– Carolina... Carolina! - repetiu para si mesmo, testando a pronúncia- Você vai ser minha filha a partir de hoje! – disse olhando para seus olhinhos verdes, que brilhavam.

=========================================================================

Depois desse encontro, Carlos Daniel não conseguiu mais desgrudar de Carolina. Todos no orfanato ficaram surpresos, tamanha a conexão que existia entre ele a menina. Porém, conforme Vovó Piedade havia alertado, o processo de adoção da criança não foi nada fácil, pois acabou aparecendo um casal interessado nela, e então as coisas tornaram-se mais difíceis.

Enquanto lutava na justiça, Carlos Daniel conseguiu permissão para levar a "futura filha" até sua casa nos fins de semana. Todos se encantaram rapidamente com Carolina e a sentiam como mais uma da família. Aos poucos a alegria começava a voltar à Casa Bracho.

Após mais longos dois meses, finalmente a adoção concretizou-se, para a felicidade de todos, principalmente do pai, que a cada dia percebia mais naquele doce olhar infantil algo que outrora havia percebido em outra pessoa, só não conseguia saber exatamente em quem.

Depois dessa dura fase, Carlos Daniel achou que poderia esquecer com o tempo aquela que ele considerava uma assassina e começar tranquilamente uma nova vida, junto da sua família e de seus agora três filhos. No entanto, uma jogada do destino estava prestes a mostrar-lhe que nem tudo é perfeito.

===========================================================================

Em algum lugar no México:

– Ai que tédio, não aguento mais ficar com esse idiota. Preciso me divertir com o dinheiro que ganhei do babaca do Carlos Daniel, e quem sabe ganhar muito mais de outros babacas! - pensou Paola em voz alta, enquanto desfrutava de seu inseparável cigarro

– Disse alguma coisa, amorzinho? - respondeu seu cúmplice, em tom irônico

– Nada não, querido. É que o tédio faz minha mente maquiavélica aflorar! – afirmou soltando uma gargalhada

– O que quer dizer com isso?

– Que está na hora de voltar, ou melhor, de voltarmos a infernizar os Brachos.

– Já tem algum plano bolado?

– Paola Bracho SEMPRE tem um plano, queridinho. - disse enquanto acariciava o rosto dele e sorria falsamente

– Então me conte, quem será o alvo da vez?

Os dois ficaram em silêncio por alguns instantes.

*Mal sabe ele que esse plano vai arruiná-lo mais que aos brachos, farei com que descubram seus "pequenos" crimes e então vai parar na cadeia e me deixar livre de vez!* pensava Paola, enquanto lançava a seu cúmplice um olhar misterioso

* Ai Paola, pensa que não sei o que planeja? Mal sabe que tenho provas que podem te destruir quando eu quiser, você está nas minhas mãos e nem imagina...* pensou ele, devolvendo-lhe o mesmo olhar de mistério

– E então? Conte-me querida! - voltou a pedir, quebrando aquele silêncio

E Paola assim o fez, sem imaginar que esse plano acabaria por levar não só o seu cúmplice a ruína, mas também a ela mesma.

================ Casa Bracho==================

– O-o que faz por aqui? - perguntou Adelina, surpresa ao atender a porta

– Vim visitar a Estephanie! Ela está?

– Não sei dizer, espere aqui na sala de visitas, já volto. - disse o guiando até o local e em seguida saindo em direção ao escritório

Adelina achou que deveria consultar Carlos Daniel, e assim o fez.

– Senhor Carlos Daniel, tem alguém que quer visitar a Senhora Estephanie! – disse cautelosa

– Quem é? - perguntou a olhando com curiosidade

– O Senhor Willy!

– O que esse idiota faz aqui? Ele fez muito mal à Estephanie, e ainda a abandonou pela Leda. – disse com raiva

– Não sei, mas disse que deseja vê-la. O deixei esperando na sala de visitas.

– Está bem Adelina, eu mesmo vou recebê-lo. Obrigado por avisar, pode se retirar.

Carlos Daniel não demorou a ir até a sala de visitas. Mas antes de entrar lá, ouviu uma ligação pra lá de suspeita.

– Acabei de chegar aqui, tudo nos conformes!

Carlos Daniel continou parado na porta, ouvindo desconfiado

– Paola, não se preocupe, vou fazer como o combinado, sabe que eu não falho.

Ao ouvir o nome "Paola", o coração de Carlos Daniel lhe dizia que só podia tratar-se de sua ex esposa. E por instinto, resolveu investigar melhor essa história, que com certeza não era coisa boa.

– Olá Willy, o que deseja? - disse entrando na sala, fazendo com que Willy interrompesse a ligação

E assim os dois conversaram algum tempo. Willy fingiu-se de arrependido, dizendo que gostaria de ter uma nova chance com Estephanie, e Carlos Daniel fingiu que acreditou.

– Você veio de carro? - perguntou Carlos Daniel na primeira oportunidade que surgiu

– Não, vim de táxi. Por quê? - disse estranhando a pergunta

Carlos Daniel agradeceu mentalmente por isso, já que lhe faciliaria as coisas.

– Tenho uma proposta de trabalho a lhe fazer, se quiser te levo em casa e conversamos melhor! - afirmou Carlos Daniel

Willy, acreditando que poderia realmente se beneficiar financeiramente com isso, aceitou. E assim, chegando lá, Carlos Daniel colocou sua ideia em ação.

– Bela casa, mora sozinho? - perguntou Carlos Daniel, ao ver a mansão em que ele vivia

– É, arranjei um bom emprego e consegui alugá-la. - mentiu Willy

– Não me convida para entrar? Aí te conto com detalhes sobre a proposta!– sugeriu

Willy ficou sem saída diante da situação, e torceu para que Paola não estivesse em casa. Para sua sorte, não estava.

Ao entrarem, logo o celular de Willy tocou. E mais uma vez Carlos Daniel agradeceu mentalmente.

Aproveitando-se da distração dele, vasculhou algumas coisas em busca de algo que pudesse fazê-lo entender as verdadeiras intenções de Willy, e se realmente Paola estava envolvida nisso. Não demorou muito a encontrar um dvd, no qual estava escrito: "O show de Paola Bracho". Rapidamente o guardou no bolso do paletó.

– Então Carlos Daniel, diga logo a tal proposta. - pediu Willy de volta a sala, perdendo a paciência com tanta enrolação da parte dele

– É... acabei de me lembrar que tenho uma reunião importantíssima na fábrica, desculpe por fazê-lo perder seu tempo. Outro dia conversamos, quem sabe você não se acerta com minha irmã? - desconversou Carlos Daniel, se retirando logo após

* Isso definitivamente está estranho, mas você não vai me enganar Carlos Daniel, não vai mesmo.* pensou Willy, enquanto o observava sair.

====================================================================

Carlos Daniel saiu de lá cantando pneus. Algo lhe dizia que estava prestes a descobrir algo revelador naquele dvd.

Chegando em casa, correu e trancou-se no escritório para assistir a ele, receoso com o que poderia encontrar ali. Assim que o colocou, viu algo que jamais poderia imaginar.