Scars Of Love escrita por Simi


Capítulo 67
Capítulo 66


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal! :)
Aqui vai um novo capítulo numa outra perspetiva ;)
Boa leitura! ^_^



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(Petrus)

A expressão no seu rosto… Não me agradava nem um pouco. Mesmo sabendo que ela tinha algo em mente, não conseguia pensar em nada. Pegou nalgumas peças de roupa e meteu-se na casa de banho.

“Se ela não me contou o que está a planejar, é porque sabe que não me vai agradar…” – pensei, ainda a olhar para a porta que se tinha fechado há segundos. Suspirei e levantei-me. Meti as mãos nos bolsos e fui novamente para a cozinha.

— Dª Isabel pode fazer a ligação novamente por favor? – pedi ao encostar-me à porta da cozinha.

— Vamos lá… Mais uma vez… – disse ao pegar no telemóvel.

Esperamos, esperamos… E nada!

“A Isabella não vai gostar disto… Mas eu também não estou a gostar nada da atitude dela… Não me disse nem uma palavra…” – pensei ao ver a mãe de Isabella a fazer uma nova ligação.

A mãe de Isabella abanou a cabeça negativamente. Voltei a suspirar. Pedi licença e fui novamente para o quarto. Isabella estava a prender o cabelo.

— Queres que te faça uma trança? – perguntei, embora não soubesse fazer uma.

— Se a soubesses fazer, até que queria, mas não é preciso, está bem assim. – virou-se após pentear os cabelos uma última vez.

Ela olhava-me, pensativa…

— Dou-te um beijo em troca dos teus pensamentos. – disse eu.

— Ah?! A sério?! A minha cabecinha pensadora só vale isso? – perguntou ela, fingindo-se escandalizada.

— O que é que estás a pensar fazer? – perguntei.

A sua expressão mudou completamente. O seu cenho cerrou-se, tal como os seus punhos. Cruzou os braços e encostou-se à cómoda. Não conseguia decifrar o seu olhar…

— Petrus… Posso só pedir-te para que confies em mim?

Logo percebi. Se ela me estava a pedir aquilo, algo de bom não seria. Mas ela não precisava de pedir.

— Estou admirado por fazeres uma pergunta retórica Isabella…

Ela sorriu abafadamente. Aquela dura expressão desvaneceu-se do seu rosto. Descruzou os braços e caminhou lentamente até a mim. Eu, que estava perto do guarda-roupa, acabei por ser encostado a ele, pela força do seu abraço. Isabella deixou-se estar ali, encostada a mim e abraçando-me. Aquilo cada vez mais me parecia um pedido de desculpas silencioso.

“Sinceramente Isabella! Depois de tudo ainda não consegues fala abertamente comigo?!” – perguntei-lhe mentalmente.

Rodeei-a, finalmente, com os meus braços. Ela, como sempre fazia, aconchegou-se no meu peito. Passados alguns minutos, Isabella soltou-se e sorriu. Cada vez mais me perguntava o porquê daquelas suas ações. Dirigiu-se para a porta e no momento em que ia fecha-la, disse-me:

— Petrus, mal saibas alguma coisa do meu pai, vai ter comigo ao pontão da praia. – dizendo isto, fechou a porta.

Uma ideia absurda, mas que era bem possível, apareceu na minha mente. Procurei rapidamente um calendário.

“Ainda bem…” – suspirei ao pensar. – “Hoje não é noite de Lua Cheia e para além disso ainda estamos a meio da manhã…”

Deitei-me pesadamente sobre a cama e coloquei os braços atrás da cabeça, servindo de almofada. Encarei o teto. Branco. Era como a minha mente estava no momento. Não conseguia pensar, nem sequer imaginar, os pensamentos e planos da pessoa à qual eu estava mais ligado. Sentia-me frustrado por tal. Sentia um enorme aperto no peito, algo me incomodava. Olhei para o lado. Não tinha levado nada. Nem telemóvel, nem chaves, nada. Decidi ligar para Duarte pelo telemóvel de Isabella. Atendeu à terceira chamada.

— Sr. Duarte, porque é que não atendeu antes? Estávamos preocupados. – perguntei mal o pai de Isabella atendeu.

Como deves saber estou numa viagem de trabalho, não posso atender assim a telefonemas despropositados. – ouviu-se, irritado, do outro lado da linha.

“Despropositados?! Mas será que depois de saber dos poderes da própria filha ainda acha que vai ter uma vida normal?! Será que ele não tem noção de que algo pode acontecer-lhe?!” – pensei, revoltado.

Tentei manter a calma. O pai de Isabella já não gostava muito de mim, seria pior se eu lhe falasse bruscamente.

— O senhor tem que vir para casa imediatamente. Só aqui estará a salvo. Depois quando chegar, a sua filha irá explicar-lhe as coisas. – pedi, muito educadamente.

Não posso. Estou a meio de uma negociação muito importante para a empresa, não posso sair daqui! – ficou ainda mais irritado.

— Mas o senhor só por acaso tem a noção do que se está a passar no momento? É importante que fique ao lado da sua filha agora, para sua segurança e dos demais. Os seus negócios são mais importantes do que o sorriso no rosto da sua filha? – “descarreguei” tudo de uma vez.

Ouviu-se silêncio do outro lado da linha.

Não posso voltar. Tenho que ficar aqui pelo menos mais quatro dias.

— Diga-me pelo menos onde se encontra. – pedi.

Estou no Sul de Inglaterra, em Newquay. – respondeu e desligou sem ao menos me deixar dizer mais alguma coisa.

Dei um soco na parede. Ele podia ser pai dela, mas como podia comportar-se assim? Mesmo estando a avisa-lo, fazia ouvidos moucos! Guardei o telemóvel de Isabella no bolso e vesti um casaco de malha. Fui à cozinha avisar a mãe de Isabella e de seguida dirigi-me à praia. Isabella estaria lá, tal como ela disse. Quando lá cheguei, estava sentada mesmo no final do pontão. Tinha soltado os seus cabelos que dançavam ao som da leve brisa. Sentei-me ao seu lado, em silêncio.

— O meu pai… já disse alguma coisa? – perguntou.

— Está em Inglaterra, em Newquay. – respondi.

— Então está no litoral sul… Isso facilita-me as coisas…

— Isabella… – não me deixou terminar.

— Já sei o que vais perguntar. Eu vou usar os Elementos para trazer o meu pai de volta. Ele vai voltar, nem que seja à força! – fiquei estupefacto a olha-la. Como é que ela pretendia usar os Elementos a uma distância tão grande? – Vou arriscar muito… – continuou vendo que eu não dizia nada. – Provavelmente não conseguirei usar os Elementos durante um bom tempo. O gasto de energia vai ser bem considerável, provavelmente ficarei inconsciente, mas tenho que trazê-lo de volta, custe o que custar.

“Mas se ela desmaiar e ficar inconsciente, de que servirá isso se Valéria decidir atacar-nos?!” – pensei, embora não tivesse partilhado com ela tal pensamento.

— Isabella…? Tu podes perder o poder que tens sobre os Elementos, não podes? – perguntei, hesitante.

Ela deve ter ficado surpreendida pela minha rápida dedução, já que a sua expressão facial mudou logo que fiz a pergunta. Ouvi um riso abafado vindo da sua garganta.

— Não digo que os perderei completamente, digamos mais que ficarão “inativos” por um bom tempo. Eu nunca poderei perder o poder que tenho sobre eles, já que este poder ficará sempre impregnado na minha alma, então eles sempre ficarão lá e se eu necessitar do seu uso, poderei sempre contar com eles. – ela sorria, confiante…

Porque é que ela fingia tanto? Porque é que ela sempre fingia estar tão confiante, quando na verdade era ela quem mais temia o fracasso? Mesmo assim, eu confiava nela. Talvez por ama-la? Talvez… Por vezes perguntava-me o porquê de não sermos seres humanos normais, que viveriam uma vida normal. Queria ter uma vida “normal” com ela quando tudo aquilo acabasse.

“Isabella… por favor… Não faças o meu coração dar mais um passo em direção ao precipício… É a única coisa que te peço… por favor…” – pedi, enquanto observava com ela a linha do horizonte…


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Notas finais do capítulo

Até ao próximo capítulo! ^_^



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