Dean olhou para baixo, evitando contato visual com Brian. Não teve, entretanto, como fugir quando o rapaz lhe dirigiu a palavra.

– Dean, eu queria falar com você... – a voz de Brian soou séria, porém mansa. Dean estremeceu, mas não teve como recusar o pedido.

– Claro... – respondeu o louro, já se levantando da mesa.

Sam foi logo se empertigando. O que quer que aquele garoto quisesse falar com Dean, poderia dizer na sua frente... Fez menção de se levantar também. Vendo o movimento do namorado, entretanto, Dean logo gesticulou para que ele permanecesse sentado. Brian era um assunto que ele precisava resolver. Eram amigos, ou pelo menos o eram até pouco tempo... Precisava ter aquela conversa em particular com ele.

Sam, apesar de insatisfeito, respeitou a vontade do louro. Mas ai de Brian se fizesse qualquer coisa contra o seu lindinho...

Brian então conduziu o colega mais jovem em silêncio para um canto do salão, de onde não podiam ser ouvidos. Dean, trêmulo, mal conseguia encará-lo. Havia agido de maneira inconsequente, fugido da escola, faltado o jogo de sábado, e ainda contado que era gay... Preparava-se para ouvir as palavras duras de um ex-amigo que agora o detestava.

– Dean... Estou feliz de te ver de volta à escola... Eu fiquei tão preocupado... – Brian disse por fim.

Dean nem pôde acreditar. Preocupado? Como assim? O louro olhou incrédulo para o colega.

– Sabe, eu achei que você fosse voltar logo... Nem contei pra ninguém que tinha fugido... Mas depois que você passou a primeira noite na rua, eu me senti foi culpado... Culpado por não ter te impedido de sair... Nem contado pra ninguém enquanto era tempo de te alcançar...

– Não foi culpa sua... – Dean agora era quem se sentia culpado por ter julgado tão mal seu amigo. Era seu velho amigo de sempre... E Brian era uma boa pessoa. – Obrigado por não ter contado pra ninguém... – completou.

– Cara, mas vocês demoraram demais... Eu estava rezando para tão ter acontecido nada contigo. O mundo lá fora é perigoso... Você não pode fazer mais isso!

Dean corou.

– Eu não vou fazer de novo... – Disse sem graça. – Você não está bravo comigo?

– Não... Bravo não... Mas o treinador ficou... Por você ter perdido o jogo de sábado. Você fez falta, Dean... Nós perdemos o jogo por pouco...

– Ahhh, sinto muito, Brian... – o menino ficou chateado. Gostaria de ter podido ajudar o time...

– Bem, então... Eu te chamei aqui porque queria conversar com Kurt a seu respeito... Eu queria que você continuasse no time. Acho que você podia pedir desculpas para ele... Eu sei que você é tímido, mas eu posso ir com você... Eu te ajudo na conversa...

Dean sorriu. Nem de longe imaginou que Brian fosse ser tão gentil com ele... É claro que o louro estava disposto a pedir desculpas e continuar no time, tendo o capitão ainda como seu grande amigo. Combinaram de se encontrar depois da aula para procurar o treinador.

Dean já ia se despedindo quando o amigo finalmente tomou coragem para tocar em outro assunto que o incomodava.

– Sabe, Dean, eu não contei pra ninguém sobre aquela outra coisa que você me falou...

Brian falava de sua homossexualidade? Dean olhou para o colega interrogativo.

– Você sabe... Aquele lance lá com o Sam Winchester...

O louro sentiu-se ruborizar.

– Que bom, Brian. Obrigado... – respondeu baixinho.

Brian pareceu hesitar, mas voltou a dirigir-se ao mais jovem.

– Dean, por que não se afasta desse menino? Ele não está sendo nada bom para você...

– Ah não, Brian... A fuga foi por uma ótima causa... Depois eu te conto com calma, e você vai entender... E o Sam é uma boa pessoa! Você é que ainda não o conhece direito...

Brian olhou para o amigo pensativo. Queria muito se fazer entender.

– Eu sei... Você gosta dele, eu entendo... Está confuso... E esse colégio só tem garotos... Mas sabe, você ainda é tão novo... Pode voltar atrás, conhecer uma garota, se apaixonar por ela, constituir família... Você sabe... Fazer o que é certo aos olhos de Deus.

Ahh não... Aquele lance homofóbico religioso de novo não... Dean respirou fundo. Brian estava falando de maneira educada, e ele precisava responder da mesma forma.

– Olha, eu sei que você é meu amigo e só quer o meu bem... Mas eu amo o Sam. É com ele que quero passar o resto da minha vida...

– Dean, você só tem 16 anos... – suspirou o moreno.

– Eu sei disso... Não estou dizendo que vou me casar com o Sam... Eu não sei do futuro... Eu só sei que hoje eu só consigo pensar em ficar ao lado dele...

Brian olhou para Dean de maneira preocupada, como se precisasse pensar em uma maneira de salvá-lo da perdição.

– Dean, Deus criou o homem e a mulher... Homem com homem não pode... É errado.

Como poderia ser errado? Impossível um sentimento tão maravilhoso não ser válido aos olhos de Deus... Dean apensar esboçou um sorriso, não adiantava discutir.

– Vou pensar sobre isso... – mentiu.

Brian sorriu para ele. Por enquanto isso já era o suficiente. Precisava colocar algum juízo na cabeça do jovem amigo.

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– Então ele não ficou bravo com você? – Perguntou Sam, após Dean ter lhe contado da conversa com Brian. O menino tentou disfarçar o desapontamento, e forçou um sorriso. – Que bom... – completou.

Maldito Scrotto... Se fazendo de bonzinho... A verdade é que Sam, assim como Dean, achava que Brian cortaria relações com o louro depois da conversa que tiveram logo antes da fuga. Para Sam, ver seu namorado afastado de Brian e do time de basquete parecia uma ótima ideia. Era impossível para o moreno não sentir ciúmes de todo o tempo e energia que o seu amor gastava treinando ao lado do amigo mais velho.

Dean, é claro, não contou sobre a última parte da conversa. Não queria que Sam ficasse de implicância com Brian... Ele mesmo não gostava do amigo ser tão intolerante quanto à sua opção sexual, entretanto podia viver com isso. Estava aliviado por ter deixado as coisas claras agora. Só de não precisar fingir ser quem não era já era uma grande vitória.

Após o final das aulas, assim como combinado, Dean e Brian foram procurar o treinador Kurt Harris. O louro estava nervoso. Era tímido e não tinha muito jeito com as palavras... Ter Brian ao seu lado com certeza deu-lhe confiança, e com a ajuda do amigo conseguiu falar com o homem. Kurt era durão e gostava de disciplina, mas precisava do talento de Dean no time. Depois de uma conversa quase tranquila, aceitou-o de volta.

– Esteja na quadra amanhã as 7h! – Anunciou o homem por fim. Dean concordou com a cabeça. Sabia que treinamento andava mais pesado depois da derrota.

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Horas mais tarde...

– Toc Toc Toc.

Dean levantou-se da cama e encaminhou-se para a porta. Quem estaria batendo àquela hora da noite? Sam, claro...

– Sammy, aconteceu alguma coisa? – perguntou o louro surpreso.

Sam sorriu exibindo duas covinhas um tanto safadas...

– Aconteceu que eu quero você, e nós não estamos mais sob o teto do seu pai... – disse o menino de maneira provocante.

Dean sorriu e deixou que o namorado entrasse. Olhou o relógio. Já passavam das 11h.

Como o namorado conseguia passar pelo segurança tão facilmente? Com certeza Clark ou Garth haviam distraído o Seu Paolo para ajudá-lo. Dean achou melhor nem perguntar. É claro que ele gostava de estar junto de seu amado. Ao mesmo tempo precisava de uma boa noite de sono para não fazer feio no treino do dia seguinte.

– Deita aqui comigo... – convidou o louro. – Não posso dormir tarde, você sabe... Eu tenho treino amanhã cedo...

Sam sabia. Maldito treino... Sua intenção não era privar seu namorado de dormir, mas ele merecia um pouco de atenção também...

– Eu queria fazer amor com você... – o menino disse então, muito direto, olhando nos olhos do namorado. Em seguida encostou seus lábios nos de Dean.

O louro sentiu seu coração disparar... Fazer amor? Assim? De repente? Ele queria também, mas precisava se preparar psicologicamente. Não estava pronto para isso ainda...

– Eu também quero, Sammy... Mas hoje? Vamos ficar só nos curtindo...

Por que? Por que Dean estava sempre adiando? Não gostava dele de verdade? Será que o louro não tinha certeza dos seus sentimentos? Sam afastou-se do namorado instintivamente e baixou os olhos.

– Você que sabe... – respondeu. Sua voz soou um tanto ríspida e a mágoa que sentia não passou despercebida. Dean estremeceu. Não queria passar uma impressão errada.

– Sammy... – o menino disse, acariciando os cabelos macios do moreno – Eu quero que a nossa primeira vez seja especial... Apesar de estar ansioso por fazer amor com você, eu não quero que seja feito com pressa. Vamos planejar melhor...

Sam pareceu entender. Olhou o namorado e sorriu. Claro... Como pudera ser tão insensível? Dean era artístico, romântico... Se era algo especial que o seu amado queria, ele estava pronto para planejar tudo com muito amor. Iria fazer a primeira vez de Dean, e a dele mesmo, inesquecível.

– Claro, meu amor, você tem razão... – Disse o moreno por fim, envolvendo o namorado em um abraço caloroso. – É que eu tenho tanta vontade, que mal consigo me controlar... Você é a coisa mais deliciosa que eu já vi...

Dean corou e chegou seu corpo mais perto do de Sam. O moreno também era a coisa mais deliciosa que ele já vira, sem sombra de dúvida...

Se beijaram e se aconchegaram um no outro. Dean não custou a adormecer. Sam ainda observou seu amado por algum tempo. Precisava planejar uma linda e romântica noite de amor... Mas onde? O moreno pensou um pouco. Na praia, claro... Dariam um jeito de fugir, e Dean teria ao seu lado o momento mais mágico e romântico que uma pessoa poderia desejar.

– Nós vamos ser felizes, Dean... Por mim, por você, por Tristan e por Ross. – o moreno sussurrou baixinho. Dean se remexeu como um gatinho na cama e ganhou mais um doce beijinho de boa noite.