desesperado e um baque em seguida.

– Vovó, vovó! Sam pegou a pobre velha nos braços e a levou até o quarto. O susto em ver Castiel desaparecer no ar havia sido forte demais para ela.

Enquanto isso, na sala, os monstros especulavam. Alguém atacara a velha? Quem? Não tinha sido uma conduta legal, afinal aquela festa representava uma trégua... Uns começaram a colocar a culpa nos outros gerando uma grande confusão.

Quando Sam voltou para ver seus convidados, estes não estavam mais tão civilizados como quando os deixara. Uns tentavam comer os outros, e alguns já tinham perdido alguns dedos ou um pouco de sangue.

– O que é isso, minha gente!? Por favor, nós somos todos irmãos! – Advertiu o caçador.

– Eu não sou irmão de ninguém e estou faminto! – Indignou-se um bicho papão que se balançava no lustre, fazendo a luz do ambiente falhar e piscar. Vários outros monstrengos concordaram com ele.

– Pois se quiserem ficar aqui, precisarão se comportar. É a regra da casa! Nada de morderem uns aos outros sem permissão. – ralhou o rapaz.

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– Dean, você está bem?

Castiel havia seguido os chamados do amigo e agora encontrava-se com ele, no meio da floresta. Dean não parecia bem. Muito pelo contrário... Parecia péssimo, arrasado...

– Eu quero ir pra casa – anunciou o caçador sem dar nenhuma explicação.

– Onde está Samantha?

O rapaz apertou os olhos e prendeu a respiração.

– Cale a boca, Cass. Me leva pra casa.

– Mal educado... – suspirou o anjo - Tudo bem... Vamos embora. Você não me parece bem, mas a vovó pode cuidar de você...

– Vovó? Que vovó?

Castiel explicou para Dean sobre Hilary.

– Vocês enfiaram uma velha dentro do bunker? E se ela contar para alguém sobre o nosso esconderijo? – Dean estava indignado. - E se algum monstro descobrir onde estamos, hein? Você e Sam são dois irresponsáveis...

Cass enrubesceu envergonhado. Milhares de monstros já sabiam o endereço do bunker... Faziam uma festa lá naquele exato momento.

– Me leva para casa, Cass! – pediu o caçador novamente.

– Dean... Mas... Hmmmm... Você não quer ir comer alguma coisa primeiro?

– Não!

– Sabe Dean... Vou te contar uma história. Era uma vez uma família de carneirinhos. Mamãe carneiro, papai carneiro, e dois filhotinhos: Beto e Brito.

– Castiel, para de palhaçada que meu humor está péssimo. Me leva pra casa logo, por favor!

“Seja o que Deus quiser”, suspirou o anjo.

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Assim que Dean sentiu seus pés se firmarem no chão do bunker, olhou estupefato para a cena surreal que se desenrolava diante de seus olhos. Seres horripilantes de todas as espécies roíam-se uns aos outros, mas pareciam se divertir movendo seus corpos em uma dança macabra. No meio da confusão, Benny, seu grande amigo Benny, dividia um saquinho de sangue com ninguém mais ninguém menos que a rainha Bicudaça. Do outro lado do salão, seu amado irmãozinho Sammy sugava sofregamente o pulso de um demônio qualquer.

– Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh! – Berrou o louro em desespero.

Em um impulso pegou a arma que guardava em um dos armários da sala e pôs-se a disparar tiros para todos os lados.

– Dean! Não faça isso! São meus convidados!!! – Suplicou Sam, indo de encontro ao irmão.

– São monstros, Sammy! Monstros horrorosos que merecem morrer!!

Sam, ajudado por Benny e Castiel, conseguiu segurar o rapaz e tirar-lhe a arma.

– Dean... – Sam olhou tristemente para o irmão que bufava de ódio. – Essa festa é para comemorar o amor universal entre todas as espécies... É para comemorar o fato de eu ter vencido o preconceito e aceitado minha sobrinha de coração aberto... Aliás, onde está ela?

O Winchester mais velho balançou a cabeça atordoado. Amor universal? Como assim? Aqueles monstros bicudos que celebravam sabe-se-lá-o-quê ao lado do seu irmão eram os mesmos que o haviam lubidriado para devorá-lo como banquete... Os culpados por ele ter pedido sua linda criança.

– Sam, nós somos caçadores, e eu odeio monstros! Odeio todos eles!!!! – urrou nervosamente.

Do outro lado do salão ouvia-se um choro lamurioso. Parece que uma certa princesa Bicudin se queixava de que a carne de sua festa de aniversário havia fugido, ou algo do tipo. Poucos prestavam atenção à manha da criatura, entretanto. Dean gritando, esperneando e jurando vingança parecia uma cena bem mais interessante.

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Enquanto isso, Hilary revirava-se na cama febrilmente. O barulho que vinha do quarto perturbava seu sono e finalmente a velha despertou. Lembrou-se de Castiel sumindo do ar e riu sem jeito. Tinha alucinado, com certeza... Era isso que dava uma velha senhora passar o dia todo trabalhando nos preparativos de uma festa. Deveria ter respeitado seus limites... Não tinha mais idade para aquele trabalho todo. Definitivamente não tinha.

– Vovó!!!

A velha sentou-se na cama devagar e viu estupefata quando Sam e Castiel arrastaram um rapaz louro e muito bonito em sua direção.

– Vovó, o Dean está tentando matar os meus convidados... – choramingou Sammy acusatoriamente.

Então aquele rapaz era o tão famoso Dean... O moço irresponsável que largara seu irmão e amigo esquizofrênicos para sair mundo a fora. Agora tentava estragar a festinha do pobre caçula... Logicamente Hilary não imaginou que “matar” significava de fato “matar”.

– Você que é o Dean? Demorou pra voltar para casa, hein? – disse com um certo deboche. – Como assim está tentando matar os convidados do seu irmão, Dean? Sabe, Sammy sentiu muito a sua falta... Muito mesmo! Ele sofreu muito, sabia? Essa festinha é a primeira oportunidade que ele teve de se divertir em todo esse tempo. Por que você está tentando estragar tudo, rapaz? Não tem vergonha não?

– Os convidados do Sam são um bando de monstros assassinos, dona! Precisam morrer! – Respondeu o rapaz enraivecido.

– Acalma ele, vovó! Conta a história dos carneirinhos! – Pediu Castiel com docilidade.

– Não quero nenhuma história, Cass! Me solta – debatia-se o caçador.

– Dean, então você também acredita em monstros? – perguntou a vovó um tanto surpresa.

O louro riu nervosamente. Nunca tivera escolha. Acreditava em monstros desde a mais tenra infância.

– O que você acha? – perguntou sarcástico. – Só um cego negaria a existência de monstros depois de olhar os amáveis convidados da festinha do Sammy...

– E a sua filha? Sam e Castiel me contaram que ela também é um monstro... - a vovó comentou, curiosa para saber o que Dean tinha a dizer sobre o assunto.

– Samantha não é um monstro! - vociferou o louro, indignado. - É só um bebê... Nunca matou ninguém... - suspirou.

– Mas vai matar um dia... – Completou Sam. – E sabe de uma coisa? Se ela precisa de carne humana para sobreviver, quem pode condená-la por isso?

Hilary olhou de um rapaz para outro, estupefata. Dean era tão insano quanto os outros... Como aquele pobre maluco sobrevivera por tanto tempo nas ruas ela não fazia ideia. O coitado estava sujo e parecia faminto.

– Você deve estar com fome, querido... – finalmente disse a velha, tornando-se amável de repente. Buscou um prato de salgadinhos que foram rapidamente devorados pelo caçador. O rapaz não comia nada tão gostoso há dias. Para ele pareciam séculos.

Hilary, vendo o estado lamentável dos três doentes mentais, pediu gentilmente que os convidados se retirassem. Os monstrengos, que já estavam cansados de se comportar bem, saíram sem reclamar e foram a procura de alimentos que pudessem saciá-los de verdade. Mais tarde os jornais noticiaram gigantesca carnificina nos arredores do bunker, mas Hilary, Sam, Dean e Castiel nem chegaram a ficar sabendo.

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Quando Dean finalmente conseguiu se desvencilhar de Castiel, não conseguiu mais encontrar nenhum convidado monstro. Estava frustrado ao estremo, e assim que a adrenalina baixou, apenas uma coisa permaneceu em seus pensamentos: Samantha...

Sam, Castiel e Hilary viram preocupados quando pobre rapaz construiu um ninho para si, e aconchegado no mesmo, chorou como uma criança, agarrado a seu ursinho de pelúcia.


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