(Valéria)

Tinha sido derrotada. Outra vez… Luther não ia ficar nada contente. Todo o meu corpo doía, tinha feridas profundas e já infecionadas devido aos dardos de gelo que Isabella me tinha lançado. Tinha ido parar a um quarto escuro, com a iluminação de uma única vela. Uma das Consortes de Luther apareceu, abrindo uma porta. A minha visão estava desfocada, não conseguia distinguir qual delas é que era.

— Falhaste novamente não foi Valéria? – disse ela com um ar vitorioso.

Senti uma raiva enorme dentro de mim, mas com as dores que tinha pouco me podia manifestar.

— Não tive… culpa… – disse a gemer. – Ela tem poderes que eu não tinha conhecimento…

Riu-se.

— Lorde Luther quer ver-te. Vem! – ordenou ela.

“Mas quem é que ela pensa que é para me dar ordens?” – pensei.

Lá por ser Consorte do Luther, tal não significava que podia mandar em mim! — Eu mal me posso mexer, que fará caminhar!

Ela tirou um pequeno frasco do bolso do seu vestido e entregou-mo.

— Bebe. Vai fazer com que fiques melhor.

Tirei a pequena rolha de cortiça e, com a fraca luz que tinha, consegui ver que o líquido era viscoso, de uma cor avermelhada. Ao bebe-lo, senti todo o meu corpo a ficar quente, as minhas feridas fecharam, as dores diminuíram. Consegui levantar-me, ainda que com dificuldade. Saímos daquele quarto escuro e caminhamos por vários corredores com azulejos e tijoleira branca. Os rodapés eram de talha dourada, com pequenos filigranas. Entramos numa enorme sala, com uma decoração semelhante à dos corredores, à exceção do grande trono e as sete cadeiras que estavam divididas ao lado deste.

— Agnes. – disse Luther com a sua voz calma, tão calma que irritava.

— Meu Lorde. – fez uma vénia.

Não me dei ao trabalho de fazer uma vénia. Embora fosse ele quem mandasse em mim, ele tinha feito com que eu falhasse, não me tinha dito tudo.

— Então falhaste outra vez Valéria? – disse ele ao semicerrar aqueles olhos verdes.

— Falhei, mas nem tudo foi culpa minha.

Todas as sete Consortes soltaram um suspiro de admiração. Eram umas fingidas!

— O que dizes? – Agnes continuava ao meu lado e aproveitou-se para me esbofetear.

Eu ia retribuir, mas não podia descer ao nível dela.

— Agnes pára! – ordenou Luther.

— Mas meu Lorde…

— Cala-te! – ficou cabisbaixa. – Valéria que queres dizer com isso?

— Se me tivesse dado informações suficientes sobre as capacidades da Isabella, eu podia tê-la derrotado. Eu fiquei surpresa com as suas novas capacidades. – o meu tom de voz era frio.

— Eu sabia que ela tinha capacidades novas. Eu queria que tu soubesses do que ela era capaz, para que, quando se reencontrarem, estares preparada e ires treinando para a conseguires enfrentar.

“Era escusado ter feito isso” – pensei.

— Podes retirar-te.

Fiz uma vénia e dirigi-me para o exterior do palácio. Era sempre assim, descartava sempre as pessoas.

“Como é que eu vou enfrenta-la?” – questionei-me.

Ela controlava os Quatro Elementos, era uma Anciã Musical e eu era só uma Red Voice por “empréstimo”! Nem tinha nascido como tal!

“Da próxima vez que eu me encontrar com a Isabella, ela vai morrer…” – pensei.