Gina bateu na porta de entrada da casa e esperou por poucos segundos na rua gelada antes de bater impaciente outra vez.

– Harry! Dá para abrir logo? Eu estou congelando aqui fora! – Ela gritou aproximando o rosto da madeira.

Poucos segundos depois Harry apareceu na porta, abriu-a apenas o suficiente para colocar a cabeça para fora e falar:

– Er... estou com um problema aqui. Volta amanha.

Ele fechou-a rapidamente deixando Gina boquiaberta do lado de fora. Ela esmurrou a porta depois disso.

– Harry James Potter! Abre isso agora!

Houve apenas silencio como resposta do lado de dentro.

– Eu vou matar você. – Ela disse entre os dentes. – Alohomora!

A porta se abriu com um estrondo, Gina entrou a passos largos pelo corredor e encontrou Harry na sala, sentado no chão segurando Ted em pé sobre suas pernas e olhando atentamente para o menino de pouco mais de um ano e cabelos verdes no momento. Harry se assustou ao ver a noiva entrando extremamente brava na sua sala e Ted riu e estendeu as mãos para ela, que sorriu para o bebê e o pegou no colo, beijando as bochechas dele.

– Pode me dizer o que é que está acontecendo aqui, Potter? – Ela perguntou severamente.

– Hum... nada...

– Porque não me deixou entrar?

– Mas você está aqui dentro.

– Potter, eu ainda estou com a varinha na mão e acho que sou mais do que capaz de lançar uma azaração em você mesmo com Ted no colo.

– Não é nada... Você já está indo embora?

– Sim, mas só depois de matar você e sair rápido daqui para esconder seu corpo. Qual o problema?

– Que problema?

– Você quer mesmo passar a noite inteira assim?

– Tem razão, isso deve ser cansativo para você. Vai para A Toca. Amanhã a gente conversa.

Gina apenas olhou para ele, como se pudesse mata-lo fazendo sentir muita dor, apenas com o olhar.

– Ted engoliu uma moeda. – Harry disse em voz baixa.

– Você deixou o Ted engolir uma moeda?! – Ela perguntou em voz alta e brava.

– Eu não deixei! – Harry protestou. – Mas ele engoliu mesmo assim.

– Harry! – Ela falou se largando no sofá, colocando Ted sentado no colo dela e abrindo a boca do menino tentando ver alguma coisa.

– Não está na boca dele, Gina. Não adianta procurar. Ele já engoliu.

– Como você deixou ele fazer isso, seu idiota?

– Já disse que não deixei! Mas você sabe que ele coloca tudo o que ele vê na boca!

– Eu vou matar você! – Ela exclamou, ainda olhando dentro da boca de Teddy, agora usando a luz na ponta da varinha para ver melhor. – Andromeda vai matar você! Minha mãe vai matar você! Hermione vai matar você! Fleur vai...!

– Ok. Já entendi.

– Quanto ele engoliu? – Gina indagou virando repentinamente a cabeça para Harry e apagando a varinha.

– Um galeão. – Ele respondeu olhando para baixou e chutando repetidamente a ponta do tapete.

– Um galeão, Harry! Você sabe o tamanho dessa moeda? É enorme!

– Não é tão grande assim. – Harry resmungou.

– E o que você fez?

– Bom, para falar a verdade, não... não fiz muita coisa. – Ele respondeu, fazendo Gina arregalar ainda mais os olhos. – Eu não sei o que eu tenho que fazer! Pensei em um feitiço convocatório. Me dá ele aqui, deixa eu tentar.

– Ah, claro! – Gina falou irônica, apertando Teddy nos braços. - Só lançar um Accio nele e tudo fica bem! Claro que tem o risco de metade do estomago dele vir junto, mas tudo bem! É uma ótima ideia!

– Gina, o estomago dele não vai sair junto com a moeda.

– A moeda pode ficar presa na garganta dele, pode sair direto da barriga dele, cortando tudo no caminho para fora! Accio – Ela balançou a cabeça. – Ótima ideia, Eleito!

A ruiva se levantou nervosa e subiu as escadas rapidamente.

– Aonde você vai? – Harry gritou do pé da escada.

– Tirar ele de perto de você antes que você faça ele engolir uma goles! – A voz dela veio meio abafada do andar de cima.

Harry subiu atrás de Gina, a encontrou no quarto dele, Ted deitado na cama enquanto ela mexia na bolsa que Andromeda sempre preparava para ele quando o garoto ficava na casa do padrinho.

– O que você vai fazer?

– Trocar a fralda dele e você vai ver se tem algum presente no meio. Pense nisso como uma caça ao tesouro.

– O que? Não! Gina ele engoliu a moeda há pouco mais de uma hora, não deu tempo de sair ainda!

– Ele engoliu a moeda há mais de uma hora e você ainda não fez nada? – Ela virou repentinamente para ele.

– Eu... não... não é isso... eu... o que você queria que eu fizesse?

– Alguma coisa!

– Ele vai ficar bem. – Harry disse depois de algum tempo, intimamente desejando que isso fosse verdade, enquanto Gina terminava de trocar a fralda de Teddy.

– Se você estiver errado eu mato você. – Ela retrucou e estendeu o braço, entregando a fralda usada do garoto para Harry. – Vai ver se acha alguma coisa. E não se atreva a usar Accio. A moeda ainda pode estar dentro do Ted.

Harry fez careta para a falda, mas vendo o olhar severo de Gina, pegou-a e saiu do quarto.

– Está com dor em algum lugar, Teddie? – Gina perguntou sentando o menino na cama e deitando do lado dele, se apoiando no cotovelo.

O garoto ficou apenas olhando-a e sorrindo.

– Tem algum dodói em você?

Ele bateu palmas e se deitou perto dela, acomodando-se encolhido bem junto ao corpo de Gina, segurando-a firmemente com uma das mãos e colocando a outra na boca.

– Acho que não. – Gina sorriu e tirou a mão dele da boca. – Você parece feliz. Não estaria feliz se estivesse com dor, não é?

Ted bocejou, se aproximou ainda mais de Gina e fechou os olhos, fazendo-a sorrir enquanto mexia no cabelo fortemente colorido de roxo dele.

– Seu padrinho é um idiota, sabia? – Ela conversou com ele, falando em voz baixa, para que ele dormisse. – Nem sabe que não pode largar coisas pequenas espalhadas por ai quando tem um bebê na casa.

– O galeão estava perdido no meio do sofá. – Harry respondeu. Ele estava na porta observando os dois e sorrindo.

– Ah, me desculpa se você tem tanto dinheiro que nem percebe que perdeu um galeão no meio do sofá. – Gina disse segurando o riso, sem saber ao certo porque queria rir. – Achou alguma coisa na fralda dele?

– Não. – Ele fez um careta. – E você me lembrou do Ron agora.

Gina sorriu e estendeu a mão para que Harry viesse até ela. O moreno se sentou na cama, deixando Ted no meio dos dois.

– Se você não encontrar nada na fralda dele até amanha acho melhor levar ele no hospital.

– Só porque ele engoliu uma moeda?

– Harry...

– Ok. Tudo bem. Nós levamos ele. Mas vai ficar tudo bem.

Eles ficaram em silencio, não souberam exatamente por quanto tempo, mas foi tempo suficiente para que Ted dormisse. Harry o pegou com cuidado da cama para o levar para o quarto ao lado, onde ficava o berço dele, mas Gina o impediu antes que ele passasse pela porta.

– Melhor deixar ele aqui. Só... só caso aconteça alguma coisa.

– Ele vai ficar bem, Gina.

– Eu acho que sim, mas não custa deixar ele aqui.

Harry concordou com a cabeça e trouxe o menininho de volta para a cama, Gina se sentou, apoiada na cabeceira e o pegou no colo.

– Eu não saí de perto dele nem dois minutos. – Harry começou. – Fui até a cozinha pegar agua enquanto ele estava no tapete com os brinquedos dele. Quando voltei ele estava em pé se segurando no sofá e com a moeda na boca, corri para tirar dele, mas ele engoliu antes disso. E eu realmente não sabia o que fazer.

– Acho que o Ron engoliu uma moeda uma vez. – Gina falou, assumindo um ar meio pensativo. – Harry! Se o Ted crescer e ficar igual o Ron eu juro que nunca vou te perdoar!

Harry riu e se sentou do lado dela, passando o braço por cima de seus ombros e fazendo carinho no pé descalço de Ted.

– Ele parece com a Tonks, não parecesse? – Gina perguntou em voz baixa, acariciando o cabelo azul de Ted.

– Gina, a cada minuto ele parece com alguém diferente.

– Eu sei. – Gina riu. – Mas ele me lembra a Tonks.

– Claro! Ele está mudando a cada segundo!

– Você sabe do que estou falando. – Ela disse virando o rosto para Harry.

– É, ele parece com ela. – Harry concordou depois de alguns segundos olhando para o menino nos braços da namorada. – Mas alguma coisa nele me lembra do Lupin.

– Tem razão. Mas não sei o que exatamente. – Gina respondeu, estreitando um pouco os olhos castanhos enquanto analisava Ted. – Sabe de uma coisa?

– O que?

– Eles fizeram uma boa escolha te escolhendo como padrinho. – Ela se voltou sorrindo para Harry, que sorriu para ela também. – E considere isso um grande elogio meu, porque você acabou de deixar o filho deles engolir um galeão.